C R IS T O D OS
PACTO S O. Palmer Robertson
Luz Para o Caminho C a m p i n a s - SP
Cristo
d o s P a c t os
O. Palm er Robert son © 1997 Direit os reser vados p o r Luz Para o C am inho Caixa Postal 130 - CEP 13001-970 - Campinas, SP
R547c
Robertson, O. Palmer Cristo dos Pact os / O. Pa lme r Robertson. Trad. Américo J. Ribeiro. Ca mpinas - SP: Luz Pa ra o C am inh o, 1997. 275pp. Da obra: T he Christ of the Cov enants. 1. Te olo gia Bíblica. 2. Bíblia - In te rp re tação. I. Rib eiro, Améric o J. trad. II. Título. CDD-230.01 220.6
1- Ediç ão: 1997 - 3.00 0 ex em plar es Capa: Edson Ramos/Lucas Pedro dos Santos Revisores: Elione Gama e Rubens Castilho
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Ca m inh o
Caixa Postal 130 CEP 13001-970 Campinas SP
Sumário Prefácio .................3 PRIMEIRA PARTE INTRODU ÇÃO ÀS ALIANÇAS DIVINAS 1. A Natureza das Alianças Divinas ..........................................................7 2. A Unidad Extensão das Aliança Alianças Divinas ........................................................19 3. A e das s Divinas ....................................................... 27 4. Diversidade nas Alianças Divinas ....................................................... 49 SEGUNDA PARTE 5. A Aliança da Criação ...........................................................................61 TERCEIRA PARTE A ALIANÇA DA REDENÇÃO.................................................................. 83 6. Adão: A Aliança do Começo ..............................................................85 7. Noé: A Aliança da Preservação ..........................................................99 8. Abraão: A Aliança d a P rom essa..................................................... 115 9. O Selo da Aliança Abraâmica ........................................................133 10. Moisés: A Aliança da Lei ................................................................151 11. Excurso: Alianças ou Dispensações: Qual Destas E strutura a Bíb lia?..................................................... 181
12. Davi: A Aliança do R e in o ................................................................207 13. Cristo: A Aliança da Consumação.................................................243 índice de Citações Bíblicas ..................................................................269
Prefácio
Este livro focaliza duas áreas essenciais ao interesse da inter pretação bíb lica hoje: a significação das alianças de Deus e a relação dos dois testamentos. Mediante a correta compreensão das iniciativas de Deus em estabelecer alianças na história será lançado sólido fundamento para desemaranhar a questão comp lexa da relação dos dois testamentos. Virtualmente, toda escola de interpretação bíblica hoje tem chegado a apreciar a significação das alianças para a compreen são da mensagem distintiva das Escrituras. Que o Senhor da aliança abençoe esta discussão em andamento, de tal maneira qu e se infl am e nos corações de hom ens de todas a s nações am or mais com ple to ao q ue se fez ser “um a aliança para os povos” .
PRIMEIRA PARTE
INTRODUÇÃO ÀS ALIANÇAS DIVINAS
1 A N at ureza da s Alianças Divinas é a\iança? Pedir definição de “aliança” é como pedir definição de “mãe”. Pode-se definir mãe como a pessoa que nos trouxe ao m un do. Est a def ini ção po de ser form alm ente corr eta. Ma s quem
Q ue
se sen satisf eito m ela?co m clareza a respeito da signi ficação Astirá Escrituras testicoficam das alianças divinas. Deus entrou, repetidamente, em relação de aliança com indivíduos. Referências explícitas encontram-se na aliança divina estabelecida com Noé (Gn 6.18), Abraão (Gn 15.18), Israel (Êx 24.8) e Davi (SI 89.3). Os profetas de Israel predisseram a vin da dos dias da “nova” aliança (Jr 31.31), e Cristo m esm o falou da últim a cei a em linguag em de alianç a (Lc 22.20). Mas que é aliança? Alguns irão desencorajar qualquer esforço no sentido de ap res en tar um a defini ção sum ária de “ ali ança” que abranja todos os variados usos do termo na Escritura. Sugeririam que os múltiplos e diferentes contextos em que a palavra ocorre impli cam muitos sentidos diferentes.1 1. Cf. com D. J. McCarthy, “A aliança no Velho Testam ento: O Estado Presen te Inquirição”, Revista Trimestral Católica Bíblica (Catholic Biblical Quarterly, 27, (1965): 219, 239. Delbert R. Hillers comenta a respeito da tarefa de definir aliança em Aliança: A
História de um a Idéia Bíbl ica ( Covenant: The Histm y ofa Biblical Idea, Baltimo re, 1969) , p. 7“Não é o caso de seis cegos e o elefante, mas de um grupo de eruditos paleontólogos crian do m on stros diferen tes dos fósseis de sei s espé cies separad as.”
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Cristo dos Pactos
Qualquer definição do termo “aliança” deve itir claramente amplitude tão larga quanto o exigem os dados da Escrit ura. Todavi a, a m esm a integ ridad e d a históri a bíbli ca ao ser determinada pelas alianças de Deus sugere uma unidade ab rang en te n o conceit o d e al iança. Que ené,treentão, aliança Deusaliança? e o se u Como pov o?2definiria você a relação de Aliança é um pacto de sangue soberanamente istrado. Q ua nd o Deus entra em relaç ão de ali anç a com os hom ens, El e de maneira soberana institui um pacto de vida e morte. A aliança é um pacto de sang ue, ou um pacto de vida e morte, soberanamente istrado. Três aspectos desta definição das alianças divinas devem ser considerados com m aior cui dado.
ALIANÇA É UM PACTO Em seu aspecto mais essencial, aliança é aquilo que une pessoas. N ada está mais perto do coração do conceito bíblico de aliança do que a imagem de um laço inviolável. Extensaspara investigações na etimologia do termo do Velho Testamento “aliança” (rTTQ) têm-se provado inconclusivas n a de term ina ção do sentido da palavra .3 Todav ia, o uso 2. O próprio fato de que a Escritura fala de alianças “divinas”, alianças feitas por Deus com o seu povo, pode ser de grande significação em si mesmo. Quanto parece, este fenô m en o de alian ças d ivina s não oco rre fora de Isr ael. “Fora do Velho Tes tam ento n ão temos evidênci a cl ara de u m tratado en tre u m deus e o seu povo”, diz Ronald E . Clement s, em Abraão e Davi: Gênesis 15 e sua Significação para a Tradição Israelita ( AbraJiam and David: Gmesis 15 and. its Mea.ni.ng for the. Israelite Tradition, Naperville, IL, 1967), p. 83. Cf. também com o comentário de David Noel Freedman em “O Compromisso Divino e a Obrigação Humana”, na revista Interpretação (Interpretation), 18, (1964): 420: “Não há paralelism o convin cente no m u n do pagão...” com re lação às alianç as de D eus com o ho m em como se acha na Bíblia. 3. O cará ter inc onclusivo d a evidência etimológica é quas e geralm ente reco nh ecid o. Cf . com M oshe W einf eld, Theologisches Wòrterbuc.h zum Alten Testament,(Stuttgart, 1973), p. 783; Leon Morris, A Pregação Apostólica da Cruz {The Apostolic Preaching o f the Oross, London, 1955), pp. 62ss. Uma sugestão indica o verbo barah, qu e signif ica “co m er” . Se for est e o caso, a referência pode ser à refeição sagrada que muitas vezes estava associada com o pro cess o de firm ar a lian ça. M artin N oth , “Firm ar P acto no V elh o T esta m ento à Luz d e um
Tex to Essays, de M ari”, em As Leis do p.Pen tateuco e O utros Ensa aios ( ThSugere eL awsque in the Pentateuch and Other Edinburgh, 1966), 122, argumenta contra hipótese. a frase “aliança” envolveria alusão a métodos diferentes para se íirmar uma aliança. De um lado, indicari a a autom aldição d a div isão animal. Do o utro lado, indi caria a part icipação de u m a
A Natureza das Alianças Divinas
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contextual do termo nas Escrituras indica, de maneira razoavelmente consistente, o conceito de “pacto” ou “relaciona m en to” .4 E sem pre u m a pessoa, ou Deu s ou o hom em , qu em faz uma aliança. Ainda mais, é outra pessoa que se contrapõe como a outra pa rte d a al iança, com poucas exceções. 5 O resultado de um comprom iss o de aliança é o estabel ecimento de u m a rel ação “em conexão com”, “com” ou “entre” pessoas.6 O elem en to formalizador es sencial ao estabelecimento de toda s as alianças divinas nas Escrituras é a declaração verbalizada do caráter do pacto qu e está sendo estabel ecido. Deus fa la para estabe lecer sua aliança. Fala graciosamente ao comprometer-se com as suas cr iatu ras e ao d eclarar a base sobre a qua l se relacionará co m a sua criação. ref eiçã o de ali ança . N olh é a fav or da s ugestão de q ue “ali ança” deri va do acad iano birit, que se rel aciona co m a preposição h ebraica *f 3 “en tre ”. Ele elabora u m processo de pa ssomúltiplo pelo qual o termo atingiu independência adverbial através da frase “matar um asno de entre-meio”, assumiu o sentido substantivo de “meditação” que conseqüen tem ente re qu ereu a i ntroduç ão d e um a segunda preposiçã o “en tre” e, fi nalmente , evol uiu p a ra a palavra no rm al “ali ança” , que podia ser usada com outr os verbos alé m do verb o “co rtar” (en tre ). U m a terceira sugest ão etimológi ca sugere a r aiz acadiana baru, “amarrar, agrilhoar”, e o substantivo relacionado biritii, “faixa” ou “grilhão”. Weinfeld, op., cit. p. 783 , co ns ide ra esta últim a sugestão com o a mais válida. 4. As recentes argumentações de E. Kutsch de que o termo “aliança” significa “ob rigação” ou “com prom isso” são , na verdade, fasci nant es. Ma s não são adequad as p ara der ribar o conceito bási co de qu e a “ aliança” é “ pac to” . Kuts ch argum enta q ue a defini ção de “aliança” como “obrigação” é válida se o tipo de aliança é um em que a pessoa se “obriga”, é “obrigada” por um poder externo, ou chega a uma “obrigação” mútua com um a parte igu al. El e obs erva tam bém qu e o para lel ismo hebraico freqü en tem en te alt erna “aliança” com “estatuto” e “juramento”, fato que a seu ver favorece o sentido de “obrigação” (E. Kulsch, “Gottes Zuspruch und Anspruch berit in der alttestamentlichen Theologie”, em Questões disputadas do Velho Testamento (Questions clisfmtées cUAncim Testament, Gembloux, 1974), pp. 71ss). Discordância cordial com a teoria de Kutsch, expressa em arti gos m ais antigos, é registrada p or D. J. M cCarthy em “Berit e a Aliança na História D eute ron om ista” , em.Estudos da Reli giã o d o Antigo Is rael, S uplem ento ao Vel ho Testamento (Stud ies in the Religion of Ancim t Israel, Sup plement to Vetus Testamentum, 23, 1972): 81ss. McCarthy conclui que a tradução tradicional pode permanecer, apesar das argumentações de Kulsch. Embora as alianças divinas invariavelmente envolvam obrigações, seu propósito último vai além da quitação compreendida por um dever. Ao con trário, é a inter-relação pess oal de D eus com o seu povo que está no coração da al iança . Este con ceito d o coraçã o d a ali ança f oi pe rceb ido na história dos inve sti gadores da aliança desde os di as de Jo h n Cocc eius, com o se vê pela sua ênfa se sobre o efeit o d a aliança no fazer paz entre partes. Cf. com Charles Sherwood McCoy, A Teologia da Aliança de Joh ann es Coc ce ius (The Covenant Theohgy ofjohannes Coccáus, New Haven, 1965), p. 166. 5. Uma exceção seria Gênesis 9.10, 12, 17, em que Deus estabelece o pacto com os
animais d o c am po. Cf. tam bém com Oséias 2 .18; Jerem ias 33.20, 25. A despeito do pape l das partes impessoais com relação ao pacto nestas agens, é ainda um “pacto” que está sen do estabel ecido com elas. 6. As pre po siç õe s *p3, D3J, HK, e V p odem se r usad as p ar a descre ver esta relação.
