Histórias De Experiências Paranormais 5r2s4u

Histórias de Experiências Paranormais

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Bruno Ervedosa

This is a work of fiction. Similarities to real people, places, or events are entirely coincidental.

HISTÓRIAS DE EXPERIÊNCIAS PARANORMAIS

First edition. December 11, 2020.

Copyright © 2020 Bruno Ervedosa.

ISBN: 978-1393609575

Written by Bruno Ervedosa.

Sumário

Página do Título

Copyright Page

Dedication

Uma Estadia Num Edifício De 1260

Um Espírito Que Falou Comigo

Uma Música Dedicada Pela Minha Mãe

Uma Vida De Experiências

Influências Demoníacas

Um Susto de História Num Acampamento de Verão

A Senhora do Spa no Quarto

Na Presença de um Skinwalker

Viu Algo nas Câmaras que lhe arrepiou a Espinha

A Minha Casa É Assombrada Por Um Fantasma Amigável

O Antigo Hospital da Base Aérea

Uma Experiência Que Nunca Esquecerá

Apresentação De Bebés Ao Diabo

Os Estranhos Lobos De Arouca

A Senhora Do Comboio De Sintra

A Casa Amarela de Ovar

O Soldado Nazi

O Quarto 403

Perda De Tempo

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About the Author

About the Publisher

Quero dedicar este livro à minha família, pelo apoio e a força que deram. Aos meus colegas e amigos pelas histórias que partilharam. A todos os restantes que partilharam as suas histórias comigo.

Uma Estadia Num Edifício De 1260

EM OUTUBRO DE 2017, eu e a minha banda estávamos numa tournée europeia. A experiência foi ótima e, provavelmente, será uma experiência que ficará comigo para o resto da minha vida, pois é algo que ainda não consigo racionalizar e nem explicar. Deixem-me que vos conte a história que se ou comigo. Eu e os restantes membros da banda, viajávamos de carro, desde a Escócia, com os instrumentos e alguma roupa. Em todos os locais que amos, para além do cachê, era-nos oferecida estadia e refeições, o que compensou alguns percursos de nove horas que fizemos. Depois do último espetáculo, parte da banda queria sair e conhecer a vida noturna do local. Eu apenas queria me deitar, desligar um pouco de tudo e descansar. “Não sejas cortes! Anda connosco a beber uns copos e conhece a malta da noite em Zurique.”, insistiam eles comigo para que eu não ficasse a dormir. Mas eu estava mesmo muito cansado de tantas viagens que precisava de uma boa noite de sono. Fomos levados para os nossos quartos, que normalmente eram sempre básicos, mas, este, acabou por ser um dos melhores em que fiquei. Muito limpo, muito tecnológico, camas king size com banheiro e chuveiro de hidromassagem, cozinha e belos pisos de madeira. Apesar do conforto, apeteceu-me dormir no chão da sala com o meu colchão insuflável. Na mesa da sala estava um folheto sobre o edifício que datava de 1260. O que era incrível, pois o restauro não permitia ver nada que indicasse ser um edifício tão antigo. Os meus companheiros saíram e fiquei apenas eu no quarto. Apenas queria que

quando voltassem não me acordassem, já que a minha cama ficava no centro de toda a ação da casa. “Tens a certeza de que não queres vir? Última oportunidade.”, disseram eles antes de fecharem a porta e descerem as escadas a rir, cheios de energia. Mal eles saíram, adormeci rapidamente. ado alguns minutos de ter adormecido, acordei com o som da água a pingar. Mesmo sendo escuro, os meus olhos ajustaram-se depressa e consegui perceber o que estava no caminho, pois as luzes da rua entravam pelas brechas das janelas. A minha primeira reação foi de irritação com o meu colega, por achar que ele não tinha fechado bem a torneira. Olhei para o relógio e reparei que eram três e meia. Virei-me para o outro lado e voltei a dormir. Foi então que aconteceu algo. Um peso desceu sobre o meu colchão e quando algo pesado é colocado em cima de algo insuflável, tende a empurrar o ar para o outro lado. Senti um medo real e sóbrio, como se um choque de gelo tivesse percorrido a espinha, juntamente com a adrenalina. Deixei de respirar e o meu coração estava acelerado e um silêncio absoluto na sala. Senti novamente o peso no colchão, como se uma criança estivesse a tentar chamar a atenção. Pensei que isto não era uma partida da mente e que estava a acontecer realmente. Aterrorizado, cobri-me com os cobertores e olhei para os pés da cama. Não vi nada. Olhei mais para trás, para além da mesa que estava na sala. Pisquei várias vezes os olhos para ter a certeza do que estava a ver. Uma rapariga sem rosto e de cabelos compridos até aos pés estava ali parada. Devia ter cerca de um metro e sessenta, de pele pálida e parecia estar toda molhada. Tentei gritar, mas não consegui. Tapei-me com o cobertor e só quis adormecer. Não me lembro de ter adormecido, mas quando acordei, vi os meus colegas de banda sentados na mesa a trabalhar no laptop. Fiquei aliviado por ser dia. Levantei-me e contei-lhes o que tinha acontecido. Estava meio adormecido ainda, pelo que eles acharam que eu tinha sonhado. ado um bocado, acordou o último membro da banda. Estava pálido e achamos que era a ressaca da última noite.

Começamos a meter as coisas no carro e perguntei-lhe se estava bem. Ele respondeu: “Se eu te contasse, não ias acreditar em mim.” Olhei para ele e perguntei o que tinha acontecido. “Ontem à noite, depois que chegamos, fui logo para a cama. ado alguns minutos de ter adormecido, acordei sentindo os lençóis a mexer e alguém a deslizar para a cama. Estava aterrorizado por não conseguir gritar, nem me mexer. Fiquei imóvel e apenas queria adormecer outra vez.” Ao ouvir a sua história, percebi o porquê de ter acordado pálido. Contei-lhe a minha experiência nessa noite e concordamos que não iríamos falar disso durante a viagem, já que os restantes se mostravam muito céticos em relação a estas histórias. Tanto eu como o meu colega, ficamos com esta experiência paranormal marcada para o resto das nossas vidas, num prédio que foi construído em 1260.

Um Espírito Que Falou Comigo

FOI HÁ VINTE E CINCO anos, mas lembro-me como se fosse ontem. Eu tinha vinte e sete anos, era solteira e cuidava dos meus três filhos. O pai pouco ou nada queria saber deles, nem mesmo quando tinha direito às suas visitas programadas. Trabalhava de dois turnos, sete dias por semana e havia dias em que as forças vinham apenas da vontade de dar aos meus filhos o melhor que podia. Os meus pais apoiaram-me sempre que podiam, apesar de ter de ouvir as suas lições de moral todas as vezes que lhes pedia ajuda. A minha mãe estava sempre a chamar-me a atenção que como mãe não podia demonstrar ser fraca, mas sempre forte e de cabeça erguida. Era algo fácil para ela dizer que sempre teve o meu pai por perto para ajudar em casa. Algo que eu não tinha na altura. Foi por essa altura que ei pela minha experiência paranormal e que me deixou arrepiada e crente nestes assuntos. Até à data, eu acreditava que essas coisas podiam existir, mas, depois do que aconteceu, eu acreditava que elas existiam de facto e qualquer dúvida que houvesse, deixou de haver. Tudo aconteceu numa noite em que estava ao telefone com a minha mãe. Ainda me lembro do aparelho. Estava colocado na parede da cozinha e tinha um fio enorme que dava para percorrer quase toda a casa. Mais uma vez a conversa foi para pedir ajuda. “Mãe, será que dava para ficar com as crianças até mais tarde amanhã?” “Sim, filha, posso ficar com os meus netos. Vai trabalhar até tarde?” “Sim, o patrão me pediu para reforçar a linha do segundo turno, devido ao fluxo de encomendas na fábrica.” “Tudo bem, filha, não se preocupe que eu e o seu pai tomamos conta deles.

Nesse momento comecei a ouvir uma voz.” “Para tudo! “, dizia uma voz que parecia vinda de uma caixa e que ao mesmo tempo estava tão próxima. O telefone começou a ficar quente e comecei a sentir arrepios na espinha. Olhei à minha volta para ver de onde vinha a voz. A sala estava apenas iluminada pela luz da TV e dava para perceber que não estava ali mais ninguém. Espreitei o quarto das crianças para ver se alguma tinha acordado, mas estava tudo tranquilo e elas dormiram. “Mãe, você ouviu essa voz?” “Ouvi, filha, quem está aí contigo? As crianças ainda estão acordadas?” “Ninguém está aqui mãe e as crianças estão a dormir.” A voz ouviu-se outra vez, mas, desta vez, as palavras não foram percetíveis, mas pareciam que vinham de dentro de uma caixa, como se alguém estivesse a tentar falar e não conseguisse. Estava arrepiada e tinha aquela sensação de que não estava sozinha na sala. O medo apoderou-se de mim. “Estou com medo, mãe. Acho que vou chamar a polícia.” “Desligue o telefone, filha, vais ver que foram as linhas que se cruzaram novamente.” Considerei aquele raciocínio da minha mãe e despedi-me dela. Desliguei o telefone. Não ouvi mais a voz arrepiante. Afinal, a minha mãe tinha razão. Eram apenas as linhas a se cruzarem novamente. Naquela altura, as chamadas ainda eram analógicas e não havia smartphones, nem nada digital como hoje temos. Era normal as linhas se cruzarem e recebermos chamadas de outros números, ou ouvir conversas paralelas. ados alguns dias, o senhorio foi até a casa para consertar a canalização. Conversa puxa conversa, acabou por se falar do antigo inquilino que morou naquela casa antes de nós. “Sr. Mário, é normal por aqui haver muitos cruzamentos de linhas telefónicas?”

“Tanto quanto sei não é normal. Nunca ninguém se queixou por estes lados desde que instalamos os novos fios. Com o sistema antigo, sim, acontecia, mas desde que modernizaram nunca mais houve problemas do género.” “Estranho, à coisa de dias, estava a falar com a minha mãe e ouvimos alguém a conversar na linha.” “O antigo inquilino queixava-se no início, mas como lhe disse, desde que modernizaram, nunca mais se queixou.” Fiquei a pensar novamente no assunto e achei que mesmo modernizando o sistema, poderia haver uma ou outra falha. Porém, o meu pensamento foi interrompido pelo que o Sr. Mário me disse. “Também, coitado do homem, morreu de câncer na garganta. Chegou a um ponto que já não conseguia falar e tinha de usar uma caixa na garganta para se poder comunicar com as pessoas.” “Desculpe, disse que quem morreu aqui morreu de câncer e usava uma caixa na garganta para se comunicar?” “Sim. Ele até tinha uma cama que o hospital lhe trouxe para a casa para que ele tivesse mais conforto. A cama ficava ali, na sala, onde está a televisão. Morreu aqui sozinho.” Naquele momento fiquei branca como a neve. Aquela descrição que o Sr. Mário me acabara de fazer encaixava perfeitamente na voz que eu ouvi naquela noite ao telefone com a minha mãe. Afinal, havia alguém na minha casa naquela noite, mas não era quem esperava que fosse. Tenho a certeza que era o antigo morador daquela casa que ainda estava ali e que usou o telefone como forma de comunicação com os vivos. Por algum motivo, o espírito dele estava preso à terra e procurava formas de se comunicar connosco. Eu nunca mais o ouvi, mas, sempre que estava sozinha a ver televisão na sala, uma sensação estranha invadia o pensamento e imaginava, ali, uma cama de hospital com alguém a morrer a tentar falar e sem conseguir.

Uma Música Dedicada Pela Minha Mãe

FAZ HOJE UMA SEMANA que a minha mãe morreu. Ainda vivo a dor de ter perdido uma das pessoas mais importantes na minha vida. Todos nós sentimos a sua falta, pois era uma pessoa dedicada à família e sempre com as palavras certas para nos confortar e nos fazer rir. Infelizmente, estava na hora dela partir. Chegou a sua vez de descansar e reencontrar o meu pai, que partiu cedo demais. Foram dias difíceis, mas tive de me levantar e seguir a minha vida, com a minha família. Foi nessa semana que tive a minha experiência paranormal que envolveu a minha mãe. Ela sempre foi apreciadora de música clássica e ópera. Conseguimos realizar um dos seus últimos desejos, que era de assistir a um concerto de uma orquestra sinfônica. A sua cara irradiava alegria ao ver aqueles músicos em total harmonia reproduzirem as músicas que deliciaram a sua vida. Como vivia sozinha num apartamento, por sua vontade, oferecemos no último Natal a Alexa para reproduzir as suas músicas preferidas. Sempre que a via visitar, a Alexa estava a tocar música clássica ou uma ópera. Como ela amava ouvir aquelas músicas. Eram a sua companhia. Não tinha televisão, porque não gostava de perder a magia de um bom livro. Ela dizia: “Não compres uma televisão filha, vais estragar os teus filhos e eles vão perder o encanto de um bom livro.” Quando eles ainda não andavam na escola e avam as férias com ela, ficava acordada com eles a contar as histórias clássicas para crianças. Eles adoravam ficar a ouvir a avó contar aquelas histórias que eram as mesmas que ela me contava quando era criança como eles. Agora, apenas sobra a lembrança que regressa ao olhar para os seus pertences.

Três dias depois do seu funeral, eu e a minha filha fomos arrumar as coisas que lhe pertenciam, para que fossem doadas ou vendidas. Como ainda era longe, íamos ar a noite lá em casa. Chegamos de tarde e começamos a arrumar os livros que estavam nas prateleiras, que ainda eram bastantes. A minha filha, olhando para eles, teve muita pena em se desfazer deles. “Mãe, posso ficar com os livros da avó? Eu sei que disse que iam para a biblioteca, mas tem aqui as histórias que ela me contava à noite que eu gostaria de ficar com eles.” “Para ficares com eles vais ter de arranjar espaço no teu quarto. O que estás disposta a tirar de lá para guardares os livros?", perguntei-lhe à espera que dissesse que ia fazer uma seleção dos brinquedos que guardava nas estantes. “Na verdade, mãe, estava a pensar em comprar uma estante com o dinheiro que tenho juntado da mesada que me dás”. Era uma resposta que não estava à espera de ouvir, mas que acabei por aceitar. Afinal, eu também gostava daquelas histórias e lê-las novamente traria uma sensação de conforto e de proximidade com a minha mãe. Quando acabamos de empacotar tudo, já era madrugada, pelo que fomos deitar para descansar. Ficamos no quarto de hóspedes que ainda tinha as camas feitas. Depois de nos deitarmos, aconteceu algo que não estávamos à espera. A Alexa começou a tocar música. Estava a tocar “In My Daughter’s Eyes” de Martina McBride. Assustamo-nos, porque não estávamos à espera. Quando me ia levantar para desligar, a música parou. Não tocou mais que três versos, pelo que achámos estranho. No entanto, voltamos a adormecer. No dia seguinte, pedi à minha filha para ver o registo da música e o porquê de a Alexa ter tocado aquela. Achei que a minha mãe teria mudado o repositório de músicas, já que ela só tinha músicas clássicas na playlist. E foi aí que as coisas ficaram ainda mais estranhas. Quando a minha filha acedeu, não tinha a música que ouvíamos de noite. Nem tão pouco havia registo no histórico dela ter tocado de noite.

