CAPÍTULO
IV
SISTEMAS DE CULTIVO 1- AQUICULTURA Definição É a atividade encarregada do cultivo de animais e plantas aquáticas ou daqueles que dependem diretamente deste meio para viver normalmente Principais ramificações Piscicultura – cultivo de peixes Carcinocultura – cultivo de crustáceos (camarão) Malacocultura – cultivo de moluscos Mitilicultura – cultivo de mexilhões Ostreicultura – cultivo de ostras Ranicultura – cultivo de rãs Algocultura – cultivo de algas Cultivo de crocodilos e jacarés Cultivo de plantas aquáticas Importância da aqüicultura Produção de alimentos
Crescimento da população mundial extrativo
Produção de alimento
Piscicultura Definição: á a arte de criar e multiplicar peixes Ramificações - Piscicultura interior: água doce - Piscicultura estuarina: água salgada 2- SISTEMAS DE CULTIVO Relação:
Grau de manejo aplicado produção de peixes Alimentação balanceada Controle de metabólitos Controle de enfermidades Condições ambientais Padrão genético Extensivo Alimento natural
Semi-intensivo Densidade estocagem
Ração balancead a
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Intensivo 1
Modalidades Extensivo - praticada em águas represadas artificialmente que não foram construídas diretamente para o cultivo de peixes (piscicultura é uma atividade secundária); - lagoas naturais; - utiliza apenas alimento natural; - não se usa adubo químico ou orgânico; - não há controle das espécies naturais; - produção de peixe depende: capacidade de sustentação; escolha das espécies; taxa de estocagem; sobrevivência do povoamento efetuado e manejo; - PRODUTIVIDADE: 100 – 1.500 kg/ha/ano Intensivo - praticada em viveiro construído para criação de peixes; - controle total do volume de água; - controle total das espécies em cultivo; - uso de adubo químico e/ou orgânico; - uso de ração balanceada - PRODUTIVIDADE: 3.000 – 10.000 kg/ha/ano Superintensivo - praticada em tanques ou gaiolas; - uso de ração específica para a espécie cultivada; - utiliza apenas uma espécie - controle de metabólitos (aeração e trocas contínuas de água); - PRODUTIVIDADE – 15.000 – 30.000 kg/ha/ano Sistemas de povoamento Monocultivo – cultivo de uma espécie Vantagens - menos trabalho para aquisição dos alevinos - se o mercado aceita apenas uma espécie Desvantagens - aproveitamento parcial dos nichos ecológicos - diminuição da produtividade Policultivo – cultivo de mais de uma espécie Vantagens - Aproveitamento total dos nichos ecológicos - Aumento da produtividade - Sinergismo – duas espécies ajudam o crescimento de ambas Desvantagens - Maior dificuldade em obter todas as espécies ao mesmo tempo - Se o mercado principal exige apenas uma espécie dificuldade na despesca Sistemas de alimentação Aumento da capacidade de sustentação - fertilização química, orgânica e mista Ração balanceada
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2
-
Aumentar a produção sustentação do viveiro
além
da
capacidade
de
3- ESPÉCIE DE PEIXE APROPRIADA AO CULTIVO Aspectos mercadológicos Existência de mercado para a espécie que se quer produzir; Conhecimento das características exigidas pelo marcado (tamanho mínimo, uniformidade do lote, sabor, etc.) Aspectos econômicos Preço a ser obtido pelo produto Custo de construção e adequação dos viveiros para o cultivo dessas espécies Estimativa do custo de produção de cada quilo de peixe Tempo previsto para o retorno do capital investido Aspectos biológicos Facilidade de reprodução e de cultivo Grande resistência a enfermidade (rusticidade) Boa taxa de sobrevivência em cativeiro Rápido crescimento Exigências nutricionais Conhecimento sobre respostas que a espécie apresenta frente a variações ambientais Danos que a espécie a ser cultivada poderia provocar se chegasse ao ambiente natural Condições ambientais Clima adequado Solo adequado Água de boa qualidade e na quantidade certa Infra-estrutura para produção e comercialização Facilidade na compra de insumos básicos Infra-estrutura básica (luz, energia, telefone) Vias de escoamento: facilidade no custo de transporte de insumos e da produção. 