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Cristo dos Pactos
A preeminência de juramentos e sinais nas alianças divinas realça o fato de que a aliança, em sua essência, é um pacto. A aliança estabelece compromisso de uma pessoa com outra.7 Um juramento obrigatório da aliança podia assumir várias forma s. Em um po nto pod ia esta r envolvido um jura m en to ver bal (Gn 21.23, 24, 26, 31; 31.53; Êx 6.8; 19.8; 24.3, 7; Dt 7.8, 12; 29.13; Ez 16.8). Em outro ponto, algum ato simbólico podia estar ligado ao compromisso verbal, tal como a concessão de uma dádiva (Gn 21.28-32), o comer uma refeição (Gn 26.28-30; 31.54; Êx 24.11), o erg uim en to de u m m em orial (Gn 31 .44s.; Js 24. 27), o espargir de sangue (Êx 24.8), o oferecimento de sacrifício (SI 50.5), o ar debaixo do cajado (Ez 20.37), ou o dividir animais (Gn 15.10,18). Em várias agen s da Escritur a a relaç ão integral do ju ram en to com a al iança ap resen tada11.4; mais1clCraram enteSIpelo elismo construção (Dt é29.12; 2 Rs 16.16; 105.paral 9; 89.3, 4; dEza 17.19). Nestes c asos, o ju ra m en to altern a co m a ali ança e a ali ança com o juram ento. Essa estr eita relação e ntre ju ra m en to e alianç a enfa tiza o fato de que a aliança em sua essência é um pacto. Pela aliança, as pessoas tomam-se com prometidas um as com as outras. 7. M uita evidência ap óia a signi fica ção do jura m en to no processo de fazer aliança. Para um a comp leta expos ição da evi dênci a de que um juram en to pertencia ã es sên cia da ali ança, ver a obra d e G. M. Tuc ker, Formas d e Ali ança e Fon nas de C ontrato, Velho Testam ento 15 (CovmantForms and ContradFonns, Vetus Testamentum 15, (1965): 487-503). En quan to o jura m en to aparece v árias vezes em rel ação a um a al iança, não é cl aro que um a cerimônia formal de fazer juramento era absolutamente essencial ao estabelecimento de um a rel ação de ali ança . Nem na ali ança com Noé, ne m com Da vi, se m enciona, de m aneira explí cita, a declaraç ão de ju ra m en to no po nto histórico em q ue est as alianças foram fe itas, em bora a Es cri tura, subseqü entemen te, m encione um jura m en to em associação a a mbas (Gn 9; 2 Sm 7; cf com Is 54.9; SI 89.34s.) Na sua análise, agora clássica, dos elementos dos tratados de suz erania hit ita, G eorge A M end enhall p rime iro arrola os s eis elementos bási cos do trat ado. A l ista não en to. M enhallnã com Sabemos fat uores estavam en volv idos, porincl qu ui e ajura verm ificação doend tratado o seenta: d ava“pela simplque es m outros inu ta de ma forma escrita” (“Formas de Aliança na Tradição Israelita”, O Arqueólogo Bíblico 17) (“Co ven ant Form s in Israel ite T rad itio n” , T he Biblical A rcheologist 17 (1954) : 60s. ). E nesta base que M endenhall conti nua para in troduzir o item sete na form a do tratad o, que ele ch am a “o ju ra m en to form al”. Todavia, ele me sm o se sente com pelido a acrescentar: " ... embo ra não tenhamos n enh um a l uz sobre a sua for m a e conteúdo.” A Escrit ura sugeriria não m eram ente qu e a ali ança contém, d e m odo ger al, um juramento. Em ve z disto, pode- se afirmar que um a ali ança é um juram ento. O comprom isso da rela ção de aliança un e as pe sso as com um a solidari edade equivalente aos r esul tados alca nçados p or um proc ess o formal de fazer juram ento . O “juram ento” capt a tã o adeq uada m ente o
relac ion am ento a tingido pela “ aliança” qu e os termos p od em ser inte rcambi áveis (c f. com S I 89.3, 34s.; 105. 8-10). O processo form alizante de fazer jura m ento po de o u n ão es tar presen te. Mas um compromisso com caráter de aliança resultará inevitavelmente em uma obrigação altamen te solen e.
ANatureza das Alianças Divinas
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A presença de sinais em muitas das alianças bíblicas também enfatiza qu e as alianças div inas un em as pessoas. O sinal do arco-íris, o selo da circuncisão, o sinal do Sába do - estes sinais d a aliança reforçam o caráter de ligação da aliança. Um compromisso int erp esso al que po de ser garant ido en tra em vig or po r meio de um pacto com caráter de aliança. Da mesm a form a, como um a noiva e ixm noivo trocam as alianças como um “sinal e penhor” de sua “fideli dade cons tante e am or p er m an en te ”, assim tamb ém os sinais da alianç a divina simb olizam a pe rm anê nc ia do pacto e ntre Deus e o seu povo.
ALIANÇA É UM PACTO DE SANGUE
A frase “ pa cto de s an gu e”, ou pa cto de vid a e m orte, expressa o caráter absoluto do compromisso entre Deus e o homem no co ntex to da alian ça. Em in iciando alianças, Deu s jama is e ntra em relação casual ou informal com o homem. Em lugar disto, as implicações d e seus pactos estendem-se à s últ imas con seqü ências de vida e m orte. A terminologia básica que descreve o estabelecimento de uma relação de aliança vivifica a in tens idad e de vida e m orte das alianças divinas. A frase trad uzid a “fazer um a aliança” , no Velho T estam ento, significa, literalmente, “cortar uma aliança”. Esta frase “cortar uma aliança” não aparece apenas em um estágio na história das alianças bíblicas. Muito pelo contrário, ocorre proeminentemente através de toda a extensão do Velho Testamento. A lei8, os profetas9, e os escritos10, todos contêm a frase de m ane ira r epetida. Poderia se supor na quefrase a agem tempo diluiriaTodavia, a vivideza da imagem contida “cortar do uma aliança”. evi dên cia de u m a pe rm an ente cons ciênc ia da plena im portânci a da frase ap are ce em alguns dos m ais antigos text os das Es crituras, tanto quanto em agens associadas com o próprio fim da presença de Israel na terra da Palestina. O registro original do estabelecimento da aliança abraâmica, carregada como está com 8. Gn 15.18; 21.27, 32; 26.28; 31.44; Êx 23.32, 34; 24.8; 34.10, 12, 15, 17; Dl 4.23; 5.2, 3;
7.2; 9.9; 29.1, 12, 14, 25, 29; 31.16. 9.Js 9.6ss.; 24.25; Jz 2.2; 1 Sm 11.1, 2; 2 Sm 3.12ss.; 1 Rs 5.12ss.; 2 Rs 7.15ss.; Is 28.15; 55.3; Jr 11.10; 31.31ss.; Ez 17.13; Os 2.18; Ag 2.5; Zc 11.10. 10. Jó 31.1; SI 50.5; 1 Cr 11.3; 2 Cr 6.11; Ed 10.3; Ne 9.8.
