Ano I • Nº 5 • Outubro 1999 • R$ 5,00
www.embalagemmarca.com.br
embalagens para exportação
• o design dentro da empresa
Carta do editor
Onde estão os vendedores?
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ara não falar dos bal conistas do empório e do armazém de secos e molhados, há décadas desa parecidos da paisagem, per gunta-se: onde estão indo parar os vendedores da loja de materiais de construção, das drogarias, das lojas de ferramentas e de tantos outros ramos de estabeleci mentos comerciais? Afir ma-se que hoje a maioria dos produtos é comprada, não vendida. Na verdade, não existe uma coisa sem a outra. Portanto, se não existe compra sem venda, também não há venda sem vendedor. Claro que, no caso, estamos falando de embalagem.
Tornou-se lugar-comum dizer que, com o desapare cimento do atendente nos pontos-de-venda, assumiu proporções gigantescas a função de “vendedor silen cioso” atribuída à embala gem. Fala-se cada vez mais, também, que marca é o mais precioso patrimônio e que ela sim é que vende, ou pré-vende. Mas, da mesma forma que não há venda sem vendedor, como já foi lembrado acima, também não há marca sem embala gem. A embalagem carrega a marca, dá ênfase a ela, divulga-a. Tudo isso está sendo dito aqui a título de introdução à leitura de um conjunto de
reportagens e entrevistas que, acredito, contribuirá para o trabalho dos profis sionais interessados em fazer que as embalagens se transformem cada vez mais em suporte e em reforço das marcas de seus produtos. O mérito dessa contribuição é todo das pessoas entrevista das, que relatam cases, opi nam, fazem previsões, informam com precisão. A tarefa da redação consiste em colher todos os meses o máximo possível de infor mações e transformá-las em leitura útil, se possível agra dável. Esperamos estar con seguindo. Até novembro.
Wilson Palhares
Espaço aberto quista de mercados com produtos de alta qualidade, e principalmente com embalagens criadas aqui para vender e vencer no mundo todo. Eduardo Azevedo Futura Máquinas de Embalagem Ltda São Paulo – SP
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i a reportagem sobre os perfu mes na edição número 4 de Emba lag emMarca e gostei muito. Para béns pelo texto: é a síntese do meu pensamento. Fico feliz pela publi cação e reconhecimento, depois de alguns anos de batalha no design. Estou à disposição sempre. Antonio Eduardo Pinatti Designer São Paulo – SP
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arabéns por EmbalagemMar Tenho apenas uma sugestão: deveriam melhorar o design gráfico da revista, afinal, ela merece. Rosana Gonçalves Oliveira Futuracomunicação Bauru – SP ca.
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dorei a revista. Vocês estão de parabéns. Material muito bem feito. Candido Espinheira Neto Sócio-proprietário Nasdac Ltda Jaboatão dos Guararapes – PE
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icou muito legal a matéria dos cosmecêuticos (EmbalagemMar ca nº 4). Neiva Otero Assessoria de Comunicação Natura São Paulo – SP
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uito oportuna a entrevista do sr. William LeMaire (Embalagem Marca nº 4), que mostra as mudan ças ocorrendo no cliente, que exige este produto nesta embalagem. Elo giamos Emb al ag emMarc a, que por ser uma publicação de nível internacional, nos orienta na con
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alhares: uma conquista para o nosso mercado. É o mínimo que posso dizer de EmbalagemMarca. A revista reúne conteúdo e forma. Siga em frente e consolide-se como “veículo de comunicação” do nosso setor. Fernando Muniz Simas Coleman DIL A member of The Coleman Group Worldwide Santiago – Chile
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alhares, gostaria de parabenizálo pelo excelente conteúdo editorial de EmbalagemMarca. Sinceros votos de sucesso neste seu projeto. Joaquim Vilela Gerente de vendas Willett Ltda Barueri – SP
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ostaria de elogiar a iniciativa desta publicação, tanto pela quali dade bem como pelas dificuldades do mercado editorial brasileiro. Mas esse não é o único motivo da minha correspondência. Lamento que na nota sobre a Linha Pic da Cica, na edição número 4 de Emb a lag emMarc a, o nosso nome tenha sido publicado como “Usina de Design”, quando a forma correta é “Usina Escritório de Desenho”. Nós, como profissionais do dese nho, sabemos o quão importante é a aplicação correta (visual e verbal) de uma marca. Mario Pallares Diretor de desenho Usina Escritório de Desenho São Paulo – SP
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arabéns pela revista Embala Vocês atingiram um padrão editorial e gráfico invejável. Desejo que a publicação continue com esse grau de excelência, pois gemMarca.
vocês estão sempre se superando. Marcos Pereira Diretor de atendimento e operações Cam.Com Comunicação Integrada São Paulo – SP
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arabéns pelo site de Embala Informações muito bem organizadas e distribuídas. Paulo Carreiro Gerente de produtos Unibanco São Paulo – SP gemMarca.
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enho recebendo esta, que já considero uma das melhores (senão a melhor), revista voltada para o setor de embalagens e design. Pre tendo usar todas as edições, criando assim um ótimo acervo de informa ções de grande interesse. Carlos Eduardo M. Figueira Gerente de marketing Bellpar Refrescos Ltda Conchas – SP
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ela primeira vez após meu cadastramento tive a grata satisfa ção de receber a revista Embala gemMarc a impressa. É impressio nante o foco muito bem dirigido ao segmento e a variedade de aborda gens. Rodrigo Cogo Giuliano Cogo Design Gráfico Santa Maria – RS
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ecebi EmbalagemMarca e achei a proposta bárbara. Gostaria de ter a coleção completa. Ronaldo da Silva Rego Diretor Graphic Designers S/C Ltda São Paulo – SP
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arabéns à equipe de Embala está cada vez melhor. Nélson Bavaresco Diretor Gerart Design São Paulo – SP gemMarca. A revista
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ivemos contato com o excelen te trabalho desenvolvido por Emba lag emMarc a no mês de setembro
(nº 4) voltado ao mercado de emba lagens. Por isso solicitamos a assi natura da revista e o envio dos números anteriores para mantermos a coleção. Carlos Augusto Passos Departamento de Análise Setorial Serasa S/A São Paulo – SP
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reportagem sobre pouches em Embal agemMarca número 4 aten deu plenamente à nossa expectativa. Parabenizamos pela qualidade dos demais assuntos abordados. Deseja mos um futuro grandioso para este importante veículo de informação do setor de embalagens. Aderbal de Lacerda Bonfante Emil Empresa Mineira Ltda Além Paraíba - MG
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chei Emb al ag emMarc a de muito bom tom. Uma revista séria, atual e com bastante conteúdo. Nós,
que fazemos design há muito tem po, estávamos precisando de uma publicação com esse enfoque. Para béns aos que fazem essa revista. Margarida Correia Lima Diretora Imagem e Comunicação Ltda Recife – PE
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omo profissional da área de publicidade e marketing acho esse tipo de revista enriquecedor e muito interessante para a execução de vários trabalhos. Deise Lopes Corrêa Consultora de marketing Rio de Janeiro - RJ
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lá, pessoal de EmbalagemMar ca. Tenho orgulho de dar os para béns para vocês pelo belo conteúdo e pelo visual da revista. Muitas pes soas estão gostando e elogiando mui to. Fiz uma assinatura pessoal e uma para o Diretório Acadêmico Anita
Malfatti, da Faculdade de Artes Plás ticas da FAAP, da qual sou vice-pre sidente, e que é para uso de todos os alunos da faculdade. Fabiana Medaglia Soccol Designer Webventure São Paulo – SP Mensagens
para
EmbalagemMarca
Redação: Rua Arcílio Martins, 53 Chácara Santo Antonio CEP 04718-040 São Paulo, SP Fax: (011) 5181-6533 E-mail:
[email protected] As mensagens recebidas por carta, e-mail ou fax poderão ter trechos não essenciais eliminados, em função do espaço disponível, de modo a dar o maior número possível de oportunida des aos leitores. As mensagens pode rão também ser inseridas na home page de EmbalagemMarca
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a reportagem “As for mas do perfume bra sileiro”, publicada na edição nº 4 de Emb a lagemMarca, saiu publicada por engano uma foto em que é atribuí da ao designer Antonio Eduardo Pinatti a criação dos frascos que aparecem na foto abaixo. Na ver dade, os frascos de criação de Pinatti são os que aparecem na foto do centro e na da direita. Na foto que saiu publicada por
engano, a informação correta é a seguinte: o frasco da Acqua Brasi lis (primeiro à esquerda), foi desenvolvido internamente pela Wheaton do Brasil; o que está a seu lado, da Avon, foi criado pela própria empresa; o do perfume Ego (Reino) foi desenvolvido pelo laboratório Helvetica, da Argenti na; o frasco em formato de ânfora foi desenvolvido pela Wheaton para a Chanson, organização de vendas porta-a-porta do Grupo
Sílvio Santos que não chegou a deslanchar; seus moldes foram então comprados por O Boticário; o frasco da deo-colônia Dreams foi criado por Maria Tereza do Amaral Faria Zagonel, do depar tamento de criação de O Boticá rio, com adaptações de Leonardo Cordeiro, do departamento de desenvolvimento de embalagem da empresa; o Axe, da Ellida Gibbs (último à direita), tem design desenvolvido na Europa.
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fotos: andré godoy
As formas do perfume
outubro de 1999 Diretor de Redação Wilson Palhares
[email protected]
Reportagem
[email protected]
Flávio Palhares, Leandro Haberli, Guilherme Kamio, Thays Freitas Colaboradores Adélia Borges, Fernando Barros, Josué Machado, Luiz Antonio Maciel, Maria Clara de Maio Diretor de Arte Carlos Gustavo Curado
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ENTREVISTA: JAIME TROIANO Um especialista dis cute o papel das mar cas e das embalagens CAPA Multipacks, uma arma que facilita a vida do consumidor e ajuda a vender mais
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CAFÉS Um mercado em rápida mudança
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COMO ENCONTRAR Telefones das empresas citadas na revista, por ordem alfabética
TECNOLOGIA Fazer protótipos fica cada vez mais rápido
istração Marcos F. Palhares (Diretor) Eunice Fruet (Financeiro) Departamento Comercial
[email protected]
José Carlos Pinheiro, Sílvia Sala, Wagner Ferreira Circulação e s
[email protected]
Cesar Torres Público-Alvo EmbalagemMarca é dirigida a profissionais que ocupam cargos técnicos, de direção, gerência e supervisão em empresas fornece doras, convertedoras e usuárias de embala gens para alimentos, bebidas, cosméticos, medicamentos, materiais de limpeza e home service, bem como prestadores de serviços relacionados com a cadeia de embalagem. A revista é distribuída gratuitamente a órgãos governamentais, universidades, centros de pesquisa, associações, imprensa e agências de propaganda.
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DESIGN Cresce nas empresas a tendência de criar internamente suas embalagens
Fotolito Novo Fotolito Impressão Camargo Soares Tiragem 6 000 exemplares EmbalagemMarca é uma publicação mensal da Bloco de Comunicação Ltda. Rua Arcílio Martins, 53 – Chácara Santo Antonio - CEP 04718-040 - São Paulo, SP Tel. (11) 5181-6533 • Fax (11) 5182-9463
E MAIS
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www.embalagemmarca.com.br O conteúdo editorial de EmbalagemMarca é resguardado por direitos autorais. Não é per mitida a reprodução de matérias editoriais publicadas nesta revista sem autorização da Bloco de Comunicação Ltda. Opiniões expressas em matérias assinadas não refle
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TERCEIRA IDADE Um público com bom poder de compra esquecido pelos designers
Carta do Editor ........................ 3
EXPORTAÇÃO Como as embalagens podem abrir portas lá fora
BALANÇO ..................................... 35
ESPAÇO ABERTO .......................... 4 CONVENIÊNCIA ........................... 15 LOGÍSTICA ................................... 24 ANÁLISE ....................................... 34 MATERIAIS ................................... 38 DISPLAY ....................................... 40 EVENTOS ..................................... 48 ALMANAQUE................................ 50 ILUSTRAÇão de capa: tom.b
ENTREVISTA
Jaime Troiano, um dos maiores especialistas em administração e em construção de marcas no Brasil, mostra porque esse patrimônio empresarial terá valor cada vez maior e poderá definir a permanência – ou a ausência – de muitos produtos no mercado 8 – embalagemmarca • out 99
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unca se falou tanto sobre marca, valor de marca e administração de marca quanto se vem falando de uns tempos para cá. Nada mais adequado. Num mercado em que a competição é impiedosa e não dei xa margem a vacilações, a questão da marca assume importância pri mordial, pelo simples fato de que passa a ser, cada vez mais, o gran de diferencial entre produtos. A tecnologia de produção hoje está disponível para todos, e é difícil identificar em produtos de uma mesma categoria pontos que os distingam claramente de seus concorrentes. Como dizem certos fabricantes de cerveja – provavel
foto: andré godoy
Marca abre portas para vender
mente querendo ser espirituosos –, o que o consumidor quer mesmo é que o produto esteja gelado. Isso é ignorar o próprio mercado. Entre os apreciadores de cerveja, a pre ferência por uma ou outra marca assume características de paixão, como no futebol. Por quê? Para responder, Emb al ag emMar ca entrevistou Jaime Troiano, tal vez o nome profissional que mais venha à mente das pessoas no Bra sil quando o assunto é marca – ou então é lembrado o nome de sua empresa, o que, literalmente, não é muito diferente. A Jaime Troiano Consultoria de Marca e Compor tamento de Consumidor, instalada há seis anos em São Paulo, desen volveu sistemas e serviços para ajudar as empresas a entender e a melhor administrar a relação dos seus consumidores com as suas marcas. Uma explicação resumida do que são alguns desses produtos está no site da revista, na seção Um Pouco Mais. Nas próximas páginas Troiano faz observações que podem ser extremamente úteis a quem se preocupa com marca, essa entidade com força para defi nir a presença – ou a ausência – de produtos e empresas no mercado. Cada vez mais se ouve dizer que marca é fundamental. Há até uma espécie de idolatria pela idéia de marca. O que é marca, afinal? É uma entidade intangível, virtual, sem existência física. Marca é um ser que vive dentro de nós e que, portanto, tem vida, tem personali dade. Nós somos os hospedeiros das marcas. Elas só existem por que habitam e adquirem vida den tro de nós. Tudo que se faz para dar significado a elas, expressão visual e gráfica, é apenas uma for ma de permitir que, digamos
assim, as recebamos. Marca é aquilo que expressa em última ins tância o contrato que estabelece mos com determinado produto. Vai além da caixa, do pó, do líqui do. É propriedade das empresas de fato e de direito, mas só passa a existir quando as pessoas as incor poram. Apesar de tudo isso a marca tem de manter uma relação íntima com os atributos de qualidade do produto, não? Ou ela só vive por causa de nós? Ela vive dentro de nós a partir de uma percepção que vem de fora, o produto que ela carrega, que enca beça, por seus atributos, por sua qualidade. Não há marca forte que resista a produto medíocre. A maneira como a marca é apresen tada a nós, suas imagens, seu gra fismo, seus elementos de repre sentação visual fazem que adquira novo significado para nós. Não é uma entidade que incorporamos gratuitamente. Isso acontece por que a marca tem algum significa do, tem algum valor e representa um produto que tem utilidade na nossa vida. Senão, não existiria. Há quem diga que marca não é tão importante, pelo menos no Brasil, onde o que conta, princi palmente neste momento de crise, é o preço. O senhor concorda? Não só não concordo como dis cordo radicalmente. As evidências mostram o inverso. Cito duas. Em todos os momentos em que há expansão de poder de consumo, como na fase pós-Plano Real, de 1994 a 1996, e no famoso Plano Cruzado, em 1986, quando as pes soas sentiram que tinham um pou quinho mais de recursos à disposi ção, acabavam os estoques de pro dutos de marcas mais valiosas. Acabava Sony, acabava Omo, aca bava Seda Shampoo, acabavam os produtos que têm valor. Natural
mente, em tempos mais bicudos o consumidor, para se adaptar, é obrigado a fazer certas compras dentro do seu orçamento. Mas o sonho e o desejo de continuar amando e perseguindo as marcas mais valiosas continua existindo dentro dele, até que ele possa exercer esse comportamento, materializar o sonho. Essa é uma evidência. A outra é o que aconte ce no mundo inteiro com as mar cas próprias. Marca própria é uma
“
As marcas
próprias têm
sempre alcance muito limitado.