4- Características das espécies cultivadas no Maranhão Curimatã pacu, Prochilodus marggravvi. Origem: Bacia do São Francisco Crescimento: 0,8 – 1,0 kg/ano Alimentação: iliófago (lodo) material vivo ou morto localizado no fundo, pedras, plantas ou organismos em decomposição. Pode ser condicionada a aceitar ração artificial Reprodução em viveiro: artificial Resistente ao manejo Tambaqui, Colossoma macropomum. Origem: Bacia amazônica Crescimento: 1,0 – 3,0 kg/ano Alimentação: onívora – plâncton, animais de fundo, frutas, insetos aquáticos, caramujo, sementes, peixes pequenos, folhas e brotos de plantas aquáticas. Aceita ração artificial em pó e granulada Reprodução em viveiro: artificial
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3
Resistente ao manejo
Carpa comum, Cyprinus carpio. Origem: Israel Crescimento: 0,8 – 1,0 kg/ano Alimentação: juvenil – zooplâncton; adulto – animais de fundo (minhoca, larvas de insetos, etc. Aceita ração artificial em pó e granulada Reprodução em viveiro: artificial e natural Resistente ao manejo Carpa prateada, Hypophtalmichthys molitrix. Origem: China Crescimento: 1,0 – 3,0 kg/ano Alimentação: filtradora – algas menores. Aceita ração artificial em pó. Reprodução em viveiro: artificial Frágil ao manejo Carpa cabeça grande, Aristichthys nobilis Origem: China Crescimento: 1,0 – 2,0 kg/ano Alimentação: filtradora – algas em colônia, rotíferos e crustáceos pequenos. Aceita ração artificial em pó Reprodução em viveiro: artificial Frágil ao manejo Carpa capim, Ctenopharyngodon idella Origem: China Crescimento: 1,0 – 4,0 kg/ano Alimentação: herbívora – plantas gramas e capim. Consome 30 à 100% do seu peso / dia Reprodução em viveiro: artificial Frágil ao manejo
aquáticas
submersas,
Tilápia, Oreochromis spp Origem: África Crescimento: 0,4 –0,5 kg/cultivo ( 6 meses). Macho cresce mais que as fêmeas Alimentação: onívoro - algas grandes em colônias, zooplâncton, folhas e ramos de algumas plantas aquáticas. Reprodução em viveiro: natural (alta prolificidade, 4-5 meses de idade começa a reproduzir Cultivo: monosexo - sexagem, hibridação e reversão sexual Resistente ao manejo 5- PEIXES INDESEJÁVEIS AO CULTIVO Piranha Predador Alimentação: carnívora voraz Consome 8 -10% do seu peso / dia Reprodução em viveiro: natural, desova parcelada. Traíra Predador
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4
Alimentação: carnívora voraz Consome 8 -10% do seu peso / dia Reprodução em viveiro: natural, ovos adesivos, desova parcelada em ambientes úmidos
Piaba
Predador e competidor Alimentação: zooplâncton, larvas e pequenos peixes. Aceita ração artificial Reprodução em viveiro: natural, desova parcelada.
Outros inimigos Jacaré, lontra, Mergulhão, garça, morcego. Homem e defensivos agrícolas 6- PRODUÇÃO DE ALEVINOS 6.1- Indução à desova (tambaqui, carpa, curimatã) Criação e manejo dos reprodutores 2 Densidade estocagem - 1 kg/3-4 m Alimentação - ração com 32% de proteína Manejo - separação dos reprodutores em lotes - pesca apenas para reprodução Seleção dos reprodutores Fêmeas: - ventre abaulado - papila urogenital avermelhada e dilatada. Macho: liberando esperma sob leve pressão no abdômen Tratamento hormonal Tipo de hormônio - Hipófise - atua diretamente nas gônadas - LHRH - atua no hipotálamo que manda a mensagem para hipófise liberar o hormônio (gonadotrofina) Doses: - Fêmea: 1ª dose - 0,5 mg / kg de peixe 2ª dose - 5,0 mg/kg de peixe intervalo entre as dose – 10-20 horas - Macho: dose única - 2,5 mg / kg de peixe Aplicação na 2ª dose das fêmeas Extrusão: - Hora-grau - temperatura entre 28 à 30 oC Tambaqui - 260-280 Carpa - 190-210 Curimatã - 180-250 Fertilização - Ovos livres (curimatã, tambaqui, c. chinesas) Fecundação - adicionar água - Ovos aderentes (carpa comum) Fecundação - solução I (5 minutos) Eliminar camada pegajosa - solução II (30-50 minutos) e solução III (lavagem) - Solução I: 30 g de uréia + 40 g de sal (NaCl) + 10 l de água