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Cristo dos Pactos
sinais intern os de a ntigüida de, prim eiro in trod uz ao leitor bíbl ico o conceito de “cortar uma aliança” (cf. com Gn 15). E na outra extremidade da história de Israel, a advertência profética de Jerem ias a Zede qui as, no tem po do cer co de Jerusal ém po r N abucodonosor, encrespa-se literalm ente com alusões a um a teologia de “ co rtar a aliança ” (cf. c o m jr 34). Uma indicação adicional da permeante significação desta frase acha-se no fato de que ela se relaciona com todos os três dos tipos básicos de aliança. E empregada para descrever alianças estabelecidas pelo homem com o homem11, alianças estabelecidas p o r Deus c om o h o m em 12, e al ianças est abelecidas pelo hom em com Deus.13 Particularm en te notá vel é o fato de que o verbo “ cortar” po de ficar só e, ainda assim, significar claramente “cortar uma alian ça”. 14 Este uso in dica q uã o essen cialm ente o c onc eito de “co rtar ” veio a relacionar-se co m a idéia d e aliança nas Escri turas. Este relacionamento de u m processo de “cortar” com o estabelecimento de uma aliança manifesta-se através das línguas e cult uras ant iga s do O riente M édi o. Não som ente em Isr ael, mas em muitas culturas circunvizinhas o caráter obrigatório de uma aliança est á relacio na do com a term inolog ia de “co rtar”. 15 Não com som oente a term in ologia, mas o ritual com um ente associado estabelecimento da aliança reflete, de maneira 11. Gn 21.27, 32; 2 Sm 3.12, 13. 12. G n 15.18 (Ab raâm ico); Êx 24.8 e D t 5.2 (Mosaico); 2 Cr 21.7 e S I 89.3 (Davídico); J r 31.31, 3 3 e Ez 37.2 6 (novo). A fra se não é usada em con exão c om a aliança de Noé. 13. Essas relações de aliança in ici adas pelo ho m em com Deus devia m ser entend idas n um contexto de renovação de aliança . E som ente n a base de um a rel açã o previamente exist ent e que o h om em p od e o usar en tra r em aliança com Deus. C f. com 2 Rs 11.17; 23.3; 2 Cr 2 9.10. 14. 1 Sm 11.1, 2; 20.16; 22.8; 1 Rs 8.9; 2 Cr 7.18; SI 105.9; Ag 2.5. No th, op. cil., p. 111, não considera esta fra se mai s curta com o con tend o um a elipse na qual o term o “alia nça” devesse ser suprido. Em lugar disto, ele propõe que a frase “coriar entre”, como ocorre nessas agens, seja considerada como uma “expressão particularmente antiga e srcinal” servindo de equivalente lingüíst ico c ia fra se “ m atar (um asn o)” , com o se ach a nos textos de Mari. Esta análise da frase corresponde ã hipótese bastante elaboradamente desenvolvida de No th seg un do a qual o term o “aliança” deriva-se etim ologicam ente d a palavra “en tre ”, com o ante s se m encio nou. De acordo com a sua construção, a frase “corta r entre” representaria uma forma bem mais antiga da frase, anterior ao tempo em que “en tre” evol uiu para um uso nom inal, exigindo a ssim a i ntrodu ção d e um segu ndo “en tre”, resultando daí que a frase seria lida em sua forma tornada mais familiar “cortar uma alianç a en tre ”. N oth não se aventura a explicar por qu e a fras e toda “cortar u m a ali ança”
ap arece ria nos textos mais antigos (i.e. Gn 15. 18), ou p or qu e a form a abreviada ocorre ria ain da em textos pós-e xflicos (i.e., Ag 2.5). 15. Para u m a ap rese ntaçã o co m pleta ci a evidência ext rabíbl ica, ver a obra d e D ennis J. McCart hy, T ratad o e A liança (7 reaty and Covenanf, Ro m e, 1963), pp. 52ss.
Adao: A Aliança do Começo
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“desejará” seu marido, não no sentido de dependência excessiva, mas no senti do de determ inaçã o excessiva de dom inar. Seu anelo será de pos suí-lo, controlá- lo, dom iná- lo. Da m esm a form a q ue o personificado desejo de pecado foi dirigido no sentido da possessão de Caim, assim o desejo da m ulher será dirigido no sentido da pos sessão do seu m ari do. A declaração concernente ao “governo” do homem sobre a m ulh er pode não req u ere r o conce ito d e dom ínio op ressivo. Ma s o contexto o sugere fortemente. Deus pronuncia a maldição sobr e a m ulhe r po r caus a da si tuaçã o que surg iu ori ginariamente de sua usurpação da prerrogativa do marido. Isto indica que ela habitualmente manifestará esta tendência em seu “desejo” com relação ao marido. Mas ele, em reação, a “dominará”. do deseq m ela ari tal se estabelece no estilo de vidaAdamaldição mulher. Na medidauilíbrio em que tenta perpetuamente possuir o m arid o, ele responde dom inando-a excessivamente.
PALAVRA DE DEUS AO HOMEM (Gn 3.17-19) A palavra ao hom em contém tam bém bênção e mal dição . N a m edida e m que Deus int roduz seu comp rom eti m ento de al iança para redim ir um povo para si m esmo, ele pronuncia sim ulta nea m en te as maldi ções d a alianç a da criação. A bênção s e acha no fa to de que o hom em comerá pão (Gn 3.17). O susten to essenci al à m an ute nç ão da vid a será pr ovi do. O caráter gracioso dessas palavras simples não deve ser desprezado. Já a maldição da morte pairava sobre o homem pecador. Ele trouxera toda a criação sob a maldição, e por isto merecia morrer. graciosamente sustentar-lhe a vida.Todavia, Provisão Deus adequada de alimento opromete manterá, de sorte que os propósitos de Deus de redimir um povo para si mesm o po de m ser realizado s. Essa provisão graciosa de Deus caracteriza a totalidade da história do homem, desde o primeiro dia do seu anúncio até o presente. A referência de Jesus a Deus que faz com que a sua chuv a cai a sobre jus tos e injustos testi fica a favor da consistência da graça comum de Deus (Mt 5.45).
Mas a mald ição está e nvo lvida. “No su or do rosto com erás o teu pão... ” (Gn 3.19) . O esf orço de auto-sust ento do hom em será desfigurado pelo excessivo trabalho.
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Cristo dos Pactos
A maldição do homem não reside na exigência de que ele trabalhe. O trabalho também coroou o pacto da criação entre Deus e o homem. Pelo contrário, a maldição do homem reside na excessiva exigência de trabalho para que a terra produzisse. A maldição máxima do homem consigna-o à sepultura: “po rq ue és pó e ao pó voltarás” (Gn 3.19). A am eaç a d a aliança da criação encontra cumprimento sombrio na dissolução da pessoa do hom em . Adão foi criado para govern ar a terra. Agora o p ó da te rra o gov ernará. Em conclusão, podem-se notar alguns aspectos desse pacto srcinal entre Deus e o homem em pecado. Estes pontos enf atizam particul armente a relação orgân ica dessa al iança com tod a a histó ria q ue se segue. Primeiro de tudo, pode-se n ota r a ope ração co ntínu a das est i pulações desta aliança no reino da graça com um de Deus. Se esses versículos, como tem sugerido a mente incrédula do homem, foram escritos como uma história para explicar por que as serpentes rastejam, eles devem, na verdade, ter sido compostos po r u m gênio. Porque com todo o refinam ento da vida m oderna, os princípios afirmados nesses breves versículos continuam a caracterizar a e xistência total do ho m em . Ain da hoje , a lu ta bási ca da humanidade envolve a questão de prover aliviar dores, executar trabalho, gerar filhos e tratar com a pão, inevitabilidade da morte. Em seg und o lugar, as pa lavras de Deus a Adão pr en un cia m a história subseqüente da redenção. Em relação orgânica com todas a s minis trações subseq üentes da aliança d a r ed en çã o, esses versículos antecipam tanto o método pelo qual a redenção deve ser cump rida, com o o mistér io d a aplicaçã o d a rede nç ão . NoEsse devido tempo, ulher mortal um hom represen tativo. homem úniconasceu entrou da em m conflito comem Satanás. Conquanto ferido ele mesmo, destruiu, não obstante, o poder de Satanás. Po r mei o dessa luta, c on su mou a red enç ão . Alguns homens respondem em fé à provisão graciosa de salvação de Deus e acham libertação da corrupção do pecado. Ou tros con tinuam na obsti nação de seus coraç ões como inimigos de Deus. Por que alguns recebem o evangelho de Cristo, enquanto
outros rejeitam o oferecimento salvador? A resposta final a esta questão encon tra-se na distinção en tre os ho m en s, feita po r esses versículos. Deus coloca, soberanamente, inimizade contra
Adão: A Aliança do Começo
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Satanás no coração de alguns. Esses indivíduos representam a semente da mulher. Outros continuam em sua condição de decaídos. Esses representam a semente de Satanás. O progresso na história do programa de Deus para redimir um povo para si mesmo pode ser traçado ao longo da linha de inimizade entre essas duas sementes. Finalmente, essa aliança com Adão antecipa a consumação dos propósitos de Deus na redenção. A exigência a Adão no sentido de traba lhar ecoa o m an da do cultural ori ginal da ali ança da criaç ão com o seu enc argo de trazer toda a terra à su a sujeiç ão para a glória de Deus. O alvo último da redenção não será alcançado puramente por um a volta aos princípio s prístinos do jardim . U m a nova image m do paraí so surg e n a Escr itura - a imagem de u m a cidade - um cen tro plen o de at ividad e e animação para os red imid os. Esta consumação gloriosa focaliza a redenção do homem no contexto das suas potencialidades totais. Na inteireza de uma criatura feita à imagem de Deus, o homem será trazido à red en çã o pe la visualização d a ple nitu de das p ossi bil idades ao seu alcance. Até esta altura, não vemos todas as coisas sujeitas ao homem. A criação em sua totalidade não tem liberado aos redimidos seu pleno potencial. Toda via, a esperan ça do fu turo pe rm an ece sela da em cer teza. Porque ago ra vemos Jesus coroa do de glór ia e honra. Sen tado à mão direita de Deus, Ele tem todas as coisas sujeitas a si mesmo (Hb 2.8, 9). Da sua exaltada posição de poder, Ele finalmente Irará todas as coisas ao servi ço dos h om en s qu e têm sido p o r Ele redimidos para a glória de Deus.