De imediato, senti que era a minha mãe a querer comunicar comigo e transmitir a sua última mensagem para mim. As lágrimas começaram a cair pela cara. Quando a minha filha se apercebeu do que tinha acontecido, também começou a chorar e nos abraçamos. Durante o abraço, tanto eu como ela sentimos que mais alguém nos abraçava. Ao invés de ficarmos com medo, sentimos uma paz incrível e tranquilidade. Acreditamos que naquela noite, a minha mãe disse o seu último adeus às duas, para que saibamos que ela não se esquecerá nunca de nós e que, onde quer que esteja, estará sempre a olhar por nós.

Uma Vida De Experiências

A HISTÓRIA DE DAVID é uma espécie de Pinhata que vem recheada de casos. Não são histórias que ele partilhe com muitas pessoas, mas, neste momento, ele não se importa de partilhar para saber o que pensam das suas experiências. Tudo começou no ano 200, ele estava sozinho no seu quarto quando teve a sua primeira experiência paranormal. Ele jogava consola, enquanto o resto da sua família estava na sala a conviver. Durante o jogo, ele viu pelo canto do olho algo à sua esquerda. Virou a cabeça e viu um homem idoso a flutuar no ar, com olhar morto fixado nele. A sua reação foi gritar com toda a força, enquanto aquele homem continuava à sua frente. “Aaaaahhh!”, gritou ele de forma horrorizada e cheia de medo. Todos ouviram o seu grito e correram para ver o que se ava. Quando o seu irmão mais velho entrou no quarto, o homem desapareceu. “O que aconteceu?”, perguntou o seu irmão mais velho assim que entrou no quarto. Atrás dele entraram a mãe e a avó. “Estava aqui um homem a flutuar. O seu olhar era assustador. Os olhos eram brancos e a cara muito magra, quase como um esqueleto”, contou ele enquanto se procurava acalmar do susto. A mãe irritada e pouco crente no que o David lhe contou, desligou a consola de jogos e a televisão. “O que faz isso é armos muito tempo jogando esses jogos e a ver televisão. Se estudassem mais, teriam melhores notas e menos pesadelos.” No entanto, o susto tinha sido muito real para David, ficando traumatizado com a experiência de tal modo, que começou a ter medo de ficar sozinho no quarto e a dormir no quarto com a mãe durante algum tempo.

Numa das noites, em que dormia com a mãe, ele acordou de madrugada e espreitou à janela. Qual não foi o seu espanto quando viu um pequeno extraterrestre, bem na frente da sua janela, no cimo da árvore do jardim. Esfregou várias vezes os olhos para confirmar que não estava a dormir. Ele tem certeza que não se tratou de paralisia do sono, já que acordou a sua mãe para ir espreitar à janela. “Mãe! Mãe!”, disse ele apavorado, mas baixo, com medo de que o extraterrestre lhe fizesse alguma coisa de mal. “Está ali um extraterrestre, na árvore, a olhar para dentro de casa.” A mãe protestou em silêncio e levantou-se puxada pela mão de David. Como seria de esperar, quando chegaram à janela, não havia lá nada. A mãe mandou-o voltar para a sua cama, que era o sono a pregar partidas na sua mente. “David, francamente, deita-te! Já te disse que tens de saber distinguir sonhos da realidade. Já não és um menino pequeno para acreditar nessas fantasias.” David ou o resto da noite coberto pelos lençóis cheio de calor, mas o medo de que o extraterrestre entrasse no quarto e lhe fizesse mal era maior que o calor que sentia. Outra das experiências que viveu, envolveu a sua irmã. Ele e os seus irmãos estavam na casa do pai. David ficou no quarto com o seu meio irmão. A sua irmã ficou no quarto em frente ao deles. A meio da noite, começaram a ouvir os no corredor e foram espreitar quem era. Não viram ninguém no corredor. Pensavam que teria sido a irmã que foi à casa de banho pela brevidade dos os que ouviram. De repente, ouviram um grito assustado da sua irmã, que corria para fora do quarto em direção ao deles. Ela balbuciava palavras que não conseguia compreender. Depois que parou de chorar e se acalmou, é que consegui contar o que aconteceu. “Era o avô que estava no meu quarto o avô. Ele estava a falar italiano e estava muito zangado. Parecia que estava a me ameaçar e que me ia fazer mal.”, contou ela ainda a recuperar do susto.

Claro que David acreditou na sua irmã, que ainda hoje jura ser verdade e não foi nenhum pesadelo. No dia seguinte, contaram à avó o que tinha acontecido. “Isso não era o teu avô!”, dizia ela indignada. “Isso era o demónio que se fez ar pelo teu avô. O teu avô está no céu e Deus Nosso Senhor não deixaria que o teu avô se comportasse como um diabo!” Isto eram os pensamentos da sua avó que acreditava piamente na Bíblia e no que o padre lhe dizia. Desde então ele não teve outra experiência, mas afirma que estas duas nunca se irão esquecer para o resto da sua vida.

Influências Demoníacas

ZÉ É UM HOMEM DE CINQUENTA e poucos anos, pai de duas filhas e prestes a ser avô pela primeira vez. Recorda perfeitamente histórias da sua infância, que lhe contavam sobre bruxas e espíritos perto da localidade onde morava nos seus tempos de juventude. Uma das suas recordações foi além de uma simples história contada pela sua mãe, ou outro familiar, sobre bruxas que invocavam demónios na mata que ficava entre o trabalho e a sua casa. Foi uma experiência que viveu e fez com que olhasse para o paranormal como algo que merece o respeito e a sua crença para o resto da sua vida. A sua experiência dá-se na altura em que começou a trabalhar no seu primeiro emprego. Comprou uma mota para se deslocar da casa para o trabalho e, quando fosse possível, ir às festas das aldeias vizinhas. Nesse dia, Zé saiu mais tarde do trabalho para adiantar serviço e não atrasar a obra, de modo a que o patrão não reclamasse com ele. Pegou na mota e fez-se à estrada, que, como sempre, incluía no seu trajeto a mítica mata, onde eram praticados os supostos rituais pelas supostas bruxas. Como era inverno, o dia escureceu mais cedo e o trajeto foi todo feito à luz da lua. Como era uma zona recentemente urbanizada, ainda não havia iluminação elétrica na rua, principalmente na mata que apenas os olhos mais treinados conseguem ver através do breu da noite. Tudo parecia normal, mesmo quando começou a atravessar a mata. Apenas se ouvia o barulho da sua mota e o som do vento entre os ramos e as folhagens das árvores. A estrada era iluminada pela lua, cuja luz atravessava os galhos que se debruçaram sobre a estrada. Mais ou menos a meio da mata, onde a lua quase não iluminava e apenas a luz da mota mostrava o caminho a seguir, a moto parou. Olhou para o depósito do

combustível e verificou que ainda estava a meio. Afinal, tinha atestado no dia anterior. Tentou ver se era algum problema de motor, mas não conseguia ver nada sem luz. Só tinha uma solução: continuar o resto do caminho a pé até casa e lá ver o que se ava. Começou a empurrar a mota em direção a casa. O caminho era escuro e só conseguia perceber o que havia à sua frente a pouco metros de distância. Sabia que estava sozinho, mas sentia-se observado por entre a folhagem e as altas ervas que cresciam à beira da estrada. Apesar de não acreditar nas histórias que lhe contavam, não podia deixar de sentir uma certa adrenalina que acelerava o coração, ao ponto de conseguir ouvir os batimentos cardíacos. Ao fazer uma das curvas, reparou numa luz que emergia do meio da mata. Não deu muita importância, achando que se tratava de algum reflexo da lua numa superfície deixada no meio da mata, por alguém que se quis livrar de lixo. Não era a primeira vez que isso acontecia e, infelizmente, não seria a última. À medida que se aproximava mais da luz, começava a perceber que não se tratava de reflexo, mas de fogo. Inicialmente, pensou se tratar de um incêndio, mas, à medida que se aproximava, mais percebia que o fogo não se alastrava, concluindo que se tratava de uma fogueira. "Devem ser alguns jovens que estão a fazer uma fogueira e a divertirem-se.”, pensou ele. Notou, então, algumas figuras humanas ao redor da fogueira, que gesticulavam e se moviam ao seu redor, como se estivessem a dançar. Não se recorda ao certo o que as pessoas vestiam, mas, parecia que eram vestidos claros. Não taparam as cabeças, mas, à distância, não era percetível saber se se tratava de homens ou de mulheres. Talvez fossem ambos. Lembrou-se das histórias que a mãe e avó lhe contavam, sobre rituais de magia das bruxas que, ali, invocavam demónios e falava com demónios. Um arrepio subiu pela espinha que lhe eriçou os pelos da nuca. Não sabe se era o medo a funcionar e se lhe pregava partidas de ilusão de ótica, mas jura que as labaredas, que saiam da fogueira, formavam figuras sinistras, como seres maléficos a emergir do inferno. Parecia que as chamas tinham vida, tendo a sensação que nada, nem ninguém, as poderá apagar. Algo assim, para Zé, só poderiam ser as chamas do inferno.

À medida que avançava e olhava para aquele cenário, tinha a sensação de que era observado pelas chamas, como se ali estivesse algo maligno que notou a sua agem. Tentou sair daquele sítio o mais rápido que pôde, sem que a sua agem fosse notada pelas pessoas. Foi mais silencioso que qualquer coisa no mundo. Queria sair dali o mais depressa possível e esquecer o que viu. Mesmo não estando a ser ameaçado, o medo dizia-lhe que ali havia uma ameaça e que, por via das dúvidas, o melhor era fugir. Quando se encontrava a uma distância em que não via a luz atrás dele, respirou de alívio e caminhou normalmente. Ao chegar perto da saída da mata, a sua moto começou a trabalhar, sem que ele a ligasse. A cabeça girava mais rápido do que a informação que podia processar. Que raio se teria ado ali? As histórias que contavam eram, ao fim ao cabo, reais e aquela mata era um local de invocação demoníaca e de adoração satânica? O quer que se tivesse ado naquela noite, naquela mata, tinha a certeza que foi a influência demoníaca que fez a sua mota parar.

Um Susto de História Num Acampamento de Verão

DURANTE OS ANOS 90, era comum os jovens como a Rita, na zona de Leiria, irem o verão para acampamentos cristãos. Era uma atividade que todos adoravam fazer, em que juntava perto de duzentos jovens, num lugar que ficava a cerca de duas horas de viagem. O acampamento tinha cabanas e locais para armar tendas. Era apreciado por todos. De dia divertiam-se com as atividades desenvolvidas na natureza e, à noite, sentavam-se em torno da fogueira e contavam histórias assustadoras. Coisas típicas que eram comuns em acampamentos. Em 1995, na última noite em que ou no acampamento, Rita e as amigas, que estavam na mesma cabana, continuaram acordadas a contar as histórias de terror inventadas. Até que chegou a sua vez de contar uma história. Rita recorda de começar a sua história como qualquer história de terror começa. “Uma noite escura, perto do lugar em que estamos, aconteceu algo terrível a um grupo de jovens, tal como nós.” No entanto, não se recorda de mais nenhum momento, até acordar deitada no chão, de costas, a terminar a história. “... todos os que estavam naquele acampamento morreram, sem que ninguém os ouvisse e ajudasse.” Sentou-se no chão, tentando perceber o que tinha acontecido e notou que não tinha memória da história que contou As suas amigas, porém, estavam bastante horrorizadas e algumas com lágrimas nos olhos, dizendo que era a história mais assustadora que ouviram na vida. Sem querer assustar mais ninguém pelo lapso de memória, disse que estava cansada e que queria ir dormir. Todos se dirigiram para as suas camas, ainda a

pensar na história que acabaram de ouvir. Chamou de parte a sua amiga Liliana e contou-lhe que não se lembrava da história que tinha contado, recordando-se de ter iniciado e de a ter terminado, mas, sem nenhum detalhe do desenvolvimento. Liliana olhou para Rita e disse que o que lhe acabara de contar, só piorava as coisas, recusando-se a querer recontar a história, que era muito assustadora. “Liliana, não sei o que se ou, mas, não me lembro da história. Acho que adormeci a meio.” “Rita, tu não adormeceste. Contaste a história mais realista e assustadora da minha vida. E agora, ainda pioras as coisas ao dizeres que não te lembras. Se estás a brincar para com isso!”, disse-lhe Liliana com uma cara preocupada e assustada ao mesmo tempo. Por momentos, achou que tinha mesmo adormecido e que se tratava de uma partida das meninas que a queriam assustar pelo facto de ter adormecido. Foi dormir a pensar que era o que realmente se tinha ado e que amanhãs a amigas lhe diziam que era uma brincadeira, mas, sentindo um nervoso dentro de si. A meio da noite, foi acordada pela líder que lhe pediu que a acompanhasse lá fora. Olhou ao redor e ninguém estava nas camas. Pensou que teria acontecido alguma coisa, ou fosse uma brincadeira de despedida por ser a última noite. Quando chegou lá fora, viu as outras raparigas a chorar cheias de medo, porque, tiveram pesadelos horríveis. Liliana estava com elas e olhava para Rita com a mesma cara com que olhou depois de ouvir a minha história. Contou aos líderes o que havia se ado, mas, recusou-se a contar a história. Os líderes tentaram ouvir a história da parte de Rita, mas, foi sincera ao dizer que tinha adormecido a meio dela e só se lembrava do fim. “Não sei o que se ou. Estávamos todas a contar histórias de terror, quando adormeci e só me lembro de acordar a dizer que todos tinham morrido.” Achando que estava a mentir, colocaram Rita de castigo a dormir na cabana deles, enquanto outra líder dormiu com Liliana e as raparigas que tinham medo de voltar à cabana sozinhas.

ados estes anos, Liliana ainda se recusa contar a história, mas, contou-lhe que no início, quando começou a contar, fechou os olhos e contou toda a história até ao fim assim, até cair de costas no chão e abrir olhos terminando-a. Adiantou que tudo aquilo que contará fazia sentido e que dava um realismo impressionante, como se tivesse de facto acontecido. Até hoje, Rita não sabe que história inspirou tanto terror naquele acampamento de verão de 1995 e como ela a soube contar.