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Solução II: 160 g de uréia + 40 g de sal (NaCl) + 10 l de água - Solução III: 8 g de tanino + 10 l de água Incubação - Tambaqui: eclosão: 13 – 24 horas saco vitelino- 5 dias - Curimatã: eclosão: 12 – 18 horas saco vitelino- 4 dias - Carpa: eclosão: 48 – 56 horas saco vitelino- 2 dias CUIDADOS - fluxo de água constante e moderado - evitar choques com excesso de fluxo de água - limpeza das incubadoras - eliminar ovos inférteis e casca de ovo - temperatura da água constante -
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6.2- Desova de tilápia Espécies cultivadas Nilótica - tailandesa Vermelha – Saint Peter, Saint Pierre,
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Red Koina (hibridação nilótica, mossambicus e áurea). Comparação entre o desempenho técnico e produtivo entre as duas espécies
Quadro 21- Comparação entre o desempenho de tilápias. Vermelha
Nilótica
Crescimento
Parâmetros
+++
++++
Tolerância ao manejo
+++
++++
Predação de aves
+++++
++
Sobrevivência (%)
41-63
87-94
Aproveitamento plâncton
+++
+++++
Conversão alimentar
pior
melhor
Custo alevino
maior
menor
Custo produção
maior
menor
Maturidade: 3-4 meses de vida Desova: parcelada e em viveiro (8 desovas/ano) N.º de alevinos/fêmea/desova: 250 (1.500 larvas) Incubação: fêmea incuba ovos na boca Cultivo: machos e fêmea : macho cresce mais que as fêmeas : problema de superpopulação
Técnica de cultivo: monosexo Sexagem manual Hibridação: ♀ O. niloticus X ♂ O. hornorum Reversão sexual ou inversão sexual Produção de alevinos revertidos Criação dos reprodutores: - Densidade estocagem - 1 peixe / m2 - Proporção macho : fêmeas - 1:3 Manejo dos reprodutores - Acasalamento - 25 à 30 dias - Repouso (desacasalamento) – 10 dias Captura das larvas - Drenagem do viveiro - Captura com puçá Seleção das larvas - Reter todas as larvas de 16 mm - Reter a maioria das larvas de 15 mm - ar a maioria das larvas de 13 mm Criação das larvas - gaiola (malha 1,6 mm) - calhas - tanques de alvenaria - caixas d’água Densidade: - gaiola - 3.000 - 5.000 larvas/m 3 - calhas – 200 larvas/l - tanques de alvenaria – 100 larvas/l
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10
- caixas d’água – 50 larvas/l Arraçoamento das larvas - Arraçoamento: 4 – 5 vezes / dia
Quadro 22- Ração diária - segundo comprimento da larva Tamanho (mm)
Ração/dia (g/1.000 )
Tamanho (mm)
Ração/dia (g/1.000.)
8
2
17
13
9
3
18
15
10
4
19
16
11
5
20
17
12
6
21
19
13
7
22
21
14
8
23
24
15
10
24
27
16
11
>24
30
Ração - Ingredientes • Ração: 46 a 52 % de proteína • Hormônio: metiltestosterona - Preparação: (ver Anexo I) Tempo de reversão: 25 a 30 dias Índice de reversão: máximo 5 % de fêmea
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7- “LAYOUT” DE UMA CRIAÇÃO DE PEIXES Calagem
1 dia Enchimento parcial
3-4 dias 7 dias 15 dias
Enchimento total
Povoamento
Alevino 2 – 3 cm
E
M
A
Orgânica ou química
Adubação inicial
4 dias
N
A
S
1 dia
ad. libidum
S
Alimentação diária
Adubação complementar
20-30% inicial
3
2 meses
quinzenal
A
Amostragem
manutenção
Povoamento
50 – 100 g
Alimentação
8 – 1,8 % da biomassa
X
I
M
O
2
DESPESCA
Adubação complementar
15 em 15 dias 20 – 40 % inicial
M
Á
6-8 meses
Amostragem
mensal
DESPESCA
Manutenção das estruturas
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8 - PREPARAÇÃO DO VIVEIRO Esvaziamento e secagem Desinfecção Aplicação de calcário Oxidação da matéria orgânica Fertilização Enchimento 8.1- Esvaziamento e secagem Solo não sulfuroso Oxigenação do solo Oxidar e mineralizar o excesso de matéria orgânica Tempo de exposição ao sol: até poder andar sem afundar o pé na lama Solo sulfuroso ácido Caracterização: manchas avermelhadas Teste: solo + água oxigenada bolhas de gás Exposição ao sol: produção de ácido sulfúrico Tratamento: manter pequena lâmina de água e aplicar calcário 8.2- Desinfecção: Natural: exposição ao sol Química: calcário ou hipoclorito de sódio Cal virgem (CaO)- aumento de temperatura e elevação do pH Cal hidratada (Ca(OH)2)- elevação do pH Quantidade - 2 