São uma solução cômoda para as empresas que as colocam no mercado, mas de
”
pouco valor para o consumidor
tentativa de simplificar o processo de distribuição de produtos, por exemplo, com a marca da rede de varejo. Isso traz economia em uma série de aspectos: investe-se menos em comunicação, em mar keting em geral. Tem-se, então, um produto com uma planilha de custos mais vantajosa. Mas no mundo inteiro as marcas próprias têm sempre alcance muito limita do. Como agregam pouco valor, são uma solução muito cômoda para as empresas que as colocam no mercado, mas de pouco valor para o consumidor. Permanente mente ocupam espaço secundário nas lojas, a não ser em casos de empresas que fazem da marca própria algo tão sério quanto as outras fazem das marcas mais
conhecidas. O Carrefour, por exemplo, trabalha isso com muito cuidado: investe em design, em apresentação decente, na compra de produtos de fornecedores de primeira linha. Ele não se abaste ce para a marca Carrefour em for necedor de segunda ou terceira linha. Digo tudo isso pelo seguin te: nos Estados Unidos, os dados mais recentes à disposição dizem que as marcas próprias continuam batendo nos 15%, 16% de market share dentro do conjunto das ven das de alimentos. Ou seja, elas têm um espaço, mas sempre um espaço limitado. As pessoas que rem mesmo é comprar marcas que as valorizem, que falem de si para os outros, que mostrem que não são quaisquer pessoas. Independente disso as marcas próprias crescem. Para enfrentar esse avanço as marcas consagra das, essas já incorporadas no interior das pessoas, não precisa riam fazer esforços maiores? Evidentemente, as marcas regula res lutam muito contra patamar de preço. Não há como evitar isso quando as pessoas têm menos dinheiro no bolso. O que se pode fazer, além de preço, é reforçar o que as marcas regulares signifi cam para as pessoas, pois é devido a esse significado que as pessoas as compram. Marca própria é comprada porque é barata. Marcas regulares são compradas porque são boas, porque dão expressão a desejos, conscientes ou incons cientes, de comprar coisas que tenham valor. Então o que fazer? As empresas têm de continuar investindo onde suas marcas são de fato diferentes das marcas pró prias, ou seja, num conjunto de significados simbólicos e afetivos que elas carregam e de que as marcas próprias são carentes. Uma vez um dirigente de supermercado disse que marca própria era uma grande sacada porque ele batia o out 99 • embalagemmarca – 9
escanteio, cabeceava e marcava o gol, porque as pessoas não com pravam uma determinada marca de detergente em pó, compravam um produto que apenas limpa a roupa. Santa ilusão! O produto mais caro do mercado, o Omo, é ao mesmo tempo líder de merca do. Omo está vendendo muito mais que só um pó que limpa a roupa. Está vendendo a segurança de administrar bem a casa, a roupa da família e das pessoas de quem se gosta. Marca própria não con segue fazer isso. A grande forma de as marcas regulares se defende rem é continuar reforçando o que elas têm de mais importante, que é o seu valor. Não é o seu preço. E o que é necessário para isso? O essencial é as empresas conti nuarem a usar de maneira profis sional seus recursos de comunica ção, a começar por embalagem, por todos os elementos de comu nicação visual que a embalagem tem. Por meio desse sistema de representação visual, devem refor çar o valor que suas marcas têm e o significado que estão transferin do ao consumidor. Se a marca regular puder operar em níveis de preços mais razoáveis, melhor. Parece existir uma tendência, principalmente entre fabricantes de equipamentos, de considerar desnecessário investir na constru ção da marca. O raciocínio é: “Produzo cinqüenta máquinas por ano, tenho vinte clientes poten ciais no país; nenhum deles vai comprar meu produto por causa de um anúncio ou de merchandi sing; sai mais barato e funciona mais eu mandar uma mala direta, um vendedor, ou mesmo um dire tor.” O senhor já notou isso? Vamos falar de business-to-busi ness em geral. Um dos grandes mitos que havia era o de que mar ca é importante na área de bens de
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consumo de massa, junto ao con sumidor final, e que compras téc nicas desincumbiriam a empresa de falar de marca. Ontem estive num cliente, que é um grande fabricante de eletrodomésticos, e reparei que em todas as mesas de trabalho tinha só computadores e monitores IBM. Nada de produto montado, de segunda e terceira linha. Reflete-se aí a consciência da segurança que isso dá para a operação da empresa. Uma empre
“
Empresa de
primeira linha não
pode ter fornecedor de terceira, por
melhor que seja o vendedor. Marcas res peitadas abrem portas para o vendedor. Não é ele
”
que abre portas para a empresa
sa desse nível sabe que não pode se relacionar com um fornecedor qualquer. Indo ao ponto: a empre sa compra os produtos não só por que tecnicamente eles são mais valiosos, são perfeitos, atendem às especificações, mas porque com binam com a cultura daquela empresa. Então, uma empresa de primeira linha não pode ter um fornecedor de terceira, por mais bem intencionado que seja o ven dedor dessa empresa. Na área business-to-business isso também é verdadeiro. Construir marcas respeitadas abre as portas para os vendedores. Não é o vendedor que abre as portas para a empresa. A onda do momento em marketing é o marketing sensorial, que suce
de ao marketing de marca, que é sucessor do marketing de produto. Não é um pouco de modismo? Acho que estamos caminhando pouco a pouco do high-tech para o high-touch. Cada vez mais o que interessa é o que fica dentro de nós, não só o que as empresas fazem. Então é natural que se saia da área de mercado para a área de marcas, para a área de sensações, para um dia cair na área mais psi cológica possível. O marketing de sensações é um desdobramento do marketing de marcas. A definição oficial de marca na nossa empresa é: “Conjunto de percepções e sen timentos que fazem com que ela seja única e indispensável na vida do consumidor”. Marketing de sensações e marketing de marcas são coisas iguais. É aquilo que nós somos capazes de criar dentro das pessoas. É isso que cria valor, que faz Omo ter 60% de share, que Coca-Cola seja universal, que ao calçar um tênis esportivo a pessoa se sinta um grande atleta. No fun do é tudo que a gente vive. Omo lembra ampliação de linhas. É uma boa estratégia? Hoje, a questão é: ou continuo me desenvolvendo ou corro o risco de sucumbir. Como posso me desen volver? Abrindo frentes de traba lho, criando novas marcas, ou posso me desenvolver reutilizan do as marcas que tenho dentro de casa, isto é, fazendo de uma marca um guarda-chuva de uma linha mais extensa. Construir novas marcas é algo às vezes necessário, mas muito caro. A comunicação é cara, encontrar espaço em pontode-venda é muito difícil. A reutili zação da mesma marca para novos produtos traz facilidades. Primei ro, para reutilizar o potencial que já foi desenvolvido; segundo, para ter uma franquia mais favorável na negociação de espaço nos pon tos-de-venda. Por causa disso as
empresas começaram a perceber que há uma enorme avenida de oportunidades na reutilização da mesma marca com novos produ tos, a tal extensão de linha. O pro blema é que muitas empresas estão fazendo isso de forma muito desorganizada e pouco profissio nal. Pode até comprometer a mar ca-mãe. O grande risco é esse. Que cuidados tomar? Ou é melhor logo evitar a ampliação? Quando se lança um novo produ to com a mesma marca é preciso ter dois objetivos essenciais. Um é que esse novo produto tem de ser uma fonte de negócios, autosustentar-se. Em segundo lugar, esse novo produto tem de repre sentar a família. Ele precisa ser suficientemente bom, de qualida de, útil para as pessoas, para reforçar a qualidade da marcamãe. Muita gente pensa em extensão de linha principalmente como fonte imediata de bons negócios: “Já tenho tal marca, saio vendendo, aparentemente a curto prazo ela me gera resulta dos”. Muita gente até usa a exten são de linha para promover sua posição dentro das empresas, porque é uma forma de conseguir resultados de curto prazo com a mesma marca. Eu não sou contra a extensão de linha. Sou contra o uso pouco cuidadoso e pouco profissional disso. A verdadeira extensão de linha tem de ser feita quando se entende qual é o pro
cesso de expansão que a marca está sofrendo na cabeça das pes soas. O grande risco para as empresas na hora de estender linha é elas acharem que podem fazer tudo. Vejamos um caso des te momento: o que será que vai acontecer com a Mercedes-Benz, com o Classe A? Será que vai ser uma forma de alavancar a força da marca ou será que, com o Classe A, a Mercedes vai estar desmistificando a marca? Res
“
Com o Classe A
a Mercedes não vai
desmistificar a marca? A propaganda
diz: ‘Nunca foi tão fácil ser classe A’. O que a alma da Mercedes tem é justa mente o contrário, é o
”
sentimento de ser inível
peito demais a Mercedes, não tenho uma resposta para isso, mas o que sinto é que a comuni cação da Mercedes está tentando criar a sensação de que qualquer pessoa pode ter acesso a um Mercedes. Vi outro dia um anún cio de varejo, de concessionária
da Mercedes, dizendo que “nun ca foi tão fácil ser classe A”. O que a alma da Mercedes tem é justamente o contrário, é esse sentimento de ser inacessível, de ser para poucos, de ser sofistica do, de ser elitista. É isso que tem de ser preservado. Pode citar um exemplo oposto? A Arisco acabou de fazer um tra balho mostrando que, em N áreas de negócio em que atua, o consu midor identifica no máximo umas três, quatro, como sendo da Aris co. Então, quando as outras características de negócio não têm cara de Arisco, têm de ser vendidas. Imagine o caminhão de dinheiro que isso exige, para pro var para as pessoas que a Arisco também é boa em todas as outras áreas. É preciso lembrar três pon tos. Um é que extensão de linha é uma ferramenta fantástica quando, em primeiro lugar, a lição de casa foi feita direito, a marca foi bem cuidada. Sem isso não se consegue estendê-la, ela se fragiliza. Em segundo, é váli do quando se entende que a extensão de linha é uma forma de fortalecer a marca original. Ter ceiro, funciona quando se faz a extensão de linha acompanhando a extensão que a marca já sofre na cabeça da pessoa. Se a marca está indo numa direção na cabeça do consumidor, não adianta que rer inventar um produto que con trarie esse movimento.
CAPA
a força das
multip
g
uerra por espaço vital não é mais aquilo que a Alemanha nazista fez há sessenta anos e que levou o planeta a seu conflito mais devastador. Hoje, felizmente, o embate se dá por “um lugar ao sol” nas prateleiras dos supermercados e, em vez de divisões de tanques, frotas navais e esquadrilhas de bombardeiros, as armas visam faci litar a vida das pessoas, não elimi ná-la. Entre outras conveniências – como tampas abre-fácil, tampas de rosca que dispensam abridor, fitilhos em pacotes de biscoito – destaca-se cada vez mais um ver dadeiro torpedo vendedor: a emba lagem multipack, em diferentes formatos e materiais.
Tempo e espaço Também chamadas de multiemba lagens e embalagens múltiplas, elas são fruto da mudança de hábi tos das populações urbanas. Ao consumidor de hoje, quando não falta dinheiro, faltam tempo para tarefas domésticas, espaço para armazenar produtos em casa e tempo até para fazer compras. Já é clássica a informação de que o tempo médio de observação de uma categoria de produtos pelo consumidor é de 10 segundos. As embalagens múltiplas respondem às necessidade de tempo do con sumidor e de espaço para ele, para o produtor e para o vendedor.
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A multiembalagem, de fato, tem o dom de juntar latas ou garrafas de bebidas, potes de ali mentos lácteos (iogur tes, alimentos fermenta dos e congêneres) e outros produtos em volumes compactos, fáceis de transportar, armazenar e empilhar, tanto nos pontos-devenda quanto na casa do consumidor. Em suma, propiciam praticidade e conforto no caminho entre a gôndola e a despensa. Além de todos esses benefí cios, as multipacks exercem importante função mercadológica: dão mais visibilidade aos produtos nas gôndolas. “Possibilitam o uso da área externa das embalagens como ferramenta de merchandi sing, gerando maior exposição da marca e funcionando como novo espaço de publicidade nos pontosde-venda”, lembra Alexandre Cas tro Neves Neto, gerente de marke ting da Igaras, uma das grandes fabricantes de multipacks de papel cartão. Explica-se, por tudo isso, o uso crescente desse tipo de emba lagem, direcionado sobretudo para o agrupamento de latas de bebidas em geral e de garrafas de vidro long neck para cerveja. Esses dois tipos de embalagens têm grande potencial de cresci
mento, dados os variados benefí cios que propiciam em termos de armazenagem, estabilidade, trans porte, longo tempo de prateleira e baixo preço. “Seu uso deverá expandir-se no futuro, principal mente pela situação incipiente em que se encontram algumas regiões da Ásia e da América do Sul”, acredita Castro Neves. Na opinião dele, “o Brasil, que detém a tecno logia de produção de latas e de garrafas long neck, se beneficiará da demanda crescente e, como exportador de bebidas, acabará por viabilizar a expansão da comercialização das embalagens de papel cartão nos mercados externos”. Os produtores de multipacks de cartão apostam que outros seg mentos da economia optarão por sua utilização, uma vez que os
ilustração: tom b
Embalagem satisfaz o produtor, o vendedor e o consumidor
acks equipamentos industriais do par que brasileiro permitem a produ ção e o uso. “Em futuro próximo, a oferta do número de marcas dos artigos de consumo deve aumen tar, especialmente nas áreas de alimentos e higiene & limpeza, forçando os produtores a buscar soluções criativas para diferenciar seus produtos e alavancar ven das”, prevê Castro Neves.
andré godoy
Na principal concorrente da Igaras, a Mead Embalagens, não se pensa de maneira diferente. “O consumi dor é um importante fator determi nante para as inovações tecnológi cas no parque industrial”, observa Fernando Silveira, diretor da empresa. “O consumidor, princi palmente o de bebidas, não quer mais levar para casa bebidas avul sas; considera mais cômodo levar latas e garrafas agrupadas em uma só embalagem”, ele diz. “É mais fácil para acondicioná-las na gela deira e consumi-las uma a uma quando desejar.” Silveira lembra que, inicialmente utilizadas pelos setores de bebidas e lácteos, as
As embalagens múltiplas de cartão. . .
embalagens múltiplas já estão sen do adotadas pelos segmentos de higiene e limpeza. Ocorre que vem crescendo tam bém, de forma aparentemente mais acelerada que no segmento de papel cartão, o uso das multipacks tipo shrink – isto é, as de agrupa mento por meio de filmes termoen colhíveis, transparentes ou impres sos com as marcas dos produtos. Segundo Johann Kleist, diretor comercial da Kisters no Brasil, for necedora de máquinas de acondi cionamento fabricadas pela matriz alemã, isso se deve em parte ao fato de que as embalagens múlti Shrink, bom visual e custo menor
. . . são ótimas em promoções
plas em filme, mesmo quando impressas, oferecem vantagem de preço. Isso se soma a outro fato de grande importância: a qualidade de impressão de embalagens flexíveis – e a dos próprios filmes – tem melhorado extraordinariamente no Brasil nos últimos anos. O mercado de bebidas tem uma particularidade: o peso dos produ tos. Sobretudo água e refrigeran tes exigem muito esforço do con sumidor para carregar. Isso define algumas tendências, apontadas por diferentes técnicos da Brahma, por intermédio de sua assessoria de imprensa. No caso de latas, nos multipacks de doze unidades pre valecerão o cartão e o shrink. Para as garrafas de PET de 2 litros temse mostrado mais adequado o shrink de seis unidades. Na Brahma, a inclusão de logo out 99 • embalagemmarca – 13
fotos: divulgação
Fator determinante
Hi-Cone, com etiqueta promocional e com “zíper” de abertura
Ice Pack da Coca-Cola e Gela Fácil da Kaiser: geladeira portátil
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Proteção no transporte
simples, com impressão, com anéis coloridos e com etiquetas. Dentro da crescente inclinação dos consumidores por comprar produtos agrupados, a Novelprint criou e Rótulo Multipack. É um auto-adesivo que pela simples colagem agrupa, por exemplo, três ou mais barras de chocolate – ou outros produtos de dimensões não muito grandes. O Rótulo Multi pack não deixa vestígio de cola, garante Fernando Pirutti, superin tendente comercial da Novelprint, que coloca a etiquetadora na linha de produção do cliente.
