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Motores Diesel Euro V: novos desafios na reparação diesel - parte final QUI, 09 DE JULHO DE 2015 14:34

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Na edição ada comentamos sobre os problemas causados pelo combustível S10 adulterado, e nesta edição vamos relatar problemas recorrentes nos principais componentes que atuam na redução de emissões de poluentes Pela experiência de campo de nossos entrevistados, estes são os principais componentes dos motores diesel Euro V que apresentam problemas recorrentes: VÁLVULA EGR (RECIRCULAÇÃO DOS GASES DE ESCAPE) Controlada eletronicamente, tem a função de reinjetar em determinadas condições parte dos gases de escape para a câmara de combustão. Pela sua composição de gases inertes,

promove a redução da temperatura na câmara, baixando o nível de emissões de NOx. Esta solução é adotada principalmente em motores da linha diesel leve, tais como caminhonetes, vans, SUVs, ônibus, micro-ônibus e caminhões leves. Todos apontam a sensibilidade deste componente quando exposto a impurezas ou combustível fora das especificações. Os principais problemas apresentados são a carbonização e travamento da válvula. A desmontagem, descarbonização e limpeza dos componentes internos costuma restabelecer a sua funcionalidade. Valdomiro Pennachin alerta porém que ainda não existem kits de recondicionamento da válvula EGR no mercado, e nos exemplifica com uma peça de baquelite que acaba se ressecando com o calor e racha com o tempo. Por não encontrar esta peça avulsa no mercado, teve que recorrer a uma nova, e cara, válvula EGR completa. REDUÇÃO CATALÍTICA SELETIVA SCR + ARLA 32 Geralmente aplicada nos veículos pesados, esta solução técnica baseia-se na adoção de um catalisador localizado no escapamento, que recebe de forma controlada eletronicamente uma injeção de reagente líquido à base de ureia, denominado Arla 32, provocando uma reação química dentro do catalisador que transforma o NOx em vapor de água e nitrogênio, inofensivos ao ser humano e meio ambiente. Os maiores problemas detectados neste sistema são decorrentes do abastecimento incorreto de Arla 32. Edson Lara relata que os sensores de NOx são bastante sensíveis e detectam qualquer anomalia ou uso de composições diferentes das especificações originais. Valdomiro Pennachin recorda que no início eram frequentes os problemas relacionados ao Arla 32, mas que gradativamente este problema foi solucionado. Ediglê reforça que é fundamental orientar os condutores para que nunca rodem grandes distâncias com o tanque de Arla 32 vazio, pois esta situação é detectada pelo sistema OBD e coloca o motor em modo segurança, reduzindo significativamente a sua potência, até que seja providenciado o reabastecimento. FILTRO DE MATERIAL PARTICULADO DIESEL- DPF Semelhante a um catalisador, o filtro de material particulado diesel tem a função de capturar estes resíduos. É composto por um corpo metálico e em seu interior possui um material cerâmico ou metálico porosos, que retém até 98% destas partículas. Neste item, nossos colaboradores recomendam uma especial atenção para uma estratégia do sistema de injeção eletrônica que envolve o correto funcionamento deste filtro, pois toda vez que eles atingem um determinado índice de saturação com o material particulado retido, o sistema de injeção ativa um processo de autorregeneração, em que através de uma pós-injeção controlada, provoca-se uma combustão controlada dentro do filtro, carbonizando e eliminando as partículas retidas. Porém, esta estratégia só ocorre em condições favoráveis com percurso em estrada, velocidade acima dos 70 km/h e rotação acima dos 2.500 rpm (valores aproximados) e temperatura do motor na faixa normal de trabalho. O processo de regeneração leva em torno de 20 minutos. Edson Lara e William Duarte lembram que na região metropolitana de São Paulo, condutores de vans como Boxer, Ducato, Jumper, Iveco, Master e Sprinter entre outros e a versátil dupla de caminhonetes HR e Bongo, em uso estritamente urbano, raraclclaramente trafegarão a velocidades acima de 70km/h por 20 minutos. Valdomiro Pennachin aponta que na região de Campinas esta ocorrência também é frequente. Esta condição urbana de uso levará o veículo a saturar o filtro DPF sem nunca atingir as condições ideais de autorregeneração. Quando isto ocorre, a luz de anomalia da injeção acende no , e em alguns modelos existe uma luz específica de problemas no filtro DPF.