ton. / ha Hipoclorito de sódio - solos muito anaeróbico - Lama escura com cheiro de ovo podre - Solução 100 ppm (0,1 g de cloro pôr litro de água) - Quantidade: 01 litro da solução/m 2 nas áreas afetadas - Revirar o solo com enxada (pôr exemplo) - Deixar o viveiro exposto ao sol pôr 2 – 3 dias para evaporar o cloro 8.3- Aplicação de calcário (ver também 4.3) Correção do pH Calcário : calcário calcítico (CaCO3) - mais recomendado : dolomítico – CaMg(CO3)2 : cal virgem- CaO - desinfecção : cal hidratada - Ca(OH)2 - desinfecção Quando deve ser aplicado Alcalinidade da água < 20 mg/l CaCO 3 pH < 6,0 – 6,5 mesmo realizando fertilizações periódicas, não aumenta o fitoplâncton solo rico em alumínio Benefícios Elevar o pH Diminuir a retenção de fósforo no solo Aumentar gás carbônico
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8.4
Diminuir a turbidez da água e a quantidade de material em suspensão Aumentar a alcalinidade da água
Oxidação da matéria orgânica Exposição ao sol Calcário Hipoclorito de sódio Fertilização nitrogenada Bactérias - decomposição da matéria orgânica Nitrogênio + pH neutro fortalecer as bactérias Quantidade - 10 kg de nitrogênio / ha
8.5- Fertilização: Benefícios esperados: Aumento do fitoplâncton - Absorve amônia - Absorve CO2 - Alimentação do zooplâncton - Diminui transparência da água (controle de macrófitas, estratificação térmica)
Química Concentração de nutrientes ( N, P) Produtividade primária (fitoplâncton) Produção secundária (zooplâncton) Produção de peixes
Orgânica Adubo orgânico Colonização (bactérias e fungos) Produção secundária (zooplâncton)
PRODUÇÃO DE PEIXES
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Concentração de nutrientes (N, P) Produtividade primária (fitoplâncton) Produção secundária (zooplâncton)
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Síntese de compostos orgânicos Fotossíntese 6CO2 + 6H2 O
luz
C6H12O6 + 6O2
nutrientes
Fórmula da biomassa 265 (CH2O) + 16 (NH3) + PO4 + 146 (O2) (equivalente a glicose) C106H180O45N16P1 + 159 (CO2 )+ 199 (H2O)
106 C : 16N: 1P OBS: peso atômico N= 14,0067 x 16=224,1072 peso atômico P= 30,9738 x 1= 30,9738 7N:1P Proporções mais utilizadas: 5N : 1P 3N : 1P 1N : 1P 1N : 2P N • Fósforo – favorece o surgimento de algas cianofícaes (geosmina – causa gosto de barro ou “off flavor” ) Quantidades aplicadas na CODEVASF - engorda: 9 kg P / ha ou 0,9 mg P /l 45 kg N / ha ou 4,5 mg N / l, ou Dose única de 13 a 23 kg de N/ha - alevinagem: 50 kg P / ha ou 5,0 mg P /l 25 kg N / ha ou 2,5 mg N / l Quadro 23 - Principais fertilizantes orgânicos ESPÉCIE Cavalo Vaca Porco Carneiro Ave
H2O 42 75 74 60 57
COMPOSIÇÃO ( % ) N P 0,49 0,26 0,43 0,29 0,84 0,39 0,77 0,39 1,31 0,40
K20 0,48 0,44 0,32 0,59 0,54
Quadro 24 - Principais fertilizantes químicos FERTILIZANTES COMPOSIÇÃO ( % ) N P Uréia 40-46 0 Cloreto de amônio 26 0 Nitrato de amônio 26 0 Superfosfato simples 0 15 Superfosfato triplo 0 45 Fosfato diamônico 10 46 NPK 20 20
K 0 0 0 0 0 0 5
Prática de adubação Ex. 1: adubação inicial de um viveiro de 01 ha com esterco de gado - Proporção: 5 N : 1 P - 9 kg P / ha e 45 kg de N /ha - Esterco de gado: 0,29 % de P 100 kg de esterco 0,29 kg de P X 9 kg de P X= 3.100 kg de esterco Ex. 2: adubação inicial de um viveiro de 01 ha com fertilizante químico - Proporção: 5 N : 1 P - 9 kg P / ha e 45 kg de N /ha - Superfosfato triplo – 45 % P - Uréia – 45 % N 100 kg de P 45 kg de P X 9 kg de P X= 20 kg de superfosfato triplo 100 kg de N 45 kg de N X 45 kg de N X= 100 kg de uréia Fórmula Q = (A x C) / I
onde: Q= quantidade de fertilizante (kg) A = área do viveiro (ha) C = concentr. que se pretende colocar I = Percent. de N ou P no fertilizante (%)
Ex.3: Calcular a quantidade de superfosfato triplo e uréia a ser aplicado em um viveiro com área de 4.000 m 2 para se obter uma fertilização com 9 kg/ha de fósforo e 27 kg de nitrogênio/ha. - Cálculo de superfosfato triplo Q = (A x C) / I onde: A = 4.000 m2, ou 0,4 ha C = 9 kg/ha I = 45% ou 0,45 Q = (0,4 x 9)/0,45 = 8 kg de superfosfato triplo - Cálculo de uréia Q = (A x C) / I onde: A = 4.000 m2, ou 0,4 ha C = 27 kg/ha I = 45% ou 0,45 Q = (0,4 x 27)/0,45 = 24 kg de uréia
