TÉCNICAS DE TRABALHO EM GRUPO INTRODUÇÃO Por maior que seja a motivação do docente em incentivar a participação de seus alunos, esta somente terá efetivo sucesso se o docente souber organizar as atividades que facilitem a participação de seus alunos e, é neste momento que aparecem as técnicas de grupo. Existem várias técnicas, como veremos a seguir, o que não impede que o docente crie suas próprias técnicas de trabalho em grupo que são mais coerentes com a sua realidade. Entretanto o mais importante é que o docente tenha bem claro quais são os seus objetivos, pois para cada técnica possui uma utilidade específica de acordo com o objetivo. Devido a este fato é que não se recomenda a utilização destas técnicas sem um objetivo claramente determinado. PHILLIPS 66 Consiste em fazer com que várias pessoas discutam um tema, durante um certo tempo, sem estudo prévio, e cheguem a uma conclusão. Esta técnica é sempre aplicada antes de uma aula expositiva ou de outra atividade de aprendizagem, com os objetivos de sensibilizar o aluno para os conteúdos a serem desenvolvidos; relembrar aprendizagens anteriores que constituam prérequisitos desses conteúdos; e levantar opiniões e posicionamentos pessoais sobre o assunto. Na verdade, trata-se de uma técnica de mediação prévia tanto em relação a conteúdos quanto a qualidades pessoais. O número 66 (seis, seis) indica que os grupos deverão ser formados por seis pessoas que discutirão um tema proposto durante seis minutos. Existem, no entanto, outras possibilidades de composição, variando-se o número de pessoas e o tempo de discussão: Phillips 22, também conhecido como Grupo de cochicho (duas pessoas, dois minutos); Phillips 46 (quatro pessoas, seis minutos); Phillips 510 (cinco pessoas, dez minutos);... Esta técnica objetiva também ensinar aos alunos - além das atitudes referentes a desempenhos grupais desejáveis - as qualidades pessoais Capacidade de transferência, Expressão oral e escrita e Prontidão para ouvir. No planejamento desta técnica, o docente deve preocupar-se com três variáveis: número de participantes do grupo, tempo de discussão e tema a ser desenvolvido. É importante que o número de participantes não exceda a sete (trata-se de um pequeno grupo), o tempo de discussão não ultrae dez minutos (a discussão ocorrerá sem estudo prévio) e o tema levante opiniões e posicionamentos pessoais sobre os conteúdos a serem aprendidos e recupere aprendizagens anteriores.
Para o desenvolvimento desta técnica, sugerem-se as seguintes etapas: 1ª etapa (mais ou menos cinco minutos) O docente dá informações sobre a técnica, divide os alunos em grupos, solicita que eles desempenhem as atitudes desejáveis num trabalho dessa natureza, apresenta o tema a ser discutido e determina o tempo de discussão, anotando as orientações necessárias no quadro-de-giz. 2ª etapa (no mínimo, dois e, no máximo, dez minutos) Os grupos discutem o tema e o docente acompanha os trabalhos, interrompendo as discussões tão logo o tempo se esgote, mesmo que algum grupo não tenha chegado a conclusões. 3ª etapa (no máximo, dez minutos) O docente anota as conclusões apresentadas pelos grupos no quadro-de-giz, informa que elas serão retomadas posteriormente e encerra os trabalhos, realizando atividades de mediação, tendo em vista a retomada de aprendizagens anteriores relevantes e das qualidades pessoais previstas. INTEGRADO Consiste em fazer com que várias pessoas estudem um texto, discutam seu conteúdo, elaborem resumos de partes desse texto e apresentem tais resumos aos demais colegas. Uma vez que esta técnica é aplicada para complementar e fixar aprendizagens anteriores, após uma aula expositiva, por exemplo, é necessário que o texto constitua uma síntese dos conteúdos apresentados. Esta técnica objetiva também ensinar aos alunos - além das atitudes referentes a desempenhos grupais desejáveis - as qualidades pessoais Atenção, Expressão oral e escrita, Leitura e interpretação de textos e Prontidão para ouvir. No planejamento desta técnica, o docente deve preocupar-se com quatro variáveis: número de participantes (de dois a sete), tempo disponível (não superior à duração de uma aula), esquema de distribuição dos alunos por grupos e elaboração ou seleção de texto. Essas duas últimas variáveis necessitam ser melhor explicadas, razão pela qual apresentam-se abaixo alguns modelos e exemplos. Esquema de distribuição dos alunos por grupo num integrado Durante o desenvolvimento de um integrado, os alunos participam de dois grupos, com objetivos diferentes. No primeiro, os alunos estudam, discutem e sintetizam parte de um texto. Em seguida, eles são reagrupados de modo que cada novo grupo tenha, pelo menos, um participante de cada um