A Senhora do Spa no Quarto

QUEM NOS CONTA ESTA história é Carlos, um jovem de vinte e quatro anos que teve a sua experiência paranormal por volta dos nove anos. É uma história que partilhou com poucas pessoas e, o que contou, não partilhou na totalidade. Hoje, Carlos, procura contar com o máximo de detalhe a história, para que consiga explicar o que viu e sentiu quando era criança. Tudo se ou numa altura em que os seus pais estavam num processo de divórcio, o que fez com que ele asse algum tempo com o pai, outro tempo com a mãe. Normalmente, ava a semana com o pai, por causa do colégio e aos fins de semana, e parte das férias, com a mãe. Chegou a um ponto em que se começou a sentir desconfortável na casa do pai. Não que estivesse a ser maltratado, ou algo do género, mas, havia algo que não estava bem e o fazia sentir desaconchegado, principalmente no seu quarto. ado algum tempo, ele começou a ver uma presença no seu quarto. Era uma mulher, mas, não se apresentava de uma forma qualquer. Aparecia no seu quarto com uma toalha enrolada na cabeça e um roupão vestido, como se estivesse a sair de um duche ou uma sessão de SPA. Era sempre a meio da noite que ela aparecia e começou a apelidá-la de “Senhora do SPA”. A grande parte das vezes, ela ficava parada a olhar pela janela, outras, flutuava por cima dele ou saia caminhando pelo corredor. Sim, ele ficava muito assustado, tapando-se com os cobertores, deixando apenas os olhos destapados para ver ela a mover-se. Nunca sentiu que estava em perigo e quando ela desaparecia, voltava a adormecer. Sempre teve medo do escuro e dificuldade em adormecer, o que fez com que houvesse momentos em que o seu pai dormisse consigo no quarto, pois o medo já existente aliava-se ao medo da presença.

Uma das vezes teve um ataque de pânico. Ela aproximou-se da sua cama e começou a embalá-lo, como se eu fosse um bebé deitado no berço. Não percebia como ela conseguia abanar a cama, sendo esta de casal. Agora, pensando no assunto vinte anos depois, achava que ela estava a tentar ser doce e a tentar adormecê-lo outra vez. Mas, com dez anos, o medo era maior, ao ponto de sair a correr da cama em direção ao quarto do pai. Valeu-lhe uma valente repreensão sobre estar a ficar velho demais para ter medo do escuro e ficar sozinho. Ainda assim, foi com ele ao quarto, para constar, o que seria obvio: não estava lá ninguém, mas, que o ajudou a relaxar e a adormecer. Sempre teve sensações e experiências naquela casa com a Senhora do SPA, mas, nunca entrou em detalhes com ninguém sobre isso. Afinal, era provável que não acreditassem em nele. Já não mora lá a alguns anos, mas, entretanto, o pai e a madrasta tiveram dois filhos. Numa das suas visitas, ela disse que o meu irmão mais novo acordou a pensar que havia alguém dentro do quarto. Perplexa, acabou por lhe disser que se tratava do seu anjo da guarda e que podia voltar a dormir porque ele estava a protegê-lo. Ficou um pouco irritado com ela, porque, tantos anos a viver com ela e nunca lhe disse nada daquilo para o tranquilizar. Teve vontade de perguntar mais coisas ao irmão, mas, não queria assustá-lo. Talvez quando for mais velho. Pergunta-se qual será o motivo pelo qual aquela mulher aparece no quarto e o porquê de estar presa a ele. Quem seria ela?

Na Presença de um Skinwalker

PARA QUEM NÃO SABE, um skinwalker é uma espécie de bruxa na mitologia Navajo, índios americanos, que acreditam que tem a capacidade de se transformar, possuir ou, ainda, adotar a forma de qualquer animal. A história de Carlos a-se com esta criatura, que acredita ter encontrado numa das suas caminhadas pela floresta. Conta que, um dia tal como outros, decidiu fazer a sua caminhada pela habitual floresta perto da sua residência. Estava tudo programado para ser mais uma caminhada como tantas outras que tinha feito, pelo trilho que conhecia tão bem, como a palma da mão. Porém, nesse dia, durante a caminhada, decidiu que ia mudar o percurso e desviou-se do habitual trilho para um outro, percorrido sempre a par da margem do riacho para não se perder. Poucos quilómetros depois, encontrou uma gruta, por debaixo de uma pequena encosta, camuflada com arbustos e raízes de árvores. Era uma gruta que tinha uma entrada muito apertada para uma pessoa e que necessitava que para entrar se curvasse. Isso não foi impedimento para Carlos, que se curvou para entrar e explorar a caverna. Não era a primeira vez que explorava uma caverna, o que lhe dava alguma confiança sobre como se comportar e o que poderia encontrar, desde insetos, raposas ou morcegos. Caminhou alguns metros, com a luz do telemóvel a iluminar o interior da caverna. Um pouco mais à frente, encontrou uma pequena estrutura, que lhe lembrava os antigos es de sustentação dos mineiros. Pensou que se poderia tratar de um dos antigos túneis que usavam para transportar as bebidas alcoólicas, durante a Lei da Seca nos Estados Unidos da América, de forma a fugir às autoridades e fazer o contrabando das bebidas.

Numa dessas estruturas pareceu que se tratava de um refúgio para quem transportava, pois aparentava ter uma cama para se deitarem. Algo que era comum encontrar nesses sítios para que os traficantes se escondessem da polícia durante largos dias e não serem encontrados. Só que foi o que viu a seguir que o deixou arrepiado. Um par de olhos vermelhos destacava-se na escassa luz ao fundo do túnel. Apavorado, o seu corpo reagiu mais rápido que o seu cérebro e as suas pernas levaram-no mais depressa do que ele alguma vez correra na vida. A expressão que ele viu no olhar era ameaçadora e mostrava que não iria ser hospitaleira por ele ter invadido o seu espaço. Carlos, pensou naquele assunto durante os dias seguintes. Acreditava que não poderia ser mais do que algum animal que estivesse ali, com comida guardada e ele estivesse a ser uma ameaça para ele. Os olhos vermelhos poderia ser o reflexo da luz do telemóvel. Tinha de voltar àquela gruta para confirmar se um animal, ou, apenas, uma ilusão da sua mente. Uns dias mais tarde, voltou ao trilho que estava a fazer naquele dia, pelo leito do riacho, até encontrar a gruta na encosta, tapada pelos arbustos e raízes de árvores. Decidido a entrar, tirou o equipamento da mochila: uma lanterna com mais potência para conseguir ver melhor e uma máquina de fotografar. Entrou com precaução na gruta, para não se deparar com o animal ou qualquer outro tipo de ameaça. Acendeu a lanterna e pode ver a gruta com melhor detalhe do que da última vez. Caminhou mais alguns metros até encontrar os tais es que viu. Sem dúvida que se tratava da mesma gruta e, até agora, estava tudo igual ao que se lembrava. Como tinha mais luz, pode reparar nos detalhes das paredes, que apresentavam algumas gravuras, como se se tratasse de uma história contada por homens das cavernas. Entre as histórias de caças, pode ver alguns de confrontos e, em particular a que lhe chamou mais atenção, uma espécie de luta entre os homens das cavernas e outro tipo de figura diferente das que estavam desenhadas. Pelo detalhe, dava a entender que se tratava de algo, ou alguém, bastante ameaçador, ou superior a eles. Nisto, o seu pensamento foi interrompido por barulhos de os. A sua atenção voltou-se para o lugar de onde vinha o barulho, mas, pela sua experiência não podia confiar nos seus ouvidos devido ao eco que era comum nas grutas.

Apontou a lanterna em várias direções para tentar ver o que se aproximava. Não conseguia ver nada. E pensou que estaria ainda longe e que as grutas estivessem a ampliar o som. Manteve-se alerta para qualquer aparecimento de animal. Porém, não contava com o som que viria a seguir. Um grito desumano ecoara por todo o complexo cavernoso, cheio de trevas, que lhe gelou a alma. Nunca ouvira nada assim e tinha a certeza de que não era nenhum animal. Fugiu novamente. Já em casa, ainda a recuperar do enorme susto, sentou-se na secretária e pesquisou na Internet sobre criaturas que habitassem em cavernas. Nada do que encontrou se assemelhava com o que viu e com o que ouviu. Continuou a pesquisar, até que encontrou algumas páginas sobre assuntos paranormais que falavam de várias criaturas. Na sua pesquisa, encontro uma criatura que apelidavam de skinwalker. Ele aprendeu que era uma criatura da crença indígena que tinha poderes como os de bruxa e que podia se transformar em animais, possuir pessoas ou se transformar em qualquer coisa. Não havia dúvida para ele que esteve na presença de um skinwalker. Aquele grito, aqueles olhos, não tinha margem para dúvidas, apesar do seu ceticismo lhe dizer que nada era real, tudo era fruto da sua imaginação. Mas, ele sabia que não era. Ainda hoje, ele se questiona sobre o seu encontro. Tenciona voltar, mas, desta vez quer levar mais pessoas com ele, para perceber tudo o que se ou. Se aconteceu duas vezes, poderá acontecer novamente, só que desta vez, terá testemunhas.

Viu Algo nas Câmaras que lhe arrepiou a Espinha

HÁ CERCA DE QUATRO anos, Ricardo, estava no seu posto de trabalho, como segurança numa empresa de vigilância privada, o que exige ter um olho clínico para tudo o que se am através das câmaras instaladas em vários estabelecimentos dos clientes das empresas. Normalmente, as chamadas que recebem é sobre investigações de roubo, agressões ou para ver o comportamento de algum funcionário que parecesse suspeito, ou seja, tudo coisas que se enquadram dentro do panorama do dia-a-dia da empresa. Mas, desta vez foi algo muito diferente do que estava habituado, que o assustou e muito. Não foi o pedido em si, mas, o que ele ira acabar por ver nas filmagens para ao qual nunca conseguiu encontrar explicação. Tinham acabado de receber o pedido de uma popular cadeira de fastfood americana, em Detroit. Eles precisavam de saber informações de um empregado em que tudo indicava ter ido para o deposito de lixo se drogar e acabou por morrer lá. A primeira questão para a qual queriam respostas era sobre o que aconteceu e quanto tempo demorou. Já a segunda questão é quando as coisas começam a ficar esquisitas, não pela questão em si, mas, como referi anteriormente, pelo que iria encontra nas filmagens. Para perceber melhor o que se ou, na zona do deposito do lixo só havia dois os e era toda envolta em paredes de tijolo. Um dos os era um portão gradeado comum, por onde os funcionários nunca entravam para colocar o lixo, já que ele estava sempre fechado, e a outra era portão de o ao camião do lixo para a recolha do mesmo. No entanto, o portão pequeno estava sempre fechado por dentro e nunca era aberto. A porta de o do camião era mais usada pelos funcionários depositarem o lixo. A questão aqui foi que encontraram o empregado, porque o portão estava aberto. A pergunta é: quem é que abriu o portão? Recorreram aos arquivos da vídeo vigilância para ver quando é que aquilo tinha

acontecido. Encontraram o funcionário em questão a entrar e a se injetar, até que caiu morto no meio dos sacos do lixo. Pode ver ele, pelo gradeamento do portão, a se esconder atrás dos sacos de lixo que lá se encontravam, arregaçando o braço e a espetar a seringa nas veias, até que começou a espumar da boca e ali ficou caído. Ele ficou durante dois dias e meio, sem que ninguém o fosse procurar e sem que dessem com o corpo. Não era a primeira vez que funcionário saiam a meio do turno e nunca mais apareciam para trabalhar, por isso, nunca ponderaram que ele pudesse estar a precisar de ajuda com uma overdose dentro do depósito do lixo. A parte mais arrepiante e esquisita foi ver o portão trancado a abrir sozinho e ado algumas horas, um funcionário que ia levar o lixo encontrou o corpo. Durante o tempo que ele ficou morto, o portão esteve sempre fechado e ninguém mexeu nele para o destrancar. Ricardo conta que sentiu um arrepio na espinha ao estar a olhar para um corpo e ao mesmo tempo ver uma porta a abrir sozinha. Ele e os colegas que visionaram as filmagens sentiram o mesmo. Ainda hoje, não sebe explicar como é que uma porta trancada se abre sozinha, sem que ninguém lhe mexa. Ricardo e os seus colegas, que assistiram à filmagem acreditam que se tratou do espírito do funcionário que morreu, porque, não conseguem encontrar uma explicação natural para aquilo. O complicado para ele, foi ter de escrever no relatório para a polícia como o portão se abriu. Claro, não escreveu o que acreditava que fosse, apenas que se abriu sozinho sem ninguém lhe mexer. E se não fosse as filmagens a mostrar, a polícia jamais teria acreditado. Se era o espírito do funcionário que morreu, nunca chegará a saber, mas, que não é natural uma porta como aquela trancada se abrir, não é. Ainda assim, ele não colocou de lado que o portão pudesse ter sido destrancado dias antes do funcionário ter morrido la, ou mesmo ter sido o próprio funcionário a destrancálo noutra altura para ter um o direto ao seu esconderijo. Porém, mesmo destrancado, continua a ser muito difícil um portão daqueles abrir sozinho.

Ele nunca teve o à autopsia para confirmar se ele teria morrido na hora, ou se teria morrido ados dois dias. Se ele não tivesse morrido na hora, então estaria a morrer lentamente, até que o seu espírito se libertou do corpo e abriu o portão para chamar a atenção ao corpo dele que jazia no meio do lixo.

A Minha Casa É Assombrada Por Um Fantasma Amigável

DESDE CRIANÇA QUE EMÍLIA teve experiências paranormais na sua casa. Ela reconhece que grande parte das experiências podiam ser explicadas logicamente como sendo uma partida de uma irmã, um esquecimento e a falta de atenção a algo. Enfim, podia encontrar uma explicação para o que acontecia. No entanto, noutras, um número pequeno no total das experiências, não conseguia encontrar uma explicação para o que tinha acontecido, o que lhe fazia acreditar que havia sempre algo mais do que nós poderíamos ver ou explicar. Quando era criança, tinha aquele amigo imaginário, como muitas outras crianças. Dava-lhe o nome de Ben. Ela também era sonâmbula e tinha um medo terrível do escuro. Chegou a contar aos pais sobre Ben, que era um amigo que descia todas as noites do sótão para a manter em segurança e evitar que saísse do seu quarto caso ela tivesse um ataque de sonambulismo. Ela acreditava que Ben era o único capaz de a proteger de um horrível monstro. Os pais, claro está, consideraram isso fruto da sua incrível imaginação, limite para a normalidade para a sua mãe. Um dia, quando era mais velha, receberam uma carta direcionada a alguém que já morou naquela casa, chamada Benjamim. Devolveram-na e vieram a saber que se tratava de alguém que viveu efetivamente ali, mas, que acabou por morrer. Para quem não sabe Ben é diminutivo de Benjamim. Emília acha que pode ser uma coincidência, porque, tem tios apelidados de Ben e assistia séries com alguém chamado Ben, mas, que para ela, não deixou de ser uma coincidência enorme e sinistra. Essa não foi a única experiência que teve. Houve outras que ainda não se esqueceu e que, volta e meia, repensa-as como se tivessem acontecido ontem. Quando era pequena, tinha duas bonecas com que brincava muito. Uma dessas bonecas tinha uma mota de água, na qual se sentava e podia ser usada dento de

água, fosse na mini piscina ou na banheira. Como não tinha ainda muita habilidade nos dedos para conseguir sentar a boneca na mota de água, deixou a boneca no seu quarto e desceu as escadas para pedir ajuda à sua mãe, para conseguir sentar a boneca e, assim, poder brincar com ela. Quando chegou à pé da sua mãe, ela não pode ir ajudá-la, porque, estava ocupada a fazer outras tarefas. Triste, voltou a subir as escadas para tentar novamente colocar a boneca em cima da mota de água. Qual não foi o seu espanto quando encontrou a boneca sentada na mota de água corretamente? Uma das vezes, a tesoura da cozinha desapareceu e ninguém conseguia encontrála. A mãe comentava em tom de brincadeira que se tratava de um maldito fantasma. A brincar, também pediu ao Ben para devolver a tesoura. Momentos mais tarde, encontrei-a no chão do meu quarto. Agradeci por a ter deixado lá. Certa vez, pela altura do Natal, as decorações organizaram-se no sótão misteriosamente. Todos os anos deixam as decorações um bocado desorganizadas. Como ninguém vai ao sótão para arrumá-lo, ninguém sabe quem fez aquilo. Tentou realizar uma sessão espírita, uma vez, porque ironicamente diz que é uma síndrome de idiotice, e que sentiu uma sensação sinistra que a fez parar automaticamente. Apesar de não ter sido nada de adrenalina foi bastante real o que sentiu. Uma das vezes que desapareceu algo da sua secretária, chamou ao Ben de idiota, ao que respondeu com algumas pancadas na madeira. Ela sabe que nada disto é suficiente para fazer as pessoas acreditarem que existe uma presença naquela casa. Garante que não se trata de uma partida ou algo do género e que sente mesmo a presença de alguém lá a fazer as coisas dele. Também, não descarta a possibilidade de estar louca. Neste momento, Emília considera Ben parte da sua família. Teria muito mais histórias paranormais que envolveriam a sua família. Isto foi o ponto de partida para o seu gosto pelo paranormal.