Método de aplicação do fertilizante
Orgânico -
Encher o viveiro ± 20 cm;
-
Aplicar o esterco espalhando na superfície da água
Químico -
Encher o viveiro ± 20 cm;
-
Dissolver o fertilizante (1 parte de adubo para 10-20 partes de água)
-
Deixar descansar pôr 1-2 horas
-
Aplicar o fertilizante espalhando na superfície
Freqüência de fertilização -
Inicial: aumentar a produção de fitoplâncton e zooplâncton
-
Complementar: estabilizar a produção de fitoplâncton e zooplâncton
Controle de qualidade da água -
Transparência: 30 – 50 cm
-
OD ao amanhecer: 3 mg / L
Quadro 25 - Manejo baseado na transparência da água Transparência da água
Manejo recomendado
Maior que 60 cm
Água muito clara. Risco de invasão de macrófitas. Fertilizar 100%
Entre 45 e 60 cm
Fitoplâncton esta se tornando escasso. Fertilizar (30 – 40 %)
Entre 30 a 45 cm
Se a turbidez for de fitoplâncton. Condições ideais.
Entre 20 a 30 cm
Quantidade elevada de fitoplâncton. Controlar fertilizante, monitorar a qualidade da água.
Menor que 20 cm
Se a turbidez for de fitoplâncton, fertilizante em excesso. Risco de falta de oxigênio. Realizar aeração ou renovação de água. Se a turbidez for de sedimento em suspensão, há pouco fitoplâncton.
Quadro 26 - Comparação entre fertilizantes orgânicos e químicos Químico
Orgânico
Quantidade de nutrientes
Grande
Pequena
Quantidade a ser utilizada
Pequena
Grande
Alto
Baixo
Custo do transporte
Baixo
Alto
Composição química
Conhecida
Desconhecida
Por um longo tempo
Por pouco tempo
Custo do produto
Armazenamento Liberação de nutrientes na água
Imediata
Lenta
Consumo de oxigênio
Não
Sim
Alimento para o peixe
Não
Sim
OBSERVAÇÕES IMPORTANTES Decomposição da matéria orgânica deve ser em meio aeróbico; Decomposição anaeróbica: Gás sulfídrico (10 vezes mais tóxico que o cianeto) Gás metano (não é tóxico em baixas concentrações, mas consome oxigênio ao evaporar) Amônia – tóxica 0,5 mg / l
8.6-
Enchimento do viveiro
Rápido - 2-4 dias para evitar proliferação de macrófitas Evitar / impedir a entrada de peixes estranhos (predadores e / ou competidores) Filtro de pedra (pouco eficaz) Filtro de disco (bombeamento) Tela 300 micrômetros
9- Povoamento “QUEM SEMEIA VENTO, COLHE TEMPESTADE” Tamanho do alevino 2ª alevinagem: 2-3 cm Engorda: 8-10 cm Densidade de estocagem Depende - Expectativa de produção - Fase de cultivo (tamanho do peixe)
Expectativa de produção
Sistema semi-intensivo - adubação sem renovação de água - Produtividade: 1 a 3 ton./ha/ciclo Sistema semi-intensivo - adubação e alimentação suplementar - sem renovação de água - Produtividade: 3 a 6 ton./ha/ciclo Com ração balanceada na forma de pelet Quadro 27 – Estimativa de produção em relação a taxa de renovação de água, aeração e fornecimento máximo de ração Renovação de água
Aeração
Máxima ração (kg/1.000 m2/dia)
Expectativa de produção(ton/ha)
Ausente
Ausente
6
6
Ausente
Emergência
8
6a8
5 a 10%
Ausente
8 a 10
8 a 10
5 a 10%
Emergência
10 a 15
10 a 15
10 a 20%
Ausente
15 a 20
15 a 20
10 a 20%
Emergência
20 a 30
20 a 30
Sistema superintensivo - Tanque rede ou gaiola – 50 – 350 kg/m3 - Raceway – tanques de alto fluxo - 60 – 200 kg/m3 (canais de irrigação)
Fases do cultivo Fase –
1 g a 30 g – 2.500 kg/ha (83.000 peixes/ha)
Fase – 30 g a 150 g – 4.500 kg/ha (30.000 peixes/ha) Fase – 150 g a 500 g – 6.000 kg/ha (12.000 peixes/ha) OBSERVAÇÃO: Densidade baixa - Crescimento rápido - Produtividade baixa - Má exploração dos recursos, grande desperdícios. Densidade ótima - Crescimento regular - Produtividade máxima - Boa exploração dos recursos Densidade muito alta - Crescimento muito baixo ou nenhum - Produtividade muito baixa - Máxima exploração dos recursos, nenhum desperdício (os alimentos, entretanto são usados somente para a sobrevivência dos peixes) CUIDADOS ESSENCIAIS
Lembrar sempre que os alevinos transportados estão estressados devido à captura, acondicionamento e transporte.