Geladeira portátil Finalmente, ampliando a oferta de tipos de multipacks, a Kaiser e a Coca-Cola lançaram uma que funciona como geladeira portátil. Batizada de Gela Fácil na Kaiser e de Ice Pack na Coca-Cola, tratase de uma caixa de papelão ondu lado, com uma resina especial aplicada nas paredes internas, para vedar. Elas carregam respec tivamente dezesseis latas de cer veja e dez garrafas PET de 600ml de refrigerante. Basta abrir, colo car gelo e tampar de novo. Michael Weber, gerente de marketing da Panamco, garante que a capacidade de isolação tér mica dessa embalagem é compa rável à das caixas de isopor. Leva a vantagem de ser descartável.
fotos: andré godoy
Um deles é o Hi-Cone, fabricado pela ITW Hi-Cone. Trata-se de uma alça para carregar e de anéis em que são agrupadas latas ou garrafas de PET. Essa embalagem múltipla atende às necessidades de diferentes canais de distribui ção, já que os packs podem variar de duas a doze unidades. Segundo Darcle Nielsen, gerente geral de vendas da empre sa no Brasil, uma das característi cas mais importantes do Hi-Cone, é a proteção, pois a alça impede o contato entre os recipientes, de modo a limitar o nível de avaria durante o transporte. Uma vanta gem adicional é a diferenciação, pois permite criar uma identidade para cada marca e utilizar as alças de forma variada (na parte supe rior, nas laterais ou na parte fron tal das embalagens). Para comple tar, facilita a visualização da embalagem primária e pode ter “zíper” de abertura. O Hi-Cone é oferecido em quatro alternativas:
fotos: divulgação
tipos nos multipacks é considera da como parte do mix de comuni cação da marca. Nesse caso, o cartão é o material que oferece maiores possibilidades de impres são (em geral em off-set), espe cialmente dentro da estratégia de decoração temática de multipacks adotada pela empresa. A Festa do Peão Boiaideiro de Barretos (SP), Dia da Criança, Oktoberfest e o início do verão já fazem parte da tradição da Brahma de lançar embalagens promocionais. Na Antarctica, o uso de multi packs foi intensificado há dois anos, com papel cartão para latas e garrafas long neck e shrink incolor para garrafas de vidro de 600ml e de PET de 2 litros. Este ano a empresa lançou as cervejas Bavaria Pilsen e Antactica Pilsen em cartão e em shrink com as marcas impressas. Tudo isso contribui para con solidar o conceito de multipacks de ampliar a oferta de modelos.
CONVENIÊNCIA
mão
na do consumidor
a
s alças adesivas, inova ção difícil de perceber à primeira vista, interfe rem em um comporta mento do consumidor que é alvo de analistas de marketing estraté gico: carregar o produto até o car rinho de supermercado, ou mes mo até o caixa. É uma ação sim ples, mas que pode determinar se a compra será efetivada ou não. Essa é a razão por que as alças adesivas já estão presentes em boa parte dos multipacks na Europa. Quem afirma é Nicolas Valtério, gerente de marketing da Perrier Vittel, empresa líder em águas engarrafadas no mundo e que no Brasil dá subsídios à comerciali zação de marcas como a Levíssi ma e a Nestlé Pure Life. A Perrier já adota as alças em todas as embalagens coletivas que
Multipack de seis garrafas de água, com alça
contenham seis garrafas, de 1 litro ou 1,25 litro, há um ano e meio. Segundo Valtério, a comercializa ção de líquidos exige alças nos multipacks porque água e refrige rante são produtos muito pesados. “Um six pack com água pesa mais de 9 quilos”, ele destaca. Os logo tipos das marcas subsidiadas pela Perrier Vitel estão impressos em todas as alças, de modo que elas se integram visualmente ao produ to. “É importante que o consumi dor reconheça a marca do produto também nas alças”, diz Valtério.
Potencial de crescimento No Brasil, o sistema de alças ade sivas ainda é embrionário, observa Nicolai Bessa Krogh, da área de marketing em sistemas de empa cotamento da 3M. Mas ele acredi ta em crescimento: “Na Europa, os consumidores avaliam a facilidade de transpor te na hora da compra. Essa tendência deve efetivar-se no Brasil”. Mas, como a implanta ção de um sistema de alças é sempre acom panhada por aumento de custos, a novidade é Tendência já está consolidada no exterior
encarada com ressalvas. No entanto, as alças adesivas não servem apenas para ajudar a carregar as compras. Elas têm fun ção vendedora. A Sadia, por exem plo, as utiliza para envolver as embalagens, em uma promoção da sua linha de margarinas, a Qualy Dicas. Nesse caso, em vez de faci litar o transporte, a alça atua como embalagem coletiva. “Por serem transparentes, elas possibilitaram prender o kit da Qualy Dicas sem prejudicar o visual”, diz Iuri Lud kevitch, engenheiro de produtos da empresa. O pacote promocio nal das margarinas contém dois potes de 500g, um enfeita-bolo e um wrap, onde estão impressas sugestões de culinária. Tudo é abraçado pela alça, cujo adesivo das extremidades cola na base dos produtos. “Assim, a alça também impede o roubo do wrap”, avalia Ludkevitch. Também pensando em evitar violações, a Indústrias Müller de Bebidas, que faz a Caninha 51, adotou o sistema de alça nas emba lagens do Kit Caipirinha Mix. “Não dá para abrir o cartucho sem tirar ou cortar a alça”, explica o analista de marketing Edson Doi Shinji. “Com a diminuição das violações, a maior beneficiada foi a empresa”, conclui Shinji. out 99 • embalagemmarca – 15
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Alças adesivas facilitam a vida do comprador
DESIGN
a prata da
casa
p
terceirizados e de agências de design e de propaganda, quando não de leigos. Acontece que o mercado é outro. Nele já não há espaço para “pesquisas de opi nião” feitas com o pessoal do chão de fábrica, do contas a pagar, da copa da empresa. Com toda a importância que cada um tem na sua área específica, o design da embalagem não deve ser julgado por eles. É assunto para pro fissio Losec Mups: inovação caseira e em quatro cores nais, como demonstram ter-se dado conta as empresas ao montar que as agências são acionadas especialmente em casos com pra seus departamentos de design. Engana-se quem pensa que zos apertados de produção. Quan ocorram atritos significativos entre do o projeto dispõe de mais tem esses departamentos e as agências po, fica a cargo do departamento terceirizadas. Na verdade, parce interno. “Planejamos internamen ria é a palavra-chave nas relações te 90% das embalagens”, informa entre ambos. “Não dá para fazer Insel. Uma dessas embalagens é a do tudo aqui dentro”, reconhece Elton Insel, da área de desenvolvimento Losec Mups, uma inovação no de embalagens da AstraZeneca, mercado farmacêutico. O respon multinacional fabricante de medi sável pelo setor na AstraZeneca camentos. Ele ressalva, porém, afirma que o produto é o único
arece estar ocorren do um despertar coletivo para uma realidade de merca do consolidada há tempos em outros países mas que, no Brasil, era lembrada por raras empresas: a valorização da embalagem como instrumento para alavancar ven das, como diferenciador de produ tos e como principal suporte de marca. Seja qual for a razão, vêm proliferando, em indústrias dos mais variados ramos, os departa mentos próprios de desenvolvi mento técnico e visual de embala gens, caminho aberto pela Nestlé, cerca de vinte anos atrás (veja o quadro). É uma tendência de certa for ma surpreendente, porque até pou co tempo atrás a idealização des ses projetos e o desenvolvimento de embalagens ficava quase total mente a cargo de profissionais
divulgação
Design feito na própria empresa pode render boas embalagens
Nestlé, pioneira em fazer internamente os p
ricardo elkis
Embalagens criadas na Nestlé
O departamento de desenvolvimen to de embalagens da Nestlé nasceu em 1980, com a vinda do suíço Ray mond Zuchiatti ao Brasil, para coor denar a aplicação das marcas e de controlar a qualidade de impressão das embalagens dos produtos da empresa. Ele logo percebeu que a aprovação dos projetos pela matriz dificultaria muito seu trabalho, em razão da distância, das dificuldades de comunicação e, sobretudo, das peculiaridades do mercado brasilei ro – à época apenas parcialmente
assimiladas pelos suíços incumbi dos de dar a última palavra. A necessidade de agilizar as mudanças visuais e o lançamento de produtos induziu à autonomia para a criação de novos layouts. Isso gerou sagacidade na percep ção das mudanças de mercado. Hoje a área responde pela comuni cação, pela impressão e pela estru tura dos recipientes dos produtos da empresa. A exemplo de outras indústrias com setores próprios de planejamento
Elefante: apelo premium
Naturalmente, apesar da ausência de antagonismos entre as duas partes, itens como redução de cus tos e otimização de produção determinam a quem cabe desen volver um projeto. “É infinita mente mais barato fazer em casa”, destaca o funcionário da AstraZe neca. E, embora questões básicas como essas não possam ser deixa das de lado, parece ter papel de destaque nos departamentos inter nos de design das empresas a preocupação técnica com as emba lagens, sobretudo nas áreas de medicamentos e de alimentos. A preocupação é maior quando há interação do recipiente com o conteúdo. “É uma área crítica”, diz Dirk Schneider, gerente regio nal de desenvolvimento de emba lagem (América Latina) da Van den Bergh Alimentos, divisão da Gessy Lever. Por ser sujeito a con taminações, alimentos e suas embalagens requerem cuidados
projetos de embalagem de embalagens, a Nestlé divide seu departamento. Uma área responde pela estrutura da embalagem (aspectos técnicos), outra cuida dos aspectos visuais e comunicativos. A equipe completa, incluindo as duas áreas, conta com quinze profissio nais, entre desenhistas, técnicos, designers e gráficos. Mas o número de pessoas envolvidas no processo em tempo parcial é muito maior, já que outras também atuam no desenvolvimento de embalagens, interna e externamente.
divulgação
Preocupação técnica especiais, ele lembra. “Temos a responsabilidade de garantir segu rança ao produto e ao consumi dor.” No caso da Van den Bergh o departamento interno tem ainda importância em relação às estraté gias de mercado da empresa. “Ele nos traz a vantagem competitiva de não transferir conhecimento tecnológico”, enfatiza Schneider. “Assim, temos ownership sobre nossas embalagens”. Em compen
sação, ele reconhece, o planeja mento de embalagens, em qual quer setor, requer criatividade – e é essencialmente isso que leva departamentos internos a trabalhar em parceria com agências. O setor coordenado por Schnei der corresponde a cerca de 15% do departamento de Desenvolvi mento da Van den Bergh Alimen tos. Ele destaca a mudança de visual do extrato de tomate Ele fante, da Cica, que agora conta com apelo premium. A embala gem de vidro com a cara do perso nagem infantil Jotalhão gravada em alto-relevo tem rótulo autoadesivo e nova tampa abre-fácil. As grandes empresas alimen tícias são as que visivelmente mais apostam na busca de criati vidade fora de seus departamen tos internos. É assim na Lacta, adquirida pela Philip Morris em
A KLSB aposta em mudanças para despertar appetite appeal
Os profissionais de fora são basica mente de agências de design e têm forte participação no desenvolvi mento de embalagens. “Procuramos trabalhar com agências de porte médio, cujo foco principal seja embalagem, mesmo que tenham raí zes em outros negócios, como comunicação visual, arquitetura ou promoção”, conta Vania Thurler, che fe do departamento de artes gráfi cas da empresa, responsável pela comunicação impressa nas embala gens, nos materiais promocionais e nos pontos-de-venda. “Após anos de trabalho essas agências se tor
naram parceiras”, ela considera. “Por terem um histórico das mar cas, passam a estudar o mercado das linhas de produto em que atuam e a fazer parte do negócio.” Mas desenvolver internamente as embalagens traz grandes benefí cios, lembra Vânia. Ela destaca a harmonização das necessidades de marketing de cada área dentro da empresa e a padronização de digramação e de textos legais. Esses fatores, somados, resultam em redução de custos e em quali dade de impressão nos mesmos parâmetros almejados pela Nestlé desde os tempos do suíço Zuchiat ti.
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fotos: andré godoy
medicamento vendido sob prescri ção médica cuja embalagem é impressa em quadricromia. Além disso tem impressão dos dois lados do blister de alumínio (Alu-Alu). Por último, as caixas de papelão ondulado para despacho do medi camento são brancas.
1996, fusão que resultou na for mação do grupo KLSB – Kraft, Lacta, Suchard do Brasil e gerou a criação de um centro de desen volvimento de embalagens. A empresa atribui a agências exter nas o planejamento visual e artís tico das embalagens. A principal atribuição do departamento é dar a elas subsídios para o planeja mento das embalagens, focados no posicionamento das mensa gens nos rótulos e envoltórios. “Transmitimos para a agência os detalhes técnicos, a partir disso ela cria”, conta Sérgio Bianchini, gerente do Centro de Desenvol vimento de Embalagens. O CDE ajuda também na aprovação das cores, mas quem decide é a área de marketing, ao pé da máquina do convertedor.
Linhas de chocolate Entre as inovações mais recentes de produtos da KLSB feitas den tro desses padrões destacam-se a nova linha Laka, a mudança de embalagem do Confeti e o lança mento do Choco Keks, extensão da linha Milka. O chocolate bran co da linha Laka ganhou três novos acompanhamentos (coo kies, cereais e confeti) e passou por mudanças visuais na embala gem. O vaso de flores foi substi tuído por uma onda de leite, vis and o acresc ent ar app et it e appeal. A embalagem do Confeti também foi reformulada, com a inclusão de um ícone, semelhan te ao que indica links em páginas da web, inserido ao seu novo visual. Já o Choco Keks deu tra balho à equipe de desenvolvi mento de embalagem, por ter biscoito misturado nos tabletes de chocolate ao leite. Como o biscoito é um produto de rápida expiração se exposto às condi ções ambientais de umidade, a embalagem precisou ter seu índi ce de vedação redobrado.