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N o é: A Al ianç a da Preservação Na
ALIANÇA
de Deus com Adão, aparec
e a prim eira referênc ia às
duas l inh asà de desenvol o ena tre a humpertence anida de.à U m aente li nhada pertence sem ente deviment Satanás, outra sem m ulh er . Gênesis 4—11 esb oça o desen volv im ento p rimitivo destas duas linhas divergentes.1 A aliança com Noé aparece no contexto do desabrochar dest as duas l inhas, e manifesta a at itude de D eus pa ra com ambas . Destruição total e absoluta se acumulará sobre a semente de Satanás, enquanto livre e imerecida graça será prodigalizada sobre a semente da mulher. Q ua tro pas sagens apresentam , primariam ente, a natureza da aliança estabelecida com Noé: Gênesis 6.17-22; 8.20-22; 9.1-7 e 9.8-17.2 Pod em -se n ota r, à base de stas agens, as segu intes caract erí sti cas da aliança com Noé. (Old Testament TJwoIogy, New York, 1. Gerhard von Rad, Teologia do Velho Testamento 1962), 1: 154 refere-se a Gn 3-11 como “a grande hamartologia doJawista”. Ainda que von Rad tenha visto corretamente a ênfase do desenvolvimento da linha de Satã, deixou de no tar a m anu tenção paralel a da l inha de “ a m ulher”.
2. Os comprometimentos de Deus a Noé, pré-diluviano e pós-diluviano, ajustam-se ao freqü ente m odelo da m ini stra ção da aliança na Escri tur a. Não é necessár io postular dua s alianças com Noé, uma antes e outra depois do dilúvio. Entendimentos preliminares
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1. A alianç a co m No é enfatiza a estreita inter-relação da alianças criativa e redentiva. Muito do pacto de Deus com Noé implica uma renovação das estipulações da criação e até reflete claramente a linguagem da aliança srcinal. A referência às “... aves... gado... e aos répteis que rastejam” de Gênesis 6.20 e 8.17 compara-se com a descrição semelhante em Gênesis 1.24, 25, 30. A ordem de Deus a Noé e à sua família no sentido de “frutificarse, m ulti plicar e en ch er a terra ” (Gn 9 .1, 7) , reflete m and am en to idêntico dado na criação (Gn 1.28). Ainda mais, o mandado cultural de “subjugar” a terra (Gn 1.28) en co ntr a estreit o paralelo na aliança com Noé. O ju lg a mento de Deus contra o pecado trouxe desarmonia no papel do governo do hom em sobre a criação. C om o cons eqüência , o m edo edaocri terror homem cair sobre ave e do peixe açãodo(Gn 9 .2).deviam O governo do ho todo m emanimal, será exerci em um contexto anormal de “terror” e “medo”. Todavia, ele continua a m an te r sua posição criada como “sub jugad or”. A repetição explíci ta desses m and ado s recebidos na criação no contexto da alian ça da rede nçã o exp and e a visão dos hori zont es da redençã o. O ho m em redim ido n ão deve int eriorizar s ua salvação de modo a pensar estreitamente em termos de um livramento de “salvação da alma”. Ao contrário, a redenção envolve seu estilo de vida total como criatura social e cultural. Ao invés de retrair-se estreitamente a uma forma restrita de existência “espiritual”, o homem redimido deve avançar com uma perspectiva total de m und o e vida. Ao m esm o tem po , essas implicações mais ampl as da alianç a de Deus com Noé devem ser vistas em um contexto distintivamente redentivo, em vez de em um contexto mais generalizado.3Deus nã o se relaciona com a cri ação at ravés de N oé em sep arado de seu program a de redenção em andam ento . Mesmo as estipulações co nc erne ntes às ord en an ça s das estaçõe s devem ser entendidas na estrutura dos propósit os de Deus com respei to à redenção. precedem os procedim ento s de in augura ção form al. O com prom etim ento de Deus d e ' “preservar” Noé e sua família antes do dilúvio relaciona-se integralmente com o princípio de “pres eivação” qu e form a o coração do co m pro m etim en to de ali ança de Deus de pois do dilúvio . Cf. D. J. Mc.Carthy, “ Be rith e A liança n a História D euteron om ística, Su plem entos ao Velho Tes tam ento” ( Supplements to Vetus Testament um, 1972), p. 8 1. M cCar thy nota vár ios exem plos na Escritur a nos quais um pacto d e aliança sel a um relacionam ento já exi stent e.
3. Cf. em particu lar com a discus são de L. D equ eke r, “N oé e Israel: A Etern a Alianç a Div ina com a H um anid ade ” ( Noah a nd Israel. TheEverlastmgDivm e Covenant with Ilumanity ), em Questões Disputadas do Velho Testamento. Métodos e Teologia (Qiiestions Dispiitées (ÍAncien Testament, Mêthodeet Théohgie, Gembloux, 1974), p. 119.
Noé: A Aliança da Preservaçao
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Um dos mais primitivos escritos dos profetas de Israel enfatiza, de maneira vigorosa, a unidade dessas dimensões mais amplas da aliança com Noé com os propósitos redentivos de Deus. Oséias expressa-se na linguagem da aliança de Deus com Noé em questõ es relativas aos propósitos da divina redenção em andamento para Israel.4 Deus “fará uma aliança” com o universo criado, in clu ind o os anim ais do c am po, as aves do c éu e o s répteis que rastejam na terra (Os 2.18; cf. com Gn 6.20; 8.17; 9.9, 10). Em antecipação da atividade redentiva futura a Israel, Oséias emprega as categorias distintivas do universo achadas na aliança de Deus com Noé.5 Assim, Oséias antecipa a continuada significação dos comprometimentos da aliança mais ampla de Deus diretamente no con texto dos propósit os de D eus de red im ir um pov o pa ra si. O sustento de todas as criaturas de Deus pela graça da aliança com Noé relaciona-se imediatamente com o fato de Deus restabelecer Is rael nu m a relação frutí fera com Ele mesmo. A al iança com N oé u n e os propósitos de D eus n a cri ação com seus propó sitos na red enç ão. Noé, sua semente, e toda a cr iaç ão se beneficiam desse relacionamento gracioso. 2. U m a se gu nd a caracter ísti ca distintiva da ali ança com No relaciona-se com a aparticularidade Ante s do dilúvio, i m pieda de dodah graça om emredentiva provocoudeaDeus. dec isão de Deus de destruí-lo d a face d a t er ra (Gn 6.5-7) .r>Em co ntras te c om esta determinação solene, Deus expressou uma atitude graciosa 4. Cf. espec ificam en te Os éias 2.18-23 (H b 2.20-2 5). 5. Essencialmente, estas mesmas categorias descrevendo o universo acliani.se na ordenação srcinal do mundo por Deus (cf. Gn 1.20, 24-26, 28, 30). Assim, a aliança de Deus com Noé enfatiza que a presente continuação da ordem da criação descansa na palav ra de aliança falada a Noé. 6. O autor faz observações sobre a tradução de Gênesis 6.6 na Versão Autorizada ("Authorized Version’’, dispensáveis à tradução para o português). A tradução de Gênesis (3.6 na Versão Autorizada (Aulhorized Version do inglês, assim como versões em portu guês) freq üe n te m en te causa indevid a preocupação. Assim se trad uz: “E o S en h o r se arrependeu de ter feito o homem.” O problema desta tradução resulta da corrente limitação no uso do termo arrepender-se. Hoje, o termo é usado somente para descrever a m ud anç a de pensar com res pei to a a lgo err ado. Por certo qu e Deus nad a fe z de m oralmen te errado ao cri ar o hom em de qu e pr ecisasse “arrepender-se”, e o verbo hebraico empregado ( DjJJ ) não envolve tal conotação. Mas Deus não respondeu apropriadamente ao desenvolvimento histórico da depravação humana. “Moveu-se de tristeza” porque fizera o homem sobre a terra à luz das
circunstâncias que surgiram. Esta asserção de maneira alguma implica que Deus havia cometido um erro ao criar o homem, ou que foi apanhado de surpresa ante o ap arecim ento do pecado. A penas deixa evidente que Deus resp ond e signi ficat ivament e às circunstâncias que surgem na história humana.