Colocar os alevinos “cansados” em tanques ou gaiolas com água corrente até sua recuperação
Depois de recuperados soltá-los cuidadosamente e contar os alevinos mortos
Se transportados em sacos plásticos deixar em contato com a água durante alguns minutos e esperar que saiam livremente
NUNCA
Transportar os alevinos fora d'água
Jogar os alevinos no viveiro
Deixar faltar oxigênio no transporte
Ferir os alevinos (pesca e manuseio)
10- Alimentação Necessidades do peixe Proteínas, vitaminas, sais minerais, hidratos de carbono, óleos, gorduras, etc. Energia – menor necessidade (homeotérmico, excreção da amônia) Exigência de energia depende: Espécie Estágio de desenvolvimento Sexo Nível de atividade Temperatura Outros fatores de qualidade de água e ambientais Fonte de energia: Primária: proteína, lipídios. Secundária: carboidratos Energia aproveitável - Farinha de peixe - 85 % da energia bruta - Farelo de soja - 70 % da energia bruta - Milho cru - 26 – 46 % da energia bruta - Milho cozido - 72 % da proteína bruta OBS1: a digestibilidade de carboidratos é maior em ração extrusada que em ração peletizada OBS2: a deficiência ou excesso de energia na dieta não é prejudicial a saúde dos peixes - Baixa energia proteína como fonte de energia (formação de pouco tecido) - Alta energia saciação antes de atender exigências nutricionais (gordura visceral e corporal) Necessidades dos peixes Carnívoro: ração com 60 – 70 % de proteína Não carnívoros: ração 25 – 40 % de proteína
Proporção ideal Ração com 30 – 36 % de PB 2.400 – 3.400 kcal/kg de ração Quantidade de alimentação: 6 – 7 % do peso corporal: 50 – 60 % natural 40 – 50 % ração Modalidade de alimentação Natural: adubação orgânica ou inorgânica, consorciamento (suínos, aves e marrecos) Artificial: subprodutos agrícolas e ração balanceada Quadro 28 - Comparação entre as diversas formas de alimentação ALIMENTO NATURAL
SUPLEMENTAR
COMPLETO
Origem
Produzido no viveiro
Terrestre cultivado
Terrestre fabricado
Proteína
rico
baixo
balanceado
Vitaminas
rico
suficiente
balanceado
Minerais
rico
baixo
balanceado
Aproveitamento pelos peixes
total
parcial
Total
Produção
limitada
ilimitada
ilimitada
Satisfaz as necessidades
SIM
NÃO
SIM
Alimento natural: fitoplâncton, zooplâncton, organismos bentônicos, peixes forrageiros. Alimento suplementar: grãos de soja, milho, torta oleaginosa de coco, algodão, subprodutos agroindustriais. Alimento completo: ração balanceada Incremento na produção do alimento natural Adubação: química, orgânica ou mista.
Consorciamento: fornecimento contínuo de adubo fresco (suíno, frango, marreco).