Nos estágios iniciais do problema, basta conduzir o veículo em uma rodovia, acima de 70 km/h e acima de 2.500 rpm por cerca de 20 minutos para que o próprio sistema ative a autorregeneração. Edson Lara descreve que durante este processo, é perceptível o aumento de temperatura no sistema de exaustão. No estágio seguinte, quando o condutor rodou algum tempo com a luz de anomalia do filtro DPF acesa, o sistema de autorregeneração acaba não sendo suficiente para desobstruir o sistema. Neste estágio, os técnicos explicam que é necessário aplicar o processo de regeneração forçada com o veículo estático. William Duarte dá a dica de que este processo pode ser feito através de um scanner com a programação compatível, ou mesmo sem o scanner, desde que acionado o procedimento de forma correta. BICOS INJETORES Este notável componente de grande precisão é capaz de operar a pressões altíssimas da ordem de 1.300 bar a até 2.000 bar de pressão. Sua complexa engenharia de manufatura, com estreitas margens de tolerância dimensional para o correto funcionamento, exige em contrapartida um combustível absolutamente limpo e isento de impurezas, e com baixos teores de enxofre. A baixa tolerância a impurezas faz dos injetores a maior fonte de problemas nos sistemas diesel Euro V, e não faltam relatos de casos dramáticos para alguns clientes. Valdomiro Pennachin lembra que o cliente da Ranger ambulância que teve o combustível degradado pelo longo período inativo teve, entre outros danos, a perda dos 4 bicos injetores, que acabaram travando de forma irreversível pela ação do combustível degradado. Edson Lara descreve entre vários casos, um cliente de uma Bongo que teve os injetores trocados ainda em garantia aos 19.000km, mas que logo depois teve que trocar novamente os 4 bicos aos 30.000km ainda na concessionária, mas desta vez fora da garantia. O problema voltaria a ocorrer aos 44.000km, mas desta vez o cliente procurou a Lara Diesel, que teve que instalar o terceiro conjunto de injetores novos, pois os anteriores não apresentavam condições de reparo. Além da troca dos injetores, Edson e sua equipe fizeram a limpeza de todo o circuito, desde o tanque de combustível até o injetor. Apesar de todos estes procedimentos, o veículo voltou a apresentar problemas nos injetores, desta vez aos 62.000km. Nova limpeza completa do circuito, e desta vez os bicos foram recuperados. A equipe Lara Diesel resolveu então instalar um pré-filtro adicional de combustível com separador de água. Depois destas providências, o cliente já rodou mais de 45.000km sem problemas. Ediglê e William Duarte descrevem que em alguns casos, quando o injetor está obstruído, além da emissão de fumaça pelo escapamento, ocorre um fenômeno descrito como “batida de bico”, mesma expressão utilizada pelos demais técnicos. Este ruído característico já foi confundido por muitos reparadores no mercado como sendo do motor, e em casos extremos houve até a abertura do motor para reparos, quando na verdade o problema estava nos injetores. Todos técnicos salientam que, quando há a necessidade de troca ou recuperação dos injetores, não se deve efetuar esta operação isoladamente, pois se houve a contaminação dos bicos, provavelmente todo o circuito anterior ao bico pode estar contaminado, seja por combustível adulterado ou degradado, ou pela presença de micropartículas. Edson Lara sempre reforça esta questão com os clientes reparadores, e Ediglê informa que quando a TecVan vende peças para os reparadores, envia junto um procedimento técnico por escrito para evitar que as peças novas sejam danificadas pela falta de limpeza e descontaminação de todo o conjunto. Outro aspecto relevante apontado por Edson Lara e Wiliam Duarte, é com relação à origem do componente. Os injetores completos ou kits de reparo da Delphi por exemplo, podem ser

