Fgv Mba - Análise Econômico Financeira (apostila) 6j3w61

Sumário

1. PROGRAMA DA DISCIPLINA

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1.1 EMENTA 1.2 CARGA HORÁRIA TOTAL 1.3 OBJETIVOS 1.4 CONTEÚDO PROGRAMÁTICO 1.5 METODOLOGIA 1.6 CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO 1.7 BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA CURRICULUM VITAE DO PROFESSOR

1 1 1 1 2 2 3 3

2. CONCEITOS FUNDAMENTAIS

4

2.1 2.2 2.3 2.4 2.5

4 4 7 8 9

A NECESSIDADE DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL OS PARADIGMAS EMPRESARIAIS PRINCÍPIOS E CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA CONTABILIDADE ELABORAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS – RELATÓRIOS ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL

3. O PATRIMÔNIO E A FORMAÇÃO DO RESULTADO

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3.1 3.2 3.3 3.4 3.5 3.6 3.7 3.8

BALANÇO PATRIMONIAL ATIVO CIRCULANTE REALIZÁVEL A LONGO PRAZO INVESTIMENTOS, IMOBILIZADO E INTANGÍVEL IVO CIRCULANTE IVO NÃO CIRCULANTE PATRIMÔNIO LÍQUIDO DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO

11 15 16 16 18 19 20 22

4. AS NOVAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

27

4.1 DEMONSTRAÇÕES DO FLUXO FINANCEIRO

27

2

1ª Rev., 2011, 02.

5. LEI DAS SOCIEDADES ANÔNIMAS (S/A) E DEMAIS SOCIEDADES (LTDA.) 34 5.1 LEI Nº 6.404, DE 15 DE DEZEMBRO DE 1976 5.2 LEI Nº 11.638, DE 28 DE DEZEMBRO DE 2007 5.3 LEI Nº 11.941, DE 27 DE MAIO DE 2009

34 34 34

6. ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

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6.1 INTRODUÇÃO 6.2 QUALIDADE DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL 6.3 OBJETIVOS GERAIS DA ANÁLISE 6.4 PRODUTO DA ANÁLISE 6.5 VISÃO HISTÓRICA 6.6 O PROCESSO DE ANÁLISE 6.7 DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS PUBLICADAS 6.8. OBJETIVOS DA ANÁLISE ECONÔMICO-FINANCEIRA 6.9. METODOLOGIA DE ANÁLISE 6.10. TIPOS DE ÍNDICES 6.11. ANÁLISE DAS NECESSIDADES DE CAPITAL DE GIRO 6.12. PREVISÃO DE INSOLVÊNCIA

35 35 35 36 36 36 37 39 40 45 49 57

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1ª Rev., 2011, 02.

1

1. Programa da disciplina 1.1 Ementa Principais usuários das demonstrações financeiras (contábeis). Analista interno versus analista externo. Preparação das demonstrações financeiras (contábeis) para análise e seus objetivos. Critérios de análise das demonstrações financeiras (contábeis): análise vertical, análise horizontal, diferenças absolutas e quocientes. Principais indicadores econômico-financeiros: indicadores de liquidez, estrutura de capital, rentabilidade e índices operacionais de giro de estoque, prazo médio de pagamento e prazo médio de recebimento. A importância das notas explicativas. Relatório da diretoria e parecer de auditoria.

1.2 Carga horária total 24 horas/aula.

1.3 Objetivos Preparar executivos financeiros para ler e interpretar as demonstrações financeiras (contábeis).

1.4 Conteúdo programático Conceitos fundamentais contabilidade.

de

O patrimônio e a formação do resultado.

Origens

e

aplicações

de

A necessidade da informação contábil. Os paradigmas empresariais. Princípios e conceitos fundamentais da contabilidade. Elaboração das demonstrações contábeis – relatórios. Escrituração contábil. O balanço patrimonial. O patrimônio líquido. Os conceitos de receitas, gastos, despesas, custos, perdas e investimentos. Demonstração do resultado do exercício (DRE) Demonstração de origens e aplicações de recursos

Análise Econômico Financeira

2 recursos, as mutações do patrimônio líquido e as novas demonstrações contábeis. Tópicos especiais.