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Na Nadir Figueiredo, criação é 100% interna
Há casos em que o departa mento de desenvolvimento de embalagem deve dar conta de todos os projetos da indústria. A Nadir Figueiredo, líder brasileira na produção de objetos de mesa, adota essa filosofia. Segundo Cassia Viani de Castro, coorde nadora de produto, o planeja mento interno de projetos de embalagem já faz parte da cultu ra da empresa. A vidraria começou a investir na área em 1986, época em que percebeu que a opção doméstica de desenvolvimento de embala gens poderia diminuir custos e intensificar a identificação de sua marca junto aos consumido res. Hoje o departamento empre ga quatro técnicos – dois res pons áv eis pela est rut ur a da embalagem e outros dois profis sionais que cuidam do visual. Por trabalhar com produtos de grande segmentação, lembra a coord en ad or a de prod ut o da Nadir Figueiredo, o pessoal do departamento conhece a fundo as pec ul iar id ad es das lin has. Isso, segundo ela, não acontece com profissionais de agências externas. “O esforço para trans mitir as particularidades de cada produto para uma agência seria muito grande”, justifica. A coordenadora de produto da Nadir Figueiredo dest ac a que, além dessas questões, o mercado de vidro é peculiar. “Pesquisas recentes apontaram que 97% dos nossos produtos
são comprados por impulso”, ela conta. “Por isso a embala gem deve transmitir visualmen te, entre outras informações, as situações em que o produto deve ser usado”. Em meio a várias novidades, Cassia Viani de Castro destaca a linha de castiçais Firenze. O pro duto vem acondicionado numa embalagem de cor azul escuro, cuja linguagem visual remete ao clima de um jantar a luz de velas. Outro destaque são os recémlançados copos e saladeiras desti nados ao segmento infanto-juve nil, decorados com personagens da Disney. As linhas Mickey Unli mited e Mickey for Kids inovam no design das embalagens e na quantidade de copos oferecida (três, em vez da meia dúzia con vencional). O formato da caixa de papel cartão é piramidal, com duas janelas transparentes e uma fechada, onde vai o grafismo. Colocada na gôndola do super mercado, com as janelas voltadas para fora, a embalagem permite visualização nos dois sentidos de tráfego, dobrando assim a possi bilidade de atrair a atenção de potenciais compradores.
DESIGN
nada de
pijama
Idosos têm poder de consumo, mas não há embalagens para eles
o
Fernando Barros
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equipadas com timer. Por aqui, Farina des conhece a existência de iniciativas seme lhantes. “Está tudo muito cru”, afirma. “As embalagens são as mesmas para todo o mercado.” Mas, obser va, seria interessante atender cada público de acordo com as suas necessidades. No caso da terceira idade, os cuidados deveriam ir além do simples ajuste gráfico, avi sa o designer. Embalagem para o público mais velho, na sua opinião, precisa equilibrar-se entre a conve niência e a praticidade, oferecendo, entre outras coisas, facilidades para abertura e dosagem.
Anel reprovado Os cartuchos dos medicamen tos fabricados pelo laboratório Aché têm informações impressas em braile. Para idosos, a empresa produz o complexo vitamínico Geriaton, que traz ilustrações sobre o modo de usar. “As letras são mais nítidas, mais vazadas”, explica Cíntia Ribeiro, gerente de produto. “Fizemos isso pensando na terceira idade”, diz. “A rigor, contudo, o que se faz por esse público ainda é muito pouco”, admite Flávio Saya, supervisor de desenvolvimento de embalagem da Byk Química e Farmacêutica. “As embalagens são padronizadas, só uma ou outra
Aché aposta em letras mais nítidas
é diferenciada”, ele diz. Mas o panorama deverá mudar. Além da utilização de fontes tipográficas graúdas e de ilustrações nos cartu chos e bulas, Saya prevê o desapa recimento das tradicionais tampas vic, aquelas que têm como garan tia de inviolabilidade o anel de alumínio reprovado por dez entre dez usuários de remédios. Em no máximo cinco anos, calcula o especialista da Byk, elas serão substituídas pela pilfer proof, a tampa de rosca com lacre de plás tico. Na verdade, elas ja vêm sen do substituídas (ver Embalagem Marca n.o 2, de julho de 1999). Na índústria alimentícia ainda não se começou a pensar em faci lidades para o idoso. Grandes gru pos, como Parmalat e Refinações de Milho Brasil, informam que não há até agora projetos de cria ção de embalagens especiais para o segmento. O mesmo vale para a área de cosméticos, comenta Mau rício Camin, técnico de embala gem da Natura. Mas é inevitável
divulgação
mercado certamente esfrega aquelas mãos invisíveis toda vez que depara com os números do segmento composto pela chamada terceira idade. No Brasil, são 13,5 milhões de pes soas com mais de 60 anos, das quais 35% têm renda mensal entre um e três salários mínimos, enquanto 25% recebem acima dis so. Na Grande São Paulo, o públi co dessa faixa etária é igual ao de 25 a 29 anos e superior ao de ado lescentes de 15 a 17. A maioria trabalha e, naturalmente, conso me. De acordo com projeção do IBGE, o contingente nacional de idosos será de 26 milhões de pes soas dentro de duas décadas. Até lá, pode ser que profissio nais de marketing em geral, hoje devotos da jovialidade, despertem do cochilo em que se encontram mergulhados. Por enquanto, o consumidor mais velho permane ce num quase esquecimento. Pou co se faz por ele em termos de comunicação, ou, mais especifica mente, de embalagem, embora esteja na hora de acordar, segundo Francisco Rojo, professor de mar keting e varejo da Fundação Getú lio Vargas. “Todo processo de adequação de embalagem revela respeito ao consumidor”, diz ele. “Quem der atenção ao pessoal da terceira idade vai sair na frente.” O designer Roberto Farina, da Benchmark, já viu no exterior embalagens especiais para idosos, entre as quais as de medicamentos
Público exigente Nos países industrializados, um em cada cinco cidadãos tem mais de 65 anos. Pensar em atender adequadamente a esse público deixou de ser tema de reflexões e passou a exigir medidas concre tas. Com o aumento da expectativa de vida da população, situação parecida deverá ser enfrentada no Brasil, onde a Dil Consultores em Design está preparada para pôr as mãos à obra. “À medida que enve lhecem, as pessoas se preocupam mais com a saúde e o bem-estar”, diz Antonio Muniz Simas, diretor da agência. Os profissionais de marketing, porém, ainda ignoram as oportunidades apresentadas por esse segmento, ele estranha. A Dil promoveu discussões com grupos de idosos para abordar questões relacionadas a embala gens. Constatou, por exemplo, que para eles é difícil ler as letras miú das dos rótulos de medicamentos, sobretudo nos painéis posteriores. O consumidor maduro, conforme Muniz prefere chamá-los, quer letras maiores, tipos legíveis, texto e fundo em contraste e cores que facilitem a leitura. “Eles acham que usando tipos pequenos o fabrican te não dá a devida importância à informação ou, o que é pior, não quer que o consumidor leia.” Os entrevistados reagiram positi vamente a todas as embalagens com fotografias. “Na mesma pro porção em que apreciam os grafis mos, fotos e ilustrações, esses consumidores se aborrecem quan do os aspectos visuais da embala gem não correspondem ao conteú do”, conta Muniz. Elementos como tabelas nutricionais e ícones aju dam-nos a encontrar ou diferenciar a marca ou o produto que desejam e facilitam o entendimento do uso e da preparação. Os idosos preferem embalagens que possam ser abertas e fecha das facilmente e também aquelas que reflitam o conteúdo com exati
dão. “Excesso no tamanho é consi derado desperdício, a menos que o volume extra seja informado e aju de na escolha”, explica Muniz. Por ser mais leve e não quebrar facilmente, embalagem plástica ganha da de vidro entre os idosos. Ela deve ser transparente, principal mente no acondicionamento de bis coitos, carnes frescas e vegetais. Para artigos que não são de uso freqüente, ganham preferência as embalagens de porções individuais. Com base nas entrevistas, a Dil desenvolveu uma série de estudos de embalagens para produtos como leite, detergente, bebidas e medica mentos (veja abaixo). ilustrações: dil consultores em design
que o setor, assim como os demais, reveja essa posição. “Os idosos serão respeitados pelo mercado”, aposta Camin. Por enquanto, segundo ele, o que se vê de modo geral são embalagens pesadas e de difícil manipulação, sem falar nas perigosas, pertencentes ao sistema ironicamente denominado easy open. “São aquelas que você puxa para cá, puxa para lá e corta o dedo.” Mas não tardará a chegar a fase em que, a exemplo de outros grupos, os idosos serão bem trata dos pelo mercado. Para o técnico da Natura, deverá repetir-se o pro cesso que resultou na defesa do ambiente, hoje aparentemente a caminho da unanimidade entre as indústrias, com a criação do certi ficado ISO 14.000. Afinal, cada vez mais cresce a população com mais de 50 anos, e não se percebe nela a intenção de trocar trabalho e consumo por pijama e um par de chinelos. “Nem me imagino apo sentada, isso não passa pela minha cabeça”, diz Oleibe Anna Marga to, 53 anos, diretora do Laborató rio Aclimação. A empresa produz há oitenta anos o creme Rugol, que atinge um público de exemplar fidelida de. Os consumidores estranharam, há um ano, o desaparecimento da caixa azul e amarela do produto, substituída pelo pote de polietile no injetado. Foi preciso o labora tório fazer uma campanha publi citária para esclarecer ao consu midor tradicional que a fórmula permanece a mesma e, de quebra, aproximar-se do público mais jovem. O pote é arredondado e a tampa é de rosca. “Não há bordas para não machucar, pois nos preo cupamos com quem vai usar e como vai usar”, explica Oleibe. “A idéia era modernizar, mas sem pre levando em conta a facilidade do consumidor ao manusear a embalagem.”
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EXPORTAÇÃO
exportar é (sempre)
preciso
e
Embalagem tem papel vital para o sucesso no mercado externo xportar passou a ser, de novo, a solução. Incapaz de reverter o marasmo econômico interno do país, o governo aponta como alternativa a necessidade de todos os esforços se voltarem para as vendas lá fora. Deixada de lado a questão relativa ao que o próprio governo deve fazer para isso, a pergunta, para os empresários, é: como? Não é fácil, mas também não é tão difícil. Colocando em prática as premissas da economia globalizada, muitas empresas bra sileiras têm conseguido destinar seus produtos a outros países. Dentre os fatores que determi nam se as vendas serão suficientes para sustentar essa empreitada comercial, a adequação da emba lagem às exigências dos novos consumidores tem importância vital. Não há espaço para planeja mento deficiente da embalagem.
Drops de limão Um bom exemplo das diferenças culturais entre países, que podem gerar equívocos em consumidores globalizados, é a cor que represen ta o sabor limão na América do Sul. No Brasil é o verde. Já no Paraguai, na Argentina e no Uru guai é o amarelo. Lançar um drops no Mercosul e não atentar a esse detalhe pode resultar em fracasso. Mas não existe uma seqüência
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padronizada de mudan ças das especificações da embalagem de um produto que será exp ort ad o. Cada tipo de mer cadoria e de país que se pretende tra balhar merece um planejamento individual. “Não é uma receita de bolo”, diz Gilberto Campeão, con sultor do Sebrae especialista em comércio exterior. Há algumas regras gerais. Uma delas, fundamental para evitar gastos desnecessários, é preencher ao máximo a área cúbica do con tainer (veja pág. 22). Isso requer planejamento das embalagens secundárias, que, ademais, preci sam ser resistentes à movimenta ção em grandes distâncias, de modo a evitar furtos e avarias. Exigências legais precisam ser igualmente observadas. O consul tor do Sebrae conta que um cliente
seu, interessado em exportar cachaça para a Europa, teve pro blemas em alguns países, que exi giam bico dosador nas garrafas. Em muitos países, leis que defen dem direitos dos consumidores exigem adaptações no rótulo de produtos estrangeiros. Por isso, diferentemente do Brasil, em tais mercados não é permitida a sim ples aplicação de etiquetas com a descrição do produto no idioma local. Em alguns é norma a exi gência de rótulos informando, no idioma oficial, peso líquido e bru to, origem do produto e identifica ção do fabricante. “Esse é um tipo de barreira comercial não alfande
fotos: divulgação
gária”, diz Campeão. Finalmente, a conversão de unidades de medi da é uma providência crucial. Bom senso e coerência são também ingredientes importantes. A criação de uma identidade pró pria, se possível ligada a valores culturais brasileiros, é outro fator a considerar, ressalta Liliane Rank, assessora especial da Agência de Promoções de Exportação (Apex), de São Paulo. “Vender no exterior um perfume com essências tropi cais e acondicioná-lo numa emba lagem com design francês é toli ce”, afirma Liliane, que coorde nou o Programa Brasileiro de Design (PBD), do Ministério da Indústria e do Comércio. Seguindo essa orientação, a Samburá Indústria de Alimentos Ltda., pequena empresa da cidade
PET para pão de queijo: dois anos de estudos
Satélite de Gama, a 40 quilôme tros de Brasília, levou dois anos para desenvolver um sistema de acondicionamento de produtos congelados para exportação, que representasse a genuinidade brasi leira fora do país. Trata-se de um processo de termoformagem de embalagens de PET. A identidade cultural brasileira está presente também no produto exportado nesse tipo de embalagem: o pão de queijo, um dos símbolos da culinária mineira. A Samburá des tina 100% de sua produção ao Japão, à Nova Zelândia, à Austrá lia e aos Estados Unidos.
Patente nacional O processo de termoformagem, que inovou na utilização de emba lagens de PET para alimentos congelados, foi patenteado nacio nalmente. Mas o caminho até lá foi tortuoso. Walace Ferreira, dire tor comercial da Samburá, explica que, antes de adotar as embala gens atuais, foi cogitada a utiliza ção de PVC e de polietileno. No entanto, inadequações relaciona das a baixas temperaturas e a exi gências internacionais levaram a descartar o uso daqueles mate riais. A embalagem teve papel importante no alavancamento das exportações. “Além de exportar
Uma boa fonte de informações Empresas que necessitem de consultoria técnica para definir qual a melhor embalagem a ser adotada encontram no Cetea – Cen tro de Tecnologia de Embalagem do Instituto de Tecnologia de Alimen tos, o ITAL de Campinas, uma boa fonte de informações. O organismo, ligado ao Governo do Estado de São Paulo, cobra pelos serviços de consultoria. Mas seu coordenador, Luís Madi, garante que os preços são convidativos. “Temos vários engenheiros que
circulam pelo mundo inteiro, participando de eventos e de ciclos de estudos e que, por isso, estão sempre a par das mais recentes conquistas em tecnologia de embalagem”, ele afirma. Madi enfatiza a preocupação que os empreendedores devem ter com o desenvolvimento de embalagem. “Isso é fundamental para garantir competitividade, no Brasil e no exterior.” Para entrar em contato com o Cetea: tel. (19) 241-5222, fax (19) 241-8445.
