Reforma Ortografica - Brasil 73502m

O Curso de Letras da Faculdade Integrada da Grande Fortaleza - FGF -

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A Reforma Ortográfica Da Língua Portuguesa

Corpo Docente do Curso de Letras: Ana Maríla Damião Carlos Andréia Turolo Eneida Holanda Antenor Teixeira João Batista Ari Sidou Rogério Viana Cely Pinho Sabrina Freire Claudiana Nogueira Tarcísio Cavalcante Homenagem Especial: Cássia Avelino Diolema Ferreira

Coordenação do Curso de Letras: Profa. Andréia Turolo Direção Acadêmica da FGF: Prof. Paulo Nogueira Pesquisa, produção e apresentação: Prof. Francisco Tarcísio Cavalcante Do Curso de Letras da UFC/UECE/FGF

Da Academia Cearense da Língua Portuguesa

“Orthographia – Derivase do grego orthos, recto, & grapho, escrevo; & assim orthographia vem a ser: Arte de escrever as vozes, com as letras convenientes à sua origem & recta pronunciação, que o uso tem introduzido.” “Orthographia consuetudini servit ideoque saepe mutata est.” (“Conforma-se a orthographia com o uso & por isso se mudou muytas vezes.” Quintil.) (D. Raphael Bluteau.Vocabulario portuguez e latino. Lisboa, 1712-1727. Vol. 6, p. 125).

1. Introdução

O Império Romano ♫ Do Latim ao Português

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Na mais remota antiguidade de que se tem notícia, havia nove grupos linguísticos, entre eles o Indo-Europeu, que se dividiu em oito grupos diferentes, entre os quais o helênico e o itálico. Por sua vez, com o ar dos séculos, este grupo itálico fraccionou-se em dois outros: o osco-úmbrico e o latino-falisco, que compreende o falisco e o latim.

O Império Romano, cuja língua era o latim, conquistou a Europa, em especial, para nós, a Península Ibérica, onde se localiza Portugal. Com a queda do Império Romano no século V, houve o fraccionamento daquela unidade linguística; o latim vulgar se dialetou e deu origem a várias formações dialetais, as quais foram denominadas de romances ou romanços.

Encontramos, assim, entre as várias modalidades de romances, o iberoromânico, de que surgiram o catalão, o espanhol e, por fim, a nossa língua. Deste modo, o idioma português é, como frisou Olavo Bilac, “a última flor do Lácio, inculta e bela”. O português, portanto, é uma língua neolatina ou românica, ao lado do francês, do espanhol, italiano, romeno e outras.

Historicamente, os grupos helênico, de que se originou o grego, e itálico, do qual proveio o latim, comprovadamente foram muito importantes para a formação da língua portuguesa. Na realidade, o grego e mormente o latim constituem a base do vocabulário de nossa língua. Comprovemos esta assertiva.

80% de nosso vocabulário é de origem latina. Na agem do latim para a nossa língua, as palavras sofreram diversas transformações, chamadas metaplasmos. Assim, as palavras do latim vulgar, já divergentes do latim clássico, aram para o romance, deste para o português arcaico, daí para o português moderno: - planus > planu > plano > plão > chão - integrus > integru > integro > inteiro - coagulare > coagular > coaglar > coalhar - inflare > inflar > inchar

No Renascimento, os escritores, na tentativa de se aproximarem mais do tipo clássico-literário, incorporaram ao nosso léxico palavras em sua forma erudita, primeira, ao lado da forma popular. Exemplos: Latim>Port.Popular>Port.Erudito: - planus > chão > plano - integrus > inteiro > íntegro - coagulare > coalhar > coagular - inflare > inchar > inflar

De outro modo, 16% de nosso léxico é de origem grega; neste caso, as palavras se formaram através de radicais e afixos. Exemplos com radicais: -fósforo: que leva a luz -pedagogo: que conduz a criança -hipopótamo: cavalo do rio etc. Exemplos com prefixos: -anarquia: sem governo -evangelho: anjo bom, boa notícia -catarro: que escorre para baixo etc.

Dentre os sufixos gregos, podemos citar o sufixo –ite, muito produtivo em nossa língua, usado na Medicina e que explica a denominação de certas enfermidades: - otite: inflamação do ouvido - estomatite: inflamação da boca - gastrite: inflamação do estômago - laringite: inflamação da laringe etc. Obs.: É na laringe, onde estão as cordas vocais, importante órgão da fonação, que surgem alguns males que dificultam a fala: além da laringite (garganta inflamada), podemos contrair rouquidão, pigarro.

Ouverture la vie em close Em latim “porta” se diz “janua” e “janela” se diz “fenestra”. A palavra “fenestra” não veio para o português, mas veio o diminutivo de “janua”, “januela”, “portinha”, que deu nossa “janela”. “Fenestra” veio mas não como esse ponto da casa que olha o mundo lá fora; de “fenestra”, veio “fresta”, o que é coisa bem diversa.

Já em inglês “janela” se diz “window” porque por ela entra o vento (“window”), frio do norte, a menos que a fechemos como quem abre o grande dicionário etimológico dos espaços interiores. (Paulo Leminski)

O Descobrimento do Brasil

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No século XVI, o século de ouro da história de Portugal, descobriu-se o Brasil, o evento histórico de maior significação e alcance para os destinos da nossa Língua Portuguesa. Nas palavras do filólogo lusitano José Pedro Machado, “é a língua portuguesa que se fala nas terras de Santa Cruz, as terras que nós arrancamos ao mistério do oceano e à rudeza dos índios”.

A Língua Portuguesa do Brasil índios

A influência africanos indígena & africana

Alencar

Gonçalves Dias

Castro Alves

Jorge Amado

O léxico brasileiro foi enriquecido com palavras de origem africana e indígena: cachaça, cuscuz, maxixe, vatapá; abacaxi, carnaúba, cipó, mandioca etc. Tais termos não se usam em Portugal; lá se usam palavras genuinamente lusitanas: Brasil Portugal - cacimba - poço - cupim - formiga branca - jacaré - crocodilo - tapera - casebre - bunda - cu

Quanto à ortografia, nossas palavras de origem africana e indígena: a) Escrevem-se com j e não com g: jerimum, acarajé, jia, jiló, jirau, pajé, jenipapo, jiboia, Pirajibe, Bajé etc.; b) Escrevem-se com ç e não com ss: Moçoró, paçoca, caçula, açaí, jaçanã, Piraçununga, miçanga, Itapebuçu etc.; c) Escrevem-se com x e não com ch: xavante, abacaxi, muxoxo, maxixe, xingar, xangô, Caxambu, Araxá etc.