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para com Noé: “Mas Noé achou graça aos olhos do Senhor” (Gn 6.8). Do m eio de toda a mass a da hum an ida de depr avada, Deus dirigi u sua g raça a íim homem e sua família. Pode ser que a graça de Deus impediu Noé de afundar-se no nível de depravação en co ntra do en tre seu s contempo râneos. M as nada indica que a posição favorecida de Noé surgiu de qualquer outra coisa que não a graça do Senhor para com ele. O termo “graça”, que descreve a atitude de Deus para com Noé, ocasionalmente se refere a alguma outra coisa que não uma resposta de misericórdia a uma situação de pecado (cf. Gn 39.4; 50.4; Nm 32.5; Pv 5.19; 31. 30). P oré m qu an do descrev e a res posta de Deus ao homem decaído, “graça” descreve uma atitude misericordiosa para com um pecador que não merece. Nos dias de Noé, pensamentos do ente. hom em toda ("Q1?formação rOÜIlQ inicial "K r* ??dos !, Gn 6.5) e ra só do m ácoração con tinuam Mas Noé achou graça aos olhos do Senhor.7 E m bo ra G ênes is 6. 9 afi rme que Noé era “ ho m em justo” , considerações estruturais características do livro de Gênesis proíbem a conclu são de que Noé recebeu “graça” p o r causa de uma justiça previamente existente. A frase “estas são as gerações de...” que inicia Gênesis 6.9 ocorre 10 vezes em Gênesis. Cada vez, frasesepara indicadecisivamente o começo deaoutra seçãodeprincipal doachou livro.8 Esta afrase afirmação que “Noé graça” (Gn 6.8) da afirmação de que Noé era um “justo” (Gn 6.9). A graça de Deus p ara co m No é n ão foi con ced ida p o r causa da justiça do ho m em , mas p o r caus a da part icul ari dade do program a de redenção de Deus. O princípio de particularidade tal como é visto no favor de Deus para com Noé representa uma antiga manifestação de um tema que continua através da aliança da redenção. Como aparece sublinhada pelo apóstolo Paulo, toda a experiência de 7. W. Zimmerli, cm “Xapiçfetc.]” no Dicionário Teológico do Novo Tcslamenlo (Theologiail Dicfioraiy of the, New Testament, ed. Gerhard Friedrich, Granel Rapids, 1974), 9:380, diz desse lexio: “Indubitavelmente há implicado aqui o mistério da livre decisão divina pela qual Noé veio a ter essa atratividade diante de Deus.” Ele define ][! como uma “aproximação afetuosa de uma pessoa a outra como expressa num ato de assistência” (p. 337), notando que é “sempre a livre graça de Deus” (p. 378) e muitas vezes é unido com
nni
8. Gênesis 2.4; 6.9; 10.1; 11.10; 11.27; 25.12; 25.19; 36.1; 36.9; 37.2. Para uma discussão
da significação da frase, ver William Henry Green, A Unidade do Livro de Gênesis Unity oj the Book ofGenesis, New York, 1895), pp. 9ss.; Martin II. Woudslra, “O Toledot do Livro de Gênesis e Sua Significação Histórico-Redentiva’’, Periódico Teológico Calvino, 5, 1970:184-191.
(The
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salva çã o de g raça m ed iante a fé vem c om o do m de Deus aos que estão mortos em delitos e pecados (cf. Ef 2.1, 2, 8-10). 3. Um terceiro princípio inerente ao estabelecimento da aliança com Noé relaciona-se com a intenção de Deus de tratar com as toda famílias emMas seusdisse relacionamentos de aliança. Deus destruirá a terra. a Noé: “Contigo, porém, estabelecerei a minha aliança; entrarás na arca tu, e teus filhos, e a tua mulher, e as mulheres de teus filhos.” (Gn 6.18) A r epetição d est e tem a no trat am ento de Deus com a fa míl ia de N oé atra vés da narrativa i nd ica a signif ic ação do co nce ito p ar a a aliança com N oé .9 De ve-se n o ta r um text o em parti cular: “Disse o Senhor (Yahweh) a Noé: entra na arca, tu e toda a tua ca sa; p orq ue reco nh eço que tens s ido jus to diante de mim no meio desta geração.” (Gn 7.1) A jus tiça do cabe ça singular d a famíli a se rve de bas e p ara a entrada de todos os seus descendentes na arca. Porque Noé era justo , to d a fam ília e x p e rim e n to u o livram ento do dilúvio. 4. Em qu arto luga r, a ali ança com No é p od e ser car acter izada p rim aria m en te com o a aliança da preservação. Esta dim ensão da ali ança com N oé tor na-s e evidente na resposta de Deus à oferta de gra tidão de N oé, d epois d e baixadas a s águas do dilúvio: “Levantou Noé um altar ao Senhor e, tomando de animais limpos e de aves limpas, ofereceu holocaustos sobre o altar. E o Senhor aspirou o suave cheiro e disse consigo mesmo: não tornarei a amaldiçoar a terra por causa do homem, porque é m au o desígnio ímpio do hom em desde a sua mocidade; nem tornarei a ferir todo vivente, como fiz. Enquanto a terra, deixará dia de haver sementeira e ceifa, frio durar e calor, verãonão e inverno, e noite.” (Gn 8.20-22) Por este decreto, Deus obriga-se a preservar a terra na sua p re sen te o rd e m universal até o tem p o da consum ação. Em alguns aspectos, a razão dada para a afirmação de Deus non sequitur. de não mais amaldiçoar a terra parece ser um “P orq ue é m au o des ígni o ímp io do hom em desde a m ocidad e” , D eus n ão mais am aldiçoará a ter ra. Pod er-se- ia espe rar qu e D eus
determinaria amaldiçoar terrahom repetidamente por causa da persistente depravaçãoa do em . 9. Cf. Gênesis 7.1, 7, 13, 23; 8.16, 18; 9.9, 12.
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Entretanto, De us entende que o pr oblem a do peca do nun ca ser ia resol vido p o r m eio de julg am en to e mal dição . Para q ue devesse aparecer alívio apropriado da corrupção do pecado, a terra deveria ser preservada, durante algum tempo, de julgam en to tal com o o dilúvio. Deus exe rceu sua prerrogativa de justo julga m en to nos di as de N oé nã o p or qu e Ele ign orasse a incapacidade d o jul gam ento p ara curar o pecado. O Senhor conhecia precisam ente o estado do coração do homem antes do dilúvio, e certamente entendia as limit ações do p od er do julgam en to para m ud ar o cor açã o do homem (cf. Gn 6.5-7). Entretanto, para prover uma apropriada demonstração histórica do destino último de um mundo sob o pecado, Deus consumiu a terra com odo dilúvio. Este evento tornase mais tarde o modelo julgamento final dacataclísmico terra por Deus e a ba se pa ra a ref utação dos argum entos dos es carnecedor es que zom bariam da certeza de um últ imo dia de acerto de conta (cf. 2 Pd 3.4-6). O m od o divi no de tratar com o ho m em depoi s do di lúvio deve ser visto com esta perspectiva global na mente. O homem é total m en te depravado, inclinado à autodest ruição, e digno de julga mento. Mas Deus em graça e misericórdia determina preservar a vida do h om em e prom ove a multipli cação dos seus descendente s. O comprometimento de Deus de preservar o homem depois do dil úvi o torna-se tam bém evide nte nas provi sões de Gêne sis 9.3-6: “Tudo o que se move, e vive, ser-vos-á para mantimento; como vos dei a erva verde, tudo vos dou agora. Carne, porém , com sua vida, isto é, com seu sangue, não comereis. Certamente requererei o vosso sangue, o sangue da vossa vida; de todo animal o requererei, como também da mão do homem, sim, da mão do próximo de cada um requererei a vida do homem. Se alguém derramar o .sangue do homem, pelo hom em se derram ará o seu; porque Deus fez o homem segundo a sua imagem.” (Gn 9.3-6) T oda vida cria da c sagrada. Todavia, o valor mais alto d eve-se vincul ar à vida do hom em . Para m an ter a vida, o ho m em pode comer de todos os animais da criação de Deus (v. 3). Todavia, deve-se mostrar reverência pelo princípio de vida da criatura, sim boliz ado pe lo seu san gu e (v. 4). 10
10. A sub seq üen te elabo ração bí blica deste tópico indica que, po rqu e o sangue foi um símbolo da “vida”, ele pertence a Deus. Este princípio acha representação vivida no requisito de que o sangue (que corre) de animais não deve ser comido, mas deve ser ap re se nta do sob re o a ltar de Deu s (Lv 17. ] 0-14).