Ripax: maiô no Oriente Médio não
mos um alimento genuinamente brasileiro, nosso diferencial é, sem dúvida, a embalagem”, considera o diretor da Samburá. Outro caso de adequação de embalagem para produtos expor táveis é o do papel Ripax, da Ripasa. Segundo Fabio Mestriner, da Packing Design, agência res ponsável pela reformulação da embalagem, foi preciso adaptar o visual do produto para poder exportá-lo ao Oriente Médio. Uma das linhas da marca trazia a imagem de uma garota de maiô. Isso levantou ressalvas em alguns países da região, onde prevalece a rígida moral muçulmana. A garo ta teve de ser retirada da embala gem do produto destinado àqueles países, para que as vendas não fossem prejudicadas.
Conversão de unidades internacionais de medida 1 pound (libra) = 454 gramas 1 foot (pé) = 30,48 cm 1 pint = 0,5 litro 1 inch (polegada) = 2,54 cm 1 galão = 3,2 litros 1 fl.oz. ou fluid once (onça líq.) = 29,57ml out 99 • embalagemmarca – 23
LOGÍSTICA
um pouco além da
embalagem
a
Disposição da carga no contêiner ajuda nas exportações lém de embalagens primárias adaptadas às exigências e expec tativas dos mercados externos, empresas interessadas em exportar seus produtos devem pensar um pouco além – isto é, nas embalagens de transporte.
Para ajudar, técnicos do Cetea – Centro de Tecnologia de Embala gem, do ITAL, elaboraram um plano de orientação, em que cha mam a atenção para a importância do desenvolvimento de uma estra tégia de disposição e de manuten ção da carga em contêineres.
A primeira orientação refere-se à unitização. Nos embarques para os EUA e para a Europa, especial mente, o emprego de paletes é recomendado em virtude do alto custo da mão-de-obra necessária para o descarregamento. Outro aspecto importante é o da resistência à carga vertical que
As medidas corretas de contêineres intermodais
a embalagem secundária deve apresentar. Para calcular a resis tência, o Cetea propõe fórmula largamente usada para materiais não sujeitos à influência da tem peratura e à umidade relativa do ambiente: a resistência à compres são da embalagem vazia é igual a 1,5 vez o peso da embalagem cheia, multiplicada pelo número de embalagens empilhadas para a altura do contêiner, menos 1. Quando se trata de caixas de papelão ondulado, deve ser dada atenção especial à umidade relati va do ambiente durante o trans porte e às possíveis variações de temperatura, responsáveis pela condensação de vapor de água. Nesses casos, é preciso adotar algumas precauções, como aco modar a carga de forma a permitir circulação de ar, usar agentes dis secantes, com sílica gel, no inte
rior do contêiner, ou material absorvente entre as paredes do contêiner e a carga. O tipo mais comum de contêi ner é o “carga seca”, responsável pela revolução em transportes na década de 80. Entre os modelos disponíveis, os mais utilizados são os totalmente fechados, os de lado aberto, granel (com topo aberto) e rack plano, que possui paredes apenas nas extremidades (para cargas pesadas e volumosas, como equipamentos e automó veis). Entre os contêineres espe ciais, os mais comuns são o refri gerado e o tipo tanque. Quanto às dimensões, os con têineres são classificados em seis grupos: 1. dimensões-padrão ado tadas pelo U.S. Standards Institu te; 2. dimensões-padrão adotadas na Europa; 3. dimensões-padrão adotadas pelas duas maiores
empresas comerciais de transpor te marítimo; 4. dimensões adota das por companhias de transporte do governo norte-americano (“Conex”); 5. dimensões adotadas por companhias governamentais norte-americanas de transporte e desenvolvimento; 6. dimensões adotadas por outras empresas do governo norte-americano. No quadro da página anterior são relacionadas as dimensões internas e externas e as capacida des dos contêineres intermodais, de acordo com a classificação apresentada. Os da categoria 1 são os mais utilizados, por se assemelharem muito a um cami nhão do tipo truck ou a uma car reta intermodal de carga. Além disso, destaca-se a preferência do mercado americano por contêine res de 40 pés e do europeu pelos de 20 pés.
LOGÍSTICA
para acabar com a
sujeira
Central de Embalagens do Ceagesp, em São Paulo, nada a ver com as caixas K: 1) as caixas plásticas para hortigranjeiros são colocadas na esteira da lavadora; 2) saem limpas; 3) são empilhadas em paletes
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las são milhões. Vão e vêm sem controle, às vezes em estado deplorável e fazendo, embutido em sua tarefa básica, o pior dos trabalhos – o intercâmbio de bactérias e fun gos, a começar pelo cancro cítrico de um laranjal para outro. Em suas funções nocivas, as personagens em questão, as famigeradas caixas K de madeira utilizadas no transporte de produtos hortigranjeiros, não se limitam a carregar doenças. Elas são apontadas também como responsáveis por enorme desperdício (ver Emb al ag emMarc a nº 1, junho de 1999). Reduzir expressivamente o uso dessas cai xas, idealizadas para o transporte de querose ne, não de hortigranjeiros, não é fácil. Há mais de seis meses o entreposto terminal da capital paulista da Companhia de Entrepostos e Arma zéns Gerais de São Paulo (Ceagesp) iniciou
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Uma tentativa de substituir caixas K por caixas de plástico
uma experiência pioneira no país, que tenta diminuir, paulatinamen te, a entrada de pelo menos 4 milhões de caixas K todos os meses. A unidade fez parceria com a Central de Embalagens, empresa da Plastgroup, para ins talar, sem custos, uma central de lavagem de caixas plásticas den tro do entreposto. Agora, centrais da empresa estão sendo instaladas em entrepostos do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Salvador e Recife. Dado o alto custo da caixa plástica em relação à de madeira (cerca de R$ 9,00 contra R$ 1,20), a Central de Embalagens propôs aos atacadistas a possibilidade de aluguel, ao preço de R$ 0,80 men sais por caixa. Para atendê-los, alugou a área de 7 000 metros quadrados do antigo pavilhão Jaguaré do mercado e instalou uma central de esterilização e armazenagem, com capacidade para guardar 300 000 caixas. Essa central tem, por enquanto, três lavadoras, que operam 3 500 cai xas por hora. A operação, automa tizada, ocupa sete funcionários. Os mais de 1 600 atacadistas são estimulados a formar um pool com produtores e varejistas. Como as embalagens são padro nizadas e paletizáveis, o tempo de carga e descarga cai enormemente – de até seis horas para no máxi mo uma. Em custos, o aluguel resulta numa redução de 30%.
Perda de controle Mesmo com todas essas vanta gens, a experiência começa tími da. Hoje, depois de vários meses de existência, no máximo 200 000 caixas plásticas entram por mês no Ceagesp, devido ao temor dos atacadistas de perderem o contro le do sistema. Segundo o vicepresidente do Sindicato dos Per missionários em Centrais de Abas tecimento de Alimentos do Estado
Modelo importado da Europa A Central de Embalagens nasceu na seqüência de um programa de padronização de embalagens da Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo. Na esteira do programa, a Plastgroup, há mais de um ano, começou a desenvolver embalagens especiais, normatiza das, para hortaliças. Hoje a empresa as disponibiliza para abacaxi, alface, banana nanica, berinjela, caqui, cenoura, goiaba, nectarina, pêssego, pimentão, tomate e uva. São caixas menores, com cantos suavizados, para melhorar o transporte e a conser vação dos produtos. Têm proteção solar, além de resistência para poder ir da câmara fria à lavagem em água aquecida a 100 graus Cel sius. Uma das preocupações do projeto foi com o conceito de forma-fun ção. As caixas foram concebidas para serem expostas nos pontosde-venda. De um lado, isso elimina desperdícios e mantém a boa apa rência dos produtos, que sofrem pouca movimentação, ao contrário do que acontece no caso das cai xas de madeira. “O ideal é que a fruta e a hortaliça estejam o mais
de São Paulo (Sincaesp), Tadashi Yamashita, os associados temem que as caixas alugadas sumam. “Após dois anos, quando acaba o contrato, teremos de pagar pelas caixas desaparecidas”, diz. “E elas são muito caras.” Por isso, alguns varejistas, principalmente os grandes super mercados, cobram caução sobre as caixas que alugam ao enviá-las aos atacadistas. Estes, por sua vez, já pensam em fazer o mesmo, cobrando um “seguro” do produ tor pelas embalagens alugadas. “O serviço se tornaria muito mais atraente se a empresa oferecesse um sistema de controle das emba lagens, como é feito no exterior”,
próximo possível de seu estado quando foram colhidas”, analisa Anita Gutierrez, engenheira agrô noma do Ceagesp. O conceito da Central de Embala gens foi importado da Europa, onde caixas desinfetadas são exigência da lei. A empresa foi pio neira no projeto de locação para grandes entrepostos. O diretor comercial da Central de Embala gens, Cláudio R. Pergoretti, não informa o total do investimento, que deve ser alto: só uma lavadora para as caixas plásticas pode custar R$ 1 milhão – sem contar o que foi aplicado em injetoras e moldes para fazer as caixas. “Ainda que em rit mo lento, os negócios estão indo bem”, conta Pergoretti. Consciente de que o retorno é de longo prazo, ele não revela quantas caixas já alu gou, e tem suas razões para isso. Segundo Anita Gutierrez, desde a instalação da Central de Embalagens cresceu a procura de empresas estrangeiras interessa das em prestar serviços semelhan tes ao Ceagesp. “Mas até agora ninguém teve coragem de fazer um investimento desses, aqui se gas tou muito dinheiro”, ela afirma.
considera Anita Gutierrez, enge nheira agrônoma do Ceagesp. Anita, que acompanha a instala ção da central, lembra porém que o monitoramento poderá agravar os custos administrativos. O diretor comercial da Central de Embalagens, Cláudio R. Per goretti, vai mais longe. Ele enten de que o controle é impossível de ser feito. “A responsabilidade é do atacadista”, diz. “Não sei para quem é que ele vende, por isso não posso controlar.” Para com pensar a possibilidade de perdas, a empresa costuma dar caixas em bonificação, em quantidades que giram entre 5% a 15% do volume total alugado. out 99 • embalagemmarca – 27
CAFÉS
futuro no
a
vácuo
pós estudos que finalmente acaba ram com o mito de que o café é preju dicial à saúde, a indústria que atua no setor procura soluções para fazer o mercado crescer, apostando em novas tec nologias e design de embalagem. Como produto altamente incorpo rado na cultura brasileira, é natural a preocupação com a qualidade e o conseqüente poder de atração do cafezinho – e de todas as variáveis que fazem parte do seu universo. O consumo de café está crescendo no país, mas já foi muito maior do que é hoje. Em 1965, cada brasi leiro consumia, em média, 4,7 qui los por ano. Há onze anos chegouse ao patamar mais baixo dos últimos 35 anos, de 2,1 quilos anuais por pessoa. Atualmente, o consumo per capita encontra-se em 3,7 quilos anuais. Mesmo assim, perspectivas se abrem e o ânimo dos empresários do setor é renovado, como atestam as cons tantes inovações em acondiciona mento e a aposta em redesign de embalagens.
Almofada x vácuo Para atingir a meta de aumento do consumo interno, entretanto, o mercado tem enfrentado proble mas. A maior parte da produção de café torrado e moído ainda é acon dicionada nas tradicionais almofa das, embalagens de poliéster e polietileno que já estão ficando ultrapassadas. Elas começam a ser
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Alto vácuo: maior shelf life
substituídas pelas embalagens de alto vácuo, formadas por camadas de poliéster, nylon, polietileno e alumínio, capazes de garantir bar reira total à entrada de oxigênio. “A expectativa é que ocorra o que houve com o leite longa vida, que já superou o leite de saquinho”, diz Márcio Pereira, gerente de produtos da Café Cacique, fabri cante do Café Pelé e uma das maiores empresas do setor. O pro cesso, porém, deverá ser lento, se for considerado o último estudo da ABIC sobre o panorama da indústria do café, de abril de 1998: o alto vácuo era utilizado por apenas 14,91% das 352 empresas que participaram da pesquisa, enquanto a almofada representa va 82,99% do levantamento. Os 2,10% rest ant es eng lob av am outras formas de embalagem. A maior vantagem da embalagem de alto vácuo em relação à tradi cional é o maior shelf life que pro porciona ao produto – um ano, contra três meses da almofada,
que precisa receber uma pequena perfuração para permitir a libera ção de gás carbônico (que conti nua sendo exalado pelo café torra do mesmo depois do acondiciona mento). O preço do alto vácuo é maior, mas a tendência é que dimi nua. Custos menores de logística, maior distribuição e menor quebra de produção são fatores que podem ajudar isso a ocorrer. O maior problema para o cresci mento das embalagens de alto vácuo no país, entretanto, é o pre ço elevado das máquinas que pro duzem as embalagens, cerca de R$ 400 000,00 cada. Hoje, poucas empresas no país conseguem for necer máquinas com capacidades adequadas à indústria. As grandes empresas de café, cerca de quinze no país, contra mais de 1 000 pequenas e médias, são as únicas que acabam tendo acesso ao maquinário adequado para a pro dução de embalagens de alto vácuo. Na Cacique, por exemplo, a máquina usada é da italiana Opem, importada pela Fabrima, que distribui também máquinas de outras marcas para alto vácuo. Para tentar reverter essa situação, a Associação Brasileira da Indús tria do Café (ABIC) está pedindo ao governo a volta da isenção de impostos para a importação de máquinas com capacidade de embalar até trinta pacotes por minuto. “Não há similares nacio nais”, diz Geraldo Azevedo, supe rintendente adjunto da ABIC. “A substituição da almofada pelo alto
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O setor aposta na embalagem para mudar a imagem do produto
vácuo é necessária para gan Flexíveis har competitividade lá fora.” garantem Enquanto o problema não é visibilidade resolvido, o jeitinho brasilei e economia ro se encarrega de driblá-lo. A Café 3 Corações, de Minas Gerais, desenvolveu um sis tema inédito, chamado Tritop, que dobra o prazo de validade do café torrado e moído acondicionado em almofada para seis meses. pequenas marcas regionais – que Isso é conseguido com a inje utilizam embalagens de custo ção de nitrogênio no interior da menor – ainda são maioria. embalagem. A substância expele Embora considerado menos nobre o oxigênio contido no interior e pelos apreciadores de café, o solú permite que o produto dure mais vel é um desbravador de merca sem ter suas características altera dos. O produto tem como vanta das. gem, em relação ao café torrado e A empresa aposta também em moído, não necessitar de almofa embalagens diferenciadas para das ou alto vácuo, podendo usar atrair o consumidor. Seu Café do os mais variados tipos de embala Cerrado é envasado a vácuo numa gens para atrair o consumidor. lata decorada com o mapa da Latas de aço, potes de vidro, região do Cerrado. O Café Medi potes plásticos, latas multifolha da Certa, por sua vez, visa atrair o das e caixas longa vida têm sido consumidor que busca praticida utilizadas para acondicionar o de. É acondicionado em almofa produto em diversas apresenta das de 30 gramas, dose que rende ções: café solúvel normal, capuc meio litro de café. “Não há des cino, capuccino diet, café com perdício, e o produto mantém sua leite e café descafeinado. qualidade, pois o consumo é mais O predomínio do vidro no seg rápido e, assim, a embalagem fica mento se mantém, mas há esfor menos tempo aberta”, diz Rodri ços para encontrar alternativas. go Lapertosa Quintino, gerente de “O custo do vidro é muito gran produtos da empresa. A Café Cacique não fica atrás Vidro é tradicional quando o assunto é apelar para no Nescafé diferenciais na embalagem. O último lançamento da empresa foi o café solúvel em um refil standup pouch de 50 gramas. Esse tipo de embalagem, que garante maior visibilidade ao produto nas prate leiras e facilita a identificação pelo consumidor, vem sendo cada vez mais usado no país (ver Emb a lag emMarc a nº 4). As previsões generalizadas no mercado apon tam para a progressiva substitui ção das almofadas. Esse, entretan to, deverá ser um longo caminho a percorrer, considerando que as
de”, queixa-se o gerente de pro duto da Cacique, Márcio Pereira. “Esse mercado para o vidro sem pre vai existir, mas oferecer o refil do produto em stand-up pouch é uma forma de baratear os custos para o consumidor”, diz. Segundo ele, a tendência é que o café solú vel adote cada vez mais a embala gem flexível. Isso se deve, princi palmente, ao fato de o produto ser muito exportado. Em muitos países, o imposto é pago pelo peso, o que amplia o espaço para embalagens mais leves. “A visualização do standup pouch na prateleira é muito boa, e a tendência observada no exterior é de que a função de pro teger o produto até que chegue à prateleira cabe à embalagem secundária”, ele afirma. “Depois disso, o que é preciso é uma embalagem que torne o produto acessível para o consumidor.”