O português é a 6ª. língua mais falada no mundo e se estende pelos 5 continentes: l. Na Europa: em Portugal e nas ilhas da Madeira e dos Açores; 2. Na América: no Brasil; 3. Na África: em Angola, Moçambique, Cabo-Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe; 4. Na Ásia: no Ceilão (atual Sri-Lanka), Macau, Malaca, Java e Cingapura; 5. Na Ásia-Oceania: no Timor Leste.

O português, falado e estudado nesses países, segue duas orientações: a) no Brasil: o vocabulário ortográfico de 1943 da Academia Brasileira de Letras; b) em Portugal e nos outros países citados o vocabulário ortográfico de 1945 da Academia das Ciências de Lisboa. A atual reforma ortográfica se propõe a unificar a ortografia de nossa língua nos cinco continentes.

2. O que não é esta reforma

As pessoas de modo geral indagam: o que mudará? A nossa língua, a gramática, o vocabulário? Falaremos agora como os portugueses? E respondemos. 2.1. Não é uma reforma da Língua Nossa língua continuará a mesma em sua estrutura fonológica, morfológica, sintática e semântica.

2.1.1. A fonologia portuguesa Não é uma reforma da pronúncia. As variações de pronúncia continuarão tanto no Brasil como lá em Portugal. A palavra Fortaleza, por exemplo, apresenta três pronúncias entre nós: - F/ó/rtaleza (no Nordeste); - F/ô/rtaleza (no Sudeste); - F/u/rtaleza, que seria a pronúncia padrão, segundo Martinz de Aguiar, filólogo cearense, natural de Caucaia, de renome nacional.

Comparando a ortoepia de Brasil e de Portugal, podemos exemplificar: Vocábulos Brasil Portugal - almoços - alm/ô/ços - alm/ó/ços - sogros - s/ô/gros - s/ó/gros - edição - /ê/dição - /i/dição - herói - h/ê/rói - h/i/rói - morar - m/ô/rar - m/u/rar - crescer - cre/s/er - cre/x/er - nascer - na/s/er - na/x/er

Certos termos têm a mesma grafia nos dois países, com c ou p, porém com pronúncia divergente; tais letras são ora mudas (Portugal), ora proferidas (Brasil). Acompanhemos a exemplificação: Vocábulos Brasil Portugal - aspecto - aspe/k/to - aspeto - concepção - conce/p/ção - conceção - decepção - dece/p/ção - deceção - defectivo - defe/k/tivo - defetivo - diccão - di/k/ção - dição - percepção - perce/p/ção - perceção etc.

Eça de Queirós, escritor português, afirmara que “no Brasil se fala o português com açúcar”. E Vasco Botelho do Amaral, um grande filólogo lusitano, completa: “O café deixa de ser café por se adoçar? Pois foi o que aconteceu ao português: os brasileiros deitaram-lhe o açúcar de sua pronúncia”.

Para José Alves Fernandes, filólogo cearense: “Numa apreciação globalizadora ou de conjunto, verifica-se de pronto a labilidade do vocalismo lusitano em oposição à clara nitidez do vocalismo brasileiro, constatando-se justamente o contrário no atinente ao consonantismo. Em outras palavras: enquanto os brasileiros engolem as consoantes” (falá, corrê, cantô), os portugueses devoram as vogais” (b’leza, f’liz, imp’rial).

2.1.2. A Morfossintaxe portuguesa Não é uma reforma da morfossintaxe. Aqui temos divergências mais ligadas ao léxico ou a simples análise gramatical: Brasil Portugal 1. girassol justaposição aglutinação pontapé “ “ varapau “ “ 2. Quanto aos adjetivos pátrios: Canadá canadense canadiano Norte nortista nortenho Vietnã vietnamita vietnamiano etc.

3. O uso dos prefixos (ou falsos prefixos): Brasil Portugal - decodificar - descodificar - decolar (o avião) - descolar - defasar - desfasar - deflorar - desflorar - desencargo - descargo de consciência de consciência - desjejum - dejejum - desvencilhar-se - desenvencilhar-se - pré-estreia - ante-estreia etc.

4. Com os sufixos que indicam coleção, ação ou lugar, há divergências de uso: Brasil Portugal - bijuteria - bijutaria - cafeteria - cafetaria - joalheria - joalharia - lavanderia - lavandaria - leiteria - leitaria - loteria - lotaria - selvageria - selvajaria etc.

Com outros sufixos: Brasil Portugal - alunissar - alunar - aterrissar - aterrar - boiadeiro - boieiro - bolsista - bolseiro - caminhoneiro - camionista - enceradeira - enceradora - fichário - ficheiro - planejar - planear - sacanagem - sacanice etc.

5. Certos verbos em –iar item uma variação na conjugação nos dois países: Verbos - cadenciar - licenciar - negociar - premiar

Brasil - cadencio - licencio - negocio - premio

Portugal - cadenceio - licenceio - negoceio - premeio etc.

6. Flexão nominal a) Gênero das palavras: Brasil Portugal - rapaz/moça - rapaz/rapariga - a criança (sobrec.) - o crianço/a criança - o sanduíche - a sanduíche etc. b) Número das palavras: -abdômen/s -abdómen/es -hífen/s - hífen/es -ímã/s - íman/es -às falas/às léguas - à fala/à légua às pressas, às favas - à pressa, à fava -pelo visto/de cara -pelos vistos/de caras parede-meia paredes-meias etc.

7. Outras questões Brasil Portugal - Irei consigo/ inadequadas adequadas Pensei em si - gerúndio/ Estava rindo Estava a rir infinitivo Anda lendo Anda a ler - Regência responsável por - de nominal conivente com - de - Regência participar de - em verbal Obs.: Não haverá alteração nas normas morfossintáticas do português.

2.2. Não é uma reforma da nomenclatura gramatical NGB (Brasil) NGP (Portugal) - oxítonas, paroxítonas, - agudas, graves, proparoxítonas esdrúxulas - dígrafo - digrama - desinência verbal - característica - pron. substantivo - pron. absoluto - pron. adjetivo - pron. adjunto - pron. caso reto - pron. sujeito - pron. caso - pronome oblíquo complemento

Brasil (NGB) Portugal (NGP) - fut. do pretérito - modo condicional - modo subjuntivo - modo conjuntivo - conj. aditiva - conj. copulativa - conj. alternativa - conj. disjuntiva - compl. nominal - compl. determinativo - adj. adnominal - atributo - oração principal - or. subordinante - or. adverbial - or. adverbial proporcional temporal - or. adverbial - or. adverbial conformativa comparativa Obs.: Tudo continuará na mesma.