nacionais ou importados. Os nacionais são comprovadamente duráveis, enquanto que nos importados há variações de qualidade conforme a procedência, que pode ser China, Leste Europeu, etc. FILTRO DE COMBUSTÍVEL Nos sistemas diesel Euro V, o filtro de combustível assume um papel muito mais crítico do que nas tecnologias anteriores, pois como já observamos pelos depoimentos e relatos dos técnicos, a sofisticada engenharia destes motores tem baixa tolerância aos resíduos, umidade e contaminantes, cabendo ao filtro um papel de destaque para evitar que tais impurezas entrem no processo de combustão. Valdomiro Pennachin só aplica filtros genuínos ou originais, e alerta os clientes que insistem em colocar filtros alternativos mais baratos sobre os riscos e o enorme prejuízo que esta falsa economia pode acarretar. Edglê vai além e recomenda, dependendo do tipo de uso do veículo, que a troca do filtro de combustível seja efetuada a cada 5.000km, em contrapartida aos 20.000km sugeridos por algumas montadoras. Ele tem convicção de que esta medida preventiva é muito mais econômica e segura para os seus clientes. Edson Lara vai na mesma linha e vê a necessidade de reforçar o sistema de filtragem original, apostando em uma solução alternativa que é a instalação de um filtro e separador de água adicional. Embora mais caros que os filtros alternativos, Wiliam Duarte lembra que a especificação dos filtros originais é de porosidade de 2 mícrons, enquanto os alternativos ficam na faixa de 8 a 10 mícrons! É fácil deduzir a quantidade de impurezas que contaminarão o sistema com esta diferença. Edson Lara também aponta que muitos filtros alternativos são feitos de materiais inadequados e soltam fiapos e partículas que fatalmente travarão os injetores. Conclusão: o barato aqui saiu muito mais caro do que se imagina! O protocolo OBD e a estratégia de redução de torque - O Sistema de diagnóstico de falhas OBD tem como finalidade principal preservar as condições ideais de funcionamento do motor para que este trabalhe ao longo de sua vida útil sempre emitindo baixos índices de poluentes conforme foi projetado. Portanto além de facilitar o diagnóstico de falhas, ele atua como um verdadeiro “vigilante ambiental”. Sempre que alguma anomalia provoca um aumento significativo na emissão de poluentes, e a estratégia OBD percebe que o condutor está ignorando os avisos do sistema, entrará em ação um comando que reduzirá o torque do motor, na ordem de 25% a 40% dependendo do porte do veículo, forçando o condutor a providenciar os devidos reparos. Essa estratégia operacional, embora aparentemente incômoda para alguns usuários, é louvável pelo ponto de vista ambiental, e muito positiva para os reparadores independentes, pois gera demanda de serviços e venda de peças, disciplinando proprietários e condutores a praticarem a manutenção preventiva. O FATOR USUÁRIO O cultural desprezo que muitos condutores de veículos têm pelo manual do proprietário aumenta a carga e trabalho dos reparadores independentes no sentido de esclarecer de forma didática aos seus clientes, o funcionamento de tantas novas tecnologias, a sua importância sob o ponto de vista ambiental, e convencê-los sobre a necessidade de manter a manutenção em dia e não se deixar seduzir por alternativas operacionais muito mais baratas e fora das especificações originais.