Relação com a história Quase sinônimo de café solúvel no Brasil, o Nescafé, da Nestlé, segue a mesma tendência: os potes de vidro deverão ser cada vez mais acompanhados de refil em stand-up pouch para a linha de produtos da empresa. Para isso, a Nestlé aposta mais ainda em sua marca. A rápida associação entre café instantâneo e a grife Nescafé não acontece à toa. A marca suíça é reconhecida como a pioneira na fabricação do produto, numa paternidade que guarda estreita relação com a história recente do Brasil. Em 1930, buscando for mas de estocagem dos excedentes de café em decorrência do colap so de preços no mercado interna cional, o governo confiou na Nes tlé, que lhe apresentou o solúvel em 1938. Lançada inicialmente em latas, a linha Nescafé divide-se atualmen te nas opções Tradição, Matinal e Capuccino, todas em embalagens out 99 • embalagemmarca – 29
Soluções para expresso Embora também representando uma pequena parcela do setor, o ramo de café expresso tem apre sentado altos índices de cresci mento e já representa 2% do mer cado. Nos últimos anos, seu consu mo no país aumentou mais de vinte vezes. Aos poucos, novida des vão surgindo nessa área, de certa forma conservadora. A extra ção de uma xícara de café expresso é vista como uma espécie de arte pelos amantes da bebida. O modo como os grãos nobres são moídos, por exemplo, pode influenciar no sab or do produto. Líder no seg mento de café torrado e moí do, a Compa nhia União está disputan do agora o seg ment o dos expressos e acaba de lançar o Café Expres so União. O produto estará disponível nas gôndolas de sup erm erc ad o em embalagens flexíveis de 1 quilo. Elas são dotadas de vál vula aromática, dispositivo que União Expresso, evita a entrada em stand-up de oxigênio em pouch
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seu interior, garantindo a preservação do sabor e do aroma do produto por mais tempo. Os stand-up pouches também começam a proliferar no merca do das embalagens de café torrado e moído para máqui nas de expresso. A Café do Ponto aposta nas qualida des dos “saquinhos em pé”, como mostra a ênfase em divulgação de sua linha Cafeterie. A Café Cacique, por sua vez, está prestes a lançar uma novidade na área de café expresso: a POD, uma espécie de sachê em formato de pastilha que contém uma dose de café já moído. Colocada dire tamente no cachimbo da máqui na, evita desperdício e não provo ca sujeira. Essas mesmas qualidades são observadas no sistema FAP, utili zado pela empresa italiana Lavaz za. O produto da empresa, impor tado pela Lavazza Espresso Point, com sede no Rio de Janeiro e filial em São Paulo, consiste em cápsulas de café já moído, acon dicionadas em embalagens de alumínio fechadas em atmosfera modificada. As cápsulas são inse ridas nas máquinas desenvolvidas pela própria empresa, chamadas de Espresso Point. O café, torrado e moído pela Lavazza, é produzi do no Brasil e na Colômbia. Aliás, a Colômbia tem sido um dos grandes rivais do Brasil em matéria de exportação de café, ao lado dos EUA e da Alemanha. Campeão absoluto de preferência no passado, o café processado nacional perdeu muito espaço nos mercados exteriores Entretanto, o país ainda é líder em exportação do grão verde, segundo a ABIC. O interessante é notar que o Bra sil, pelas dimensões gigantescas, contrasta as grandes indústrias,
A italiana Lavazza: economia com cápsulas FAP
que podem investir em modernas embalagens e processos de acon dicionamento, com os pequenos produtores, que ainda utilizam largamente simplórias embala gens de papel, principalmente em pontos distantes dos grandes cen tros urbanos (mercados regio nais). Ou seja, há espaço para todos os segmentos. Além de soluções para uma “recon quista” do mercado interno – ou crescimento ainda maior –, o setor anseia pela volta expressiva do café brasileiro às prateleiras e aos bal cões do mundo inteiro. Com um enorme mercado a se explorar, ine gavelmente muito da conquista desses objetivos passará obrigato riamente por inovações em embala gem e logística. É questão de aguar dar boas novas, controlando a ansiedade... com um cafezinho.
Liga na Justiça Em 14 de setembro foi aprovada a Lei nº 9832, que proíbe o acondi cionamento de café em embala gens que contenham a liga de chumbo-estanho. A decisão foi homologada no Diário Oficial da União de 15 de setembro. Usada principalmente para acon dicionar variantes de café solúvel como os capuccinos e similares, as latas foram banidas por even tuais danos que poderiam causar à saúde. Menos um material dis ponível, implicando na necessida de de novas criações...
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de vidro (o Tradição vem também em sachês). No entanto, com todo esse histórico e com toda a prati cidade que oferece, o café solúvel ocupa uma fatia muito pequena do mercado brasileiro de café: respondia por 3,69% da comer cialização das 352 empresas de café pesquisadas no último levan tamento da ABIC
TECNOLOGIA
em vez de mock-ups,
protótipos Fazer modelos de embalagens está cada vez mais rápido Leandro Haberli
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orteado por uma lógica simples, cresce no Bra sil o uso de uma revolu cionária tecnologia de elaboração de modelos e protóti pos para os mais variados setores da indústria, incluindo o de emba lagens. Trata-se da prototipagem rápida, sistema que surgiu nos Estados Unidos em 1987 e que, evoluindo desde então a passos largos, se tornou um poderoso ins trumento de apoio a profissionais de marketing e de design.
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Protótipo de embalagem de produto da Natura, à esquerda, e a embalagem pronta
Essa tecnologia possibilita pro duzir moldes e protótipos a partir de um módulo tridimensional gera do no sistema CAD (Computer Aided Design). Os sistemas de pro totipagem rápida geram o modelo do objeto desejado a partir da união gradativa de líquidos, folhas de papel ou pós. Em outras palavras, os moldes são elaborados pela deposição de materiais camada por camada. É o oposto dos métodos de usinagem convencional, que subtraem material da peça bruta
para elaborar o modelo. No Brasil, a prototipagem rápi da chegou em 1995, como alterna tiva ao mock-up, método às vezes manual de desenvolvimento de protótipos maciços, feitos de mate riais como gesso, madeira e resina. Entre os materiais usados em pro totipagem rápida, o plástico ABS (sigla do polímero AcrylonitrileButadiene-Styrene) é o mais difun dido, pois possibilita a realização de testes funcionais dos modelos. O ABS, matéria-prima dos tecla
dos de computadores, resiste a tem peraturas de até 100 graus centígra dos, o que dificulta possíveis defor mações. A fidelidade dimensional é um dos grandes benefícios que o pro cesso oferece. Nele, o modelo desenvolvido fica idêntico ao que será levado ao mercado e ao que foi projetado – com a mesma mag nitude e a mesma capacidade cúbi ca. O custo individual de um mol de feito a partir da prototipagem rápida é maior em relação ao mock-up. Em contrapartida, há ganho com a agilização de desen volvimento do modelo. Para com pletar, com protótipos feitos pelo novo sistema torna-se possível o pré-lançamento de produtos.
Visão antecipada A maior vantagem da prototipa gem rápida, porém, é a possibili dade de antever a existência de erros. Essa foi uma das razões que levaram a Natura, há quatro anos, a substituir o uso de mock-ups pelo novo método no desenvolvi mento dos protótipos de suas embalagens, dentro de uma ten dência que deverá acentuar-se. “A estabilidade e a aparência dos pro dutos passaram a oferecer melho res condições para a avaliação interna”, afirma Maurício Camim, da área de desenvolvimento de embalagens da empresa. Além desses pontos, a passa gem do sistema de mock-up para a prototipagem rápida facilitou o desenvolvimento de modelos ocos, que permitem a verificação da vedação da embalagem. “Tais fatores, reunidos, permitem ganhar tempo na verificação dos proble mas que os protótipos podem apresentar”, lembra Camim. Os da linha Natura Criança foram desen volvidos no novo sistema. “É uma linha altamente complexa, porque o frasco deve estar acoplado a uma base – que é também sabone
teira –, para comportar-se como reversa”, na qual a peça é digitalizada um brinquedo do tipo João Teimo por meio de scaneamento a laser e so”, ele descreve. incorporada a um sistema CAD. A Atualmente, a Natura usa um partir daí dá-se a prototipagem rápida, software em três dimensões, o Uni em estereolitografia (SL) ou em LOM, graphics, para desenvolver os pro sigla de Laminated Object Manufac jetos, de forma terceirizada. “Entre turing. No primeiro método uma resi gamos o desenho da embalagem, na fotossensível é solidificada com o informatizado, para uma empresa uso de raios laser. No segundo, solidi especializada em protótipos desen ficam-se folhas de papel. volvê-lo”, conta Camim. Ele se refere à Flag Tecnologia, do grupo Metagal. Cerca de 15% dos protó tipos feitos pela empresa são de embalagens. Entre os fabricantes que já solicitaram seus serviços Ao lado, estão nomes como Avon, Gessy protótipo Lever e Embraer, cujos protóti desenvolvido pos, na maioria, são peças de pela Flag Tecnologia avião. Outra empresa que uti liza o programa Unigra phics é a vidraria Cisper, aliás a primeira indústria de embala gem a disponibilizálo para o mercado no “A prototipagem rápida substituirá o Brasil, já em 1995. mock-up, da mesma forma que o CAD substituiu as pranchetas de engenha Com o emprego do pro ria”, afirma Luís Fernando Baroni, gerente grama Unigraphics, d nae contas da Sisgraph, empresa nacional que esteira de uma refor mtu dis ri bui as máquinas da marca americana Stratasys, nome de grande peso no segmento de protótipos. lação de sua área de de sen “Mas, por enquanto, há falta de birôs de prototi volvimento de produtos, a pagem”, ele diz, referindo-se a empresas terceiri empresa conseguiu redu zadas que desenvolvem modelos. zir a preparação de proA Sisgraph calcula que aproximadamente 90% dos modelos de teste de embalagens feitos em prototi tótipos de embalagens pagem rápida são usados para a determinação de de vidro de 155 para 88 aspectos visuais. Os 10% restantes têm maior enfo dias. que técnico e estrutural. A empresa já comercializou Mas não é necessá cinco máquinas de prototipagem rápida no país, apenas duas para empresas privadas -- a GM, na uni rio ter um projeto em dade de São Caetano, e a fábrica gaúcha da Azaléa. CAD para desenvolAs outras três foram vendidas para organizações liga ver um protótipo das a entidades governamentais. Uma dessas entidades é a Fundação Parque de Alta rápido. Ele pode ser Tec nologia (Parqtec), de São Carlos (SP), que em maio feito a partir de um último comprou uma máquina modelo FDM 8000. Jonas modelo físico, diz de Carvalho, professor da USP de São Carlos e consultor Oswaldo Ravanitécnico da Parqtec, afirma que o equipamento é um dos dois de maior produtividade e porte no país. “Temos aqui ni, gerente geral em São Carlos a única máquina de prototipagem rápida da divisão de destinada à prestação de serviços do Brasil”, ele diz. equipamentos e Segundo Carvalho, a Parqtec tem como projeto democrati zar o acesso de pequenos e médios empresários a tecno protótipos da logias de ponta. O núcleo de prototipagem rápida da Parq Flag. Nesse caso tec está em fase de pré-operação, com inauguração pre aplica-se a chama vista para o fim de outubro. da “engenharia
Um futuro inevitável
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ANÁLISE
um expositor vê a
technoplus
a
Rogério Ottolia, da Semco, analisa a feira
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Nesse quadro, toda iniciativa que valorize nossa capacidade industrial reveste-se de elevada importância. É diante deste cená rio que foi desenvolvida a Techno Plus, em São Paulo, de 14 a 17 de setembro. Como expositor da fei ra, saliento algumas característi cas que tornaram o evento uma grande alternativa para o setor: Sinergia de Mercado – A indústria de alimentos tem-se aproximado, do ponto de vista dos equipamentos de processo, das tecnologias empregadas na indústria farmacêutica. As ques tões de sanitariedade, rastreabili dade e confiabilidade de processo conduzem a inevitáveis semelhan ças. O mesmo se passa com as indústrias de cosméticos, à medi da que as ciências envolvidas nos processos de fabricação incluem o manuseio de ingredientes ativos de teor farmacológico. Faz todo o sentido aproximar em um único evento fabricantes de equipamen tos e de componentes e fornecedo res de matérias-primas relaciona das com estes setores de alto con teúdo tecnológico. Soluções integradas – O empresário e seus tecnólogos seguramente estão exaustos com a atual maratona de feiras. Era hora de desenvolver uma feira tec nológica em que fosse possível oferecer ao mercado todas as
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opções tecnológicas necessárias ao seu desenvolvimento. Internacionalidade – Para o expositor, colocar-se lado a lado com empresas inter nacionais serve no mínimo para criar referências de competitivida de. Maior valor têm as oportunida des de desenvolvimento de parce rias, t-ventures, licenças de transferência de tecnologia etc. Foco – Foi fundamental a qualidade dos visitantes. Seu perfil, corretamente definido pelos organizadores e certamente também pelos expositores, permitiu acolher visitantes especializados, com poder de decisão e que sabiam o que procuravam. Como exposito res, o tempo que pudemos dispensar aos visitantes nos permitiu desen volver promissoras possibilidades de negócios. Gerentes técnicos, diretores industriais e gerentes de desenvolvimento de produto repre sentaram cerca de 67% dos visitan tes em nosso estande. É um número que fala por si próprio!
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foto: andré godoy
indústria de bens de cap it al no Bras il emprega cerca de 150 000 pessoas, enquanto na Alemanha esse número sobe para mais de 900 000 pessoas, comparável ao da indústria auto mobilística daquele país. Se nos aprofundarmos na questão, ava liando especialmente o conteúdo tecnológico que o setor de bens de capital compreende, facilmente concluímos que seu desenvolvi mento é um forte componente do desenvolvimento econômico dos países chamados desenvolvidos. Além do elevado poder gerador de empregos, é preciso salientar a qualificação das vagas que gera: trata-se de mão-de-obra especiali zada, treinada e com salários ele vados, capaz de induzir a econo mia a um “círculo virtuoso”. O Brasil encontra-se entre os catorze países considerados “porta dores” de tecnologia neste setor, com produção anual de cerca de 20 bilhões de dólares, frente a uma demanda de mercado que supera a casa dos 25 bilhões de dólares. Se considerarmos que as exportações brasileiras situam-se ao redor de 4 bilhões de dólares, delineia-se o importante potencial de crescimen to do setor, especialmente se for levado em conta que esse número é muito baixo e ocorre quase que somente dentro do Mercosul.