Como vimos, há também diferenças na nomenclatura gramatical, apesar das reformas realizadas nos dois países. Como observa o gramático brasileiro Chaves de Melo: “Teria sido melhor que o trabalho português se tivesse aproximado mais do brasileiro, para que, em futuro próximo, de espírito bem desarmado, pudéssemos atacar o problema da unificação da nomenclatura gramatical luso-brasileira.”

2.3. Não é uma reforma do Léxico A variação do léxico demonstra a riqueza da língua. Aqui mesmo em nosso país, permanecerão as variações lexicais, como podemos exemplificar. Comparando o vocabulário popular de Fortaleza e do Rio de Janeiro, temos: Vocábulos Fortaleza Rio de Janeiro - chulipa na orelha pontapé - chouriço doce de sangue linguiça - paçoca carne seca amendoim - seboso sujo gabola

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Fortaleza ampoleta anda-já (criança) baladeira barriga-branca bila, cabiçulinha cataraca (do nariz) desmentir (o pé) dia imprensado

Rio de Janeiro - ombreira - andador - estilingue - calça-curta - bola-de-gude - meleca - destroncar - dia enforcado

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Fortaleza Rio de Janeiro dindim - sacolé gigolete (cabelo) - diadema muriçoca - pernilongo sibite (pessoa magra) - mosquito sobrecu (da galinha) - curachim tê (tomada) - benjamim

A divergência é cultural: Quando o céu escurece para chover, no Ceará (que precisa de chuva) se diz: O tempo está bonito; no Rio, se diz: O tempo está feio. Quando chove e faz sol ao mesmo tempo, no Rio se diz: É casamento da viúva; já no Ceará, se diz: É casamento da raposa (com o guaxinim, seu maior inimigo, coisa difícil de acontecer).

Numa aposta de corrida entre pedestres, no Rio de Janeiro se diz: Quem chegar por último é mulher do padre; já no Ceará, se diz: Quem chegar por derradeiro come bosta de carneiro.

E entre Brasil e Portugal: Brasil Portugal

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apostila bandaide (curativo) cafezinho calcinha (mulher) cueca (homem) camisinha durex cardápio chiclete

- sebenta (benta) - penso rápido - bica - cueca - ceroula - durex - fita-cola - ementa - pastilha elástica

Brasil - colchetes [ ] - descarga - grampeador - isopor - meia (de homem) - Modess (absorvente) - salva-vidas (homem) - banheiro (casa) - taxa de matrícula - vitrine - xícara

Portugal - parénteses retos - autoclismo - agrafador - esferovite - peúga - penso higiénico - banheiro - casa de banho - propina - montra - chávena

E com sintagmas locucionais: Brasil Portugal - andar-térreo - rés-do-chão - café-da-manhã - pequeno-almoço - churrasco misto - espetada mista - cor-de-abóbora - amarelo torrado - estrada-de-ferro - caminho-de-ferro - guarda de trânsito - polícia sinaleiro - Papai Noel - Pai Natal - papel carbono - papel químico etc.

E ainda na linguagem familiar: Brasil Portugal - Achados e perdidos - Perdidos e achados - Mais cedo ou - Mais tarde ou mais tarde mais cedo - Alô! (ao telefone) - Quem está lá? - Saúde! - Santinho! - Veja bem! - Ora veja! - Pois não! (= sim) - Pois não! (= não) Obs.: Em Portugal: Pois sim! Pois, pois! - Chano! Chano! - Bich! Bich!

Com termos de gíria: Brasil Portugal - um cara - um gajo - uma gatinha (moça) - uma pessegona - legal, bacana - bestial - chocante - espampanante - fusca (carro) - carocha - bicha (homossexual) - eiro - sapatão (mulher) - fufa/fressureira - dar zebra - dar tomba-gigantes

Com nomes de atores, títulos de filmes, de seriados de TV e até de obras clássicas da literatura mundial, há discrepâncias: Brasil Portugal - Carlitos (C. Chaplin) - Charlot - O Gordo e o Magro - O Bucha e o Estica - Querida, estiquei - Querida, ampliei o bebê (filme) o miúdo - O Pequeno Príncipe - O Principezinho Obs.: Como afirmamos anteriormente, estas variações lexicais permanecerão; não se trata, pois, de “reforma” do léxico.

Como explica José Alves Fernandes, filólogo cearense: “Isolados geograficamente, portugueses e brasileiros desenvolveram, cada qual em função das suas diferentes vivências, maneiras peculiares de exprimir e denominar as coisas do seu ambiente físico e social. Nessa conformidade, nada há de estranho, embora nos pareçam pitorescas a nós e a eles, diferenças vocabulares e expressionais.” Assim, os putos continuarão na bicha em Portugal; os garotos, na fila no Brasil.

Lisboa: Aventuras Tomei um expresso, cheguei de foguete Subi num bonde, desci do elétrico Pedi um cafezinho, serviram-me uma bica Quis comprar meias, só vendiam peúgas Fui dar à descarga, disparei o autoclismo Gritei “ó cara!”, responderam “ó pá!” Positivamente, as aves que aqui gorjeiam Não gorjeiam como lá! (José Paulo Paes)

3. Notícias Internacionais

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A reforma sa concluiu-se em 1986;  Em 1995 aprovou-se a última reforma neerlandesa, que abrange a língua falada da Holanda e de Flandres;  A reforma ortográfica do espanhol foi concluída em 1999 e abrange a Espanha, a América Latina e as Filipinas; As Irmandades da língua portuguesa da Galiza aprovaram o Acordo Ortográfico do Brasil e de Portugal, em 2001;  Em 2005 foi aprovada a reforma da ortografia da língua alemã falada na Suíça, Áustria, Liechtenstein e Alemanha.

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4. A nossa reforma atual

Assembleia da República Portuguesa

do Acordo entre os países de fala portuguesa

Congresso Nacional brasileiro

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4.1. A história da nossa ortografia Divide-se em três períodos: a) Período fonético Do início até o século XVI. Escreviam-se as palavras da mesma forma como eram pronunciadas. Ex.: honrra; ezame etc. Algumas palavras possuíam mais de uma forma, assim: bem, ben, bě; homem, omem, ome.

b) Período pseudo-etimológico Inicia-se no século XVI e vai até o início do século XX. As palavras eram escritas conforme a grafia de origem, com a reprodução das letras do étimo. Ex.: psalmo, asthma etc. Surgiram os grandes ortógrafos neste período: Duarte Nunes de Leão (1536), Pero Magalhães de Gândavo (1574), Álvaro Ferreira de Vera (1631), João Franco Barreto (1671) e Madureira Feijó (1739).