O Antigo Hospital da Base Aérea

QUANDO TINHA CINCO anos de idade, mudei-me com a minha família para uma base militar. O meu pai era militar. Como eu ainda não tinha idade para ir para a escola, o meu pai levava-me alguns dias para o escritório. Esta base ficava perto de um antigo forte dos tempos do Velho Oeste e ainda conservava alguns dos edifícios antigos. Algumas dessas casas antigas foram habitadas ou transformadas em escritórios. Todos os dias eu tinha de ar pelo antigo hospital, que tinha sido transformado num centro empresarial, para poder chegar à paragem. Perto, encontrava-se o antigo cemitério. O escritório do meu pai ficava no terceiro andar. De lá, podia-se ver o recente parque que construíram e os estacionamentos. Eu tinha de ficar o tempo todo com ele, porque não tinha idade para circular pelo espaço. Além disso, tratava-se de uma base e por isso estava tudo trancado. Sempre ouvi falar de histórias relacionadas com atividades paranormais na base, mas, como era novo não compreendia muito bem o sentido delas. Era um assunto obrigatório sempre que o meu tio ia lá a casa, pois, ele também foi militar na base. Um dia, o meu pai teve de ir entregar um documento a uma secção diferente no seu trabalho, que ficava noutro lado do edifício. Eu fiquei no escritório, pois só ia demorar um minuto. Deixou-me a porta aberta caso quisesse beber um copo de água, ou assim. Não estava preocupado, tinha os meus bonecos que me entretinham e faziam companhia. Ouvi os os dele pelo corredor a afastarem-se e abrir a porta de segurança. Pode ouvir a porta a fechar-se. Continuei a brincar com os meus brinquedos. Até que ouvi novamente os no corredor. Eram lentos e pesados, como se se tratasse de alguém a fazer uma ronda pelos corredores do edifício.

Na porta, vi um militar espreitar, mas, com um uniforme diferente dos que estava habituado a ver. Achei que era engraçado. Não me recordo exatamente como ele era, mas, lembro-me dele sorrir para mim. Acenei como uma idiota. “Boa tarde, menina.” Fez uma vénia com o chapéu, sorriu e continuou a andar. O som dos seus pés parou no meio do corredor. Eu continuei com o meu dia, como se nada fosse. Apenas semanas depois eu percebi que tinha ado por uma experiência paranormal, depois de ter tocado no assunto com a minha mãe, semanas mais tarde. Escusado será dizer que nunca mais quis ir para o trabalho com o meu pai.

Uma Experiência Que Nunca Esquecerá

MOTIVADO PELOS PROGRAMAS de TV onde se exploram casas assombras, Gaspar reuniu um grupo de amigos para explorar uma das casas em que esteve na semana ada, que pertencia aos pais da namorada de um desses amigos e que era conhecida como assombrada. Gaspar e os seus amigos tinham estado a celebrar o aniversário da namorada desse amigo nessa casa e, a certa altura, ela contou que os pais diziam que costumavam ouvir barulhos estranhos lá dentro. Aquela casa está associada a um ado muito sombrio para as mulheres. Durante a guerra colonial, as mulheres africanas eram levadas pelos soldados e violadas, acabando muitas delas por falecer lá dentro. Contam que depois da guerra, a casa não ficou totalmente abandonada. Muita dessas mulheres, sem família, acabava por ficar naquele lugar para ter um teto onde dormir. Apesar de não haver mais guerra, muitos guerrilheiros mantinham-se no terreno e iam violar aquelas mulheres sem qualquer tipo de defesa. Muitas mulheres deram à luz os filhos resultantes dessas violações. Algumas dava à luz um nado-morto, outras, viam os filhos morrer de desnutrição e de doenças. Desamparadas, muitas delas faleciam a dar à luz. Só ado alguns anos é que a casa foi reclamada pelos anteados da aniversariante. Segundo os pais dela, viveram até à geração dos seus avós e depois mudaram-se para outra casa, devido à atividade paranormal que se fazia ali sentir durante as noites. A casa permanece na família desde então, sem nunca a conseguir vender a quem quer que fosse devido ao seu ado de violência e horror. Como Gaspar e os amigos pertencem a uma geração que não acredita em histórias do paranormal, aquele relato para eles era mais uma invenção para manter os assaltantes afastado da casa e que jovens delinquentes fossem

vandalizá-la. Com o álcool no sangue a permitir que as ideias surgissem mais depressa sem o filtro da consciência, Gaspar propôs que se fizesse uma investigação naquela casa, com os telemóveis a captar imagens e som, para provarem que não havia nada de paranormal naquela casa. Todos concordaram com ele e esperam mais umas horas até que se chegasse à famosa hora dos mortos, as três da manhã. Com os telemóveis preparados para registar todos os momentos, ativaram a aplicação da câmara para começar a gravar imagem e som. Enquanto uns gravavam, outros fotografavam os lugares e os cantos mais escuros, aproveitando para tirarem alguns selfies. Começaram no lugar onde estavam. Apagaram as luzes e apenas estavam iluminados pelas luzes das câmaras e dos flashes. A única pessoa a falar era a anfitrião da casa, que colocava perguntas, tal como faziam nas series de documentários paranormais. A sala foi a primeira divisão a ser investigada. Havia silêncio de todos, quebrado por vezes por alguém que soltava um riso com a situação, mas rapidamente se refazia o silêncio. Apesar de não acreditarem, havia uma esperança em cada um de obter um sinal que pudesse ser usado para gerar a dúvida sobre o local. Mas divisão após divisão, nenhum barulho se ouviu, sem ser o provocado por eles ao se deslocarem entre as divisões. Terminado a última divisão, voltaram para a sala. Gaspar foi ao carro buscar o computador portátil para que se pudesse ver e ouvir em melhores condições as gravações e as fotos. Quando regressava, teve a sensação de que estava a ser espiado no andar de cima, mas não viu ninguém. A razão dizia que era o momento que fazia a mente imaginar coisas onde não existia nada. Instalados na sala, aram as fotos e vídeos para o computar e iniciaram a análise. Alguns chegaram mesmo a confecionar pipocas, enquanto outros bebiam as últimas cervejas que estavam no frigorifico. As imagens pareciam não mostra nada que se associasse com algo paranormal.

As filmagens mostravam apenas lugares da casa escuros, iluminados apenas pelas luzes dos flashes e das lanternas que tinham consigo. As primeiras fotos observadas nada de anormal mostravam. Como ainda faltava descarregar algumas imagens de um dos smartphones que serviu para captar imagens, juntaram-se todos no sofá para tirar um selfie e publicar no Instagram. Tiraram a foto e publicaram. Quando descarregaram o restante conteúdo, começaram a observar. Estavam todos descontraídos a observar as imagens que tinham sido captadas na cave. Num dos momentos, observou-se três sombras na parede iluminada. Nesse grupo ia Gaspar mais duas pessoas. No entanto, outra pessoa do grupo perguntou quem é que estava a filmar, ao que Gaspar afirmou ter sido ele. Perguntou se havia mais alguma luz sem ser a do smartphone, ao que responderam que não. Novamente perguntou como era possível aparecer três sombras na parede se ele estava atrás da luz. Todos ficaram calados e a olhar para as sombras. O número de sombras batia certo com o número de pessoas, mas a Física dizia que não era possível uma delas ter sombra projetada. Quando terminaram de filmar a parede, viram duas sombras a se mover juntamente com a câmara, mas uma delas permanecia imóvel. Um ruído ouviu-se na gravação, mas não foi possível perceber, achando que se tratava de ruído de algum movimento. Ficou apenas a incógnita da sombra na parede. Como já era tarde e tinham bebido, decidiram ficar ali a noite. No dia seguinte, Gaspar reparou no seu smartphone cheio de notificações do Instagram, com mensagens à foto de grupo publicada na noite anterior. Ignorou-os juntando-se aos outros na sala. Quando chegou estavam todos a olhar para os smartphones e com cara de assustados. A namorada de Gaspar abria o seu laptop como se quisesse ver alguma coisa importante. Perguntaram-lhe se tinha reparado na foto que publicou no Instagram do grupo, ao que respondeu não ter reparado. Pegou no telemóvel e olho com atenção para ela. Parecia tudo normal, exceto que havia mais uma pessoa no grupo que não

conheciam de lado nenhum e que nunca a tinham visto na vida. O seu aspeto era feminino e tribal, como as imagens de algumas mulheres do tempo da guerra colonial. Gaspar olhou para eles como se estivesse à espera de que alguém itisse se tratar de uma partida e que tinham alterado a imagem quando ele estava a dormir. Ninguém se acusou de nada. A namorada do Gaspar colocou novamente o momento em que estavam as três sombras projetadas na parede e isolou o áudio para tentarem perceber do que se tratava. Inicialmente pareceu ser mesmo um ruído de um movimento, mas ao aplicar alguns filtros de correção, conseguiram perceber duas frases distintas: “Por favor, ajudem-nos!” e outra “Não deixem que eles vos apanhem”. Ao ouvirem estas frases, um arrepio de espinha percorreu a todos naquele momento. Um dos elementos achou que estava na hora de irem tomar o pequeno almoço, mostrando que estava assustado por estar ali. Sem saberem porquê sentiram uma presença que vinha da porta que dava o à cave. Pouco tempo tiveram para arrumar tudo e sair dali. Ainda hoje, Gaspar acredita que aquela casa está assombrada pelas vítimas e não tenciona voltar ali tão cedo, nem mesmo para olhar de longe.

Apresentação De Bebés Ao Diabo

NUMA DAS MINHAS VIAGENS por Portugal, deparei-me com histórias fantásticas sobre o paranormal. Uma dessas histórias ou-se na aldeia alentejana do Campinho, em Reguengos de Monsaraz, dos quais ainda há relatos de terem acontecido alguns eventos paranormais, até meados século XX. Conta-se nessa aldeia que havia uma família geracional de bruxas que serviam ao próprio diabo e que eram instrutoras de ensinamentos para outras bruxas, que visitavam em certas ocasiões a aldeia para aprenderem e participarem em rituais especiais. Essa espécie de coven, era mantido apenas por familiares, ou seja, havia uma linhagem de sangue a unir todos os membros, todas mulheres, às quais eram transmitidos esses ensinamentos. No entanto, não eram todas as mulheres que entravam para o coven. Em dada geração, apenas a sétima criança nascida do sexo feminino era recrutada para as fileiras do coven. Sempre que a sétima rapariga de uma geração nascia, era de imediato apresentada ao diabo, sem que o fosse limpa do sangue do parto, no qual era executada uma reza e oferecida ao senhor das trevas. A última história ligada a esse momento de recrutamento, a-se em meados dos anos cinquenta, numa tarde de fevereiro. Estava para nascer mais uma rapariga numa geração de uma família, cuja linhagem de sangue havia se estabelecido com a linhagem do coven. Por sinal, era a sétima rapariga. Naquele tempo, não era comum ir para um hospital ter as crianças, nem para uma maternidade. Havia sempre alguém na aldeia, ou próximo da aldeia que se encarregava de realizar o parto e dar assistência à mãe. Para além das parteiras, outras mulheres assistiram ao parto, como as avós. Os homens, nem mesmo o pai, entravam lá dentro durante o parto, por uma questão de respeito e por se considerar mau agoiro. Nesse parto, estava presente as duas avós da criança, no entanto, apenas a avó

paterna se encontrava ligada à bruxaria. Foi um parto que demorou algumas horas, o que era normal naquele tempo, já que era tudo feito de forma natural e sem recurso às tecnologias e procedimentos que são utilizados nos dias de hoje. Todas as mulheres aguardavam lá dentro a chegada do novo membro da família, que até ao momento, era desconhecido o sexo. No entanto, recorrendo a mezinhas, acreditava-se que era possível saber se era um menino ou uma menina que estava para nascer. Neste caso, não conseguiram perceber se era um menino ou uma menina, por acreditarem que as forças demoníacas já rodeavam a criança, tornando impossível de perceber de quem se tratavam. Alguns dos aldeões contaram que apesar de ser um dia de inverno, não era um dia normal de inverno, para o que estavam habituados a sentir por aquela altura. Havia um misto de mau tempo, de tempestade, e, ao mesmo tempo, um calor de verão. Pareciam que tinham aberto as portas do inferno e o calor tivesse saído para aquela aldeia. Os animais naquele dia estavam muito agitados e quem necessitava deles para o trabalho viu-se aflito para conseguir tirar partido deles para realizar as tarefas. Quando a noiteceu, a criança começou a querer sair. Depois de um dia inteiro deitada com contrações, a mãe via-se agora obrigada ao último e derradeiro esforço para trazer ao mundo mais um ser vivo. O parto correu bem, quer para a criança, quer para a mãe. Uma bela menina tinha nascido e era a sétima naquela geração. Sem perder tempo e antes que pudessem limpar, a avó paterna pegou nela e apontando-a para a lua fez uma reza numa língua que não conheciam. Quem assistia à cena, jura que a lua, que estava cheia nessa noite, começou a ficar vermelha, como o sangue. A criança começou a chorar e como se nada fosse, entregou-a à mãe, que com o cansaço não reparou no que tinha acontecido. Uma das mulheres, que afirma ter estado presente nesse dia, conta que a criança cresceu saudável, mas com comportamentos bastantes estranhos. Jura que a criança consegui se manter em frente a uma fogueira em pleno verão alentejano, sem sequer transpirar uma única vez. No inverno, corria descalça e sem agasalhos pelo prado coberto de geada, sem sentir frio algum. Era dotada de uma teimosia sem igual e o seu comportamento nem era tolerado pelo padre da aldeia, a pessoa mais paciente que alguma vez conheceu.