SUINO • N.º de animais / ha: 30 – 40 suínos • Qde máxima de esterco / ha: 10 – 30 kg/ha/dia • Localização da pocilga: onde haja renovação de água • Distribuição do esterco: em todo o viveiro MARRECO • N.º de animais / ha: 250 – 300 marrecos • Localização: limitar a área de circulação dos marrecos • Distribuição do esterco: marreco distribui FRANGO • N.º de animais / ha: ? • Qde máxima de esterco / ha: diário ou 2 em 2 dias ( 500 kg) semanal ou 2 em 2 semanas ( 1.000 kg) • Localização do galinheiro: sobre o viveiro
CUIDADOS “EVITAR CONCENTRAÇÀO DE ESTERCO EM UM SÓ LUGAR” + O2 Matéria orgânica CO 2 + H2 O + N + P decomposição Benefício para os peixes Matéria orgânica
- O2
decomposição Letal para os peixes
CH 4 , NH3 , H2S
Alimento artificial Vantagens - Aumentar a densidade de peixes no viveiro; - Explorar todo o potencial de crescimento da espécie; - Garantir o bom estado sanitário; - Melhorar a qualidade e o sabor da carne dos peixes; - Manter uma melhor qualidade da água; - Garantir uma maior produtividade; - Aumentar a receita Tipos de ração - Suplementar (subprodutos) - Balanceada: alevino- farelada ou pelet pequeno Ф 0,5 à 5,0 mm : jovens - peletizada (extrusada)
Quadro 29 - Comparação entre ração peletizada e extrusada Parâmetros
Ração peletizada
Ração extrusada
Alta/afunda
Baixa/flutua
Difícil
Fácil
Nível de arraçoamento
% da biomassa
À vontade
Possibilidade de perdas
Alta
Baixa
Densidade/flutuação Observação da resposta alimentar
Estabilidade na água
Baixa a média
Alta
Complexo
Simples
Médio a grande
Pequeno
Tempo de engorda dos peixes
Médio a longo
Reduzido
Eficiência alimentar
Média a baixa
alta
Manejo alimentar Prejuízo a qualidade da água
Prática de arraçoamento (ver Anexo 2) Alimentar por 10 minutos Alevinagem - espalhar a ração em todo o viveiro Alevinagem – evitar manejo à lanço (ração em pó = desperdício) Juvenil - selecionar locais (0,6 ha) 3 pontos Peletizada: comedouros no fundo ou flutuantes Melhor aproveitamento quando a ração está na coluna d'água Até 30 kg/ha/dia - sem problema 30 – 100 kg/ha/dia - aeração Acima de 100 kg/ha/dia - só com controle dos metabólitos
Horário de arraçoamento Manhã : entre 06:00 às 08:00 (2 horas após o amanhecer) Tarde : entre 15:00 às 16:00 (3 horas antes do entardecer) Peixes condicionados a receber ração sempre no mesmo horário apresenta melhor conversão alimentar
11- Monitoramento Qualidade da água Quadro 30 – Monitoramento da qualidade da água PARÂMETRO
LOCAL
HORÁRIO
FREQÜÊNCIA
VALORES DESEJÁVEIS MANHÃ
TARDE
Temperatura
sup. fundo
09:00 e 16:00
01 vez/sem.
26-28 °C
28-30 °C
Oxigênio
sup. fundo
09:00 e 16:00
01 vez/sem.
5,0 mg/l1
5,0 mg/l1
pH
superfície
09:00 e 16:00
01 vez/sem.
6,5
8,0
11:00 – 13:00
01 vez/sem.
40 - 60 cm
Transparência Alcalinidade Amônia (NH3) *¹
superfície superfície
09:00 09:00 e 16:00
01 vez/mês 01 vez/semana
30 mg/l
-
1
0,05 mg/l
2
0,05 mg/l2
Desenvolvimento do peixe Parâmetros a serem coletados - Aspecto sanitário - Peso médio • Método: amostragem ao acaso • Tamanho da amostra: 50 – 150 peixes • Freqüência: Alevino - quinzenal • Juvenil - mensal 12 – Avaliação do cultivo Aspecto sanitário Brilho da pele Protuberância labial Presença de macro parasito (learneas e argulus) Aspectos biológicos (Anexo III) Curva de crescimento em peso Ganho de peso (g/dia) Conversão alimentar aparente Aspecto financeiro (Anexo III) (Nesta fase a análise financeira tem por objetivo determinar o tempo ótimo de despesca, portanto são considerados apenas os custos operacionais). 1 2
- Valores mínimos - Valores máximos
Custo mensal Evolução do custo total Evolução do valor da biomassa Evolução do lucro operacional
Quadro 31 – Monitoramento do desenvolvimento dos peixes Parâmetro coletado
Ideal
Aspecto do peixe
Pele com brilho
Protuberância labial
não
Peso dos peixes
uniforme
Relação peso/comprimento (tambaqui)
W = Ф Lt θ W ≅ 0,013 Lt ³
Conversão alimentar Tabela abaixo
Ganho de peso/dia
Tabela abaixo
Desvio do ideal (causas prováveis) Ataque de parasitas (deficiência alimentar) Deficiência de oxigênio Ver: temperatura, transparência e macrófitas. Deficiência alimentar - característica da espécie - prática arraçoamento - ver: conversão alimentar, ganho de peso, OD Deficiência alimentar (peso inferior ao esperado) Má qualidade da ração Má distribuição Quantidade exagerada Deficiência de OD Enfermidade Baixa conversão alimentar Superpopulação