Em 1904, Gonçalves Viana lança a Ortografia Nacional. Na explicação do autor: “A base para a regularização da ortografia portuguesa tem de ser a história da língua no tempo e no espaço: convém saber, o exame bem detido e científico dos seus monumentos escritos, desde os primeiros tempos, e o conhecimento metódico dos seus vários dialetos atuais.”

c) Período das reformas A primeira reforma (de 1911) baseou-se na chamada fonética histórica do livro de Gonçalves Viana e prescrevia: 1. Eliminação das letras de origem grega: th, ph, ch, rh etc. Esta reforma retirou o ph de pharmácia e o ch de chimica; 2. Eliminação das consoantes nulas. Esta reforma não foi feita em parceria com o Brasil.

Em 1931, as duas grandes Academias de nossa língua (do Brasil e de Portugal) celebraram um Acordo Ortográfico, no qual adotaram o modelo de 1911. Este Acordo eliminou as letras , e (que o nosso povo chamou de picilone) e que já eram tradição em nossa língua. O compositor Noel Rosa, com veia de cronista, faz alusão à retirada das letras e de nosso alfabeto.

AEIOU (Noel Rosa)

(Canta: Lamartine Babo)

A E I O U W (dábliu, dábliu) Na cartilha da Juju, Juju (bis) A Juju já sabe ler A Juju sabe escrever Há dez anos na cartilha A Juju já sabe ler A Juju sabe escrever Escreve sal com cê cedilha.

Picilone (Noel Rosa) (Cantam: Noel e Braguinha) Yvone (Yvone) Yvone (Yvone) Eu ando roxo Pra te dizer um picilone. (bis) Já reparei outro dia Que o teu nome, ó Yvone Na nova ortografia Já perdeu o picilone.

Em 1934, Getúlio Vargas extingue o Acordo de 1931, que volta a vigorar no ano de 1938. Em novo entendimento entre os dois países, em 1943, celebrou-se um novo Acordo Ortográfico, estabelecendo-se as bases da ortografia atual. Em 1945, os portugueses promulgaram uma nova lei, com algumas regras que não foram aprovadas no Brasil. Assim, o Brasil adota o Acordo de 1943 e Portugal, o de 1945.

Em 1971, com a Lei 5.765 eliminou-se o chamado acento diferencial. Ex.: fôrma/forma; êle/ele; aquêle/aquele (verbo aquelar) etc. Este verbo aquelar só existe em Portugal; é palavra-ônibus, pois substitui qualquer verbo que se quer usar, correspondendo ao nosso coisar. Ficaram: pára/para; pôr/por etc. Em 1986, firmaram-se novos acordos que somente agora foram aprovados.

4.2- O Novo Acordo Ortográfico

Portugal e Brasil

Angola Moçambique Guiné-Bissau Cabo Verde S.Tomé Timor-Leste

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O projeto original do novo Acordo foi desenvolvido por Portugal e pelo Brasil, em que se destacou o eminente filólogo Antônio Houaiss. No dia 29 de setembro de 2008, data em que o Brasil comemorou o centenário de morte de Machado de Assis, o Presidente brasileiro Luís Inácio Lula da Silva assinou o novo Acordo Ortográfico. Analisemos a seguir a nova ortografia.

4.2.1. As normas da nova grafia a) O alfabeto português ao incorporar as letras e ará a ter 26 letras, as quais serão empregadas: Em palavras de origem estrangeira: show, playboy, kung fu; Kant, Wagner, Byron; Kuwait, Malawi etc.; Em siglas e símbolos: TWA, KLM; K (potássio), W (oeste), yd (jarda) etc.

A palavra alfabeto é formada pelas letras gregas (alfa) e (beta). Supostamente, foram os fenícios que inventaram esta escrita alfabética e depois aram aos gregos, e estes aos romanos. Este nosso sistema de escrita (alfabeto), também conhecido por abc, é usado hoje no mundo ocidental. De forma diversa, em alguns estados do Nordeste brasileiro, aprende-se um outro alfabeto, ou melhor, um outro abc: o abc do sertão.

ABC do sertão (Luiz Gonzaga) Lá no meu sertão pro caboclo ler Tem que aprender um outro abc O jota é ji, o ele é lê O esse é si, mas o r tem nome de rê (bis) Até o ypsilon lá é picilone O eme é mê e o ene é nê O efe é fê, o gê chama-se guê Na escola é engraçado ouvir-se tanto ê: a bê cê dê fê guê lê mê nê pê quê rê tê vê e zê.

Alfabetizar é ensinar a ler, ou seja, as pessoas aprendem a ler, quando são alfabetizadas; no método tradicional, aprendia-se a soletrar o alfabeto. Na escola antiga, que era “risonha e franca”, as crianças cantavam em série as letras do alfabeto no quadro negro, sob a regência da professora, entoando em coro o bê-a-bá.

Quadro negro

(Jackson do Pandeiro)

Um bê com a, bê-a-bá Um bê com é, bê-e-bé Um bê com i, bê-i-bi Um bê com o, bê-o-bó Vão estudar, que é melhor (bis) Estudei com a dona Filomena Professora da Vila da Cauã Lá no quadro negro de manhã Escrevia a lição pra se estudar Filomena vendo tudo calado Gritou para a turma responder:

Um bê com a, bê-a-bá [...]

As letras de nosso alfabeto sempre fascinaram os escritores, que conseguiram captar-lhes todo o simbolismo sonoro, através de assonâncias e aliterações. O poeta francês Rimbaud, por exemplo, descobre cores nas vogais em seu famoso soneto “Les Voyelles” (As vogais): A noir, E blanc, I rouge, U vert, O bleu. (O A é preto, o E é branco, o I é vermelho, o U é verde e o O é azul.) O professor e poeta cearense Horácio Dídimo encontra outros atributos para as letrinhas de nosso alfabeto.