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Mais particularmente, o homem ou o animal que cometer ho m icídio suje ita-se a sanções especiai s (w. 5s .). Deus r eq u er que a vida do ho m icida s eja ti rada pela mão do hom em . A preservação da humanidade não é explicitamente estabelecida como a razão dessa exigência. A razão vai mais fundo. E porque a imagem do próprio Deus está estampada no ho m em que o assassino d eve m orre r.11 Tod avi a, a pre ser vação da r aça des em penh a um papel m aior nessa legislação. O versículo que se segue imediatamente reitera o mandamento anterior a Noé e sua família no sentido de “ser frutífero, e multiplicar-se, e encher a terra” (v.7; cf. Gn 9.1). Para que este mandato divino de multiplicação seja efetuado, a hu m an ida de dev e ser preservada das forças as sassinas do ho m em emdos animais, que estão presentes tãoacentu óbvia em um un do depravado. T irar a vida de do maneira assassino a a santidade da r ida hum ana e preserva a raça p ara a sua futu ra m ulti pli cação. Antes , Deus havia reserva do p ara s i som ente o direito de tratar com o homicida. No caso de Caim, Deus profere julgamento contra quem ousasse tocá-lo (Gn 4.15). Mas agora, deliberada mente, Deus coloca a responsabilidade da execução do malfeitor sobre o pró prio ho m em . Se o caráter deg enerado do h om em deve ser refreado da autodestruição total, devem-se adotar freios adequados ao avanço da iniqüidade. Na sabedoria de Deus, a execução do homicida provê um freio superior para conter os excessos d a iniqü idade. Ainda que as palavras ditas a Noé não apresentem uma teologi a elab orad am en te des env olvida do pap el do estad o, certa m en te o conce ito de sem ente acha-se pr es en te.12 C om efe ito, Deus i nst itui o po de r tem poral do est ado como se u instrum ento na insistente necessidade de controlar o mal. Esse poder da espada, agora posto pela primeira vez nas mãos dos homens, 11. Para uma discussão das duas maneiras primárias pelas quais essas frases podem ser interpretadas, ve r John Mm ray , Princí pios de Co nd uta (Prindples ofComlud, G rand Rapi ds, 1957), pp. 11 lss. Meredilh Kline, “Genesis”, Novo Comentário Revisado da Bíblia (Neto Bibk Commentary Reviwcl, Grand Rapids, 1970), O. 90, funde ambos os entendimentos possíveis d a frase: “Isto (i.e., o fato de o hom em te r sido feito à im agem de Deus) podia explicar tanto a enormidade do assassínio quanto a dignidade do homem que justificou atribuir-lhe tão grave respo nsab ilidade judicial .” 12. João Calvino, em Comentários sobre o Primeiro Livro de Moisés Chamado Gênesis
(Commentary on the First Book ofM oses Called Genesis, G ran d Rapi ds, 1948), J: 295, ju lg a qu e o ve rsí culo antecipa o desenvolvimento posterior do p od er do estad o, mas tamb ém que o escopo da declaração inclui mais ainda. Por uma variedade de ordenamentos providen ciais, Deus vel ará para qu e aqu ele que de rram a sangu e não íique impu ne.
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intimida o malfeitor potencial e restringe a atividade consciente da iniq üid ad e.13 Os com entadores tend em geralmente a modif icar a referên cia à p en a capit al na alianç a com Noé. O u el es negam a presença de tal referência, ou se opõem à aplicação do princípio às estru turas sociais co rrente s. Uma série de perguntas relativas ao assunto pode ajudar a esclar ecer o problem a: Primeira pergunta: A ali ança de Deus com N oé sanciona o tirar a vid a do hom icida em qu alqu er cir cun stânc ia? Esta pergunta pode ser feita sem entrar imediatamente nos proble m as particulares envolvidos na determ inação da relevância corrente desta estipulação para o crente da nova aliança. A aliança com Noé oferece em si mesma sanção divina à pena capital? Gênes is 9 .5,6 po de ser interp retad o como afi rmando simple s mente um fato que ocorrerá. Se alguém derrama sangue, seu sangue será derramado. Do outro lado, o versículo pode ser en ten did o com o oferec end o sanção di vina para se t irar a vida do assassino. A primeira consideração no sentido de decidir-se entre estes pontos relaciona-se a significação da frase de quevista podeopcionais ser literalmente traduzidacom assim: “da mão (doprecisa ho m em ou animal) eu a requ er er ei. ” A frase po de significar: “Pela instrumentalidade (do homem) eu exigirei conta.” Neste caso, o homem seria o instrumento pelo qual Deus levará o assassino à prestação de conta. Assim ficaria estabelecido o princípio da p ena capital. Entretanto, esta interpretação desta frase particular esbarra em dificuldade imediata. Porque o versículo diz que “pela mão de animais”, tanto quanto “pela mão do homem”, Deus requereria a vida. Seria muito difícil imaginar um animal selvagem servindo de instrumento do julgamento de Deus no m esmo sentido em que o hom em funcionar ia ne sta função. 13. ”Se Deus, po r causa cia inala peca m inosid ade do hom em , nã o mais trouxe sse um ju lg am ento exlerm inador sobre a criação te rre na, seria neces sá rio que por m andados e autoridades Ele erguesse uma barreira contra a supremacia do mal, e assim lançasse o fundamento para o desenvolvimento civil bem ordenado da humanidade, de acordo com
a s pala vras de b ênç ão qu e são rep etidas n o versíc ulo 7 , mo strando a intenção e o o bjetivo desse novo período histórico.” C. F. Keil e F. Delitzsch, Comentário Bíblico do Velho Testamento: O Pentateuco (Biblical Conunmtcny on the Okl Testament.: The Pcn.tateu.ch,Grand Rapids, 1949-50, 1: 153.)
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A interpretação mais provável desta frase “pela mão de (homem ou animal) eu exigirei conta” é: “Do (homem ou anim al) eu exigirei co nta .” Isto é, Deus exigiria jus tiça qu er do hom em , qu er do ani mal que mat a. Est a interpre tação da f rase “da mão de (hom em ou ani mal) eu r eq ue rere i” é apoiada em ou tro lugar na Es critura . O profeta Ezequiel afirma que Deus “requererá” da mão do atalaia o sangue de quem não foi avisado, usando fraseologia idêntica à encontrada em Gênesis 9.5, 6 (Ez 33.6; 34.10). Gênesis 9.5 em si mesmo não pareceria decidir a questão sobre se Deus tenciona ou não que o homem seja seu instrumento na execução da justiça contra o assassino. Na verdade, Deus requererá a vida do assassino. Mas, irá requerê-la especificamente da mão de outro homem? Gênes is 9. 6 respo nd e a est a pe rgu nta afi rmati vamente. Tanto o paralelismo na estrutura do versículo quanto a indicação do instr um ento p ara execut ar ajustiça apon tam nest a di reçã o. O paralelismo de fraseologia tal como se encontra no texto srcinal da Escritura pode ser representado como segue, em traduç ão para o po rtuguês: a Aquele que derrama b o saneue de c homem, c pel o hom em b seu sangue a será derramado (Gn9.6). A estrutura do versículo sugere em si mesma a lex talionis, a lei de olho p or olho e den te p o r dente. O ho m em que derram a sangue de homem terá seu sangue derramado pelo homem. Mais espe cif ica mente, o hom em é indicado como o agente pel o qual o sangue do assassino será derramado. Quando este pensa mento é combinado com a afirmação, no versículo 5, de que Deus “exigirá conta” do assassino, torna-se claro que a intenção da agem é designar o homem como agente de Deus na execu ção da justiça co ntra o assassino. Esta conclusão é apoiada por subseqüente legislação escriturística. Êxodo 21.28 indica que o animal que tirar a vida de um o
ho m em deve te r sua vida tirada pelo h om em . E m acrésci mo, Isr ael é explicitamente incumbido da responsabilidade de executar a pena capital contra o assassino (Ex 21.12; Nm 35.16-21).
Davi: A Ali ança do R eino N a a l i an ça davídica os propósitos de Deus de redimir um povo para si mesmo atingem seu estágio culm inante de realização, no que diz respeito ao Velho Testamento. Sob Davi, o reino chega. Deus estabel ece form alm ente a m aneira pela qual governar á seu povo. Antes dessa ocasião, Deus certamente se manifestará como o Senhor da aliança. Mas, agora, ele situa abertamente seu trono em luga r es pecífico. Em vez de go vernar d e u m santuário móve l, Deus rein a do M onte Si ão, em Jerusalém . N um senti do superlativo, pode-se dizer que, sob Davi, veio o reino. Não apenas veio o reino, veio o rei. A arca é triunfalm ente trazi da p ara Jerusalém. Deus m esm o associa sua r eale za com o trono de Davi. Rejeitando a tribo de Efraim, Deus se alegra em de signa r a t ribo de Ju d á e a cas a de Da vi com o seus instrum entos escolhidos para ato de soberania (cf. SI 78.60-72). A aliança de Deus com Davi centraliza-se na vinda do reino. A ali ança s erve com o u m pacto form alizador pelo qual o reino de Deu s vem ao p ovo . Ao considerarmos a aliança de Davi, é apropriado começar
com capítulo alguns comentários introdutórios baseados em da 2 Samuel Este específico estabelece o compromisso aliança 7. de Deus com Davi. 207
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Cristo dos Pactos
COMENTÁRIOS INTRODUTÓRIOS BASEADOS EM 2 SAMUEL 7 A Ocasiao Histórica A ocasião do estabelecimento formal da aliança davídica tem gra nd e importância. Deus já hav ia un gid o Davi como rei de Israel. Mas a inauguração formal da aliança do reino teria de esp erar al guns out ros acon tecimentos.1 Prime iro, Da vi tom ou Jerusa lém dosjeb use us, e esta bel eceu o lugar permanente do seu trono (2 Sm 5). Reinou durante cerca de sete anos em Hebrom, cidade estrategicamente local izada do território Ju d á, auma pr ópcidade ria tri bo de Davi. Mas agora no ele mseeiomovimenta paradecapturar que ain da n ão tinh a sido tom ad a po r Israel , em posi ção ma is central com respeit o à nação como um todo. Em seg un do luga r, Davi trouxe a arca de Deus para [emsalém (2 Sm 6). Assim fazendo, manifestou publicamente o desejo de ver seu próprio governo em Israel imediatamente relacionado com o trono de Deus. Desta maneira, o conceito de teocracia enco ntrava express ão plena. Em terceiro lugar, Deus deu a Davi descanso de todos os seus inimigos (2 Sm 7.1). Em outras palavras, ele firmou o trono em Israe l a u m grau jam ais ex pe rim en tado ant es. Em v ez de estar p erm an entem en te am eaçado p o r exércitos saqueadores, Israel sentiu-se seguro como entidade nacional. Na verdade, os inimigos de Israel não tinham sido todos aniquilados, mas Deus lhe tinha “dado descanso” dos seus opressores.2 Agora , o c ontexto está prep ara do pa ra a inauguração f ormal da aliança davídica. A interconexão entre o trono de Davi e o trono de Deus, entre o filho de Davi e o filho de Deus, encontra estrutura apropriada neste contexto histórico. A situação de descanso da opressão dos inimigos antecipa apropriadamente o rein o esca tológico da paz . 1. Co m o foi an teriorm ente no lado, o term o berith não é usad o em 2 Samu el 7. Tod avia, não pode haver dúvida de que uma aliança realmente foi estabelecida nesta conexão particula r na his tó ri a de Israel. A Escritu ra p osteri orm ente laia da “alian ça” feita por Deus
com Davi (cf. 2 Sm 23.5; SI 89.3; 132.11, 12). 2. Cf. D. J. M cCarthy, “ 2 Sa m uel 7 e a E stru tura da H istória D eu tero nô m ica”, Journal o f Biblical Literalure, 84 (1965): 131, que considera esta frase como “um termo praticamente técnico nos escr itos de utero nô m icos p ara a bên ção fina l de Yah weh sobre Isra el”.