Não se sabe se alguma vez a criança aprendeu as tradições de bruxaria, dado que a avó morreu ados alguns anos dela nascer. No entretanto, muitos dos antigos que se recordam daquelas histórias afirmam que ela teve contato com outras bruxas e que lhe foi ensinada a tradição. A história dessa criança e dessa família é conhecida até aos seus sete anos, altura em que deixaram a aldeia para irem para Lisboa. Se a história dela continuar e se houve mais descendentes do sexo feminino, será que ela ensinou as artes do coven que a criou nessa tradição? Nas aldeias vizinhas, não encontrei nenhuma história semelhante, nem rumores de haver algo do género. Ainda assim, os anciãos afirmaram que as elas andam por aí, as bruxas.

Os Estranhos Lobos De Arouca

CONHECI UMAS PESSOAS em Arouca há uns tempos, quando jantamos para o convívio num dos restaurantes típicos da zona a comer um belo bife de alvarenga, ou como eles lá o chamam. Conversa para cá, conversa para lá, o assunto acabou por incidir nas nossas atividades profissionais e hobbies. Não seria de esperar que as atenções se centrassem em mim, depois que revelei que o meu hobby era escrever sobre assuntos ligados ao paranormal. Por entre conversas sobre o paranormal, foi contado que nos anos noventa, houve um caso que foi pouco conhecido do publico, de um rapazinho que foi morto por lobos naquela zona. Apesar de a história oficial ser essa, muitos acreditam não se tratar de lobos, mas de algo diferente, muito semelhante a um lobo. Na história oficial, o menino brincava com os seus irmãos junto de uma zona florestal, quando de repente, um lobo enorme, segundo contam, saltou do meio dos arbustos, agarrando o menino pelo pescoço e arrastou-o para o interior da floresta, sem dar qualquer hipótese aos irmãos de o ajudarem. Quando as autoridades encontraram o corpo do menino, ele se encontrava rasgado, indicando se ter tratado o ataque de um animal. No entanto, nem todos acreditam que se tratou de um lobo, mas de outro animal. O lobo ibérico é um animal que vive em alcateia que caça em grupo. Os relatos de lobos a atacarem sozinhos são raros e estão relacionados com animais de pequeno porte, já que o comprimento de um macho ronda os 180 cm e um peso de 40 kg. Mesmo que se tratasse de um lobo com estas características, teria dificuldade em arrastar uma criança para a floresta de forma como a que na história se sucedeu. Segundo algumas pessoas que ouviram a história dos irmãos, este lobo era muito

maior que os lobos que estavam habituados a ver. Deveria ter o dobro do tamanho e era todo escuro, muito diferente dos lobos que se veem a rondar os rebanhos dos pastores à espera de atacar. Mesmo com a autópsia a confirmar que era um lobo, ficaram sem resposta sobre as características do lobo que atacou e matou a criança. Não satisfeito com a história que me foi contada, resolvi investigar mais um pouco e procurar as pessoas que estiveram de alguma forma envolvidas na investigação. Não contatei a família em sinal de respeito, pois acredito que se trata de uma perda que nem o tempo consegue sarar. Em contato com o antigo chefe da GNR – Guarda Nacional Republicana – consegui perceber que o caso foi fechado devido à falta de outros indícios. No entanto, confidenciou que nem ele, nem o médico legista, podiam apontar com 100% de certeza de que era um ataque de lobo, ainda mais isolado e solitário. As marcas encontradas no corpo da criança consistiam com ataque de animal, mas, não um lobo. As marcas de dentadas eram maiores e as de garras também, e nenhuma era consistente com as conhecidas até à data do ocorrido. Havia um detalhe que foi detetado pela equipa forense, a maneira como as feridas foram provocadas. Explicou que existe um padrão para se perceber como determinado de ferida é infligida e no caso do animal acontece o mesmo. Devido a articulação dos membros de um animal de quatro patas, espera-se que a ferida seja profunda, mas ocupando uma área menor, como seria de esperar nos lobos. Neste caso, algumas das marcas encontradas eram profundas, mas mais longas do que é possível para a pata de um lobo. Este tipo de movimentos só é possível em animais bípedes, como ursos e humanos. Ignorando por completo a biodiversidade da região, perguntei se era possível um urso ar por lobo, dado o impacto surpresa do ataque que possa ter provocado aos irmãos. O antigo comandante disse que não, já que não há ursos naquela zona, para além das marcas não serem consistentes com as de urso. Poderia ter sido humano, questionei. Respondeu que se fosse, teria de ser um lobisomem. Aquele nome ficou no ar. Para o antigo comandante, não é possível tal disparate, mas os relatos de ataques com características semelhantes são conhecidos por todo o mundo, desde os tempos antigos.

Estaríamos nós perante um ataque desses cá em Portugal? Teria sido um lobo o atacante do menino, mas de uma nova espécie nunca registada? Ou, seria mesmo um ataque de lobisomem? São conhecidas muitas lendas e histórias de lobisomens naquela zona, como a Peeira, ou a fada dos lobos, que são as companheiras dos lobisomens, o corredor, que é alguém condenado a vaguear as noites de lua cheia transformado em cão, ou lobo; o tardo, a figura mitológica que pode assumir a forma de lobo e que ataca todos os que são indefessos, principalmente crianças; e o corrilário, a alma do lobisomem que vagueia à noite se foi morto antes de cumprir o seu castigo. A crença mais comum na zona de Arouca é do tardo, o que segundo a sua lenda, pode se encaixar no ataque realizado, que resultou na morte daquela criança.

A Senhora Do Comboio De Sintra

A HISTÓRIA QUE VOU contar ou-se com um amigo. Ele jura a pés juntos que é verdade e que se ou com ele enquanto esperava pela viagem de comboio para ir para as aulas na Universidade. Aconteceu tudo em 2006, quando estava à espera do comboio na estação de Sintra, com destino a Lisboa. No dia anterior, a estação tinha estado fechada devido a uma senhora que se suicidou na linha do comboio. Como ainda faltava alguns minutos para o comboio, sentou-se lá fora a ler o jornal gratuito, que era distribuído em todas as estações. Folheava as páginas, quando uma senhora se sentou ao lado dele e meteu conversa. Educado, fechou o jornal e respondeu sempre que podia às perguntas que a senhora colocava, ou simplesmente trocava opinião com ela. Falou durante uns dez minutos, o tempo que esperou pela chegada do comboio. Afirma que foi uma conversa agradável e que nunca suspeitou de nada. Falaram sobre a história de Sintra, essencialmente, e de família. Ele diz que a senhora era visivelmente culta e aparentava ser muito conhecedora de História. Quando entrou para o comboio, perguntou à senhora se não vinha. Tinha a esperança de continuar a agradável conversa durante a viagem. No entanto, a senhora disse que não podia e que tinham outros assuntos pendentes a tratar. Ele não pode deixar de reparar nas pessoas que avam por ele, quando estava sentado na estação a falar com a senhora. Elas olhavam para ele com ar de interrogação, como se estivesse a ouvir a conversa e não percebessem o que se ava. Chegava a ser estranho para ele a forma como olhavam para ele. Chegou a pensar que estaria a falar com uma senhora conhecida daquela zona e fosse maluca, sendo ignorada por todas as pessoas. Mas, parecia-lhe muito simpática e nada de louca.

Despediu-se dela ao entrar no comboio e seguiu viagem. Por momentos, ainda ia pensado na conversa que tinha tido, olhando pela janela. Até que resolveu voltar à leitura do jornal. Começou a ler as primeiras páginas da atualidade, sempre com a política e a economia em destaque. Continuou a folhear até que encontrou a foto da senhora que esteve a falar com ele quase no fim do jornal. O que leio deixou-o gelado e sem reação, tanto que o comboio chegou ao fim da linha e nem deu por isso. Podia ler no cabeçalho que guia turística de Sintra suicidou-se na estação de Sintra, ao atirar-se para a linha do comboio. O resto da notícia descrevia a senhora como sendo uma das guias mais reconhecidas de Sintra e que deixou uma nota de suicídio sem que o conteúdo total fosse revelado pela polícia. Estava completamente confuso. Como poderia ela ter cometido suicido se ainda agora esteve com ela sentado a falar? De repente, uma imagem ainda mais assustadora se formou na sua cabeça. Aquelas pessoas que olhavam para ele, será que ele esteve a falar sozinho o tempo todo? Ou melhor, será que ele esteve a falar com um espírito e mais ninguém via? Contou que deixou de ser um séptico e que ou a acreditar em espíritos. Que aquela experiência o transformou, dando-lhe mais foco em aproveitar a vida e as pessoas.

A Casa Amarela de Ovar

EXISTE UMA CASA EM Ovar, conhecida como a casa amarela, que é famosa por ser um dos sítios mais assombrados de Portugal. A sua história é um caso de tragédia, amor e horror. É uma história que leva muitas pessoas a pensar como é possível que alguém tenha feito algo assim. Não sei precisar o ano da construção da casa, mas apontam que tenha sido construída nos finais do século XIX. A casa pertencia a uma das famílias mais ricas da localidade de Ovar. Eram respeitados na comunidade e todos os conheciam. Era uma família irada e querida por todos. Quando a notícia se abateu na comunidade, foi um choque para todas as pessoas. Tudo começou quando a bela filha do casal se apaixonou por um jovem pescador que trabalhava para o seu pai. Como seria de espera para uma família daquela época, era um amor impossível de ser vivido, pelo que o casal se encontrava às escondidas, longe dos olhares de todos, principalmente dos olhares do seu pai. Sempre que podiam, os jovens encontravam-se e viviam daquela forma o amor impossível da sociedade. “Mesmo não podendo casar contigo, vou amar-te para toda a minha vida.”, dizialhe o jovem pescador quando se encontrava com a sua amada. “Pescaste o meu coração e será eternamente teu.”, confessava-lhe a jovem, selando as promessas de ambos com um beijo. Durante algum tempo, os dois viviam o seu amor secretamente, até um dia... Um certo dia, o jovem pescador teve de ir à casa do seu patrão, pai da sua amada. “Será perfeito para a ver, mesmo que seja por breves segundos.”, dizia ele nos seus pensamentos, enquanto olhava para o céu, deitado na carruagem que o

levava à casa da jovem. Descarregando a carroça, o jovem esgueirou-se para junto do poço da quinta. Lá, ele esperou pela sua amada que o viu da janela do seu quarto. Tentando não ser vista, a rapariga foi ter com o seu amor. Chegando, abraçou-o como se não houvesse amanhã. “ou tanto tempo meu amor. Pareceria que não te via à uma eternidade.”, dizia-lhe com a cabeça repousada no seu peito. “Sinto o mesmo. Estar longe de ti faz o tempo andar mais devagar”, abraçando-a com força, como não a quisesse deixar ir. Distraídos pelo momento, os dois não viram o pai da rapariga a chegar. Ao dar com os dois jovens abraçados, ficou irado e perdeu a cabeça. “Mas o que vem a ser isto? Tu, que te confiei um posto de trabalho no meu negócio, trais-me desta maneira a confiança? E tu, minha filha, como podes fazer isto ao teu pai e à tua mãe?” Os jovens ficaram assustados e imóveis. Não tinham visto o homem chegar. Não sabiam o que dizer ou o que fazer. Abraçaram-se ainda com mais força. “Vocês os dois humilharam-me e ao nome da minha família. Não vou permitir que isso chegue aos ouvidos das pessoas!” Dito isto empurrou o jovem pescado para dentro do poço. Porém, a sua filha agarrou-se a ele para que não caísse, mas acabou por ser puxada para o fundo com ele. Perante tal cenário, o pai fugiu para casa. Deixando os dois jovens morrer no poço. Nesse mesmo dia, à noite, o pai chamou a polícia para iniciar uma busca pela sua filha, alegando que ela tinha sido raptada pelo jovem pescador. Mas, os remorsos começaram a apoderar-se do homem. O sentimento de culpa começava a apoderar-se dele cada vez que olhava para o poço. Parecia que ouvia a voz dos jovens a chamar por ele.

Não aguentando mais a culpa, pegou numa corda e enforcou-se no poço, para onde empurrou os dois jovens. Mais tarde, veio a saber-se que ele tinha sido o culpado da morte dos dois, tudo porque, a mãe, alegou ter recebido uma visita da sua filha a contar-lhe tudo. “Eu sonhei com a minha filha. Ela me contou que o pai empurrou o jovem pescador e que ela, ao tentar segurá-lo, foi arrastada para dentro do poço com ele. Tudo porque o pai não aprovou o namoro entre os dois.” Dias mais tarde, a mãe acabou por falecer pelo desgosto e um o de loucura, segundo os seus empregados, que contavam que ela andava pela casa a falar sozinha. Anos mais tarde, a quinta foi vendida. Taparam o poço para apagar aquela memória triste. Procuraram remodelar a casa, mas sem sucesso. Os trabalhadores que por lá aram contam histórias de como as máquinas deixaram de trabalhar e de como os vidros se partiam depois de acabarem de os colocar. “Aquela casa está assombrada!”, conta um dos homens que trabalho na reconstrução da casa. “Não conseguíamos trabalhar em condições. Havia sempre alguém que se aleijava. As máquinas paravam de trabalhar sem motivo algum e os vidros partiam-se sozinhos. Alguns dos meus colegas diziam que viam coisas a ar atrás deles e quando se viravam, não viam ninguém.” Outros dos relatos, chega de uma família de ciganos que foi morar lá. “É impossível lá viver. A casa está amaldiçoada!”, conta Emanuel. “À noite ouvíamos os e vozes que choravam. A minha mulher chegou a ver sangue a escorrer pelas paredes e duas pessoas a caminharem no jardim durante a noite junto ao lugar onde ficava o poço.” Desde então, a casa não tem sido habitada e nunca se conseguiu restaurá-la até ao fim. Já foi visitada por algumas equipas de investigação paranormal amadoras, mas, nunca obtiveram provas de que algo se ava lá dentro. Apenas capturavam as imagens de degradação da casa no seu interior. Não sei se a casa está realmente amaldiçoada e assombrada, mas muitas pessoas

acreditam que sim. E você, acredita que a casa possa estar assombrada, ou acha que é apenas uma crença muito enraizada da população de Ovar?