dos grupos anteriores. No segundo, os alunos explicam a seus novos parceiros as conclusões do seu grupo de origem. Assim, é tarefa do docente planejar, para as 2ª e 3ª etapas do , um esquema que permita visualizar as composições acima descritas. Se um docente tiver, por exemplo, 20 alunos e um texto com 24 itens numerados, ele poderá montar o seguinte esquema:
No caso de 27 alunos e 21 itens, por exemplo, o docente deverá realizar alguns ajustes, ou seja, supor que o número de participantes seja 25 (cinco grupos de cinco pessoas), redistribuir os dois excedentes em duas quadrículas na diagonal e dividir os 21 itens por cinco grupos, de modo que quatro deles fiquem com quatro e um deles, com cinco itens.
Elaboração de texto para um integrado Ao pesquisar e estudar textos para cada unidade de ensino, o docente terá oportunidade de identificar neles, a partir de seus objetivos, diversos aspectos relevantes (idéias principais, seqüências de ensino, exercícios resolvidos, ilustrações,...). Esses aspectos poderão ser reorganizados em parágrafos significativos - devidamente numerados e não necessariamente interligados que resumam de uma certa forma os conteúdos que serão apresentados aos alunos. Na verdade, preparar um texto com esses procedimentos é bem mais simples do que redigir um material inédito.
Para exemplificar, apresentam-se abaixo dois trechos de textos especialmente elaborados para integrado. Extraído do texto Como ouvir: •
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A prontidão para ouvir pode ser melhorada através da prática; existem, no entanto, alguns obstáculos a vencer. Um deles é que normalmente não reconhecemos nossas deficiências nesse aspecto. O outro é que pensamos muito mais rapidamente do que falamos: durante um minuto, pensamos aproximadamente o equivalente a 500 palavras, embora não consigamos emitir mais do que 125. Isso significa que, para cada minuto que alguém fala conosco, dispomos normalmente de um tempo para pensar correspondente a 400 palavras. O bom ouvinte tira proveito da rapidez com que pensa, aplicando o tempo disponível para refletir sobre as idéias que estão sendo apresentadas. Já o mau ouvinte torna-se logo impaciente, dispersivo, desatento, prejudicando completamente a conversa. Além disso, como temos maior propensão a falar do que a ouvir, interrompemos freqüentemente nossos interlocutores. Um dos resultados desse costume é termos pessoas falando ao mesmo tempo ou levantando suas vozes para tentar se fazer ouvir. Interromper a fala significa violar uma das regras fundamentais da comunicação humana, ou seja, a que permite a livre expressão de sentimentos e opiniões. Devemos, portanto, guardar nossos comentários para o final da fala, quando teremos então oportunidade para esclarecer as dúvidas.
Extraído do texto Como trabalhar em grupo: Diga sempre "nós", nunca "eu" ou "vocês". Envolva-se profundamente com os objetivos estabelecidos e resultados obtidos pelo grupo (envolvimento). • •
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Evite conversas paralelas. Falando em voz baixa com o companheiro, você dará a impressão de não estar "vestindo a camisa" do grupo (indiferença). Dirija-se, pois, a todos sempre em voz alta. Não forme subgrupos sentando-se junto a seus amigos; procure sentar-se ao lado de pessoas que lhe são pouco familiares. Dê oportunidade para que todos se conheçam: apresente-se e permita também que os outros o façam (empatia e integração). Ouça com atenção os seus colegas (prontidão para ouvir). Essa atitude, constantemente desempenhada, dará base ao exercício de diversas outras, tais como: lidar compreensivamente com posições alheias (empatia); adotar um comportamento aberto, honesto e justo em relação aos colegas (imparcialidade); trocar idéias sobre um assunto até que se obtenha consenso (manutenção do diálogo); aceitar posicionamentos expressos por outras pessoas (receptividade); e apresentar opinião favorável ou desfavorável sobre as idéias dos outros, justificando seu ponto de vista (julgamento).