Lei das Sociedades Anônimas

Análise das demonstrações financeiras (contábeis)

(DOAR). Demonstração das mutações do patrimônio líquido (DMPL). Demonstração dos fluxos de caixa (DFC). Demonstração do valor adicionado (DVA). Estoques: métodos de valoração e efeitos sobre o resultado. Reduções no valor do ativo permanente. O resultado financeiro: receitas financeiras versus despesas financeiras. Reavaliação de ativos e seus efeitos sobre o patrimônio líquido. Apropriação pro rata temporis. LEI Nº 6.404, DE 15 DE DEZEMBRO DE 1976. LEI Nº 11.638, DE 28 DE DEZEMBRO DE 2007. LEI Nº 11.941, DE 27 DE MAIO DE 2009. INTRODUÇÃO QUALIDADE DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL OBJETIVOS GERAIS DA ANÁLISE PRODUTO DA ANÁLISE VISÃO HISTÓRICA O PROCESSO DE ANÁLISE DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS PUBLICADAS OBJETIVOS DA ANÁLISE ECONÔMICO-FINANCEIRA METODOLOGIA DE ANÁLISE TIPOS DE ÍNDICES ANÁLISE DAS NECESSIDADES DE CAPITAL DE GIRO. PREVISÃO DE INSOLVÊNCIA

1.5 Metodologia Aula expositiva dos conceitos básicos para a leitura e interpretação das demonstrações financeiras (contábeis); propostas práticas para apreensão de regras de elaboração das demonstrações financeiras (contábeis).

1.6 Critérios de avaliação O grau da avaliação obedecerá a seguinte ponderação: 



30% referente ao trabalho, desenvolvido em grupo (com no mínimo dois participantes e no máximo três), a ser entregue no dia da primeira avaliação da disciplina (P1) e; 70% referente à avaliação individual, sob a forma de prova, a ser realizada após o término da disciplina.


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1.7 Bibliografia recomendada ALMEIDA, Marcelo Cavalcanti. Manual Prático de Interpretação Contábil da Lei Societária. São Paulo: Editora Atlas, 2010. COUTINHO, Atimo de Sousa. MATTOS, Claudio de Carvalho. DA FONSECA, Paulo Henrique Lopes. BRAGA, Zuimglio José Barroso. Contabilidade Financeira. Rio de Janeiro: FGV Editora, 2008. IUDÍCUBUS, Sérgio de. MARTINS, Eliseu. GELBCKE, Ernesto Rubens. SANTOS, Ariovaldo dos. Manual de Contabilidade Societária – aplicável a todas as sociedades de acordo com as normas internacionais e do C. São Paulo: Editora Atlas, 2010. LIMEIRA, André Luis Fernandes. SILVA, Carlos Alberto dos Santos. VIEIRA, Carlos. SILVA, Raimundo Nonato Souza. Contabilidade para Executivos. Rio de Janeiro: FGV Editora, 2003.

Curriculum vitae do professor Almir Carvalho dos Reis é auditor e contador, mestre em Ciências Contábeis pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – FACC/UFRJ, doutorando em Controladoria e Finanças pela Faculdade de Economia, istração e Contabilidade da Universidade de São Paulo – FEA/USP. Sua experiência profissional inclui o cargo de diretor de auditoria da GRIFFO Auditores e Associados, além da docência na ESAF – Escola Superior de istração Fazendária e, em diversos cursos de MBA, PósGraduação e Graduação, bem como de consultor em gestão estratégica e contabilometria (Métodos Quantitativos aplicados à Contabilidade). Sócio diretor da: GRIFFO – Auditores Independentes e, EQUILÍBRIO – Treinamento Gerencial e Profissional


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2. Conceitos fundamentais 2.1 A necessidade da informação contábil Costuma-se afirmar que a Contabilidade é o de controle da empresa. Ela converte as diversas atividades empresariais em um conjunto de números objetivos que fornecem dados e informações sobre o desempenho da companhia, seus problemas e suas perspectivas. A análise financeira e econômica de uma empresa interessa a um amplo público, incluindo investidores, credores, agentes reguladores e, sobretudo, gestores. As habilidades em análise financeira e a consequente capacidade de avaliar o desempenho empresarial começam pelo pleno entendimento das principais demonstrações financeiras (contábeis). Sob essa ótica, apresentaremos uma visão geral do sistema de informações empresarial, distinguindo os tipos de informações e os públicos a que se destinam. Trataremos do balanço patrimonial e da demonstração do resultado do exercício, de seu objetivo, sua estrutura e seus principais componentes. Abordaremos ainda três outras demonstrações – das mutações patrimoniais, dos fluxos de caixa e do valor adicionado.