O Soldado Nazi

EM 2007, DURANTE UMA viagem de negócios a Estrasburgo, Diego Sanchez, responsável pelo comércio internacional de uma farmacêutica, foi convidado a visitar o Campo de Concentração Nazi de Natzweiler-Struthof. Como o tempo que dispunha não era muito alargado, a convite do Presidente da Câmara, Diego realizou a visita ao campo de concentração à noite, depois de jantar com os clientes que visitou. Sentia-se um pouco desconfortável com a visita, não pelo fato de ser à noite, mas porque era um profundo interessado na história da Segunda Guerra Mundial e conhecia bem os horrores que eram praticados pelos nazis nos campos de concentração. Para além disso, ele sabia que a família dele descendia de judeus, e que, mesmo não sendo um judeu, sentia a dor daquele povo, como se fosse sua e que era ada por uma ligação espiritual. “Caro Diego, como sei que é um profundo entusiasta e irador da História da Segunda Guerra Mundial, não posso deixar de convidá-lo para uma rápida visita ao campo de concentração na nossa cidade. Eu sei que as horas não são convidativas, mas poderei providenciar que nos abram os portões para conhecer o campo.”, disse o Presidente da Câmara. “Obrigado, seria um enorme privilégio visitar um marco histórico tão importante como esse.”, respondeu-lhe Diego. “Mas, dada a hora, não quero incomodar nenhum funcionário ou guia, para me abrir em exclusividade no campo. Podemos fazer a visita numa outra altura, com mais tempo e de dia.”, acrescentou. “Não se preocupe. O campo tem os seguranças que abriram as portas. Quanto à visita, eu mesmo a farei, porque, antes de ser presidente, fui guia do campo.”, disse o Presidente, tornando a tentativa de recusa ao convite impotente. Apesar de relutante no seu pensamento na visita, não deixou de aceitar o convite por uma questão de cortesia e de interesse comercial. E, após o jantar, ele, o

presidente e outros que ocupavam lugar à mesa naquele jantar, deslocaram-se até Natzweiler-Struthof. À saída do restaurante, encontravam-se dois Mercedes à espera deles, que os iam levar até ao campo de coo apertar ainda mais o sobretudo e a aconchegar bem o pescoço com o cachecol. Mesmo assim, podia sentir o frio de Estrasburgo na pele. Só quando entrou no carro e sentiu o conforto dos lugares aquecidos, o seu corpo deixou o estado inerte provocado pelo frio. À medida que avançavam, podia ver que o frio não era impeditivo para as pessoas se sentarem na esplanada de um café a conversarem e a beberem vinho quente com limão. As luzes davam um ar fascinante à arquitetura da cidade, que começava a ficar para trás. “Gosta da nossa cidade?”, perguntou o presidente. “Já gostava de dia, mas, agora, à noite, parece que se torna ainda mais interessante e linda.”, respondeu Diego, lançando um último olhar às casas. Deixavam a zona histórica da cidade e as margens do Reno para entrarem na autoestrada e fazer um trajeto de quarenta minutos. A vista pela janela do carro era escura, com um aglomerado de silhuetas de árvores e de algumas estrelas no céu. O presidente ia ao seu lado a falar das ilustres personagens que viveram naquela cidade, como Mozart, Gutenberg, João Calvino e Goethe, e que deixaram a sua contribuição para o mundo. Porém, os pensamentos de Diego estavam distantes, apesar de parecer interessado na lição de história da cidade. Sentia-se um pouco incomodado por estar a ir para um campo de concentração, à noite, um lugar que já o perturbava pelas imagens e descrições dos livros. Chegando ao local, viu de imediato o alto portão de madeira e arame farpado a delimitar o campo de Natzweiler-Struthof. A sensação de ter o estômago às voltas apoderava-se dele e uma inexplicável depressão e tristeza invadia-lhe a alma. Sem dúvida que era o lugar mais infeliz da Terra que ele já visitou. Arrepiava-se só de pensar no que iria ali encontrar. Arrepiou-se novamente quando saiu do carro. Se achava que o frio da cidade era suficientemente mau, então ali era bem pior. O frio era duplo: juntava-se às temperaturas baixas, o cenário de um campo onde foram cometidos tantos

crimes. O presidente acenou aos seguranças que se encontravam à porta e aguardavam a nossa chegada. Diego imaginou o que eles deveriam estar a pensar naquele momento, ao ver meia dúzia de pessoas da esfera de negócios a visitar um lugar como aquele durante a noite. Os seguranças acenaram de volta, dando a entender que estava tudo pronto para a visita guiada. “Estão prontos senhores?”, perguntou o presidente como um incentivo ao início da visita. Mal aram o portão, o silêncio era ensurdecedor. Apesar do som dos sapatos na terra e das folhas das árvores abanadas pelo vento, a silêncio gritante da memória das vítimas do holocausto criava uma atmosfera pesada, até para quem já está habituado a lidar com situação de doenças nos países do terceiro mundo. Só de pensar que a indústria farmacêutica e os avanços médicos tiveram um contributo para a evolução com o que se ou naqueles campos, ainda deixava mais angustiado Diego. Pararam em frente à forca, o lugar onde matavam judeus, para servir de exemplo aos restantes que tentassem se revoltar, ou fugir. Não que para eles isso fosse possível, já que estavam em desvantagem de armamento e subnutridos para terem forças suficientes para fugir, ou se revoltar. Ali, o presidente começou a explicar um pouco do campo de concentração, como estava organizado e algumas datas relacionadas com ele. Enquanto ele falava, começaram a ouvir-se os os na terra. Olhamos para ver quem era. Vimos na escuridão um vulto de alguém que aparentava usar um casaco comprido e que estava encolhido com o frio. Pensamos que se tratava de um dos seguranças que andava a fazer a ronda para ver se estava tudo bem. Continuamos com a visita e paramos em frente ao cemitério de cruzes. Não havia nenhum corpo enterrado, no entanto, foram espalhadas as cinzas dos judeus que morreram incinerados e colocaram-se cruzes brancas. Fez-se silêncio em memória daqueles que morreram ali. Os os voltaram a se ouvir novamente. Outra vez, o vulto caminhava ali perto, mas não era percetível devido à fraca iluminação do local, ou quase nula. Desta vez dirigia-se para a caserna onde se encontravam as câmaras de

incineração. Diego procurava examinar com atenção a figura que caminhava na escuridão. Fazia lembrar os antigos oficiais da SS, que com o frio, iam para as incineradoras e ligavam-nas, com o combustível que sabemos, para aquecer a água e tomarem banho de água quente. Mas, a sua lógica, dizia que era apenas um truque de mente, pelo local que estava, pela escuridão e por isso fazê-lo confundir uma simples vestimenta de inverno com as fardas do terror nazi. “Não fazia ideia de que os seguranças faziam rodas tão apertadas ao local.”, disse o presidente, cerrando os olhos como se quisesse olhar mais longe e à noite para perceber quem é que andava ali. “Quem está aí?”, perguntou ele. Mas não obteve nenhuma resposta. Quem quer que fosse, continuaria o seu caminho sem dar importância ao grupo. Era como se ninguém estivesse ali. Viram a figura a desvanecer na escuridão. Sem perder muito tempo no assunto, continuaram a visita, a qual Diego estava desejoso de que acabasse o mais rápido possível, À medida que se aproximavam das casernas onde estavam as incineradoras, uma das janelas ficou iluminada. Alguém acendeu a luz e podia-se ver a sombra projetada na parede interior. “Os seguranças devem ter ligado para que entrássemos.”, disse o presidente. Entraram na caserna. Para espanto de todos, não estava ninguém lá dentro. Havia apenas uma entrada e saída e ninguém ou por eles. Era suposto ver um segurança lá dentro, a certificar-se de que tudo ficavam em ordem. Visitaram as divisões da caserna. Viram as incineradoras, que trouxeram à mente de Diego aquelas imagens de pessoas cadavéricas que morreram no local. Mais à frente, tinha uma divisória que continha as urnas onde eram depositadas as cinzas e entregues aos familiares, porém, sem a certeza de que aquelas eram as cinzas dos seus entes queridos. Na seguinte, estavam os sapatos que eram usados pelos detidos. Era a única peça que não se queimava. Saíram da caserna e foram agora para a saída. A luz continuava acesa. Ao afastarem-se, perceberam que estava a sair fumo da chaminé das incineradoras.

O presidente achou estranho e alertou os seguranças. “Está a sair fumo da chaminé das incineradoras. Deve haver algum incêndio!”, exclamou o presidente com alguma preocupação, ao que lhe respondeu um dos seguranças. “Não há incêndio nenhum. É normal isso acontecer.” Ao ouvir a explicação, Diego assumiu que fosse alguma coisa relacionada com correntes de ar e fizesse subir fuligem que estivesse nos canos. Mas, o segurança tinha mais alguma coisa para dizer. “Todas as noites acontece isso. A luz acende e o fumo começa a sair. As primeiras vezes que investigamos a ocorrência, não encontramos nada. E se agora fôssemos lá, não encontraríamos nada.” “Como assim?”, perguntou Diego. “Não sou uma pessoa crente, mas a única explicação que tenho é de haver soldados nazis que ficaram presos no campo, condenados pela eternidade. Por isso, é que todas as noites isso acontece. Alguns seguranças afirmam ver um antigo soldado da SS a caminhar à noite no campo. Vocês também viram?” Se estava a congelar do frio que sentia, aquela resposta congelou o pouco que lhe faltava. E, perante aquela declaração, fez-se um silêncio absoluto. Nisto, o silêncio foi quebrado pelo som de uma batida. Olharam para a caserna e a luz apagou-se. “Parece que o espírito do soldado terminou por hoje.”, disse o segurança. Ficaram por alguns instantes a olhar para o campo de concentração. Depois, foram embora a pensar no que tinham presenciado. Quando chegou ao hotel, estava cansado, mais do que o habitual. Aquela experiência tinha sido desgastante, quer do ponto de vista físico, como emocional. Não demorou muito a adormecer. Mas, a noite não foi calma. Muito pelo contrário, foi a noite mais agitada que Diego teve na vida.

Motivado pelo que visitou, Diego sonhou com o campo de concentração, em que via aqueles homens e mulheres a serem humilhados pelos soldados e a sofrer. Sonhava com as incineradoras a trabalhar e a ouvir o grito dilacerante de pessoas a morrer queimadas. Acordou sobressaltado. Quando abriu os olhos e acendeu a luz, podia jurar que via desaparecer no canto do quarto, um soldado da SS. O seu coração ficou ainda mais acelerado e não conseguiu adormecer mais. Ficou acordado até ser horas do pequeno-almoço. Depois da viagem de avião e chegar a casa, Diego contou à mulher o que se havia ado e a experiência que teve. "Devia ler menos coisas relacionadas com a Segunda Guerra Mundial e descansar mais. Se trabalhasses menos e lesses menos essas coisas, não teria pesadelos.”, disse-lhe a mulher. “Então e o que aconteceu no campo de concentração?”, perguntou Diego. “Aquilo foram os seguranças a assustar-vos. De certeza que aquilo tem algum sistema que aciona as luzes à distância e tem alguns efeitos especiais.” A explicação da mulher fazia sentido para Diego. Aquilo era acumulação do cansaço e com o que se ou, teve aquele efeito à noite. O campo de concentração devia ter sido aquilo mesmo e, provavelmente, foi uma partida do presidente com os seguranças para assustar o grupo. Levantou-se do sofá para ir buscar o presente que trouxe de Estrasburgo para a sua mulher. Ao pegar no presente, um panfleto do campo de concentração caiu e abriu. Pegou nele e olhou para a imagem de um soldado nazi. Era uma imagem muito similar a que tinha visto naquela noite, com o soldado a caminhar a poucos metros deles. Sentiu-se inquieto. Mais à frente, estava a foto de um soldado, que lhe recordou o soldado que apareceu no seu quarto. Achou que era uma coincidência incrível. Mas, não se lembra de ter pegado naquele panfleto em momento algum. Na loja onde comprou a prenda, também não havia nada relacionado com os campos de concentração. O cérebro começou a trabalhar. Era demasiada coincidência para ter sido influenciado por um panfleto. Não podia ser apenas cansaço. O que se ou

naquela noite foi autêntico. Diego presenciou uma manifestação de espíritos que estavam presos no campo de concentração. Já tinha lido sobre isso em alguns livros, mas sempre achou que era algo que tinha origem nas crenças e superstições das pessoas. Agora, ele presenciou e acreditou.

O Quarto 403

ERAM CINCO DA MANHÃ. José encontrava-se na receção do hotel, cansado e com sono. Tudo parecia calmo e tranquilo, quando a porta do elevador abriu e saíram dois hóspedes carregando as malas de viagens. “Boa noite, queremos fazer o check-out antecipado. É impossível conseguir dormir naquele quarto.”, disse a mulher com cara de quem estava a dormir mal. “Há algum problema com o quarto? Posso colocá-los noutro!”, perguntou José, tentando manter os hóspedes no hotel. “Não queremos outro quarto. Queremos sair do hotel!”, respondeu a mulher. “Com certeza! Qual o motivo que vos leva a deixar o nosso hotel?” “O quarto está assombrado!” José esperava ouvir todas as respostas menos esta. Estava à espera de que dissessem que o colchão não era confortável, o ar condicionado não funcionava, ruído do exterior, ou que tinha surgido um imprevisto e tinham de regressar. Mas, não estava à espera de que a resposta fosse aquela: o quarto estava assombrado. “Desde que entramos naquele quarto sentimos presenças estranhas. Há meia hora atrás, estava um homem aos pés da nossa cama que vestia uma gabardine e um chapéu. Quando ligamos a luz, ele desapareceu.” José ouvia os hóspedes com a seriedade que lhe competia, mas, no pensamento, achava que as pessoas estavam a gozar com ele e não tinham uma desculpa melhor. “Lamento que estejam a ter uma má experiência naquele quarto. Como disse, posso mudá-los para outro quarto.”

