A Terceira Margem do Rio GUIMARÃES ROSA
• A Terceira Margem do Rio - o artigo definido singulariza algo desconhecido – provoca estranhamento no leitor; • Narrativa em 1ª. Pessoa; • Intertextualidade com a agem bíblica de Noé; • Tempo cronológico de longo período – vida do narrador; • Tempo psicológico – impressões / amadurecimento do narrador; • Espaço – presença do rio, paisagem rural. a para o leitor magia, encantamento, transcendentalismo; • Personagens: filho (narrrador-personagem), pai (com aspecto de bicho), mãe, irmã, irmão, tio, mestre, padre, 2 soldados e jornalista (personagens sem nome caracterizam tipos sociais); O pai tende ao isolamento, a mãe comanda a família, o filho, não aceito pelo pai na infância, a a seu companheiro, contudo, na maturidade, sente-se inseguro / despreparado. A personagem, portanto, fracassa, pois não foi capaz de transcender, dar seu salto, por medo da figura com que se apresentou o pai.
• Oralidade - seleção lexical - “alembro”; • Frases curtas / coordenadas sem conector (assindéticas) – “Ele me escutou. Ficou em pé. Manejou remo nágua, proava para cá concordando”; • Repetição – “o rio – rio – rio, o rio sempre fazendo perpétuo.” • Regionalismo – “trouxa” – de comida ou de roupa; • Gradação – “Cê vai, ocê fique, você nunca volte!”; • Antítese / pleonasmo – “Perto e longe de sua família dele.” • Metáfora do rio: RIO = VIDA (o ir e vir do rio = o ir e vir da vida); RIO – concreto (2 margens) = VIDA. O que seria a 3ª. Margem? Aquilo que não se vê, o mundo do inconsciente, o que não se conhece. O pai busca a 3ª. margem do rio, ou seja, o desconhecido e o isolamento seria a única forma de fazê-lo. Isolarse no rio, seria isolar-se na vida, para um autoconhecimento. “Os rios são tranquilos e escuros em suas profundezas, como os sofrimentos humanos.”
Interpretação Religiosa PAI – DEUS e FILHO – LEITOR PAI - RIO • Segundo essa leitura, a terceira margem poderia ser o desconhecido, o além; • A terceira margem permitiria aprofundar-se no ermo e imergir totalmente no interior, reflexão existencial, descobrir-se no silêncio do rio; “E eu trem, profundo, de repente: porque, antes, ele tinha levantado o braço e feito um saudar de gesto – o primeiro, depois de tamanhos anos decorridos! E eu não podia...” “O rio se estendendo grande, fundo, calado [...]” – personificação.
“E estou pedindo,
pedindo, pedindo, um perdão.” – leitura religiosa
O pai é quieto, o rio é calado, parecem estar um dentro do outro.
• PAI – “Nosso pai era homem cumpridor, ordeiro, positivo [...] só quieto [...]” • RIO – “[...] o rio por aí se estendendo grande, fundo, calado que sempre. Largo, de não se poder ver a forma da outra beira.” • FILHO – “[...] eu, rio abaixo, rio afora, rio adentro – o rio.”
Chega-se à tríade: PAI - FILHO - RIO
O Espelho GUIMARÃES ROSA
• Tema – Identidade. A mentira da aparência humana. Questiona a lógica e o sentido de existir. Busca da verdadeira essência; • Narrativa – 1ª. Pessoa. O narrador dialoga com o leitor, daí haver perguntas retóricas; O narrador olha-se, não se reconhece, sente repulsa da imagem, para, depois, perceber ser sua própria imagem. Constante questionamento, provocando, no leitor, uma reflexão, uma indagação sobre si mesmo. Ao longo da leitura, o leitor vai se identificando com o narrador. • Tempo - Psicológico – narrativa que investiga a alma; • Espaço – praticamente nulo, já que a reflexão é o mais importante; • Personagem – narrador protagonista – único personagem “Sou do interior, o senhor também, na nossa terra, diz-se que nunca se deve olhar um espelho às horas mortas da noite, estando-se sozinho.”
Espelho – é o instrumento de análise, provoca dúvidas: não se deve acreditar na imagem que se vê (há os que deformam, os que melhoram...) O narrador busca convencer o leitor de que sua tese está correta, a de que o espelho tem o poder de enganar. (Devemos duvidar dos olhos que são a porta do engano) Argumento – os olhos fazem com que nos acostumemos com a imperfeição do que vemos. Intertextualidade com Narciso. Busca intensa do “eu por trás de mim” nas imagens refletidas; O narrador esvazia-se, para de olhar com afeto, retirando marcas hereditárias, pressões psicológicas, efeitos de paixões, TUDO que pudesse dissimular a sua figura e esconder o que deveria VER. Ver-se e reconhecer-se no reflexo do espelho. “O senhor, por exemplo, que sabe e estuda, suponho nem tenha ideia do que seja, na verdade, um espelho?”
O narrador “esvazia-se”, depois desiste, resolvendo abandonar a tarefa. Em seguida, olhando-se, a a não ver nada. Posteriormente, ou a ver uma criança de forma luminosa. • Como adulto a visão era embaçada, e o retorno à perfeição seria quando estivéssemos face a face com Deus, como se diante de um espelho.
Contato Profa. Dra. Lia Santos de Oliveira Martins
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