2.2 Os paradigmas empresariais 2.2.1 – Sistema de informação empresarial DIFERENTES INFORMAÇÕES Os dados e as informações de natureza contábil são parte de um amplo conjunto de informações que alimentam a empresa, seja interna, seja externamente. No grupo das informações de origem externa, temos, por exemplo, as divulgadas pelos diversos meios de comunicação, além das que a empresa obtém de fontes específicas, contratando pesquisas ou fazendo levantamentos junto a entidades setoriais. No grupo das informações de origem interna, temos as que são de natureza contábil bem como as que não decorrem do sistema de escrituração, como, por exemplo, as diversas estatísticas compiladas nas diversas áreas da empresa. DIFERENTES PÚBLICOS


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Modernamente, conceitua-se a Contabilidade como um sistema de informação e avaliação destinado a prover seus usuários com demonstrações e análises de natureza econômica, financeira, física e de produtividade em relação à empresa em foco. Os usuários da Contabilidade tanto apresentando interesses distintos.

podem

ser

internos

como

externos,

Os usuários internos incluem os es de todos os níveis, que, usualmente, valem se de informações mais aprofundadas e específicas. Os usuários externos concentram suas atenções, de forma geral, em aspectos mais genéricos, expressos nas demonstrações financeiras. Públicos diversos, interesses diversos! SISTEMA DE INFORMAÇÕES CONTÁBEIS O sistema de informações contábeis pode ser representado, com suas entradas e saídas, da seguinte forma...

INFORMAÇÕES PARA O PÚBLICO INTERNO Para as finalidades dos que se situam dentro da organização, os sistemas de informação em geral seguem a estrutura hierárquica e têm características próprias, com as seguintes denominações... Sistemas de informações operacionais... Constituem sistemas de processamento de transações, que correm em paralelo aos fluxos físicos e acompanham o dia-a-dia das operações da empresa. Sistemas de informações gerenciais...


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Objetivam fornecer subsídios às diversas áreas funcionais da organização, apoiando-as na tomada de decisões, na identificação e na correção de problemas, no processo de planejamento e controle em nível gerencial. Sistemas de informações estratégicas... Permitem monitorar o desempenho financeiro e competitivo de longo prazo. São abrangentes, flexíveis e interativos, combinando recursos de informática, modelos e técnicas analíticas. Entretanto, deixam espaço para a experiência e para o julgamento pessoal. INFORMAÇÕES PARA O PÚBLICO EXTERNO Para atender às necessidades de informação daqueles que se situam fora da organização – acionistas, investidores, analistas, gestores de recursos, credores, entidades reguladoras, autoridades tributárias e outros interessados –, a Lei das Sociedades por Ações estabelece que, ao fim de cada período social, a diretoria fará elaborar e deverá publicar o seguinte conjunto de documentos... Relatório da istração... Informa aos acionistas diversos aspectos do desempenho e de perspectivas da sociedade relativos à estratégia de vendas, compras, produtos, expansão, efeitos conjunturais, legislação, política financeira, de recursos humanos, resultados alcançados, planos e previsões... Demonstrações financeiras... • balanço patrimonial, BP, ou seja, a fotografia da posição financeira da empresa em determinado momento, mostrando os saldos monetários dos bens, dos direitos e das obrigações; • demonstração do resultado do exercício, DRE, ou seja, demonstração dos aumentos e das reduções causadas no patrimônio líquido pelas operações da empresa; • demonstração das mutações do patrimônio líquido, DMPL, que apresenta os acréscimos e as diminuições que se deram durante o exercício, em todas as contas que integram o patrimônio líquido; • demonstração dos fluxos de caixa, DFC, que informa as alterações ocorridas, durante o exercício, no saldo de caixa e equivalentes de caixa, segregando-se essas alterações em três fluxos: das operações, dos financiamentos e dos investimentos; • demonstração do valor adicionado, DVA, o valor da riqueza gerada pela companhia e sua distribuição entre aqueles que contribuíram para a geração dessa riqueza, tais como empregados, financiadores, acionistas, governo e outros, bem como a parcela não distribuída. Análise Econômico Financeira