BALANÇO
estréia como evento
obrigatório
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Feira de tecnologia é sucesso já na primeira edição oltada para a apresen tação de soluções inte gradas no emprego de máquinas e equipa mentos, a TechnoPlus 99, 1ª Feira Internacional de Tecnologia Indus trial, realizada no International Trade Mart, em São Paulo, entre 14 e 17 de setembro, parece ter-se consolidado como evento obriga tório já na primeira edição. Além da presença de 11 000 visitantes de nível de decisão nas empresas, segundo o Grupo Brasil Rio, orga nizador da feira, foi muito expres siva a participação de expositores internacionais: 29 estandes, num total de 193. O número superou as expectativas do diretor do evento,
Luiz Fernando Pereira: “É difícil um país estrangeiro participar de um evento que acontece pela pri meira vez”, ele considera. “Isso mostra que acreditam no desen volvimento do mercado brasilei ro.” Pereira afirma que já durante o evento foram vendidos pratica mente todos os espaços para a TechnoPlus 2000. A seguir são apresentados alguns equipamen tos de destaque no evento.
Sunnyvale A Sunnyvale, que há mais de vinte anos atua na área de automação industrial, esteve presente na Technoplus 99 divulgando sua nova linha de equipamentos. Entre
as máquinas da marca inglesa Domino, fabricante que a empre sa representa no Brasil, uma das vedetes era a codificadora a laser DDC2, um avanço em relação às de jato de tinta. Mas, como se diz, cada caso é um caso. Assim, os modelos da série A de codificado ras ink jet da Sunnyvale – A100, A200 e A300 – foram apresenta dos como ideais para ambientes esterilizados, úmidos ou com alta concentração de poeira. Ao oferecer seus serviços aos visitantes, a Sunnyvale brandia um forte argumento de venda: “O grande mérito da automação e da codificação é permitir a criação de um padrão de embalagens que
evite desperdícios”, resume Kle ber Dreux Miranda, diretor de vendas da empresa. Como exem plo ele citou a funcionalidade da automação dentro do processo industrial. “Um de nossos clien tes, da área de cosméticos, tinha de comprar embalagens coletivas pré-impressas para seus esmaltes, o que gerava gastos elevados”, ele conta. “Depois da implantação dos sistemas automatizados, as embalagens passaram a ser impressas de acordo com a neces sidade de mercado da empresa”. Aquele cliente tinha problemas com as tendências no setor de cos méticos. “Se a cor de um esmalte saísse de moda, era preciso jogar fora inúmeras embalagens, pois elas já estavam impressas com as especificações de um produto cujas vendas haviam caído”, lembra Miranda. A automação, feita com as máquinas vendidas pela Sunny vale, permitiu que as embalagens coletivas fossem impressas de maneira padronizada. “Isso possi bilitou que uma mesma embala gem fosse empregada em qualquer produto”, destaca o diretor de ven das da Sunnyvale. fotos: divulgação
Fabrima A Fabrima, subsidiária do grupo alemão IWK, apresentou duas novidades durante a TechnoPlus, ambas na linha de equipamentos para embalagens. A primeira é a emblis Blisterflex, da Fabrima
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tadora modelo BlisterFlex, uma opção para a produção de blis ters com duas faces de alu mínio (Alu/Alu) para medicamentos. Trata-se de uma inovação, já que a maioria dos blisters tem uma face de alumínio e uma de PVC. A nova estrutura dá mais pro teção ao produto, pois o material metálico é mais resistente à luz e à umida de do que o PVC. A outra novidade da Fabrima é a encaixotadeira modelo KS350. O equipamento, que tem capacidade para 110 pacotes por minuto, foi projetado para substituir o trabalho manual no final da linha de produção. A empresa aposta na competitivida de do preço da máquina: “Com o lançamento do modelo KS350 a um preço médio de R$ 100 000,00 pretendemos dominar este merca do”, revela Nilson Cruz, coorde nador de vendas da Fabrima.
3M No estande da 3M do Brasil, uma solução criativa para atender a demanda das indústrias por equi pamentos integrados e multifun cionais foi a central de etiqueta gem. O sistema, elaborado em parceria com as empresas Bauch & Campos e Packintec, é uma boa
Robô da ABB: opção de paletização automatizada
opção para fabricantes que bus cam processos completos de fechamento e etiquetagem de cai xas. O preço do equipamento desenvolvido pela 3M do Brasil (R$ 34 000) é competitivo se comparado ao custo de uma máquina similar importada (mais de U$ 100 000). “As indústrias procuram hoje fornecedores de tecnologia que possam oferecer eficiência a preços acessíveis”, lembra Valdir Lima, gerente de marketing da 3M do Brasil.
ABB As recentes tecnologias de paleti zação estavam representadas na TechnoPlus pelo estande da ABB Asea Brown Boveri. A empresa expôs uma célula robotizada, cujo núcleo é importado da matriz sue ca há três anos. As vantagens da utilização do robô IRB 640 resi dem no pequeno espaço ocupado, na flexibilidade oferecida (podem ser manuseados até três produtos diferentes simultaneamente) e na redução no tempo de set-up. Além disso, o MTBF (Mean Time Bet ween Failure, ou tempo médio entre falhas) do robô é de 50 000 horas, o que torna a relação custobenefício muito interessante. “O sistema tem alta confiabilidade, baixo nível de ruído e aumenta o valor percebido da empresa que o
utiliza”, afirma Eduardo Yamada Okubo, gerente de negócios, robó tica e pintura de automação da ABB. “Além desses pontos, a manutenção desse sistema de pale tização é muito menor em relação à dos outros”, conclui Okubo. Para instalar uma célula padrão é neces sário um espaço de 4,5m por 6,5m, mas células menores podem ser feitas com projetos especiais. Exis tem três sistemas de garras no Flex Paletizer. A garra a vácuo, que uti liza ventosas; a mecânica, formada por duas chapas paralelas; e a garra rastelo, destinada a produtos mais pesados. Uma das empresas que já possui uma célula robotizada de paletização e despaletização da ABB é a Kolynos-Colgate. A tec nologia, adquirida em fevereiro deste ano, foi empregada na linha de produção do detergente Ajax. O sistema permite a unitização de
vinte caixas por minuto. Cada uma contém doze frascos do produto. “A máquina substituiu três funcio nários”, afirma Sílvio Portela, engenheiro de projetos da empre sa. Nas outras linhas de produção, a paletização é feita manualmente ou terceirizada para prestadores desse tipo de serviço.
Semco A Semco, em ressonância com o conteúdo da feira, lançou novida des em processos de mistura. O Versa Mix, com capacidade de 80 litros é indicado para processamento de sólidos em geral. Este misturador, que propicia elevada transferência de energia ao produ to, aplica-se a vários ingredientes em pó, desde que suas caracterís ticas físico-químicas não se alte rem quando expressivamente agi tadas, como por exemplo na pro dução de achocolatados em pó ou de pré-mesclas de farinhas. O segundo, mais suave no grau de agitação, aplica-se a misturas cujos ingredientes sofrem com a agitação intensa, como no caso de gelatinas, por conterem elevadas concentrações de açúcar.
Nytek
MIsturador da Semco: boa dispersão
A Nytek participou do evento através de parcerias. Numa, aco plou a impressora Linx modelo 4800 à rotuladora Rattec 100 da Bauch & Campos. A 4800, que trabalha com jato de tinta, é capaz de imprimir sem contato, daí sua grande gama de aplicações – de alimentos até pétalas de flores. Outra parceria é com a Brapenta, empresa de equipamentos de pesa
Codificadora da Nytek: versatilidade
gem e movimento. Neste caso, a Nytek acoplou a impressora 4800 ao Controlador Dinâmico de Peso, balança automática da Brapenta com autonomia de 300 produtos por minuto. O sistema, que rejeita produtos fora dos padrões de peso, permite imprimir diretamente na linha de produção.
Markem Ainda na área de codificação, a Markem apresentou um equipa mento que imprime em cápsulas e tabletes. É a marcadora 156 A Mk III, que trabalha com impressão em off-set rotativo. Desenvolvida com duplo alimentador, a máqui na é capaz de gravar nos dois lados dos produtos, a uma veloci dade de até 240 cápsulas ou table tes por minuto. Comprimidos com impressão da Markem
MATERIAIS
papEL QUE
faltava
u
m antigo problema do mercado de embalagens flexíveis no Brasil – a inexistência de um papel nacional de qualidade, com baixa gramatura – acaba de ser resolvido, com o lançamento, pela MD Papéis, do Cromopack, segun do a empresa “o primeiro couché L1 (one side coated) de baixa gra matura produzido no país, para impressões em rotogravura ou fle xografia”. Trata-se de um papel revestido com formulação couché em uma das faces, destinado, entre outras aplicações, à produção de rótulos em geral e embalagens fle xíveis de produtos em pó. O Cromopack é apresentado nas gramaturas de 50, 55 e 60 gra mas por metro quadrado. Tradi cionalmente, a oferta de gramatu ras interrompia-se no limite de 47g/m2 na faixa inferior, para rei niciar-se em 70 g/m2 na faixa seguinte. Devido à falta de grama turas intermediárias, muitas vezes as empresas se viam na alternativa de importar o papel desejado ou usar gramaturas mais altas. Tais práticas, porém, resultam em agravamento de custos. No primeiro caso, pela simples dife rença de câmbio. No segundo, porque as áreas dos rótulos ou das embalagens não podem ser redu zidas sem prejuízo de imagem ou do próprio desempenho nas linhas. Em geral, alterações de medidas exigem mudanças de equipamen tos e de processos.
38 – embalagemmarca • out 99
divulgação
Indústria nacional já oferece produto de gramatura intermediária
Embalagens flexíveis feitas com produtos da MD Papéis
Ao anunciar o lançamento do Cromopack, Tadeu de Souza, dire tor geral da MD Papéis, garante que o produto responde às rígidas características funcionais exigidas para embalagens flexíveis e rótu los, como alta lisura (alto bekk), alto brilho (brilho glossmeter), alta alvura e opacidade (elrepho/ datacolor) e baixa porosidade (alto gurley). Além disso, segundo ele, “o Cromopack oferece as vanta gens decorrentes da produção local, como menor prazo de entre ga, maior flexibilidade de progra mação e menor nível de estoque”. O diretor geral da MD Papéis destaca como uma das razões para a decisão da empresa de lançar as novas alternativas de gramatura de papel o fato de que o uso do material em embalagens flexíveis vem crescendo, por razões técni
cas (oferece melhor printabilidade que os filmes plásticos) e ambien tais (é um produto natural, reciclá vel e biodegradável). Fundada há mais de um século a MD Papéis, antiga Companhia Melhoramentos, depois de alguns vaivéns de controle de capital, é hoje uma empresa de capital nacional que afirma ser a maior fabricante de papéis especiais da América Latina, exportando regu larmente para mais de quarenta países. Entre seus inúmeros pro dutos, a empresa oferece três linhas destinadas a uso como embalagens ou em embalagens. São as linhas de papéis para emba lagens flexíveis, as de liners para a confecção de etiquetas, filmes e fitas adesivos, e as de papéis para fitas adesivas, crepadas ou lisas, para empacotamentos.
Display Marathon coloca surf na GARRAFA
Manual de rotulagem
Para marcar o Campeo nato Mundial de Surf, que aconteceu no Rio de Janeiro de 6 a 17 de outubro, a Brahma lançou uma edição limitada do isotônico Marathon nos sabores água de coco e tangerina. Os dois milhões de embalagens chegaram às prateleiras com motivos alusivos ao surf. O produto traz uma
A Embrapa Agroindústria de Alimentos, no Rio de
inovação no mercado de isotônicos: a garrafa de PET de 500ml é revestida com rótulo sleeve (filme plástico que envolve o recipiente), que traz o desenho de um surfista em uma onda. Os rótulos, desenvolvidos pela Ani mus, do Rio de Janeiro, são azuis para o sabor água de coco e verdes para o sabor tangerina.
Janeiro, com apoio da Mack Color Etiquetas adesi vas, lançou o Manual de Rotulagem, um guia para empresários e consumidores que desejam se infor mar sobre a nova legislação dos rótulos no Brasil. A publicação de 39 páginas foi escrita pela pesquisa dora Hilda da Rosa Rodrigues, da Embrapa e do Comitê do Codex Alimentarius do Brasil, um progra ma conjunto de discussão de normas alimentares ligadas à FAO. As normas do Codex são utilizadas como referência na Organização Mundial do Comér cio e no Mercosul. O Manual de Rotulagem pode ser adquirido pela internet no site www.mackcolor.com. br ou pelo telefone (11) 6941 4499.
fotos: divulgaÇão
Smirnoff moderniza marca
Embalagem de Sukita É premiada A Dil Consultores em Design e Comunicação de Marke ting recebeu a medalha de bronze no 6º Prêmio Anual de Design Global de Embalagens de Bebidas, da revista Beverage World, de Nova York pelo projeto da lata do refrigerante Sukita e seu acondicionamento em embala gem de 12 latinhas. Na lata, um fundo branco destaca a estilização de uma laranja, desenhada em espiral. Para o multipack (para 12 latas) foi aplicado um fundo laranja, que reforça a visibi lidade no ponto-de-venda.
A vodca Smirnoff, da United Distillers & Vintners (UDV), está de cara nova. A alteração faz parte da estratégia mun dial de revitalização da marca. Diversas pesquisas resultaram na criação de uma nova versão para a garrafa da bebida, com 750ml. Mais alta e mais fina que as garrafas comuns, garrafa tem um visual mais clean, pois o rótulo foi reduzido e agora tem a predomi nância da cor vermelha. Na base da garrafa, um pequeno rótulo retangular especifica que a vodca é tridestilada, descrevendo parte do proces so de fabricação. A conhecida tampa de plástico foi substituí da por uma metálica. Além do aspecto estético, a nova embalagem tem dimensões mais apropriadas para ser acondicionada em freezers. Foi a primeira grande inovação da Smirnoff nos últimos 50 anos, e até o final de 1999 serão lançadas novas ver sões, inclusive com mudanças na tradi cional garrafa de 1 litro. À esquerda, a garrafa antiga.
Display meias SELENE com outra cara
Frusli destaca ingredientes
fotos: divulgação
A embalagem criada pela Esboço Design para o Frusli, novo cereal da Feinkost, valoriza as qua lidades nobres dos ingre dientes do produto. Defi nido como natural, saudá vel e nutritivo pela empre sa, o cereal tem na caixa a foto destacando as fru tas e o mel utilizados na sua elaboração. A Selene Meias entrou no segundo semestre com uma série de novidades e renovou completamente a imagem da marca. A modernização ficou a cargo da A 10 Design, que escolheu para as fotos de todas as embalagens um padrão em branco e preto, com fundo branco. O logoti po da Selene e todas as informações técnicas das meias foram isolados em um box colorido, posicionado no centro da embalagem. A mudança foi feita na linha de meias-calças e meias soquete.
Rótulos na linha de produção
Batavo também tem Ômega 3
Azeite com novo visual A Vida Alimentos, empresa do grupo norte-americano Sterling Lake, está lançando a nova lata do azeite de oli va Torre de Belém. O design, elaborado pela Graphic Designers, do designer gráfico Ronaldo da Silva Rego, enfatiza o caráter tradicional do produto. A foto da torre foi substituí da por uma pintura do sécu lo XVIII e as formas simples das molduras foram altera das para um padrão de design mais clássico, desta cando a data da construção da torre (1519). O azeite vem acondicionado em latas de 200ml e 500ml.