“Obrigado, mas estou muito assustada e não quero ar nem mais um minuto aqui”. Não tendo como convencê-los daquela que para José era a história mais ridícula que ouviu de hóspedes, não teve solução e realizou o check-out aos hóspedes. Quando chegou à mudança de turno, José compartilhou a história dos hóspedes que saíram mais cedo, porque afirmavam que o quarto estava assombrado. Escusado será dizer que durante alguns dias, foi motivo de riso no hotel. ou alguns dias desde que o episódio com o quarto assombrado. Na receção, estava Mara que tinha acabado de entrar para o turno da tarde. Vinha de férias, pelo que ainda não estava inteirada da história do quarto assombrado. Sentou-se na receção e o telefone tocou. Sabia que se tratava de uma chamada interna, pelo som. Era o quarto 403, o mesmo onde estiveram os dois hóspedes alojados e saíram mais cedo. “Receção, boa tarde, fala a Mara. Em que posso ajudar?” Do outro lado da linha, ouvia-se um som como de respirar, mas ninguém falava. “Boa tarde?”, insistiu ela. A chamada desliga-se. Mara achou estranho, mas não era a primeira vez que alguém ligava para a receção e não falavam. “Adeus, Mara, até amanhã!”, disse a governanta que terminará mais cedo o serviço para ir com o filho a uma consulta. “Adeus, D. Alice. Este hóspede do 403 deve ser estranho. Ligou aqui para baixo e não dizia nada.” “Do 403? Mas no quarto não estava ninguém e nem estava previsto vir alguém. Vendeste agora o quarto, foi?” “Não foi vendido. Acabei de chegar. Tudo o que fiz até agora foi atender o telefone e falar consigo.” Dito isto, confirmou no computador quem é que estava no quarto. De facto, não

estava ninguém. As duas olharam uma para a outra e pensaram que havia um intruso no hotel. Carlos, o rapaz que ocasionalmente ia fazer manutenção no ar condicionado, acabava de descer do quarto piso. “Boa tarde!” “Boa tarde, Carlos! Foste tu que ligaste do 403?”, perguntou Mara. “Eu? Por que raio ia eu ligar do 403 se estava no telhado a fazer manutenção nas máquinas?” “Acabei de receber uma chamada do quarto e ninguém falava. Não havia hóspedes naquele quarto. Pode ir ver se está lá alguém?” Carlos olhou para as duas que estavam assustadas. Concordou em ir verificar, mas levou consigo um pé-de-cabra, caso não houvesse algum assaltante. Subiu pelas escadas até ao quarto andar. Tudo parecia calmo e não havia sinal de estar ali alguém. Tirou a chave do 403 do bolso e abriu a porta. Acendeu as luzes. O quarto estava vazio. Não estava ninguém lá dentro. Foi ao telefone ver o que se ava e marcou para a receção, mas não havia sinal de linha. Achou que era o telefone que estava avariado, pelo que tirou e levou-o consigo para a receção. “Não havia lá ninguém. Mas o telefone não dava sinal de linha. Deve estar avariado. Trouxe-o comigo para que depois o substituam.” “Obrigado, Carlos. Já estou mais aliviada.” A tarde ou-se sem que mais nenhuma chamada fosse feita daquele quarto. Mara fez a troca de turno com José, que ficou a par da situação do telefone. Ia ser uma noite tranquila, pelo que José foi ao BackOffice tratar do lançamento de algumas faturas de compras para o hotel. Perto das duas da manhã, o telefone tocou. Antes que José pudesse atender, desligou. Alguém que se enganou, ou miúdos estão a fazer as partidas. Voltou para dentro e o telefone tocou. Desta vez mais insistente, já que ele resolveu não ir atender logo. Quando resolveu ir à receção atender o telefone, desligou-se

novamente, sem que conseguisse ver de quem ligava. Isso repetiu-se mais três vezes. Depois parou. aram-se dois dias, por sinal as folgas de José. Tudo parecia estar normal. A história dos hóspedes já estava esquecida e o mistério das chamadas resolvido. Aquela noite, para José, não ou de brincadeiras de adolescentes e, por isso, não deu importância. Estava tudo normal, até às três e catorze da manhã. O telefone começou a tocar. Era do quarto 403. José atendeu o telefone. “Receção, boa noite, fala o José. Em que posso ajudar?” Novamente ninguém respondeu do outro lado, mas ouvi uma respiração. ados segundos, desligaram o telefone. José ligou para o quarto, mas a linha encontrava-se ocupada. Ele foi ao computador ver quem se encontrava no quarto, mas não tinha sido vendido a ninguém. Achando a situação estranha, José ligou novamente para o quarto e a linha continuava ocupada. Com algum receio, até porque estava sozinho, o rececionista foi buscar a pesada lanterna de ferro que tinham. Pegou na chave do quarto e subiu ao quarto andar. O andar não tinha as luzes acesas, porque não havia ninguém hospedado no piso. A única luz que entrava era a que vinha dos candeeiros da rua, iluminando parte do hall do piso. Tudo o que lá estava de decoração tinha a aparência de sombras, sem cor para se distinguirem. Os corredores que davam o aos quartos não tinham iluminação, o que não dava para perceber a profundidade, nem se havia alguém lá dentro. Acendeu a luz para iluminar o caminho. Embora a lanterna desse jeito para ver o caminho, a intenção de José era usá-la como arma de defesa em caso de estar lá alguém. Apontou a luz na direção dos corredores para ver se estavam realmente vazios. Não viu nada. Seguiu pelo corredor que dava o ao quarto 403. Tirou a chave do bolso e abriu a porta. Lentamente, abriu-se a luz para o interior. Quando a porta estava totalmente aberta, colocou o cartão que permitia acender as luzes do quarto. Quando este ficou iluminado, entrou. Desligou a lanterna e caminhou em direção à casa de banho, para ver se ninguém estava lá escondido. Vazia. Olhou em redor do quarto e não havia sinais da presença de ninguém.

Debaixo das camas era impossível alguém se esconder, pelo que foi procurar no armário da roupa e na varanda. Tudo estava vazio, como deveria estar. Foi à cabeceira ver o telefone, mas, onde estava o telefone. Lembrou-se de Mara lhe ter dito que o telefone foi retirado, porque estava avariado. Então, como é que estavam a ser feitas as chamadas para a receção? Uma sensação estranha tomou conta de José. Parecia que estava a ser observado na porta de entrada do quarto. Porém, não estava lá ninguém. Desvalorizou a situação por achar que era resultado do ambiente e das horas, sem esquecer o cansaço que já sentia àquela hora. Desligou as luzes do quarto e fechou. Voltou para a receção. Olhou para o telefone da receção e pensou que o problema poderia estar na central. Iriam ter de chamar um técnico para ver o que se ava. O telefone não tocou mais naquela noite. De manhã, era a Mara a entrar. Contou o que se ou e disse para que se chamasse o técnico para verificar as chamadas. Mara ligou ao técnico para resolver o problema. Nessa tarde, depois do técnico verificar o telefone, as ligações e a central, não encontrou nenhum problema. Estava tudo a funcionar como deveria. No entanto, trocou a central por outra nova para confirmar que estava tudo bem e colocou um telefone novo no quarto. À partida, tudo ia funcionar bem. Era importante que ficasse tudo bem, uma vez que o quarto ia ser ocupado naquela noite. José regressou para o turno da noite. O hotel estava cheio. Parecia que ia ser uma noite tranquila e sem problemas. As horas avançavam e não havia sinais de chamadas vindas do quarto e nem o hóspede que lá estava tinha vindo embora por causa de uma assombração. Como havia pouco trabalho na receção, despachou as coisas que tinha de fazer e sentou-se no sofá a ver televisão. Começou a mudar de canal para ver o que estava a dar e escolher aquele que mais lhe agradava. À noite, costumava ar bons filmes e dar bons documentários, pelo que foi ver primeiro os canais que transmitiam filmes e documentários. Mal tinha começado a ver a programação, quando o telefone tocou. José não queria acreditar que o problema não tinha sido resolvido. Levantou-se e foi desligar a chamada. Mas desta vez era o quarto 402. Olhou com atenção para o

monitor do telefone e viu que o quarto 404 e 406 estavam a ligar para a receção. “Bonito serviço, agora estão mais quartos com os telefones avariados.” Ainda assim, atendeu a chamada, não fosse realmente o hóspede a ligar. “Receção, boa noite, fala o José. Em que posso ajudar?” Do outro lado falou o hóspede. “Boa noite, será que poderia ver o que se a num dos quartos ao lado do meu? Está uma mulher aos gritos a pedir socorro!” “Com certeza vou subir!" Desligou a chamada e nem atendeu as ligações, sabia o que iriam dizer também. Pegou na chave mestra para abrir o quarto do hóspede que pedia socorro. Quando subia as escadas a correr, ou-lhe pela cabeça que seria a pessoa do 403. Já no piso, viu os hóspedes todos na porta do quarto. “Tinha de ser o 403!”, pensou ele. Abriu a porta do quarto e viu uma mulher sentada no canto toda encolhida, com a cabeça encaixada nos joelhos e coberta com as mãos. Aproximou-se dela e tocou-lhe no ombro. A mulher reagiu com um grito e estremeceu toda, tentando se defender. “Calma, chamo-me José e sou o rececionista!” A mulher olhou desconfiada para ele. Quando percebeu que se tratava de um rececionista, agarrou-se a ele cheia de medo. “Por favor, tire-me daqui! Tirem-me daqui!” “Calma. Sente-se na cama. O que se ou?” O quarto estava agora com os restantes hóspedes dos outros quartos. Eles estavam curiosos para perceber o que se ava. A mulher sentou-se na cama. José acendeu as luzes. Podia ver a mulher

vermelha de tanto gritar e transpirada. Os olhos dela estavam vermelhos e mostravam terror. “Está em segurança agora!”, disse-lhe José segurando-lhe as mãos que tremiam. “Quer me contar o que se ou?”. A hóspede recuperava o ritmo normal da respiração, soluçando em alguns momentos. “Era um homem que estava à beira da minha cama. Tinha gabardine e chapéu, tipo gangster. No início assustei-me, mas pensei que era apenas um sonho e tentei adormecer outra vez. Foi quando ele me agarrou os braços, me puxou da cama e atirou ao chão.” Mal acabou de contar, começou a chorar outra vez. José ou a mão na testa para lhe desviar o cabelo dos olhos. Sentiu a testa muito quente e pensou que estava num quadro febril. Pediu que ficassem com ela, que ia buscar o kit de primeiros socorros à receção. Quando voltou, mediu a febre da mulher. Apesar de estar com o corpo extremamente quente, a temperatura estava dentro do normal. Ainda não tinha acabado de guardar o termômetro, as luzes do quarto foram abaixo. A mulher começou a hiperventilar olhando para todos os lados, com medo que aparecesse outra vez o agressor. “Se alguém desligou a luz nos interruptores, por favor, volte a ligar.”, pediu José. “Está ali! Está ali, na varanda!”, gritou a mulher enquanto rastejava na cama a tentar fugir na direção oposta. José e os restantes hóspedes voltaram-se para a varanda. Nesse momento, a luz voltou, não permitindo que se conseguisse ver nada através do vidro. Um dos hóspedes foi até à varanda e abriu a porta. Não viu ninguém na varanda. No estado em que a mulher estava, José resolveu chamar o INEM. Explicou a situação e foram buscar a hóspede para que fosse observada no hospital. Ao chegar o INEM, o paramédico observou a mulher com atenção e apesar do ritmo elevado da pulsação e da tensão alta, nada indicava outra situação. Mas,

como não sabiam se ela podia ter tomado algum medicamento que lhe pudesse causar alucinações, levaram-na para o hospital. Ao sair do quarto, o rádio do paramédico começou a intercetar interferências. Pegou no rádio e tentou comunicar. “Aqui Silva, estou à escuta!”. Aguardou alguns segundos à espera de resposta. Não teve nenhuma. Voltou a comunicar. “Aqui Silva, estou à escuta. Alguém comunicou?”, perguntou ele acreditando que tinha sido o condutor da ambulância que estava a tentar comunicar. Todos os que ali estavam ficaram perturbados com o que ouviram a seguir. Uma respiração fraca e uma risada soaram no rádio do paramédico. A mulher, ao ouvir isto, desmaiou nos braços do paramédico, enquanto as restantes pessoas pareciam incrédulas no que ouviam. De imediato, todos os telefones nos quartos começaram a tocar e as luzes no piso começaram a perder potência. A mulher que estava desmaiada abriu os olhos. E levantou-se. Começou a olhar nos olhos de todos e esboçou um sorriso que deixou a todos incomodados. Assim que os telefones pararam, a mulher revirou os olhos e voltou a desmaiar. Durante alguns segundos, a mulher parecia ter sido possuída por uma entidade, que se manifestou a todos os que ali estavam. Perante aquele cenário, todos os hóspedes do quarto andar quiseram fazer checkout. José, não sabia o que fazer, nunca tinha estado numa situação daquelas. Na sua cabeça, apenas vinha a recordação do casal que abandonou o hotel mais cedo, porque viu a mesma entidade no seu quarto. O facto de o telefone do quarto estar sempre a tocar, mexeu ainda mais com todas as crenças dele. E, agora, o que se ou naquela noite com aquela mulher, abalavam tudo na mente de José. Como é que ele ia escrever um relatório com o sucedido naquela noite? Quem é que iria acreditar no que ele viu e dezenas de outras pessoas testemunharam? Será que sofreram um episódio de histeria em massa? Na manhã seguinte, José contou o que se ou naquela noite, tal e qual como se lembrava ao diretor, que não acreditou se tratar de um problema com assombrações. Chamou uma equipa de eletricistas e técnicos de telecomunicações para fazer uma manutenção no sistema.

Ainda com José no hotel, ele subiu ao quarto para ver como estava. Subiram no elevador e, ao se abrir a porta, num dos sofás do hall de entrada estava um chapéu cinza escuro, que lembrava os usados pelos gangsters. José lembrou-se da discrição feita pela mulher e notou que o chapéu correspondia à descrição. “Alguém deixou aqui o chapéu quando saiu à pressa.”, disse o diretor. Mas, quando ele tentou agarrar o chapéu, este desvaneceu-se bem em frente aos seus olhos. Olhou para José à espera de uma resposta para o que aconteceu, mas nem mesmo ele sabia lhe dar uma resposta. Olhou à volta e, tentando disfarçar o ligeiro medo que estava a sentir no momento, achou que podiam descer, porque não havia nada que pudesse fazer ali. Quando entraram no elevador e começaram a descer, ouviram duas pancadas fortes vindas do alto. O diretor tremeu e agarrou-se ao corrimão do elevador. José ficou imóvel, pensando que o elevador ia cair. “Claramente tenho de chamar os técnicos dos elevadores para verificarem os cabos.”, disse o diretor tentando disfarçar. Nesse mesmo dia, José achou melhor não continuar a trabalhar no hotel e apresentou a sua carta de demissão. O diretor insistiu para que ficasse, porque aquilo não ava de uma situação mal-entendido. Mas, as palavras do diretor não correspondiam ao que ele sentia naquele momento e, José, acabou por deixar o hotel nesse dia.