Expectativa de crescimento e conversão alimentar CONVERSÃO ALIMENTAR Peso GP/g/dia Viveiro superintensivo 2 0,2 10 20 40 80 100 200 300 400 500 600 700 800
0,8 1,4 1,6 1,8 2,0 3,0 3,8 4,5 5,1 5,8 6,3 6,7
0,6 a 1,1
0,8 a 1,3
1,1 a 1,5
1,3 a 1,8
1,5 a 2,0
1,8 a 2,3
1.000
7,8
Fatores que afetam o crescimento Temperatura Disponibilidade de alimento Qualidade do alimento Qualidade da água Tamanho do peixe Espécie de peixe Outros fatores (parasitas, genética, sexo, comportamento – dominância)
Biomassa crítica
Ganho de peso (kg/ha/ano)
Capacidade de e e biomassa econômica
Biomassa econômica
3.500
4.500
5.000
6.000
Capacidade de
e Biomassa crítica – máximo ganho de biomassa Capacidade de e – máxima biomassa, mas crescimento zero Biomassa econômica – máximo lucro acumulado
13 - Despesca Tipo: total (drenagem total) : parcial (drenagem parcial ou sem drenagem) Tempo de despesca depende: Tamanho do viveiro Estrutura de coleta (caixa de coleta) Tamanho da população Cronograma de venda do pescado 14- Beneficiamento e conservação do pescado Alterações da carne do peixe “post-mortis” Metabolismo aeróbico
glicogênio
Metabolismo anaeróbico
glicogênio
CO2 + H2O Ac. lático
• Rigor mortis: glicogênio ac. Lático • Autólise: decomposição do músculo pôr via enzimática • Putrefação: decomposição bacteriana Manuseio do pescado: • Evitar que o peixe se debata antes de morrer (diminui a quantidade de glicogênio – acelera a putrefação) • Evitar ferimento - contaminação pôr bactérias (acelera putrefação)
Quadro 32 - Avaliação da qualidade do pescado Peixe fresco
Peixe em decomposição
Pele
Brilhante c/ coloração característica da espécie
Descoloração da pele, escama facilmente removível.
Guelras
Vermelha brilhante
Verde escuro
Região ventral
Firme
Flácida
Carne
In natura: translúcida. aderida a espinha Cozida: pouco aderida a espinha
In natura: opaca pouco aderida a espinha Cozida: aderida a espinha
Odor
Característico de peixe fresco
Característico de putrefação
Métodos de conservação PRINCÍPIO: inibir a atividade enzimática e bacteriana
Resfriamento: 0 oC - desacelera a atividade enzimática e bacteriana Congelamento: -3 oC (paralisa a atividade bacteriana); -18 oC (paralisa a atividade enzimática) Salga: desidratação (inibe a atividade bactéria e enzimática) Defumação: temperatura elevada dissolve tecido adiposo evitando a oxidação lipídica (inibe o desenvolvimento de microrganismos) - fumaça elimina bactéria - efeito preservativo limita-se a superfície do peixe Enlatado: tratamento com salmoura, pré-cozimento, acondicionamento em latas, adição de líquido de cobertura, exaustão, recravação, esterilização, resfriamento, rotulagem e embalagem
15 – Planejamento da produção
Objetivo: Sustentabilidade do empreendimento Maximizar os lucros
Minimizar os impactos ambientais
Dificuldades: Ambiente de curta duração Alto grau de manipulação do ambiente Diversidade dos resultados
Etapas do planejamento
INSUMOS (fora da porteira para a propriedade)
PROPRIEDADE
COMERCIALIZAÇÃO (da propriedade para fora da porteira)
Informações e interdependências Dos insumos necessários Do sistema de produção Do sistema de escoamento da produção Planejamento Definir sistema de cultivo • função das estruturas • recursos disponíveis Planejar a produção • Definir as metas • Definir atividade • Definir responsabilidade • Definir prazos Capital necessário (infra-estrutura, custeio, mão de obra). Registro • Parâmetros a serem coletados • Freqüência • Metodologia Execução Gerencia de procedimentos (Anexo III) Gerencia de materiais Gerencia dos recursos humanos Gerencia financeira Avaliação dos dados coletados (Anexo IV) Da produção Do empreendimento Reajustes Planejamento
PRINCIPAIS FATORES QUE AFETAM A RENTABILIDADE DA AQÜICULTURA
Lucro= Produção x
Preço – Custo de produção
AUMENTO DA PRODUÇÃO REDUÇÃO DOS CUSTOS
Taxa de sobrevivência Qualidade do alevino
AUMENTO DO PREÇO
Qualidade do pescado
Taxa de crescimento Bom manejo dos viveiros
Freqüência da oferta e hábito social
Custo de construção
Custo de fertilizantes e alimentos Custo do alevino
Bom manejo dos viveiros Uso correto de fertilizantes e ração Qualidade da água apropriada Prevenção de enfermidades
Viveiros com multi-fases e multi-tamanhos Uniformidade de tamanho/ viveiro
Comercialização em cooperativa
Custo da água Diferentes mercados e produtos
Taxas de juros Custo de comercialização
Dupla colheita
Eliminação de predadores
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Mão de obra
32
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