Para o desenvolvimento desta técnica, sugerem-se as seguintes etapas: 1ª etapa (mais ou menos dez minutos) O docente dá informações gerais sobre a técnica, apresenta aos alunos o texto a ser estudado e pede que procedam individualmente a uma leitura rápida. Enquanto eles lêem, o docente coloca no quadro-de-giz o esquema de distribuição dos alunos por grupos e as orientações necessárias para as etapas seguintes.
2ª etapa (mais ou menos quinze minutos) Com base no esquema, o docente divide os alunos em grupos, solicita que eles desempenhem as atitudes desejáveis num trabalho dessa natureza e dá a cada grupo a tarefa de estudar, discutir e resumir uma parte do texto. Em seguida, pede a cada participante que prepare uma apresentação sobre as conclusões do grupo a respeito do texto. É importante ressaltar que essa apresentação será, na 3ª etapa, desenvolvida para outros grupos. 3ª etapa (mais ou menos quinze minutos) Ainda com base no esquema, o docente reagrupa os participantes e solicita que cada aluno apresente a seus novos parceiros as conclusões do grupo anterior. 4ª etapa (mais ou menos cinco minutos)
O docente encerra a atividade, realizando atividades de mediação, tendo em vista a aprendizagem de conteúdos técnicos e das qualidades pessoais previstas.
GRUPO DE VERBALIZAÇÃO E DE OBSERVAÇÃO - GVGO Cria as condições necessárias à promoção das atitudes pretendidas. Ao estabelecer os temas, o docente deve levar em consideração o nível dos alunos, ou seja, eles devem ser capazes de discutir os temas sem estudo prévio. O primeiro tema deve ser amplo, de modo a provocar muita discussão, dificultando assim - intencionalmente - os desempenhos grupais dos alunos. Os demais temas, no entanto, devem ser s, permitindo que os participantes cheguem mais rapidamente às conclusões. Sugestões de temas para GVGO Amplos
s
A família e as pressões econômicas
Que porcentagem do salário familiar se destina a moradia, educação e alimentação?
O trabalho e o lazer
Que trabalho você gosta de realizar e qual sua atividade predileta de lazer?
A violência nos grandes centros urbanos Que cuidados devem-se tomar para garantir a segurança dos familiares? O trabalhador qualificado e as novas Que atributos pessoais as empresas tecnologias exigem atualmente de seus trabalhadores? O progresso e a felicidade
Cite três invenções que tornam as pessoas mais felizes.
A influência da televisão sobre a família
Qual a sua opinião sobre a atual programação da TV no Brasil? Cite os três melhores e os três piores programas da TV atual.
A influência da publicidade sobre os Cite três produtos que você comprou por consumidores influência pura e simples da propaganda. O docente dividirá os alunos em dois grupos, o de verbalização (GV) e o de observação (GO), esclarecendo os papéis que cabem a cada grupo: o GV, formado por um número menor de alunos, dispostos em círculo no centro da sala, discutirá com toda a liberdade o tema proposto. O GO, formado pelos demais alunos e pelo docente, distribuídos ao redor do GV, deverá observar, classificar e registrar durante as discussões apenas o desempenho grupal dos verbalizadores, sem interferir. Além disso, em determinados momentos, os
observadores farão comentários com base em seus registros, reforçarão as atitudes desejadas e darão sugestões para aperfeiçoar os desempenhos grupais dos colegas. Sugestão de disposição dos grupos:
Grupo de verbalização (GV); Grupo de observação (GO); O primeiro tema deverá ser trabalhado em três etapas. 1ª etapa (mais ou menos dez minutos) O docente apresenta o primeiro tema, relembra os papéis de cada grupo e dá início à atividade. Em seguida, o GV discute o tema e o GO simplesmente observa, sem receber informações sobre objetivos pretendidos, desempenhos grupais desejáveis e técnicas de observação de grupos. Nesta etapa poderão ser percebidas no GV as seguintes atitudes negativas: silêncio nos primeiros instantes; conversas paralelas em voz baixa; pessoas que permanecem caladas durante as discussões (apatia); pessoas que falam o tempo todo (dominação); dificuldade para se estabelecer diálogo (monólogo coletivo); falta de análise do tema e indefinição dos objetivos, com prejuízo da apresentação e defesa dos argumentos (dispersão de idéias); e • supervalorização das poucas idéias apresentadas.