Davi: A Aliança do Reino
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A Essência do Conceito de Aliança 2 Samuel 7 dá im po rtância espec ial à e ssê nci a do conc eito da aliança. A agem descreve a maneira singular pela qual Deus continuou a identificar-se com seu povo: “Porque em casa n enEgito h u m aatéhabit ei, de desde dia em qu eandado fiz subir filhosem de Israel do o dia hoje;o mas tenho emo stenda, tabernáculo” (2 Sm 7.6). Durante todos os dias da peregrinação de Israel, Deus pe reg rino u com ele. Sua glór ia se al ojou em u m a tenda, assim como Israel habitava em tendas. A descrição paralela em Crônicas é ainda mais específica: “Po rque em casa n en h u m a habi tei , desde o dia em qu e fiz subir o povo de Israel até o dia de hoje; mas ten ho andado de tenda em tenda, de tabernáculo em tabernáculo” (1 Cr 17.5). Enquanto o povo da aliança vivia vida errante, viajando de um a habitação temporária para outra, o Deus da aliança manifestava a sua prontidão em identificar-se com ele, viajando tam bém com ele. Mai s pa rticularm ente , a ess ênci a da ali ança s e man ifest ou n a relação de Deus com Davi. Embora errado em sua conclusão inicial, o pro feta Natã c ertam ente mos tra-se co rreto com respeit o à sua premissa básica quando declara: “Vai, faze tudo o que está no teu coração; porque o Senhor é contigo” (2 Sm 7.3). O Senhor reforçou correção disse: “Emesmo u fui contigo p oar on de qu erdesta q ue perpectiva an da ste” ( quando 2 Sm 7. 9). No coração da aliança daví dica es tá o princípio Em anuel.
Interconexão Entre D inastia e L ugar de Habitação U m dos mai s irá veis aspect os de 2 Sam uel 7 é, no sentido estrutural, a inver são das f rases com o fo rm a d e expressar ênf ase. Esta maneira específica de expressão estabelece relacionamento muito íntimo entre o conceito de “dinastia” e o de “lugar de habitação”. Primeiro, Deus responde com ênfase à proposta de Davi: “Edificar-me-ás tu [HFlN] casa [ITS] para a minha habitação?” (v. 5). Determinarás tu, um ser mortal, o lugar de habitação para o Todo-Poderoso? Então Deus inverte o modelo do pensamento: “... também o S en hor te f az sa be r qu e ele m esm o3 te edificará cas a [!V3].” ( v. 11). Obviamente, a casa que o Senhor construirá para Davi não
será um paláci o rea l, d esde que Davi já habi tava em um a cas a de 3. O no m e di vin o é rep etido pela .segun da vez, ap aren tem en te para efei to de ênf ase , e assim correspondendo à ênfase com “te” (i. e., Davi), no v. 5.
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Cristo dos Pactos
cedro (v. 2). Davi entende que a referência de Deus à “casa” era relativa à sua posteridade: "... também falaste a respeito da casa do teu servo para tempos distantes.” (v. 19). Davi não construirá a “casa” de Deus, mas Deus construirá a “casa” de Davi. A inversão de frases intercambia “lugar de habitação” com “dinastia”. Em ambos os casos, a perpetuidade é o p on to de ênf ase. D avi desej a estabelecer pa ra Deu s um lugar de habitação permanente em Israel. Deus declara que estabelecerá a dinast ia pe rp ét u a d e Davi. Em suas palavras graciosas a Davi, Deus indica que estas duas “permanências” estarão interligadas. Ele estabelecerá a dinastia de Davi, e a dinastia de Davi est abelecerá seu lugar d e habitação p erm a nen te. Mas a ordem de graça d eve ser mantida. Pri meir o, o Se nho r soberanamente estabelece a dinastia de Davi, e então a dinastia de Davi estabelecerá o lugar de habitação do Senhor (v. 13). O efe ito claro deste íntimo intercâm bio n a ba se da figura de “casa” é ligar o governo de Davi ao governo de Deus. E vice-versa. Deus m anterá seu lugar de habit ação perm anen te como rei em Israel através do reinado da linhagem de Davi.
Filho de D avi / Filho de Deus Est e capítulo tam bém dest aca a íntim a conexão e ntre o filho de Davi e o filho de Deus. Davi e sua descendência estão sendo estabelecidos em sua qualificação real por essa aliança. Deus afir ma q ue os des cend entes de Da vi se assen tar ão pa ra sem pre no tron o de Israel. Ao mesmo tempo, o rei davídico de Israel manterá relação especial com Deus. Deus será seu pai, e ele será Filho de Deus A posição do rei como filho de Deus encontra, posterior m en te, claro desenvolvimen to n a Escr itu ra. D avi mesm o declara, de m an eira poética, o decreto de Deus com respeito à posi ção de honra atribuída ao messias de Israel: “Proclamarei o decreto do Senhor; Ele me disse: Tu és m eu filho; Eu hoje te gerei.” (SI 2.7) A relação estabelecida entre “filho de Davi” e “filho de Deus”
na inauguração da ali ança da vídica en con tra consumaçã o na vinda do Messias. Jesu s C risto aparece com o o c um prim en to fin al de stas duas fi liações.' Com o filho de Davi, ele e ra tam bé m filho de Deus.
índice de Citações Bíblicas 39.6........... ...........238 42.6 ........................48 42.9 .....................251 43.19 ........ ...........241 44.25 ........ ...........254 ...........251 48.6........... 49.8 ........... ...........48 51.7........... ...........261 54.9 ........... ...........10 55.1-5 ...........245 55.3 ......... ___ 11,48 55.4 ........... ...........48 57.15 ........ ...........261 59.21......... ...........37 ...........64 61.1-3
19.7 . . . ..............123 23.5 . . . ..............225 23.6 . .. ..............225 23.9 . .. ..............261 24.7 . .. ...............45 25.12 .. ............. 267 26.4 .. . ..............252 26.5 . . ...............252 29.10 . . ..............267 30 . . . . ..............249 30.3 . .. ........246,250 3 1 ___22,245,249,259 31.3 . . ................19 31.27 . . ..............250 31.31 . . .7,11,12,19 ,39,
!) 34.18 . . . . ___13,11 34.19 . . . . ..........119 34.20 . . . . ............13 50.4 ........ . . .245,248 50.5 ........ . . .246,248 50.6-18 . . ..........246 50.19 . . . . ..........246 50.20 . . . . ..........248 61.8 ........ ..........249
Ezequiel
2 .5 ........... ...........252 2 . 8 ........... ...........252 2.13 ......... ...........252
11.19 ..........251 16.8 ........ ............10 16.59 . . . . ..........255 16.60-63 . ..........245 16.63 . . . . ..........248 31.31-34 248,250,257 ----245,249 17.13 . . . . ............11 31.32 . . .251,252,253, 17.19 . . . . ............10 20.37 . . . . ............10 255 31.33 ..:12,45,247,251, 25.15 . . . . ............88 28.10 . . . . ..........141 252,260 ..........141 31.18 31.33-34 ............172 31.34 . .. .247,253,262 32.19-32 . ..........141 31.35 . ............21,22 33.6 ........ ..........107 31.38 . . ..............250 34 .......... ..........225
2.20 252 ....... 252 2.32 ......... . . . . . . ........... 3.11-18 . . ...........245 3.14 . . . . . ....... 253 3.17 . . . . . . . . .247,261 3.18 . . . . . ....... 246 4 .4 ............. . . .141,261 4.14 . . . . . ....... 261 6.19......... ...........252 7.24 ......... ...........261 7.26 ......... ...........239 7.33 ......... ...........123 9.12 .......... . . .252,261 9.13 ......... ...........252 9.14 ......... ...........261 9.25 . . . . . ....... 141 9.26 . . . . . ...........141 11.8 . . . . . ....... 261 11.10 . . . . . . . .11,255
31.38-40 ............246 32 .... ...............40 32.23 . . ..............252 32.27-44 ............245 32.33 .. ..............262 32.33 .. ..........45,246 32.39 .. ..........39,259 32.40 . ..........39,247 32.41 . . ...............39 32.43 .. ..............246 3 3 ....... ........... 22,23 33.1-26 ..............245 33.8 . . .............. 248 33.15-26 ............225 33.20 . ...........21,25 33.21 . . ...............21 33.25 . ................21 33.26 . ...........21,246 3 4 ......... . .12,122,124
61.8........... 61.1-9 62.2 . . . . . . 65.17 .... 66.22 ....