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Seguindo o conceito do leite Ômega 3 da Bata vo, que procura unir pureza e saúde, a equi pe da M Design explo rou as cores azul, bran ca e vermelha na emba lagem. O azul é utiliza do no fundo da caixi nha, o branco para o nome do leite e o ver melho na ilustração de um coração aplicada à embalagem. O logotipo recebeu uma tipologia estendida, envolvida em um traço branco estilizado, que lembra um coração.
De olho no público infantil, a Arisco colocou no mer cado a linha Kids de Mos tarda (200g) e Catchup (230g), com sabor suave. As embalagens, criadas pela M Design têm novo formato, e os rótulos, desenvolvidos pela Novel print e impressos em roto gravura, ganharam cores fortes e alegres. A Novel print adaptou à linha de produção da Arisco as máquinas aplicadoras automáticas, com capaci dade para aplicar até 120 rótulos por minuto.
Display Para a virada do ano
fotos: divulgação
A Bacardi-Martini do Brasil, através da divisão De Lan tier Vinhos Finos, de Gari baldi (RS), está lançando uma edição especial do champanha De Gréville para comemorar a virada do ano 2000. Com produção limita da, o champanha Essence du Millénium ganhou uma nova e requintada embala gem: as garrafas têm um tom verde-escuro e os rótu los, desenvolvidos pela Benchmark, de São Paulo, em papel metalizado, têm tons dourados foscos e bri lhantes, com dizeres em alto relevo. Para lembrar a passagem do ano, há um relógio envolvendo o brasão da marca De Gréville. A cor da barra do rótulo onde está grafado o nome Essen ce du Millénium diferencia os tipos do champanha: azul metálico para o Brut, dourado para o Demi-Sec e vermelho para o Brut Rosé.
Pepsi no ano 2 000 A Pepsi vai colocar no mercado brasileiro na segun da quinzena de novembro cerca de 100 milhões de embalagens comemorativas à chegada do ano 2 000, decoradas com o tema “Virada Pepsi”. Serão cinco fotos diferentes, sempre em tons azula dos, para as garrafas de PET de dois litros e para as latinhas de 350ml. Para as garrafas de 600ml serão três ilustrações. A Pepsi também preparou multi packs decorados com os mesmos motivos. Desen volvidas pela No Media, divisão da Almap BBDO, as embalagens trazem fotos de jovens comemorando o réveillon. Na parte de cima do rótulo, há data e horário próximos à virada do ano, com tipologia semelhante a um relógio digital.
Embalagem prática
Renata atualiza logomarca
A nova linha de interruptores e tomadas Pialplus, da Pial Legrand, vem com embalagem que traz mais praticidade ao lojista e facilidade ao consumidor. A embalagem, criada em conjunto pela Pial Legrand e pela Packing Design, traz informações sobre a composição dos materiais e a descrição dos produtos. Mais moder na e resisten te, tem novo efeito visual e deixa os pro dutos mais visíveis.
Com nova logomarca, criada pela
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Seragini Design, a linha de mas sas Renata, do Pastifício Selmi, tem novos produtos. Está che gando ao mercado o macarrão grano duro Piatto Pronto, em três versões: para uma, duas e três pessoas. A novidade é que os pacotes já vêm com sachês de molhos prontos, nos sabores bolonhesa, funghi e quatro quei jos, que devem ser aquecidos junto com o macarrão. Outro lan çamento da Selmi é o queijo rala do Renata Grana Padano, em embalagens aluminizadas de 50g e 100g.
Display
fotos: divulgação
Identidade no ponto-de-venda
A indústria de biscoitos Faville, de Marechal Cândido Rondon, há quatro meses no mercado, já está com embalagens novas. O desenho dos 13 itens da empre sa foi criado pela designer Eviete Dacól, da Inove Design. As cores das embalagens variam de acor do com o tipo de produto, facili tando a identificação no pontode-venda. A logomarca da Favil le aparece com destaque em todas as embalagens.
descartável para frango assado As tradicionais “quentinhas” de alumínio agora têm um concorrente. A Sunnyvale está lançando uma embala gem descartável para fran go assado. O novo produto tem tampa em BOPS, transparente, sistema antifumaça, que não embaça, e respiro para saída de vapo res. A embalagem resiste a até –30ºC no freezer e até 70ºC por um minuto e meio no microondas, além de ser 100% descartável.
Geléia do Senninha em potes de vidro As geléias do Senni nha da Etti acabam de ganhar visual mais atraente. Os copos foram substituidos por modernos potes de vidro, fabricados pela Nadir Figueiredo, mantendo o conteúdo de 230 gramas e tampa abre-fácil. Os rótulos, elabora
Impacto na gôndola O uísque Wall Street, da Allied Domecq, ganhou um novo estojo, desenvolvido para chamar mais a atenção nas gôndolas. Com layout diferenciado, a caixa de papelão tem um recorte que dei xa a garrafa à mos tra, ressaltando o rótulo. A mudança faz parte da estraté gia da empresa de investir na imagem do destilado, que no último bimestre cresceu 15% em vendas, tornando-a mais moderna. O novo estojo foi desenvolvido pela Packing Design.
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dos pelo Instituto Ayrton Senna, têm como atração o desenho do persona gem Senninha, e os desenhos das frutas ganharam maior destaque.
Caixas coloridas As embalagens do creme dental Signal, no mercado há 35 anos, estão ganhando cores mais alegres e logotipo mais moderno. Além de cores em degradê, as caixinhas aram a estampar gotinhas d’água, ressaltando a sensação de refrescância oferecida pelo produto. As embalagens foram criadas e desenvolvidas pela Ammirati Puris Lintas.
Lançamentos de sucesso Os novos produtos da Indústrias Müller de Bebi das estão superando as expectativas de venda. A Caninha 51 em lata de 350ml está vendendo 66% mais que o esperado. O objetivo era vender 30 000 dúzias por mês, mas a média tem sido de 50 000. A aguardente Terra Brazi lis também está tendo bons resultados: a previ são da IMB era vender 1 200 dúzias por mês, mas as vendas estão em 6 000.
EVENTOS
design da
a
beleza
Algumas novidades em embalagens na Cosmoprof Cosmética 99
A Moplastic apresentou em seu estande o sistema Dispenser Lançamentos da Botany & Tree
. . . e o outro, num suposto OVNI
Perfumes da Jotan: um com design inspirado no glamour de Hollywood. . .
BiComponente, para frascos com válvulas pump. Nele, dois produ tos podem ser acondicionados em compartimentos distintos, para garantir que o conteúdo não se misturará a não ser na hora da aplicação. Isso ocorre nos mode los que formam a linha Dispenser BiComponente, o 2 em 1 e o Mixer. Segundo o fabricante, esse sistema de válvulas duplas é o único produzido no Brasil. Entre os produtos elaborados a partir de essências naturais, um dos destaques da feira foram as novas linhas da Botany & Tree e da Farmaervas. O xampu Passiflo ra e o hidratante Flor de Laranjei ra tiveram seus rótulos e embala gens desenvolvidos pela própria Botany & Tree, empresa que conta com um departamento interno de
desenvolvimento de produto. Já a Linha de Higiene Infantil Looney Tunes, da Farmaervas, à base de aloe vera, traz os personagens da Warner Bros. Piu-Piu, Frajola, Pernalonga e Taz nos rótulos. As embalagens foram desenvolvidas por Wagner C. Vilela, responsável pela área na Farmaervas. A importadora Jotan lançou o perfume Paradox, da fabricante francesa Jacomo. O formato ino vador da embalagem foi desenvol vido pelo italiano Frederico Res trepo. A linguagem visual do fras co, azul celeste, foi inspirada na aproximação do novo milênio. Por isso, o designer buscou imprimir à embalagem o visual que ele acre dita existir em um OVNI, objeto voador não-identificado. Segundo Restrepo, o formato também é dotado de uma linguagem cosmo polita, que tem ligação com as várias culturas do mundo em que a fragrância foi inspirada. Outro lan çamento da Jotan que conta com design glamouroso é o perfume Hollywood. A tampa do frasco, em forma de estrela, contrasta com seu pedestal dourado.
fotos: divulgação
CosmoProf Cosmética 99, segunda maior fei ra mundial do setor cosmético depois da Cosmoprof de Bolonha, na Itália, foi, de 10 a 13 de setembro, o cen tro de apresentação de inúmeras inovações em embalagens. Orga nizada pelo consórcio Cosmoprof Cosmética e comercializada pela Alcantara Machado, a feira, reali zada no Pavilhão de Exposições do Parque Anhembi, em São Pau lo, dividiu-se em três áreas: produ tos acabados, profissionais do setor e expositores de produtos, equipamentos e serviços direcio nados à indústria cosmética. Obviamente, boa parte dos lan çamentos relacionados com emba lagens estava no setor destinado aos fabricantes, ao qual o público em geral não tinha acesso. Mas mesmo nos estandes das duas outras áreas, pelas quais circula ram cerca de 75 000 visitantes, era possível detectar novas tendências em design e materiais de embala gem para produtos de beleza. A seguir, alguns dos lançamentos.
Como Encontrar •
A ExpoDrink – Feira Interna cional de Bebidas, inicialmente marcada para o final de novem bro deste ano, foi adiada para o ano que vem. A feira será realiza da entre os dias 30 de agosto e 1º de setembro de 2000 no Expo Center Norte, em São Paulo. Segundo a São Paulo Feiras Comerciais, organizadora da ExpoDrink, o adiamento atende a solicitações dos expositores e demais indústrias de bebidas.
• Pack Design Show – Dia 11 de
novembro no Hotel Meliá, em São Paulo. Serão apresentadas as últimas novidades e tendências em design de embalagens. Infor mações: (11) 259-4489.
• Equiplast – Salão Internacional
de Plástico e Borracha, de 9 a 13 de novembro, em Barcelona, Espanha. Profissionais e técnicos de todo o mundo terão a oportu nidade de conhecer novas solu ções em maquinaria e materiais. Informações: (11) 6953-9410.
• Pró-Beleza’99 – Feira de Pro dutos de Beleza, Jornada SulMatogrossense de Estética e Cosmetologia, de 13 a 16 de novembro no Centro de Conven ções M. Tavares, em Campo Grande (MS). É o maior evento de beleza no Centro-Oeste brasilei ro. Informações: (67) 742-6037. • Brasilpack’2000 – Feira Inter
nacional da Embalagem, de 24 a 28 de abril de 2000, no Anhembi, em São Paulo. A segunda edição da feira vai reunir as principais empresas do setor, abrangendo a cadeia de embalagem, envase em geral, acabamento e maté rias-primas. Dirigida às indústrias de alimentos, bebidas, embala gens, farmacêutica, cosmética, brinquedos e outras. Informa ções: (11) 6221-9908.
N
esta seção encontram-se, em ordem alfabética, os números de telefone das empresas citadas nas reportagens da presente edição. Embalagem Marc a fica à disposição para outras informações.
3M do Brasil
0800 -132333 Markem (Union Wrap)
ABB
0800 -149111
ABIC
(21) 516-8595
Aché
(11) 865-2155
MD Papéis
(11) 431-2800
Mead Embalagens (11) 6461-6218 (11) 829-6959
APEX - Agência de Promoção Müller Associados de Exportações (61) 447-1580 Benchmark Brasil Rio
(11) 822-0005
(11) 870-4417
Nadir Figueiredo
(11) 3758-0996 Natura
Byk Química e Farmacêutica (11) 5188-4400 Café 3 Corações (31) 637-2626 Café Cacique
(11) 829-8233
Café do Ponto
0800 554262
Central de Embalagens/ Ceagesp
(11) 261-5127
Cetea
(19) 241-5111
Cia. União
(11) 608-8166
Cisper
(11) 206-8000
(11) 6967-1633 (11) 548-1322
Natura
(11) 5694-7655
Nestlé
(11) 5508-4400
Novelprint Nytek
(11) 268-4111 (11) 3648-8000
O Boticário
(41) 381-7310
Packing
(11) 3064-9822
Parmalat
(11) 828-2000
Parqtec
(16) 272-6977
Refinações de Milho Brasil (11) 5509-8180
DIL
(11) 3086-7788 Ripasa
Fabrima
(11) 6465-2500 Samburá Ind. e Com
0800-160606
(61) 384-1874 (11) 4071-1255 de Alimentos Sebrae (11) 3177-4805 Igaras (11) 3048-4880 Semco (11) 5681-2000 ITW Hi-Cone (11) 7295-8533 Sisgraph (11) 889-2100 Jaime Troiano (11) 3759-0909 Sunnyvale (11) 822-9300 Kisters (11) 5561-7505 Wheaton do Brasil Laboratório Aclimação (11) 4351-4433 (11) 278-5321 Willet (11) 7295-3261 Lavazza Espresso Point Flag
(11) 3044-3367 out 99 • embalagemmarca – 49
Almanaque Bolinhas de vidro e gaiolas Na segunda metade do século aquecimento com uma esfera de
Si non è vero. . . Queijo é coisa corriqueira e, gra
ças à facilidade da embalagem, está literalmente ao alcance de qualquer pessoa. Mas, segundo uma lenda, o que hoje é solução já foi problema. Das muitas histórias sobre a origem do produto, a mais conhecida fala de pastores que via javam pelo deserto e que, em vez de água, preferiram levar leite, em bolsas feitas de estômago de ove lha. O calor era intenso, e quando os pastores resolveram tomar o lei te tiveram de comê-lo em fatias. Conta-se que morreram todos – menos, é claro, um que ficou para contar a história e o achado para a humanidade. A verdade é que no reino de Saul, 3 000 anos a. C, o queijo já existia. Aparecia também na Ilíada e na Odisséia, citado como tira-gosto.
passado, quando as bebidas car bonatadas começaram a ser pro duzidas em larga escala, um dos problemas mais complexos era encontrar sistemas de fechamento eficazes. Para cervejas, prevale ciam as gaiolas basculantes de arame, utilizadas até hoje em pro dutos artesanais e semi-artesanais. Para refrigerantes, o mais comum eram garrafas com boca dotada de um círculo de ferro, fechado por
Botulismo e perfume A palavra “botulismo” origina-se do termo latino para “lingüiça” (botulus). Acredita-se que um dos primeiros casos de envenenamento por ingestão de ali mentos inadequadamente enlatados tenha sido causado por lingüiças. Já “perfume” vem de per fumum, refe rência à fumaça de madeiras odoríferas queimadas nos antigos templos roma nos para disfarçar o cheiro de sangue e carne de animais sacrificados no fogo.
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vidro. Para abrir, afundava-se a bolinha, com um golpe de alguma peça de madeira. O anúncio abaixo, do Journal, de Londres, de 1890, mostra os dois sistemas (nas três primeiras garrafas a par tir da esquerda, já abertas, podese observar as bolinhas de vidro). No canto inferior, à direita, vê-se a tampa crown, que rapidamente substituiria os dois tipos de fecha mento anteriores.
Algo de novo sob a luz do sol? H omens de
visão são assim chamados porque simplesmente são homens de visão. Em 1875, quando a farinha láctea que criara e levava seu nome já tinha sete anos de existência e estava presente em onze países, Henri Nestlé recebeu a sugestão de um de seus representantes para tro car o símbolo do produto, um ninho, pela cruz suíça. Ele recusou, argumentando que o ninho, além de ser o brasão de sua família e
representar seu próp rio sobrenome, era um enorme diferencial, um patrimônio só seu. “Qualquer um pode usar uma cruz como marca, mas ninguém tem o direito de usar meu brasão”, lem brou.