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Com referência ao GO, poderão ser percebidas também algumas atitudes negativas: • falta de registro dos desempenhos observados; e • pessoas atrapalhando as discussões com cochichos, palpites e risos. 1º intervalo (mais ou menos 30 minutos) Decorridos mais ou menos dez minutos de discussão, o docente interrompe os trabalhos. Solicita, em seguida, a cada um dos observadores que faça, com base em suas percepções, comentários sobre o desempenho grupal dos
verbalizadores. Os primeiros a se manifestarem dirão que o grupo foi muito bem, o que raramente é verdade, e que alguns deixaram de participar (apatia); outros dirão que não conseguiram ouvir bem as discussões ou que ainda não têm opinião formada; poucos darão opiniões seguras e sugestões objetivas para o aperfeiçoamento do grupo; muitos repetirão o que poucos disseram, farão referência ao nome das pessoas e ao conteúdo da discussão, o que deverá ser imediatamente corrigido pelo docente. Alguns componentes do GV, por sua vez, poderão reagir às críticas com justificativas, simplesmente ignorar as opiniões ou, então, iniciar conversas paralelas (intolerância às críticas). Nessa altura, o docente deverá imediatamente orientar esses alunos sobre o valor das críticas e a necessidade de ouvir com atenção a opinião dos observadores. O docente, que será o último dos observadores a manifestar-se, dará o exemplo, comentando de forma metódica suas percepções, tendo como base um registro de observações. Assim, ele reforçará as participações positivas e dará sugestões para o aperfeiçoamento dos desempenhos grupais. Depois, o docente solicita ao GV que se ausente da sala por alguns minutos, entrega ao GO o documento Registro de observação do desempenho grupal (planilha no final da teoria) e esclarece, antes do reinício da verbalização, todas as dúvidas sobre o uso desse instrumento de avaliação. 2ª etapa (mais ou menos dez minutos) O docente solicita aos verbalizadores que voltem à sala e retomem a discussão do tema, mencionando mais uma vez o papel de cada grupo. É de se esperar que, nesta etapa, os trabalhos ocorram com menores dificuldades, uma vez que os verbalizadores já receberam um retorno sobre seus desempenhos e os observadores já se encontram melhor orientados para desenvolver sua tarefa. Nesta etapa, poderão ser percebidas no GV muitas atitudes negativas (apatia, competição, dispersão de idéias, dominação, intolerância às críticas, monólogo coletivo) e algumas positivas (envolvimento razoável, maior participação, reconhecimento das próprias limitações, tentativas de cooperação e manutenção do diálogo). 2º intervalo (mais ou menos dez minutos) Após mais dez minutos de verbalização, o docente interrompe de novo os trabalhos e solicita que os observadores comentem a atuação do GV com base no instrumento de avaliação recebido no final do 1º intervalo. Nessa altura, o GO será capaz de opinar com maior objetividade sobre o desempenho grupal do GV. O docente fechará as atividades deste intervalo, destacando apenas o que foi omitido pelos demais observadores e elogiando o progresso de ambos os grupos. 3ª etapa (mais ou menos 30 minutos)