Edson, Wiliam, Ediglê e Valdomiro poderiam contar aqui causos e mais causos inacreditáveis, mas resumimos aqui os casos mais recorrentes e suas consequências: - Troca do combustível S10 pelo S500: Muitos acreditam que “não vai dar em nada”, e o resultado é o veículo entrando em modo segurança (redução do torque); corrosão de bombas e injetores, e entupimento ou deterioração do DPF e catalisador; - Abastecimento com Arla 32 “alternativo”: Há quem acredite até que urinar no tanque do arla pode resolver o problema, mas como já relatado pelos técnicos, o sensor de NOx é bastante sensível e detecta qualquer adulteração. Se tiver sorte, bastará trocar o arla e limpar o catalisador SCR. Mas em casos extremos, pode ser necessário a troca do catalisador; - Ignorar os avisos de anomalia: A desculpa é sempre a mesma, ou seja, não podia parar antes para fazer a manutenção. Mas muitos condutores continuam rodando por milhares e milhares e quilômetros, e o que poderia ser um simples procedimento de regeneração do filtro de particulados DPF por exemplo, acaba se tornando uma onerosa manutenção corretiva com troca de componentes caríssimos como o DPF e injetores. - Utilizar peças e insumos alternativos mais baratos: Além de pouco eficientes e confiáveis, as peças alternativas nem sempre conseguirão manter o motor operando nas especificações corretas, comprometendo o conjunto e fatalmente será detectada a anomalia pelo sistema OBD. Neste quesito, não são raros os relatos de clientes que insistiram na economia de algumas dezenas de reais na troca do filtro de combustível original por um alternativo, e que depois arcaram com prejuízos acima de dez mil reais para troca dos injetores. Sempre que o cliente insistir em usar peças alternativas duvidosas, o reparador deve se precaver para não assumir consequências desta natureza. Outro erro comum é a troca do óleo do motor sintético (5W30) por um outro mais barato (15W40). Além da lubrificação incorreta, danifica precocemente a válvula EGR e o filtro de particulados DPF. PEÇAS DE REPOSIÇÃO Encontrar peças para estes veículos Diesel Euro V não tem sido uma tarefa das mais espinhosas, mas nem sempre as peças estão disponíveis para pronta entrega, e é preciso aguardar de 5 a 10 dias até a entrega. A Penachin de Campinas tem o perfil clássico de oficina multimarcas e multisserviços, e compra suas peças de reposição em distribuidores (50%); concessionárias (45%) e autopeças varejo (5%). Este mix de compras está diretamente amarrado aos tipos de contrato de serviço que mantém com muitas frotas, que exigem a aplicação de peças genuínas ou originais. A Lara Diesel é focada na prestação de serviços e manutenção em bombas injetoras e componentes de injeção eletrônica diesel, e o seu mix de compra de peças é feito nas distribuidoras (70%), concessionárias (25%) e varejo (5%). Já a Tec Van Diesel, além da prestação de serviços em bombas injetoras e injeção eletrônica diesel, trabalha ativamente na venda de peças para o segmento diesel, e portanto seu mix de compras é diferente, sendo importação (45%); distribuidores (40%); varejo (10%) e concessionárias (5%). CONCLUSÃO Os reparadores independentes já deram grandes demonstrações da sua versatilidade e capacidade de transpor barreiras para assimilar novas tecnologias e resolver problemas em campo. Na questão dos motores diesel Euro V, há dois fatores extra-tecnologia (combustível novo fora das especificações e condutores despreparados) que estão empurrando estes veículos

mais cedo para o setor independente, pois em grande parte dos casos, os problemas não são causados por falha técnica dos veículos, e sim pelos fatores citados. Neste cenário, montadoras e concessionárias tendem a recusar o atendimento em garantia, e pela cultura das concessionárias, a única solução proposta é a substituição dos caríssimos componentes danificados, que geram orçamentos estratosféricos para os atônitos proprietários e condutores. Neste cenário, os reparadores independentes mais preparados surgem como verdadeiros salvadores da pátria, pois são capazes de recuperar muitos itens aparentemente condenados, e conseguem efetuar com sucesso as manutenções com alto índice de qualidade e eficiência técnica dentro de orçamentos factíveis, além de prestar esclarecimentos e orientar de forma personalizada os clientes para que não cometam novos erros de operação e evitem prejuízos desnecessários. E você? Já está preparado para este novo desafio e quer participar deste novo mercado? Participe do nosso fórum e deixe os seus comentários. Foto 2: Filtro de particulados com conexões para sensores de pressão pré e pós filtro Foto 3: Vista interna do DPF saturado e com o elemento cerâmico quebrado. Causa provável: Falta do procedimento de regeneração ou uso de combustível incompatível Foto 4: Injetores contaminados por impurezas Foto 5: Agulha do bico injetor contaminado, sem recuperação acima e normal abaixo Foto 6: Luz de anomalia acesa em uma Hyundai HR