...........248 ...........245 ...........251 ...........251 ...........251
Jeremia s
'
34.1-31 . . ..........245 34.10 . . . . ..........107 34.13 . . . . ..........246 34.20 . . . . ............40 34.23 . . . . ___40,248 34.24 ........40,45 35.5 ........ ............88 36.24-28 . ..........251 37.12 . . . . ..........246 37.14 . . . . ..........247 37.15 . . . . ..........248 37.15-28 . ..........245 37.21 . . . . ..........246 37.23 . . . . ..........247 37.24 . . . . . . .225,247 37.24-26 . ............40 37.25 . . . . ..........247 37.26 . .12.,19,246,248 37.26-28 . ............47
. . . ........... 12.2 261 ....... 255 14.21 . ..... 16.4 . . . . . ....... 123 17.1 . . . . . ...........261
34.8 . . ...............212 34.8-12 ............. 121 34.17 . . .............122 34.17-20 ............119
44.7 ........ ..........255 Daniel
9.1.......... ............65
274 9.21 .................... 65 9.24.27 . ............. 65 Oséias
1.11 ........ ..........225 2.18.......... . ..11,101
2.18-23 . . .......... 101 3 . 4 .......... .......... 225 6.4 6.7 .......... ___ 23,25 8.12 ........ ..........161 10.14 ....... ..........237 14.1 ...................237
Amós
1.3-5 ....... ..........237
9.11 ...................225 Miquéias 4.1-3 ................. 225 5 .2 ........... .........225
Ageu
2.5 .......... .11,12,251
Zacarias
2.11.......... ...........45
Cristo dos Pactos 22.30 25.41 26.28 26.39 26.42
. ................70 . . ...............89 . . . .48,124,130 . ................78 . ................78
Marcos
2.27 ... ...............63 10.6-8 . ............... 69
Lucas 1 ........ ...............88 2.21 .. . ............. 142 3.7 .... ...............90 4.18 ... ...............64 4.19 . . . ............... 64 4.25 . . . ............. 233 4.26 . . . ............. 233 18.11 . . ............... 78 22.20 .. .7,19,30,41,48, 124,ISO,266 Jo ã o
1.14 . . ................47 1.17 ... ............. 156 6.9 ... . .............236
8.8............ ...........45 7.22 7.23 ... .. . ............. .............136 136 8.16 .................... 45 11.10 ........ . . .11,255 8.44 ... ...............90 18.11 . . ............... 78
Malaquias 1 .2 ........... ...........38 1.3............ ...........38
Mateus 3.15 ...................142 4.1............ ..........77 5.17 .................. 179 5.17-19 .. . ........162 5.22 ......... ......... 179 5.32 .....................71 5.45.......... ...........95 7.24-27 . . ......... 166 14.16 ....... ......... 236 14.20 ....... ......... 236 17.2 ......... .........179
Atos
2.30 .. . ............. 199 2.30-36 .............227 2.32 ... ............. 199 2.34-36 ............. 199
3.25 37 ............. 239 7.51 ... . . ................ 10.44-48 ............142 15.1 . . .............. 143 15.8-9 . ............. 143 15.20 .. ............. 109 15.29 . . ............. 109 16.3 . . .............. 143
Romanos
2.21-23 . . ...........162 2.25-29 .. ...........145 3.20......... ...........162 3.21 ........ ...........162 3.27 ........ ...........162 ...........144 4 . 3 ........... 4.9-12 ... ...........144 4.11 ........ 38,144,146 4.12 .......... .............38 4.16 ........ ...........165 4.17 ........ ...........165 5.18 .......... .............78 5.19 .......... .............78 6 . 4 ........... ...........149 6.14 .......... . . .161,164 7 .6 ........... ...........161 7 .7 ........... ...........162 7.12 ........ ...........162 8 .3 ........... ...........195 8.22 ........ ...........110 9 .6 ........... .............38 9.13 ........ ............38 9.22 ........ ............93 10.12 7. .. ...........111 10.18 11.17 .... 11.19 .... 12-4......... 13.1......... 14.14 .... 15.22 .... 16.20
...........111 38 ............. .............38 ..........179 ...........110 ...........109 ...........165 .42,90,165
1 Coríntios
47 .4 .............70 .1 ............ .........................84 7 .7 ..........................70 7.15 ......................71 7.26 .......... ............70 9.22 ........ ..........143 10.25 .... ..........109 11.9 .......................69 11 ........... ...........267
17.5 179 ......... ......... ..........69 19.4 .......... 19.5.......... ..........69 19.6.......... ..........69
1.3 ... ... .. 1.4 1.26 ... 1.27 ...
............. ............. 211 211 ...............72 ...............72
11.11 ............71 ................... 11.12........ 11.25........ . . .41,266 11.30-32 ........... 167
índice de Citações Bíblicas 2 Coríntios
1.22 ............... . . .146 3 ...................___ 173 3 .3 .................266,268 3 .6 ................. ___ 19 3.6-8 .............___ 268 3.7 ...........173,174,176 3.7-9 .............___ 173 3.10 ...............___ 174 3 .1 1 ............... ___ 174 3.12-15 .... ___ 175 3.13 ........ 174,176,177 3.14 ............. ___ 175 3.18 ...............___ 268 6.16 ............... ___ 46 .......................87 11.3 G aiatas 2.14rl6 ........ ........53 3 ...................___ 265 3 .1 ......................... 53 3 .8 ..........................54 3 .9 ............... .........54 3.13 ............. .........37 3.15 ............. ___ 127 3.15-19 .... .........54 3.17 . . .32,56,156,157, 263 3.19 ............... .56,170 3.20 ............. ___ 263 3.23 ....................... 54 3.23-25 .... ___ 161 3.23-26 .... ___ 171 3.24 ............. ___ 163 3.25 ............. .........54 3.28 .........38 3.29 ............. ............. .........70 4 ................. .........56 4 . 4 ............... ___ 142 4.21 ............. ___ 163
4.25 .........56,163,226 4.26 ............. ___ 226 4.31-5.2 .................53 5 .2 ............... .........55 é io
__ 103
5 .5 .......... ..........213 5 .6 .......... ..........2)3 2 . 2 ............... . . .103 2.8-10 .......... C .C 103 5.8.......... ............78 2.10.............. ___52 5.13 ........ ............35 5.15 ........ ............45 2.21.............. ___ 47 4.25.............. ___ 46 6.4-6 .... ..........196 7.18........ ..........195 4.30 ............. 146 . . .143 7.19........ ..........195 5 .2 ............... 5.25.............. ___ 70 8.6.......... ............41 8.6-13 . . . ............41 5.31.............. ___ 69 6.1-3 ........... 166 8.8 ........ .19,201,266 8.10 ........ ............46 6.12.............. ___ 87 9 ............ ..........125 Filipenses 3 .3 ............... . . .146 9.15 ........ C19J41,126 9.15-20 ... .17,124,125 2 .1 ...............
__ __
Colossenses 2 .8 ...............
-
9.16 .17,127 -129 129 9.17 ........ ........ .17,127 __ 2.9 9.18-20 . . . . .126,12 7 2.10 .............__ 146 9.22 ........ ............14 2.11.............. 146,147 10.15 . . . .41,201,266 2.12 ........146,147,150 10.15-18 . . .19,41,268 2.14 .....................92 11.14-16 . ..........194 2.15 .....................92 11.17-19 . ..........194 2 Tessalonicenses 12.6........ ..........167 3.10-12 ...............74 12.22-24 . ..........226 146
1 Timóteo 2 .5 .............. ___265 2.14 .................... 87 2.15 .................... 88 Hebreus
1.1-14 ........ ___213 1.2.............. ___ 213 1.5.............. ___ 211 2 .8 .......................97 2 .9 .......................97 2.20-25 .... ___101 3 . 5 ...............___179 3 . 6 ...............___179 3 . 7 ...............___196 3.14 .............___196 3.15 .............___196 4 .1 .............. ___ 196 4 .2 .............. ___ 196
12.24 . . . . ............19 Tiago 1.22 ........ ..........166 1 Pedro 2.13 ........ ..........110 2.14 ........ ..........110 2 Pedro 3.3-10 . . ...........111 3.4-6 3.5-7
..........104 ..........165
1Joã o 2.27 ........ .. .266,268 3.12 . . . . ........89,90
Apocalipse 4.3.......... ..........112 7.15 ........ ............47 -
s s ......... Ef 1.7-14
___ 150
1.13 ............. .133,146 1.14 ............. ___ 133
4 .8 ............... 65 . .65,67. 4.9 ..................... 4.10 .................... 67 4.11............ ___196
12.79........ . . . ............47 ............89 21.1 21.3........ ............47 22.2........ ............79