O docente solicita, mais uma vez, que o GV reinicie a discussão do tema proposto e que o GO observe. Nesta etapa, o GV deverá apresentar progressos, ou seja, as atitudes positivas poderão suplantar as negativas, uma vez que serão melhor aproveitadas as críticas dos observadores. O GO, por sua vez, melhorará sensivelmente a qualidade de suas opiniões. Dentre os participantes, quer do GV, quer do GO, poderão surgir comentários sobre o artificialismo da situação, o elevado número de participantes do GV, a falta de orientações, a indefinição dos objetivos da atividade e a amplitude do tema, devendo o docente abster-se de dar seu parecer nesse momento. Após a exposição dos observadores, o docente solicitará aos componentes do GV que se pronunciem sobre a experiência vivida, sua percepção do GO e a autocrítica de sua atuação. Os observadores serão orientados a ouvir atentamente as opiniões do GV, sem fazer comentários. 4. O segundo tema será trabalhado de forma semelhante à do primeiro. O docente divide novamente os alunos em dois grupos: um novo GV, formado por mais ou menos cinco pessoas do primeiro GO e um novo GO, constituído por ele mesmo e pelos demais alunos. Em seguida, relembra os papéis de cada grupo, entrega ao GO o instrumento de avaliação e esclarece dúvidas sobre sua aplicação. O tema a ser discutido, de acordo com o planejamento, permitirá que os participantes cheguem mais rapidamente às conclusões. Durante a discussão do segundo tema, o desempenho dos participantes de ambos os grupos deverá ser melhor, uma vez que todos já aprenderam algo acerca das atitudes desejáveis nesse tipo de atividade. O número de etapas e intervalos será definido pelo docente, em função do desempenho dos alunos, no decorrer do processo. Após o depoimento do GV, o docente fechará a discussão do segundo tema, elogiando os participantes dos dois grupos: uns, por terem aprendido enquanto observavam; outros, por terem atuado como modelos humanos de desempenho. Após a aplicação do GVGO, o docente faz perguntas aos alunos para colher depoimentos sobre as experiências vividas e levantar opiniões e percepções relacionadas com as atitudes desejadas (aspectos afetivos e comportamentais). Por exemplo: Qual foi a maior dificuldade encontrada para realizar a tarefa? Como vocês lidaram com essa dificuldade? Vocês perceberam se alguma dificuldade havia sido previamente planejada por nós? O que foi fácil fazer nessa atividade? Por quê? O objetivo dessa atividade não era, simplesmente, discutir os temas propostos. Quais eram, pois, seus objetivos? O que, afinal de contas, vocês aprenderam? E com quem vocês aprenderam?
Que atitudes devem ser desempenhadas por vocês quando estiverem trabalhando em grupo? Que atitudes, já aprendidas em outras atividades, são também adequadas a um trabalho em grupo? Em que situações vocês poderão aplicar futuramente o que aprenderam hoje? Em sua casa? No trabalho? Na Escola? No convívio com os amigos? Nesse momento da atividade, o docente deve esperar as respostas sem pressa, evitar comentários pessoais e elogiar os alunos. Em seguida, o docente encerra a atividade, fazendo alguns comentários demonstrando que: • Em geral, a situação de preparação para o trabalho em grupo costuma ser artificial; quando os alunos estiverem, no entanto, trabalhando em grupo para resolver problemas a eles atribuídos, terão oportunidade de desempenhar em situação real as atitudes aprendidas. • Durante o desenvolvimento do primeiro tema, algumas condições foram estabelecidas para dificultar intencionalmente os trabalhos e facilitar a aprendizagem das atitudes desejadas: número excessivo de participantes no GV; falta de orientações para a realização da tarefa; indefinição dos objetivos; e tema muito amplo. Na verdade, um pequeno grupo deve envolver entre duas e sete pessoas; acima desse número, os desempenhos grupais serão prejudicados pela dificuldade de interação dos seus componentes.