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Notas explicativas... Conjunto de dados e informações que complementam as demonstrações financeiras, tais como taxas de juros, vencimentos e garantias de obrigações, e fornecem critérios contábeis, como os de avaliação de estoques, depreciação, provisões, ou ainda acrescentam informações sobre garantias prestadas, espécie de ações do capital social... Parecer dos auditores independentes... Expressa opinião sobre a qualidade e a veracidade das demonstrações financeiras.

2.3 Princípios e conceitos fundamentais da contabilidade As demonstrações financeiras BP, DRE, DMPL, DFC e DVA seguem os princípios fundamentais da Contabilidade, ou seja, devem conter, de forma comparativa, os valores relativos ao exercício atual e ao exercício anterior. O período coberto é, em geral, de um ano. Obedecem também à legislação societária e normas complementares. A Lei original das Sociedades por Ações, nº 6.404/76, ou por vários aprimoramentos desde sua adoção em 1978, mas nada comparável com as importantíssimas mudanças trazidas pela Lei nº 11.638/07 e Lei nº 11.941/09. Ressalte-se que está em pleno curso a convergência da contabilidade brasileira às Normas Internacionais de Contabilidade, emitidas pelo International ing Standards Board (IASB). E temos agora o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (C), responsável por pronunciamentos técnicos, interpretações e orientações. Um exemplo de mudança que nos diz respeito aqui, diretamente, foi a substituição da Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos (DOAR), pela Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC), e a introdução da Demonstração do Valor Adicionado (DVA). SOCIEDADES ANÔNIMAS DE CAPITAL ABERTO As sociedades anônimas de capital aberto seguem as determinações das legislações societárias e fiscal, bem como as da Comissão de Valores Mobiliários. Muitas vezes, as sociedades anônimas de capital aberto precisam publicar as chamadas demonstrações consolidadas, além de disponibilizar ao mercado demonstrações semestrais e trimestrais. Algumas companhias abertas já vinham publicando espontaneamente tanto a DFC quanto a DVA, a título de informações suplementares, como é o caso da EMPRESA EXEMPLAR que adotaremos para o desenvolvimento dos estudos.


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AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DA EMPRESA Para os gestores internos, a avaliação do desempenho econômico-financeiro da empresa, com base nas demonstrações financeiras, é bastante facilitada, devido ao o natural a informações mais detalhadas. Já para o analista externo, que tem objetivos específicos, a avaliação apresenta dificuldades em função das limitações inerentes à natureza do processo contábil de geração de informações. Tais dificuldades provêm de uma coleta de dados quantitativos expressos em valores monetários, de acordo com os princípios fundamentais da Contabilidade, dentre os quais... • custo histórico; • denominador comum monetário; • regime de competência. As novas práticas contábeis introduzidas pela citada Lei nº 11.638/2007 e normas posteriores contemplam o ajuste a valor presente de certos elementos do ativo e do ivo de longo prazo, e até de curto prazo quando houver efeitos relevantes. As companhias também deverão proceder à redução ao valor recuperável de seus ativos em caso de perda. Esses procedimentos deverão atenuar o efeito das defasagens nos valores patrimoniais e aproximar a Contabilidade da visão econômica das entidades.

2.4 Elaboração das demonstrações contábeis – relatórios As demonstrações contábeis são preparadas e apresentadas para usuários externos em geral, tendo em vista suas finalidades distintas e necessidades diversas. Governos, órgãos reguladores ou autoridades fiscais, por exemplo, podem especificamente determinar exigências para atender a seus próprios fins. Essas exigências, no entanto, não devem afetar as demonstrações contábeis preparadas segundo a Estrutura Conceitual (C 00). Demonstrações contábeis preparadas sob a égide da Estrutura Conceitual (C 00) objetivam fornecer informações que sejam úteis na tomada de decisões e avaliações por parte dos usuários em geral, não tendo o propósito de atender finalidade ou necessidade específica de determinados grupos de usuários. As demonstrações contábeis preparadas com tal finalidade satisfazem as necessidades comuns da maioria dos seus usuários, uma vez que quase todos eles utilizam essas demonstrações contábeis para a tomada de decisões econômicas, tais como:


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a) Decidir quando comprar, manter ou vender um investimento em ações; b) Avaliar a istração quanto à responsabilidade que lhe tenha sido conferida, qualidade de seu desempenho e prestação de contas; c) Avaliar a capacidade da entidade de pagar seus empregados e proporcionarlhes outros benefícios; d) Avaliar a segurança quanto à recuperação dos recursos financeiros emprestados à entidade; e) Determinar políticas tributárias; f) Determinar a distribuição de lucros e dividendos; g) Preparar e usar estatísticas da renda nacional; h) Regulamentar as atividades das entidades.

2.5 Escrituração contábil MUDANÇAS CONTÁBEIS Norma da lei societária: “Art. 177 - A escrituração contábil da companhia será mantida em registros permanentes, com obediência aos preceitos da legislação comercial e desta Lei e aos princípios de contabilidade geralmente aceitos, devendo observar métodos ou critérios contábeis uniformes no tempo e registrar as mutações patrimoniais segundo o regime de competência. § 1º As demonstrações financeiras do exercício em que houver modificação de métodos ou critérios contábeis, de efeitos relevantes, deverão indica-la em nota e ressaltar esses efeitos.”. As mudanças contábeis são relacionadas com alterações de estimativas contábeis (por exemplo, mudança na vida útil de bens do ativo imobilizado para fins de depreciação) e com alterações de princípios contábeis (por exemplo, mudança na metodologia de valorização dos estoques, ou seja, do método do custo médio para o método do primeiro a entrar é o primeiro a sair). Esse parágrafo do art. 177 requer que os efeitos dessas mudanças sejam divulgados em notas explicativas às demonstrações financeiras. Os efeitos das mudanças de estimativas contábeis são contabilizados de forma prospectiva. Os efeitos de mudanças de princípios contábeis são contabilizados de forma retrospectiva. Os registros dos efeitos de forma retrospectiva requer que as demonstrações financeiras do exercício social anterior, apresentadas para fins de comparação, sejam refeitas extra contabilmente, de maneira que o novo princípio contábil seja aplicado em ambos os exercícios, possibilitando, dessa maneira, a comparabilidade dos números das demonstrações financeiras. Esse assunto foi regulamentado através do pronunciamento técnico C 23. EXIGÊNCIAS DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA OU DE LEGISLAÇÃO ESPECIAL


10 Norma da lei societária: “§ 2º A companhia observará exclusivamente em livros ou registros auxiliares, sem qualquer modificação da escrituração mercantil e das demonstrações reguladas nesta Lei, as disposições da lei tributária, ou de legislação especial sobre a atividade que constitui seu objeto, que prescrevam, conduzam ou incentivem a utilização de métodos ou critérios contábeis diferentes ou determinem registros, lançamentos ou ajustes ou a elaboração de outras demonstrações financeiras.”. A escrituração em registros permanentes, que consta no caput do art. 177, significa pelo menos:    

Documentos comprovando os lançamentos contábeis. Razão geral e analítico por natureza da transação. Registro dos lançamentos contábeis no razão geral/analítico por ordem cronológica. Facilidade de sair lançamento contábil, a débito ou a crédito, constante no razão geral/analítico, e chegar ao documento e da operação.

As práticas contábeis exigidas por lei tributária ou lei especial, divergente das estabelecidas na lei societária, serão atendidas em registros auxiliares, sem alteração dos razões gerais/analíticos da contabilidade. Esse fato vem ocorrendo atualmente com frequência em relação à legislação do imposto de renda e da contribuição social, e as sociedades, em certas situações, tem optado por modificar sua escrituração mercantil para atender às exigências da legislação fiscal, em detrimento dos princípios fundamentais de contabilidade, principalmente com o objetivo de minimizar os impactos de carga tributária.