O desfile das letras A letra A é alegre A letra B é boboca A letra C é coroca A letra D é dondoca A letra E é enxerida A letra F é feliz A letra G é gabola A letra H é humilde A letra I é incrível A letra J é janota A letra L é levada A letra M é medrosa

A letra N é nasal A letra O é ossuda A letra P é pernalta A letra Q é queixuda A letra R é raivosa A letra S é suave A letra T é teimosa A letra U é um urro A letra V é valente A letra X é xereta A letra Z é zambeta Zangadinha e zoadenta

A letra y, por exemplo, já fazia parte de nosso alfabeto, como atesta Reis Lobato, o maior gramático do séc. XVIII: “Das letras, seis são vogais: A, E, I, O, U e o Y grego, a que chamam ypsilon”. O cantor Jackson do Pandeiro, numa letra antológica, já nos mostrava o emprego da letra y (picilone) pelo brasileiro. Seria o cantor paraibano um precursor da reforma ortográfica atual?

Sebastiana Convidei a comadre Sebastiana Pra cantar e xaxar na Paraíba Ela veio com uma dança diferente E pulava que só uma guariba. (bis) E gritava: a, e, i, o, u, y (picilone).(bis) Já cansada no meio da brincadeira E dançando fora do como Segurei Sebastiana pelo braço E gritei: não faça sujeira O xaxado esquentou na gafieira Sebastiana não deu mais fracasso. Mas gritava: a, e, i, o, u, y (picilone)(3x)

b) Letras minúsculas Os nomes da semana, dos meses e das estações do ano devem ser escritos, nos dois países, com letra minúscula, como já se faz no Brasil. Ex.: segunda-feira, terça-feira etc. janeiro, fevereiro, março etc. primavera, verão, outono, inverno.

c) Quando não proferidas, desaparecerão as letras e das palavras. Escrever-se-ão assim nos dois países: adjetivo, afeto, ato, letivo, fator, noturno etc., sem o c; adotar, batismo, cético, ótimo etc., sem o p, como se escrevem hoje no Brasil.

d) Será eliminado de certas palavras o

inicial.

Ex.: umectação, umectar, umedecer, umente, umidade, úmido etc., como se escrevem no Brasil, através de ato do Presidente Getúlio Vargas, segundo dizem, com o intuito de conseguir uma vaga na Academia Brasileira de Letras. Verdade ou

não, Vargas foi eleito para a cadeira 37 da ABL em 1941 e tomou posse em 1943.

4.2.2. As notações léxicas a) Não se usará mais o trema, que já não era usado em Portugal. Escreveremos agora assim: frequente, linguística, linguiça, tranquilo, pinguim, antiguidade etc. Tudo sem trema, mas com a mesma pronúncia. Obs.: Nos nomes próprios, o trema pode figurar, como em Müller.

b) Os termos formados com certos hiatos, como oo e ee (em nomes ou em verbos) serão escritos sem o acento circunflexo, como já se escrevem em Portugal. Ex.: voo, enjoo, perdoo, povoo etc. veem, leem, deem, creem etc.

c) Os ditongos abertos em paroxítonas perderão o acento agudo, como já se faz em Portugal. Escreveremos agora assim: Eia- ideia, colmeia, assembleia; Oia- jiboia, boia, joia, paranoia; Oid- asteroide, espermatozoide; Oic- heroico, paranoico etc. Obs.: As palavras oxítonas continuam acentuadas: papéis, herói, troféu etc.

d) Palavras paroxítonas com i e u tônicos, precedidos de ditongos, não mais se acentuam, como já se faz em Portugal. Ex.: feiura, baiuca, cauila etc. Obs.: Em palavra oxítona, o i e u finais (ou seguidos de s), quando formam hiato, recebem acento. Ex.: Piauí, Acaraú, teiús. - Os verbos arguir, redarguir, averiguar, obliquar, apaziguar etc. não recebem o acento no u: argui, averigue, oblique etc.

e) O acento diferencial de certas palavras não será mais usado. Exemplos: * Para (v.) / para (prep.); Ele para para pensar. * Pelo (da pele)/pelo (do verbo pelar)/pelo (contração: per + lo); O pelo se estende pelo corpo inteiro. Obs.: Também pela (v.) /pela (contração); * Polo (eixo) / polo (por + lo arcaico): O polo norte é muito frio. * Pera (fruta) / pera (por +a arcaico): A pera é uma fruta gostosa.

Atenção: Permanece o acento diferencial em alguns casos: a) pôde (pret.) / pode (pres.) Ex.: Ontem não pôde ver, mas hoje pode. b) Pôr (v.)/por (prep.). Ex.: Por mim, ela vai pôr o vestido. c) têm/tem, vêm/vem (e derivados). Ex.: Ela tem um carro e eles têm dois. Obs.: Em fôrma/forma é facultativo. Ex.: Esta é a forma da fôrma do bolo.

f) Emprego do hífen-o grande vilão Deveremos usar sempre o hífen nos seguintes casos: 1. Com palavras compostas: vitória-régia, quadro-síntese, amor-perfeito etc.; 2. Com prefixos diante de palavra iniciada por h: anti-higiênico, co-herdeiro, proto-história, sobre-humano etc. Exceção: subumano (sem h); 3. Quando o prefixo termina por vogal, se o segundo elemento começar pela mesma vogal: anti-inflamatório, contra-ataque, micro-ônibus etc.;

4. Quando o prefixo termina por consoante se o segundo elemento começar pela mesma consoante: hiper-requintado, sub-bibliotecário, inter-regional etc. Obs.: Nos demais casos, não se usa: hipermercado, superproteção etc. Exceção: sub-raça, sub-região etc.; 5. Com os prefixos circum e pan, diante de palavra iniciada por m, n e vogal: circum-navegação, pan-americano etc.;

6. Com os prefixos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró: além-fronteiras, aquém-túmulo, ex-chefe, pré-história, pós-graduação, recém-casado etc.; 7. Com sufixos de origem tupi: capim-açu, anajá-mirim, amoré-guaçu etc.; 8. Com formas verbais com o pronome átono: vende-se, procura-se etc.; 9. Por clareza gráfica, na translineação de palavras, repete-se o hífen na linha imediata, como já se faz em Portugal: AbriuLeu a obra-se a porta -prima do autor

Não se usará o hífen nestes casos: 1. Quando o prefixo termina em vogal diferente da vogal com que se inicia o segundo elemento: antieducativo, autoavaliação, coautor etc.; 2. Quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por uma consoante diferente de r ou s: anteprojeto, autopeça, seminovo etc. Exceção: com o prefixo vice. Ex.: vice-presidente.;

3. Quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por r ou s; neste caso, duplicam-se estas letras: antirracismo, contrarregra, cosseno, antissocial, minissaia etc.; Exceção: com o prefixo vice. Ex.: vice-rei. 4. Quando o prefixo termina por uma consoante, se o segundo elemento começar por uma vogal: hiperacidez, interestadual, superamigo etc.;

5. Com certas palavras que perderam a noção de composição: madressilva, paraquedas etc.; 6. Com certas formações: minicurso, socioeconômico, agroindustrial etc.; 7. Com a preposição de com formas do verbo haver, como já se faz no Brasil: hei de, hás de, há de etc. Obs.: Por este amontoado de regras é que o hífen foi considerado o vilão de nossa reforma ortográfica.

g) Emprego do apóstrofo Emprega-se esta notação léxica: 1. Numa contração vocabular, quando um elemento pertence a um conjunto. Ex.: Citei uma agem d’Os Lusíadas; 2. Quando o pronome se refere a Deus. Ex.: Está n’Ele nossa esperança! Obs.: O apóstrofo pode dissolver-se na combinação da preposição a com um pronome ou com conjuntos vocabulares. Ex.: Peço a Aquele que nos protege; Recorro sempre aOs Lusíadas.

Escreveremos agora assim: O aluno que pretende alçar voos mais altos em direção ao futuro não para no tempo com a paranoia de analisar frequentemente as ideias discutidas em assembleias nos heroicos anos cinquenta e que não se veem mais; ele argui que o mais importante agora é aprender a nova reforma ortográfica.

5. De rerum natura (Sobre a natureza das coisas)

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5.1. A reforma é parcial Muitas formas de nosso léxico foram consideradas pela reforma como de uso facultativo. Explicando melhor: nessas formas, certas letras podem conservar-se ou simplificar-se; neste caso, as duas grafias são itidas. Continuarão, assim, divergentes nos dois países de língua portuguesa. Vejamos a seguir estas divergências.

5.1.1- Quanto à grafia das palavras a) Formas com os dígrafos lh e nh: Brasil Portugal - bilhão, trilhão etc. - bilião, trilião etc. - maquilar - maquilhar maquilagem maquilhagem - caminhão - camião - espinhal (medula) - espinal

Obs.: O h do dígrafo provém de convenção da ortografia medieval provençal, em que se inspirou a ortografia arcaica lusitana.

b) Grupos bd, bt e mn: Brasil Portugal - súdito - súbdito - sutil - subtil - anistia - amnistia - indenizar - indemnizar

c) Vocábulos com o elemento o(m)ni: Brasil Portugal - onicolor - omnicolor - onímodo - omnímodo - onipotente - omnipotente - onipresente - omnipresente - onisciente - omnisciente - onítono - omnítono - onívoro etc. - omnívoro etc.

d)Vejam ainda estas formas, consideradas de uso facultativo pela reforma, as quais continuarão divergentes: Brasil Portugal - dólmã (casaco militar) - dólman - hétmã (chefe dos - hétman cossacos) - ímã (corpo magnético) - íman - eletroímã - eletroíman - pedra-ímã (ímã natural) - pedra-íman

e) E estas outras grafias, também com emprego divergente: Brasil Portugal - xampu - champô - xereta - cheireta - xi! - chi! - xilindró - chilindró - xingar - chingar - xixi - chichi

f) E ainda estas grafias: Brasil Portugal - aquarela - aguarela - cupincha - compincha - déficit - défice - dezesseis - dezasseis - dezessete - dezassete - dezenove - dezanove Obs.: No Brasil, do latim: decem et... Em Portugal, do latim: decem ac... - escoteiro - escuteiro - equipe - equipa

Brasil Portugal - fato/de fato - facto/de facto Obs.: Em Portugal, fato (sem o c) é roupa. Guarda-roupa lá é guarda-fato. - gol (futebol) - hormônio

-

natimorto parafernália preamar psicodélico recender

- golo - hormona

- nado-morto - parafrenália - preia-mar - psicadélico - rescender

Brasil - soropositivo - terremoto - trecentésimo

Portugal - seropositivo - terramoto - tricentésimo etc.

Obs.: O porquê, usado como advérbio interrogativo, em interrogações diretas ou indiretas, emprega-se: Brasil Portugal de forma separada: tudo junto: - Por que saiu? - Porque saiu? - Direi por que saiu. - Direi porque saiu.

g) Observem-se estas grafias com letras dobradas: Brasil Portugal - comumente - comummente - ruimente - ruimmente - conosco - connosco - cassino - casino (/z/) - verossímil - verosímil (/z/)

h) Com termos da Física Nuclear: Brasil Portugal - bétatron - betatrão - dêuteron - deuterão - elétron - eletrão - fóton - fotão - íon - ião - nêutron - neutrão - núcleon - nucleão - próton - protão etc.

i) Com nomes de origem sa: Brasil Portugal - carpete - carpeta - cassete - casseta - maquete - maqueta - marionete - marioneta - omelete - omeleta - raquete - raqueta - trompete - trompeta - vedete - vedeta etc.

j) Com nomes de origem russa: Brasil Portugal - Bakunin - Bacunine - Gagarin (Yuri) - Gagarine - Kremlin - Kremline - Lênin - Lenine - Pushkin - Pushkine - Rasputin - Rasputine - Stalin - Estaline - Yeltsin (Boris) - Yeltsine

l) Com nomes bíblicos personativos e de origem hebraica: Brasil Portugal - Davi - David - Jacó - Jacob - Jó - Job - Maomé - Maomet -

Baruc Enoc Lot/Lote Melquisedec

- Baruch - Enoch - Loth - Melquisedech

m) E com topônimos: Brasil Portugal - Bahia (Br.) - Baía (Br.) - Groenlândia - Gronelândia - Iugoslávia - Jugoslávia - Madri - Madrid - Moscou (Rússia) - Moscovo - Rep. Tcheca - Rep. Checa - Saara (deserto) - Sara - Vietnã - Vietname etc.