Perda De Tempo

A MINHA HISTÓRIA É baseada numa experiência pessoal que vivi há alguns anos. Ainda sou um descrente quanto à explicação que me deram, tanto dos médicos, como dos teóricos de situações inexplicáveis que fogem ao que estamos habituados a viver no nosso dia a dia. Muitos vão duvidar daquilo que conto e não vos censuro, porque até eu duvido que isso tenha sido real. Acontece que mesmo não acreditando que tenha sido real, quando tento encontrar uma teoria lógica para o sucedido, acabo sempre por encontrar a explicação paranormal. Eu não sei se já estão familiarizados com o fenômeno de perda de tempo. Para quem não conhece, é um fenômeno em que uma pessoa dá um salto no tempo. Ou seja, por exemplo, numa situação normal, uma pessoa leva 5 minutos para fazer ovos mexidos, mas quando a por um fenômeno de perda de tempo, ela perde 30 minutos. Não se trata de avaria do relógio, porque o fenômeno pode ser coletivo, com um grupo de pessoas, e seria difícil haver mais de duas pessoas com o relógio avariado com a mesma avaria. A física quântica explica isso com a curvatura do espaço-tempo, uma espécie de portal que se abre e que faz avançar no tempo a pessoa, sem que ela dê por isso. No entanto, a neurologia oferece outra explicação que se baseia na desatenção da pessoa para com o tempo. No meu caso, não consigo encontrar explicação para o que vivenciei nessa experiência, porque apesar de plausível o fato de eu não ter prestado atenção ao tempo que levei a executar a tarefa, existem outros fatores que refutam essa possibilidade e atribuem a um evento de perda de tempo, tal como explica a física quântica. Mas vamos falar sobre o que me aconteceu, não perdendo tempo com explicações teóricas, para que os leitores possam perceber o que se ou comigo e tirar as suas conclusões. Tudo começou numa noite em que cheguei tarde do trabalho. Estava cheio de

fome e super cansado. Eram umas 8:45, e para ser rápido, peguei numa comida de micro-ondas e coloquei 5 minutos. Fui para a poltrona e liguei a TV enquanto esperava que terminasse a confeção da comida. Ouvi o som do término e fui buscar de imediato a comida. Quando olhei para o relógio, ele marcava 9:20. Eu pensei: “Puxa, já ou esse tempo todo?”, porque na minha ideia eu cheguei em casa e coloquei de imediato a comida a aquecer. Porém, não dei importância, já que estava cansado e podia muito bem me ter distraído com alguma coisa e não ter notado o tempo ar. Por isso, ignorei completamente o problema e segui o resto da minha noite assistindo um pouco de TV para relaxar, acabando por ir para a cama perto das 23hs. aram-se alguns dias sem que nada do gênero despertasse a minha atenção. No trabalho, eu via ar o tempo muito lentamente. Era nesse momento que eu queria que o tempo asse mais rápido. Em casa, como não existia preocupação com as horas, também não dava importância se o tempo estava a dar um salto, ou se corria normalmente. No entanto, numa das noites, eu recebi visitas em casa. Íamos assistir a um filme recente de Sci-fi, que não saiu no cinema no nosso país. Tínhamos pipoca, refrigerante e pizza. Estávamos preparados para assistir o que consideramos ser uma obra-prima do Sci.Fi. O filme tinha cerca de 100 minutos, o que daria cerca de 1h40m de filme. Começamos a ver às 21:30, mais coisa menos coisa, o que deveria terminar por volta das 23:10. Assistimos o filme sem grandes problemas e com grande entusiasmo. Quando terminou, começamos os comentários, até que alguém notou o impossível. “O filme foi fantástico”, disse um dos meus amigos. “O enredo é fantástico. Conseguiram fazer uma história incrível com cenas bastante futuristas e que retratam a nossa sociedade atual.” “Não... O meu relógio avariado! Está marcando 2:30. Adiantou. Alguém me pode dizer horas certas?”, disse a rapariga que foi assistir o filme.

“Vai ver que falta bateria”, disse eu. “São...”, e fiquei a olhar para o meu relógio antes que lhe respondesse. “O meu também avariou. Está marcado 2:30!” “O meu também avariou”, disso o outro. Olharam todos para os relógios e todos marcavam 2:30 da manhã. “Como é possível isso? O filme só tinha 100 minutos. Terminava antes da meia noite.” Ninguém percebia o que se ava. “Vai ver que amos por uma experiência de perda de tempo”, disse a rapariga. Olhamos para ela com aquela cara de que não acreditavam nessa possibilidade. “Vai ver que demoramos mais tempo a começar a ver o filme do que pensamos.” “Não é possível, porque a pizza chegou depois de começar o filme. O entregador não chegou depois da meia noite, porque já estaria fechada a pizzaria.” “Se calhar o filme tem mais tempo e não apenas os 100 minutos.” “Claro que tem, olha lá no DVD o tempo corrido” Ninguém conseguia explicar o que se ou naquele momento. Queríamos encontrar uma explicação para aquilo, mas ninguém sabia qual era a melhor que explicaria o que aconteceu. A moça que estava connosco olhou para mim e perguntou se eu me tinha machucado. “O que é isso no seu pescoço? Se machucou?” Olhei para ela intrigado, porque não me lembrava de ter magoado onde quer que fosse. Fui ao espelho do quarto olhar o meu pescoço para ver o que se ava. Bem debaixo da orelha esquerda, estava uma marca de ferida cicatrizada que não estava de manhã quando saí de casa. Toquei nela e senti alguma coisa debaixo da pele. Voltei à sala onde estava todos arrumando e a tentar encontrar explicação

para o sucedido. “Não sei o que é isso. De manhã não estava cá e não me magoei durante o dia. Sinto qualquer coisa debaixo da pele.” Um deles tocou no local onde estava a cicatriz e confirmou que estava ali algo. Quando olhei para ele, notei que também tinha uma cicatriz abaixo da orelha esquerda. “Você também tem uma ferida” Ele tocou e ficou irado. Também não se tinha magoado e também sentia algo debaixo da pele. Os outros tocaram nos pescoços para confirmar se havia algo. Também havia algo. Estávamos assustados e sem explicação. Aliás, tínhamos a explicação, mas ninguém queria assumir isso. “Eu não quero ser estranho, mas isso já vimos acontecer em filmes” Olhamos para ele, como quem diz que ele tem razão, mas não digas o que estás a pensar e que nós também pensamos. “Eu acho que fomos abduzidos por aliens e que temos um chip implantado.” Ele disse o que todos pensávamos e não queríamos ouvir. Um silêncio instalouse à nossa volta. Na nossa mente ecoava a pergunta: o que vamos fazer? “Acho melhor irmos ao médico confirmar o que é isso antes de começarmos com teorias bobas.” Concordamos que era o melhor a fazer. No dia seguinte, eu fui ao hospital para ver o que era aquilo. Após um raio X mostrou que havia um objeto alojado no local. O médico achou que seria um pequeno fragmento que tivesse ficado do objeto que me feriu. Na hora, ele removeu o objeto com uma mini cirurgia, já que ele não estava muito fundo. O objeto era bastante pequeno e arredondado nas pontas, como um blister que se

toma quando estamos doentes, mas bastante menor. Perguntei para ele se poderia ficar com aquilo e ele disse que sim, já que não se tratava de algo biológico e apenas um fragmento de algo. Quando cheguei em casa, fiz um live com os meus amigos, perguntando se eles já tinham estado no médico. Contei para eles o que tinha acontecido e mostrei para eles na câmara. Dois deles já tinham ido ao médico e também retiraram um pequeno pedaço de metal. “Isso para mim é um chip extraterrestre, que nos colocaram para nos localizar e recolher dados biológicos e de comportamento sobre nós.”, disse um dos meus amigos. Apesar de ser a explicação que melhor encaixa para o sucedido, ninguém quis oficializar isso, pois sabíamos que seria loucura se alguém soubesse. Decidimos investigar mais sobre o assunto e falar com alguém ligado a uma comunidade de estudo ufológico que nos pudesse esclarecer mais sobre o assunto. Eu enviei um email para uma associação de estudo ufológico e perguntei por mais informações sobre casos como esse, porque estava escrevendo um livro sobre isso. Não tive de aguardar muito pela resposta. Para além de uma explicação, foram enviados alguns links e recomendado alguns livros que poderiam ser consultados na biblioteca. Fiquei a conhecer histórias de pessoas que também aram pela mesma situação e superaram. Havia também informação sobre o que alguns especialistas teorizam sobre o assunto. Muitos acreditavam que era uma forma dos extraterrestres estudarem, outros, mais agressivos, consideravam que era uma forma de catalogar potenciais seres para manipulação genética, reprodução de espécies e até fonte de alimento. Reencaminhei o email para os meus amigos e pedi que alguém fosse na biblioteca pesquisar os livros. Duas semanas depois, a moça que assistiu o filme, entrou em contato comigo. Queria falar sobre o que estava acontecendo com ela depois de tudo aquilo. Concordei em tomar um café com ela no mesmo dia, na cafeteria perto da casa dela. Quando cheguei, ela já estava à minha espera. Apesar do sorriso, estava com

uma cara diferente daquela que estamos acostumados a ver. Sentei-me na esplanada e fiz o pedido. “Obrigado por ter vindo. Preciso mesmo conversar com alguém sobre tudo o que aconteceu comigo desde aquela noite.” “Claro, pode falar comigo. Tenha andado a investigar mais sobre o assunto e quem sabe se posso ajudar a compreender algo.” “Não sei se me pode ajudar a compreender, mas vou contar na mesma. Há alguns dias para cá comecei a me sentir estranha. Senti enjoos, cansaço matinal e inchaço abdominal. Fui ao médico para ver o que se ava. Ele fez uma ecografia e disse que estava tudo bem comigo, mas mandou fazer mais um teste...”, dizia ela, fazendo um como de espera nesse momento. “E o que deu esse teste?”, pela cara dela percebi que era algo preocupante. “Eu estou grávida!” Naquele momento, fiquei sem saber o que responder. Não sabia se lhe deveria dar os parabéns, ou dar um conselho. Mas que conselho eu daria para ela? “Eu não posso estar grávida! Não tenho namorado e não tive relação com ninguém!” Fiquei ainda mais sem saber o que dizer e fazer. É cientificamente impossível alguém engravidar sem relação ou inseminação artificial. Como é que aquilo foi possível? “O que é que eu faço?” Por muito que a quisesse ajudar, eu não podia, porque não sabia como ajudar. Lembrei os casos de abduções que li e que relatam mulheres que ficaram grávidas de seres híbridos, uma combinação genética de humanos com outra raça de extraterrestres. Contei para ela sobre o que li, explicando que nesses casos, há raças de extraterrestres muito semelhantes a nós que procuram formas de salvar a sua espécie e que a solução que encontraram foi recombinar o genoma humano com o deles de forma a continuarem a existir. Tanto as nossas mulheres como as suas

mulheres ficam grávidas de embriões resultantes dessa engenharia genética entre espécies. A cara dela não pareceu mais tranquila, depois de perceber que poderia estar grávida de um ser que era meio humano meio alien. Peguei a mão dela e olhei nos seus olhos. "Olha, o que falei não significa que é verdade. São coisas que li e que não deveria ter contado. Aquilo não tem sentido nenhum. Quero que perceba que eu estou aqui para ajudá-la no que for preciso.” Ela olhou para mim e sorriu em gênero de agradecimento. Agarrou a minha mão com as suas. “Obrigado. Acho que isso que eu preciso mais neste momento, um ombro amigo e não de conselhos.” Paguei a conta e convidei-a para caminhar um pouco no parque. Falamos sobre o que seria criar um bebê e como seria um abordo. Ele entendeu que tinha muito em que pensar antes de decidir algo, mas percebeu que ali estava um amigo para qualquer que fosse a sua decisão. Acompanhei-a até a casa e me despedi. À noite, sentei-me na poltrona a assistir ao filme que ava na TV. Fiquei com a sensação de que algo poderia voltar a acontecer. Foi buscar a câmara e o tripé para colocar a filmar o local em que estava. Caso acontecesse outra vez, ficaria registado alguma coisa na câmara. Montei o equipamento e sentei novamente na poltrona. Assistiu ao filme todo. Quando terminou, olhei para o relógio e vi um avanço nas horas. Tinha perdido duas horas no tempo. Fui correndo para a câmara ver o que tinha registado. Apertei o play e fui assistindo no monitor. Ao chegar aos 38 minutos de filmagem, houve três segundos de ``white noise'' e novamente voltou a filmar a sala como se nada tivesse acontecido. Transferi o vídeo para o computador para ver com melhor qualidade. Aos 38 minutos, dei novamente “white noise” de três segundos. Achei que poderia ser um problema da filmagem, mas reparei que estava a filmar o relógio da cozinha.

Dei zoom para ver que horas marcava. Era 21:47 antes do “white noise” e depois eram 23:47. Fiquei arrepiado. Aqueles três segundos eram na verdade um salto de duas horas no meu tempo. Coloquei a mão no pescoço para saber se havia alguma coisa diferente. Estava tudo normal. Corri para o computador para ligar para os meus colegas e partilhar aquele vídeo. Todos atenderam menos a rapariga. Sabia a situação dela, por isso achei normal que não atendesse. Não contei para ninguém. Partilhei o vídeo com eles e ficaram abismados com aquela prova. Um deles confessou também ter notado a perda de tempo. Mas mais ninguém notou isso. Ainda ficamos algum tempo a falar pelo computador. No dia seguinte, tentei ligar para a moça, mas ninguém atendeu. Tentei ligar nos outros dias, mas sem sucesso. Resolvi ir até a casa dela. Quando lá cheguei, a mãe me recebeu. Estava chorosa. Perguntei o que se ava. Ela me contou que a sua filha desaparecera e ninguém sabia dela. A polícia estava procurando-a, mas não tinha nenhuma pista. Disse que ela desapareceu do dia para a noite. Fiquei assustado, pois a noite em que ela desapareceu, foi a noite em que filmei a perda de tempo. Fiquei ainda mais assustado pelo fato de ela estar grávida de uma situação que não compreendemos. Em casa, estava sentado no sofá e a pensar nela. Olhava para o smartphone na esperança de receber uma chamada. A preocupação era tanta que resolvi contar aos outros. Estávamos preocupados e sem saber o que fazer e pedir ajuda. A polícia estava fora de questão e as associações não podiam fazer nada. Os dias avam e não havia novidades. Voltamos a nos reunir na minha casa, sempre com aquele receio de que poderia acontecer novamente. Quando eles se iam embora, ouvimos bater à porta. Era ela, a rapariga. Ficamos surpresos e felizes. Ela entrou e perguntamos como se sentia. Olhou-nos com uma cara de estranheza. “Então, está tudo bem contigo? Estávamos preocupados!”

“Está tudo bem. Estavam preocupados com o quê, apenas me atrasei umas horas.” Ficamos a olhar para ela sem perceber o que se ava. “Vá lá, rapazes, apenas fui fazer compras e atrasei-me, nada de mal aconteceu.” Não percebemos o que estava a acontecer. “Mas, tu estiveste desaparecida quase três semanas. Ficamos com receio de que os extraterrestres te tivessem levado por estares grávida deles.” Quando ouviu isto, ela desmanchou-se a rir. Não podia acreditar no que estava a ouvir. Tentamos explicar o que se tinha ado, mas apenas serviu para ela achar que tinham elaborado uma partida para a enganar. Fui buscar o computador para lhe mostrar o vídeo, mas ele tinha desaparecido. Também nenhum deles tinha mais o vídeo. Tinha desaparecido. Não havia muito mais para explicar o que tinha acontecido, pelo que continuamos a falar de outras coisas, sempre a considerar o que se tinha ado com ela. Tinha a certeza de que lhe tinham apagado a memória e que não se lembrava de nada. ados alguns dias encontrámo-nos num restaurante. Um dos nossos amigos perguntou se tínhamos tido mais perdas de tempo. Olhamos para ele e começamos a rir. Contou-nos toda a história que vos acabou de contar, que, segundo parece, não nos lembramos porque nos foi apagada a memória. Por isso, quando no início digo que nem eu acredito na história, é porque não me lembro de nada disto que se ou, apesar dos muitos detalhes que o meu amigo contou. Se foi verdade, foi algo extraordinário, se não foi, então contou uma história fantástica connosco.

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About the Author

Bruno Ervedosa é Técnico de Turismo e Profissional de Informação Turística. Estuda Línguas na Universidade Aberta e trabalha como rececionista de hotel. Escreve livros ficcionais nos seus tempos livres, para além de dedicar tempo à sua família. O seu interesse para o paranormal nasceu quando começou a ver séries e filmes relacionados com o tema e pelas histórias que ouvia dos seus familiares e colegas.

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