• Com relação às orientações, pretendia-se que elas fossem apresentadas ao longo do processo de tal forma que verbalizadores e observadores pudessem, sob a coordenação do docente, exercer influência uns sobre os outros. No caso da aprendizagem de atitudes, os objetivos devem ser somente apresentados por ocasião do fechamento da atividade. Já com o tema amplo, a intenção era exatamente provocar o surgimento de muitas idéias para esquentar as discussões. • O principal objetivo pretendido com a preparação de pessoas para o trabalho em grupo é a promoção junto aos alunos de diversas qualidades pessoais (atitudes): cooperação, disciplina, empatia, envolvimento, imparcialidade, iniciativa, integração, julgamento, liderança emergencial, manutenção do diálogo, objetividade na argumentação, participação, reconhecimento das próprias limitações, receptividade e prontidão para ouvir. Pretende-se também que o aluno seja capaz de oferecer contribuições a um grupo quando seus componentes estiverem discutindo um tema técnico, bem como observar o desempenho grupal próprio e o de seus colegas. A partir desse momento, todas as atitudes aprendidas no decorrer da presente atividade deverão ser desempenhadas pelos alunos quando estiverem participando de trabalhos em grupo.
GVGO - Registro de observação do desempenho grupal Tema proposto:
Número de participantes do grupo de verbalização: N°° 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
Atitudes positivas Cooperação Disciplina Empatia Imparcialidade Integração Envolvimento Iniciativa Julgamento Liderança emergencial Manutenção do diálogo Objetividade na argumentação Participação Prontidão para ouvir Receptividade Reconhecimento das próprias limitações
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
Atitudes negativas Competição Indisciplina Falta de empatia Parcialidade Falta de integração Indiferença Falta de iniciativa Valorização excessiva das idéias alheias Dominação Monólogo coletivo Dispersão de idéias Apatia Despreparo para ouvir Intransigência Intolerância às críticas
Etapa 1ª 2ª 3ª 4ª
AULINHA Consiste em fazer com que várias pessoas estudem um texto, elaborem resumos de partes desse texto e apresentem tais resumos aos demais colegas. Esta técnica objetiva a fixação de aprendizagens e oferece oportunidade para que os alunos exercitem - além das atitudes referentes a desempenhos grupais desejáveis - as qualidades pessoais Atenção, Concentração, Expressão oral e escrita e Prontidão para ouvir. Para o desenvolvimento desta técnica, sugerem-se as seguintes etapas: 1ª etapa (mais ou menos dez minutos) O docente distribui os alunos em círculo e pede que eles façam uma leitura rápida do texto selecionado, a fim de obterem uma visão global do assunto. 2ª etapa (mais ou menos quinze minutos) O docente atribui uma parte do texto para cada aluno, solicitando que ele prepare uma aulinha de um minuto, no máximo, sobre esse conteúdo. 3ª etapa (mais ou menos 30 minutos) Cada aluno apresenta suas idéias perante os colegas durante um minuto. Antes dessa apresentação, porém, o docente deverá exigir que todos ouçam atentamente as exposições, sem preocupação com a aulinha que deverão realizar. 4ª etapa (mais ou menos cinco minutos) O docente encerra os trabalhos, comentando sobre os objetivos da atividade em relação aos alunos, ou seja, compreensão dos conceitos ligados ao tema e exercício das qualidades pessoais Atenção, Concentração e Prontidão para ouvir. BRAINSTORMING Consiste em fazer com que os participantes de um grupo coloquem, sem restrições, todas as idéias que lhes ocorram para solucionar um problema dado. Essas idéias serão posteriormente analisadas e selecionadas em função de sua exeqüibilidade. Esta técnica objetiva também ensinar aos alunos - além das atitudes referentes a desempenhos grupais desejáveis - as qualidades pessoais Capacidade de resolução de problemas, Capacidade de transferência e Generalização. Para o desenvolvimento desta técnica, sugerem-se as seguintes etapas: 1ª etapa (mais ou menos quinze minutos)