5.1.2- Quanto à acentuação Também neste caso, o emprego dos acentos foi considerado facultativo em muitos exemplos. Deste modo, continuarão as grandes divergências ortográficas, em inúmeras palavras, como as que iremos ver a seguir. Em muitos casos, esta discrepância de acentuação deve-se à pronúncia diversa nos dois países de língua portuguesa.

a) Certas palavras possuem som fechado no Brasil e som aberto em Portugal; por isto, escreve-se em Portugal com acento agudo e no Brasil, com circunflexo: Brasil Portugal - acadêmico - académico - Antônio - António - cômodo - cómodo - crônica - crónica - efêmero - efémero - fênix - fénix - fenômeno etc. - fenómeno etc.

b) Outros exemplos que dependem da pronúncia divergente nos dois países e que continuarão divergentes: Brasil Portugal - Tâmisa (rio) - Tamisa - tíquete - tiquete - bebê, caratê - bebé, caraté - clichê, cocô - cliché, cocó etc. Obs.: Em Portugal, o bebé faz cocó. - zangão (abelha) - zângão - judô - judo - metrô (trem) - metro - dêitico (pron.) - deítico etc.

c) Com certas formas populares, em que o primeiro elemento é pra (forma reduzida de para), seguido de artigo ou de advérbio:

Brasil Portugal sem acento: com acento grave: - pro, pra - prò, prà, pros, pras pròs, pràs - praqui, prali - pràqui, pràli etc. Exemplos: - Contarei pro meu tio e pra minha tia; - Contarei prò meu tio e prà minha tia. Obs.: Tudo continuará na mesma.

d) Com certas formas verbais: 1. Com verbos da primeira conjugação, o acento agudo distingue o pretérito perfeito do presente do indicativo em Portugal; no Brasil não se faz esta distinção: Brasil Portugal - cantamos (pres.) - cantamos (pres.) - cantamos (pret.) - cantámos (pret.)

2. Com o verbo dar, em Portugal o acento circunflexo distingue o presente do modo subjuntivo do pretérito perfeito do modo indicativo. No Brasil, não se usa o acento distintivo: Brasil Portugal - demos (ind.) - demos (ind.) - demos (subj.) - dêmos (subj.)

3. Com verbos como aguar, desaguar, enxaguar, apropinquar etc. No Brasil, tais verbos possuem a sílaba tônica no a e no i e por isto levam acento agudo. Em Portugal, possuem a sílaba tônica no u e não recebem acento: Brasil Portugal - água, deságua, - agua, desagua, enxágua etc. enxagua etc. - apropínqua, - apropinqua, apropínquas etc. apropinquas etc.

Língua (Caetano Veloso) (Canta: Gal Costa) Gosto de sentir a minha língua roçar A língua de Luís de Camões Gosto de ser e de estar E quero me dedicar A criar confusões de prosódia E uma profusão de paródias Que encurtem dores E furtem cores como camaleões.

Gosto do Pessoa na pessoa, da rosa no Rosa Flor do Lácio Sambódromo Lusamérica latina em pó O que quer, o que pode esta língua[...] A língua é minha pátria! E eu não tenho pátria Tenho mátria e quero frátria (bis)[...] Livros, discos, vídeos à mancheia! E deixem que digam, que pensem Que falem.

5.2- Saldos de balanço

 Só a Editora Nacional gastará com o descarte do estoque antigo de livros o valor de R$ 3,5 milhões.  Cada editora no Brasil deverá inutilizar de 200 a 300 mil livros, que se tornarão obsoletos com a reforma.  O Brasil possui mais de 68 milhões de analfabetos funcionais (aqueles que mal sabem ler ou escrever), dos quais 54 milhões são analfabetos absolutos, que não utilizarão a ortografia reformada.

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6. Opiniões sobre a reforma

Inês Pedrosa (Escritora portuguesa) “A língua não é Gisele Bündchen. A expressão acordo ortográfico me dá um cansaço fulminante. Quando uma coisa me decepciona, adormeço. Nesta questão da ortografia, eu vejo mais uma figura de nossa cultura a bradar contra o colonialismo dos ex-colonizados. Vejam a humilhação estatística: 1,4% de mudança para nós contra 0,5% para o Brasil.”

E continua: “Como se ite que a língua-mãe da velha Lusitânia se vergue à grafia do ingrato e vistoso filho? Ó inclemência! Ó misericórdia! Assim se despejam, Atlântico abaixo, anos e anos de namoro oficial e promessas de um radioso futuro comum.”

José Saramago (Prêmio Nobel de Literatura)

“Desejo êxito e muitos livros bons, escritos na forma antiga ou moderna, e que não me obriguem a escrever de outro modo nos poucos anos de vida que me restem!”

Evanildo Bechara (Gramático brasileiro)

“Como diz a sabedoria popular, a união faz a força. A unificação em todo o território da lusofonia é, sem dúvida, defesa da língua contra o movimento natural da globalização, onde várias línguas desaparecem semanalmente.”

Luiz Carlos Cagliari (Professor da UNESP) “A reforma é desnecessária. Ela não facilita a nossa vida, porque a ortografia não representa a fala de ninguém. É uma representação gráfica da leitura. Não vou ler Camões na pronúncia dele, mas na minha. O inglês tem uma ortografia britânica e outra americana, ambas tradicionais. Precisamos ter apenas um modelo?”

Carlos Heitor Cony (Escritor brasileiro)

“O acordo pode ajudar, mas para mim é completamente inútil e improdutivo. Se mandaram tirar o acento, eu tiro, mas eu obedeço contra a minha vontade.”

João Ubaldo Ribeiro (Escritor brasileiro) “Encaro com grande ceticismo esse acordo ortográfico. É uma reforma tímida, que não tem inovações. Não gostei. Queria que meus tremas ficassem onde estão.”

Pasquale Neto (Professor de Português)

“Sou contra o Acordo. Sei que isso é um tiro no pé, pois vou ser chamado para fazer muitas palestras. É uma reforma meia-sola que não modifica a escrita de fato.”

Professores da Academia Cearense da Língua Portuguesa José Alves Fernandes “Muitos países de língua portuguesa aram por conflitos e guerras internas e possuem índices de desenvolvimento humano muito baixos. Diante de tanta turbulência, a preocupação em fortalecer a língua por meio da ortografia parece inócua. O fortalecimento da língua depende mais de investimentos em educação do que de reformas ortográficas.”

Myrson Lima

“O acordo ortográfico fortalece a língua portuguesa. Espera-se que, com a sua implantação definitiva, criem-se condições para um intercâmbio maior entre o Brasil e os demais países da lusofonia e se firme em definitivo a língua portuguesa como um dos mais importantes idiomas internacionais.

A Palavra dos Internautas

A reforma ortográfica do português causou muita polêmica. Na Internet, as piadas e gozações foram inevitáveis entre os internautas, com sua linguagem muito debochada e uma “ortografia” própria. Esta irreverência, que será apresentada aqui neste vídeo, é um show!