O docente distribui os alunos em grupos de dois a sete participantes, fornece orientações para que eles desempenhem as atitudes desejáveis num trabalho em grupo e apresenta detalhadamente o problema. 2ª etapa (mais ou menos 30 minutos) O docente orienta os alunos para que apresentem suas idéias a respeito da solução do problema livremente, ou seja, sem restrições de qualquer natureza. Esse procedimento é fundamental para o sucesso da aplicação da técnica, uma vez que a finalidade desta etapa é levantar e anotar o maior número possível de opiniões sobre o assunto e a liberdade de expressão permite o surgimento da criatividade. Assim, os alunos não devem manifestar-se jamais contra as idéias apresentadas pelos seus colegas; se isso eventualmente ocorrer, o docente deverá reorientar o grupo para evitar a inibição de seus participantes. Finalmente, os grupos apresentam as idéias levantadas e anotadas, em forma de hipóteses, e as registram no quadro-de-giz. 3ª etapa (mais ou menos 45 minutos) O docente distribui os alunos em círculo e, junto com eles, analisa cuidadosamente cada hipótese e seleciona as que poderiam levar à solução do problema, ordenando-as em função de sua prioridade. Em seguida, tendo como base o critério de viabilidade, é escolhida a hipótese que será inicialmente aplicada. Se os resultados dessa aplicação não forem positivos, o docente e os alunos poderão recorrer às outras hipóteses selecionadas. O docente realiza atividades de mediação tendo em vista a aprendizagem de conteúdos técnicos e das qualidades pessoais previstas. COM PERGUNTADORES E RESPONDEDORES Consiste em fazer com que várias pessoas estudem um texto, discutam seu conteúdo e elaborem perguntas e respectivas respostas sobre o assunto. Esta técnica é aplicada para iniciar a aprendizagem de conteúdos novos ou complementar os já aprendidos. Convém lembrar que, sem texto, não existe . No planejamento desta técnica, o docente deve preocupar-se com três variáveis: número de participantes, tempo disponível e seleção do texto. É importante que o número de participantes não exceda a sete, que o tempo não ultrae a duração de uma aula e que o texto seja complexo a ponto de gerar dúvidas e perguntas. Esta técnica objetiva também ensinar aos alunos - além das atitudes referentes a desempenhos grupais desejáveis - as qualidades pessoais Atenção, Expressão oral e escrita, Leitura e interpretação de textos e Prontidão para ouvir.
Para o desenvolvimento desta técnica, sugerem-se as seguintes etapas: 1ª etapa (mais ou menos cinco minutos) O docente dá informações sobre a técnica, divide os alunos em grupos, solicita que eles desempenhem as atitudes desejáveis num trabalho dessa natureza, apresenta o texto a ser estudado e determina os tempos de estudo e discussão, anotando as orientações necessárias no quadro-de-giz. 2 ª etapa (mais ou menos 20 minutos) Os grupos estudam o texto, levantam dúvidas e, a partir delas, elaboram perguntas e suas respectivas respostas. Em seguida, o grupo indica um participante para atuar como perguntador e outro, como respondedor. O docente acompanha os trabalhos e, tão logo o tempo se esgote, interrompe-os, mesmo que algum grupo não tenha concluído a atividade. 3ª etapa (mais ou menos 20 minutos) O docente divide os alunos em três grupos (perguntadores, respondedores e platéia), conforme ilustração abaixo, e indica um aluno para atuar como mediador. Em seguida, dá início à atividade de perguntas e respostas, pedindo que os participantes sigam as regras do jogo: perguntador pergunta, respondedor responde e platéia observa. Durante as discussões, anota dificuldades de compreensão do conteúdo do texto e de desempenho grupal e interrompe os trabalhos quando o tempo se esgotar.
4ª etapa (mais ou menos cinco minutos) O docente encerra o trabalho em grupo, esclarecendo dúvidas a partir de suas anotações. Além disso, realiza atividades de mediação tendo em vista a aprendizagem de conteúdos técnicos e das qualidades pessoais previstas.
COM RELATORES Consiste em fazer com que várias pessoas estudem um texto, discutam seu conteúdo, elaborem conclusões e apresentem essas conclusões aos demais colegas. Esta técnica é aplicada para iniciar a aprendizagem de conteúdos novos ou complementar os já aprendidos. Convém relembrar que, sem texto, não existe . No planejamento desta técnica, o docente deve preocupar-se com três variáveis: número de participantes (de dois a sete), tempo disponível (não superior à duração de uma aula) e seleção do texto (complexidade acima da média). Esta técnica objetiva também ensinar aos alunos - além das atitudes referentes a desempenhos grupais desejáveis - as qualidades pessoais Atenção, Expressão oral e escrita, Leitura e interpretação de textos e Prontidão para ouvir. Para o desenvolvimento desta técnica, sugerem-se as seguintes etapas: 1ª etapa (mais ou menos cinco minutos) O docente dá informações sobre a técnica, divide os alunos em grupos, solicita que eles desempenhem as atitudes desejáveis num trabalho dessa natureza, apresenta o texto a ser estudado e determina os tempos de estudo e discussão, anotando as orientações necessárias no quadro-de-giz. 2ª etapa (mais ou menos 20 minutos) Os grupos estudam o texto, levantam dúvidas e idéias principais, elaboram conclusões e elegem um relator para apresentar aos demais colegas os resultados a que chegaram. O docente acompanha os trabalhos e, tão logo o tempo se esgote, interrompe-os, mesmo que algum grupo não tenha concluído a atividade. 3ª etapa (mais ou menos 20 minutos) Os relatores apresentam as conclusões de seus respectivos grupos aos demais colegas. O docente acompanha os trabalhos e faz anotações sobre o conteúdo das apresentações, sobre as dificuldades de compreensão do texto e sobre problemas de desempenho grupal e interrompe os trabalhos quando o tempo se esgotar. 4ª etapa (mais ou menos cinco minutos) O docente encerra o trabalho, realizando atividades de mediação, tendo em vista a aprendizagem de conteúdos técnicos e das qualidades pessoais previstas.
SEMINÁRIO Consiste em fazer com que um pequeno grupo de pessoas pesquise um tema, estude e resuma seus conteúdo, entregue o resumo para ser estudado por seus colegas, planeje e apresente uma aula expositiva, apoiada ou não em meios visuais ou audiovisuais. É importante ressaltar que um seminário não é suficiente para substituir uma aula do docente; na verdade, trata-se de um meio de ensino que complementa outras atividades de ensino por ele realizadas. Esta técnica objetiva também ensinar aos alunos - além das atitudes referentes a desempenhos grupais desejáveis - as qualidades pessoais Capacidade de pesquisa, Expressão oral e escrita, Leitura e interpretação de textos, Prontidão para ouvir e Utilização de técnicas de aprendizagem. Para o desenvolvimento desta técnica, sugerem-se as seguintes etapas: 1ª etapa (mais ou menos quinze minutos) O docente dá informações sobre a técnica, seleciona um grupo ou mais para se responsabilizar pelo seminário, solicita que eles desempenhem as atitudes desejáveis num trabalho dessa natureza, apresenta o tema a ser pesquisado, estudado e resumido. Determina também que o resumo seja entregue aos demais alunos, em tempo hábil para permitir que eles o estudem antes da apresentação do seminário e define, por último, o prazo para a realização da pesquisa, estudo e resumo e as datas de entrega do resumo e apresentação do seminário. 2ª etapa (tempo a ser determinado pelo docente) O grupo de alunos, fora do horário escolar, pesquisa o tema, estuda, resume textos, planeja uma aula expositiva e produz o meio visual ou audiovisual correspondente, mantendo o docente a par do desenvolvimento de todas as atividades. Na data combinada com o docente, os alunos entregam a seus colegas o resumo da pesquisa e orientam-nos para estudar o texto, levantar dúvidas de compreensão do material e redigir perguntas para serem feitas durante a apresentação do seminário. 3ª etapa (mais ou menos 20 minutos) Um representante do grupo desenvolve uma aula expositiva, apresentando os resultados da pesquisa perante seus colegas, respondendo perguntas e eliminando dúvidas. Os demais componentes do grupo podem ou não participar dessa apresentação, desde que haja um planejamento nesse sentido. O docente acompanha os trabalhos e faz anotações sobre o conteúdo das apresentações. 4ª etapa (mais ou menos cinco minutos)
O docente encerra os trabalhos, realizando atividades de mediação referentes aos conteúdos abordados e ao desempenho das qualidades pessoais previstas.