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Internauta anônimo “Antes Plutão era planeta. Com pouco, plugues e tomadas com 3 pinos. Agora eu tenho que engolir a reforma. Caraca! Será que dá para trocar o trema pela crase?”

Leitor do Diário Catarinense “O grande problema são os acentos. Como vou ler sem um acento agudo? O lado bom é que 95% dos jovens na escola não sabem sequer o que é acentuação.”

Internetês pt BR (Daniel Costa)

“Iço deve akabar kom a konfuzão, e os teklados de komputador terão uma tekla a menos; olha çó ke koiza prátika. Finaumenti todu mundu no Braziu vai iskreve direitu ate us jornalista ate us publiçitariu ate us blogeru us adivogadu us eskrito i ate us politiko i u prezidenti. Olia ço ki maravilia.”

O nosso cérebro é doido (Nice Pinheiro)

“De aorcdo com uma peqsiusa de uma uinrvesiddae ignlsea, não ipomtra em qaul odrem as Lteras de uma plavara etãso; a úncia csioa iprotmatne é que a piremria e útmlia Lteras etejasm no lgaur crteo. O rseto pdoe ser uma bçguana ttaol, que vcoê anida pdoe ler sem pobrlmea. Itso é poqrue nós não lmeos cdaa Ltera isladoa, mas a plravaa cmoo um tdoo.”

Você consegue ler este texto? (Nice Pinheiro)

“ 35t3 p3qu3n0 t3xt0 s3rv3 4p3n45 p4r4 m05tr4r c0m0 4 n0554 c4b3ç4 c0ns3gu3 f4z3r c0i545 impr35510n4nt35! R3p4r3 n1550! N0 c0m3ç0 35t4v4 m310 c0mpl1c4d0, m45 n3st4 linh4 su4 m3nt3 v41 d3cifr4nd0 0 cód1g0 4ut0m4tic4m3nt3 s3m pr3c1s4r p3ns4r mu1t0, c3rt0? P0d3 f1c4r b3m 0rgulh050 di550! P4r4bén5!”

Desnotícias: Aprovada a reforma ortográfica do Lulanês Site Desciclopédia

“O Governo Federal do Brasil instituiu as normas para a reforma gramatical do Lulanês, segunda língua oficial brasileira, idioma também conhecido como Língua Portupresa. Confira o que muda.

“Inserção no alfabeto da letra f (efe), que substitui o som de s. Ex.: Companheirof, tucanof. Eliminação dos plurais: Ex.: 1 boi, 2 boi; i Curintia, 2 Curintia. As medidas foram muito bem aceitas pela Comunidade, obtendo a aprovação do Presidente Lula, de Vicentinho, Palocci, Romário, Comunistas, Petistas, Grupo de Pagode Raça Negra e Mano Netinho.”

Em tempo: “Lulanês é um dialeto da Língua Portuguesa usado pelos petistas e sindicalistas do ABC paulista. Originário do latim, através do proto-itálico, vem do português galáctico até o brasileiro. É falado em Brasília, no Aerolula, horário eleitoral e no ABC paulista, num total de 6 falantes. São palavras de Lula: Eftou ferto que nunca antef na hiftória deffe paíf fe fez tanto por uma língua.”

Humor (Internauta anônimo)

“Um homem entrou numa loja de eletroeletrônico e pediu: -Por favor, o senhor tem um rádio Pilco? -Não é Pilco, sua anta! É Filco (Philco)! -Ah! Então me dê um Pilips mesmo! -Que Pilips, ó demente! É Filips (Philips)! -Futa que faril! A reforma ortográfica já tirou a letra p do nosso alfabeto?”

 Caiu o trema! Mas fique tranquilo, pois quem não deve não trema!  E atenção! Voo não tem mais acento! Os ageiros vão ter que voar em pé!  A reforma retirou os acentos. Se você ainda espera pela volta dos acentos, pode esperar sentado!

7. Palavras Finais

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A reforma ortográfica foi aprovada oficialmente; nada mais há o que discutir.

Só nos resta abraçá-la carinhosamente!

Para que possamos aprender a usá-la devidamente, só há dois caminhos: a leitura incessante, para que a forma das palavras fique gravada em nossa mente, e o estudo do latim, que já nos foi tirado por nossos governantes.

Como declara Dinah Callou, doutora em Fonética e Fonologia da UFRJ: “Para as dificuldades ortográficas que os estudantes (até mesmo universitários) muitas vezes apresentam não haveria também razões de caráter educacional da própria política de ensino do país?”

E continua: “A reforma que acabou com a obrigatoriedade do ensino do latim no primeiro e segundo graus em nossas escolas certamente trouxe prejuízos numa aprendizagem mais globalizante, já que se ou a conhecer menos a história de nossa língua e consequentemente a não reconhecer, por exemplo, a grafia de uma palavra por motivos etimológicos.”

A professora tem razão:  Por que escrevemos piscina com sc? Porque vem do latim piscis (peixe), com sc. Na piscina se criavam peixes;  Por que escrevemos encher e inchar com ch? Porque tais termos vêm do latim: encher > implere e inchar > inflare. Os grupos fl, pl e cl palatalizam-se em ch quando precedidos de consoantes;  Por que escrevemos mexer com x? Porque vem do latim miscere; o grupo sc + e palataliza-se em x, na agem do latim para o português.

Importa agora deixar de lado certas discussões, que se farão inúteis e até prejudiciais a qualquer entendimento entre os dois países, que devem caminhar unidos na implantação da nova reforma ortográfica da língua. Devemos ter em mente a frase de Fernando Pessoa: “Minha pátria é a Língua Portuguesa”

Como afirma Celso Cunha, filólogo e gramático brasileiro: “O que desejamos é que, através do ensino, se resguarde a atual unidade da Língua Portuguesa, os traços essenciais que ainda permitem a total compreensão entre os seus usuários.”

E continua Celso Cunha:

“A República do português não tem capital demarcada. Não está em Lisboa, nem em Coimbra; não está em Brasília, nem no Rio de Janeiro. A capital da Língua Portuguesa estará onde estiver o meridiano da cultura: lá onde floresçam escritores e pensadores que saibam levantar os mais belos monumentos de emoção e de pensamento.”

“A capital da Língua Portuguesa estará onde políticos e estadistas saibam dar às sociedades que dirigem caminhos mais exemplares; onde, por sobre o mundo material, o homem possa construir perpetuamente o mundo do espírito em busca da precária verdade científica, da esquiva verdade poética e das luminosas verdades de Deus.”

FIM