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3. O patrimônio resultado

e

a

formação

do

3.1 Balanço Patrimonial 3.1.1 – Bens, direitos e obrigações Os dados e as informações de natureza contábil são parte de um amplo conjunto de informações que alimentam a empresa, seja interna, seja externamente. Em uma data específica, normalmente, no final de um ano calendário, elabora-se o balanço patrimonial, BP, que revela os bens, direitos e obrigações, ou seja... ... O que os acionistas da empresa possuem, isto é, o ativo, formado por caixa, estoques, imóveis, equipamentos... ... O que os acionistas da empresa devem a terceiros, isto é, o ivo, constituído por dívidas com bancos, fornecedores e outros.

3.1.2 – Equação do balanço A diferença entre o ativo da empresa e seu ivo é uma estimativa contábil do valor do patrimônio líquido investido ou possuído pelos acionistas naquela data.

Essa é a equação fundamental do balanço patrimonial, que permite concluir que... ... O valor do ativo total da empresa equivale à soma de seu ivo com o patrimônio líquido. ATIVO Análise Econômico Financeira

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De forma mais rigorosa, definimos ativo como o conjunto dos bens e direitos de propriedade ou controle da empresa, que sejam íveis de mensuração monetária objetiva e que representem benefícios atuais ou futuros para a empresa. Bens... Estoques, máquinas, terrenos, dinheiro, ferramentas, veículos, instalações... Direitos... Depósitos em contas bancárias, valores a receber de clientes e outros créditos, títulos de crédito, ações... IVO O ivo evidencia todas as obrigações a pagar, ou seja, as dívidas que a empresa tem com terceiros, a saber...      

Fornecedores; Salários a pagar; Empréstimos; Impostos a recolher; Juros a pagar; Contas diversas a pagar.

O ivo é uma obrigação exigível, já que, no momento em que a dívida vencer, será exigida a sua quitação. ivo é sinônimo de dívida ou capital de terceiros! PATRIMÔNIO LÍQUIDO Patrimônio líquido é sinônimo de recursos próprios! O patrimônio líquido evidencia os recursos dos proprietários aplicados no empreendimento, seja em sua constituição – capital inicial –, seja pelos aportes posteriores – novas subscrições –, seja pelos reinvestimentos de lucros. O patrimônio líquido é também conhecido como ivo não exigível, pois se constitui em uma “obrigação” da empresa para com os seus proprietários, porém, sem data determinada de vencimento.

3.1.3 – Estrutura geral do balanço Para fins de estruturação do balanço patrimonial e de acordo com as convenções contábeis...


13 ... Os itens do ativo são listados em ordem decrescente de liquidez, isto é, de acordo com a rapidez com que poderão ser convertidos em caixa. ... Os itens do ivo são relacionados em ordem crescente de maturidade, quer dizer, por prazos de vencimento. No Brasil, o balanço patrimonial apresenta a seguinte estrutura geral...

ATIVO 19 X2 CIRCULANTE (até um ano) NÃO CIRCULANTE (acima de um ano) Realizável a longo prazo Investimentos Imobilizado Intangível

IVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO 19 19X 19X X1 2 1 CIRCULANTE (até um ano) NÃO CIRCULANTE (acima de um ano)

PATRIMÔNIO LÍQUIDO (prazo indeterminado) Capital social Reservas Prejuízos acumulados

A estrutura do balanço patrimonial apresentada acima está de acordo com a Lei nº 11.638/07, que atualizou a Lei de Sociedades Anônimas nº 6.404/76. A data-base das primeiras demonstrações financeiras elaboradas de acordo com as novas práticas contábeis é 31 de dezembro de 2008, publicadas em 2009. Como consequência da referida mudança, foram extintos os títulos, do lado do ativo, permanente e diferido e, do lado dos capitais, exigível a longo prazo e resultado de exercícios futuros.

3.1.4 – Exemplo de balanço patrimonial A Companhia Brasileira de Distribuição/Grupo Pão de Açúcar, também referida simplesmente como CBD, atua no comércio varejista, tendo como atividade preponderante a comercialização de produtos alimentícios, artigos de vestuário, eletroeletrônicos e outros.

Seu balanço patrimonial (consolidado), extraído de um relatório anual referente a dois exercícios quaisquer que chamaremos de ano 1 e ano 2, com dados ligeiramente condensados por uma questão de espaço, foi assim publicado...


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Em 31 de dezembro do Valores em milhares de reais ATIVO Circulante Caixa e Bancos Aplicações financeiras Contas a receber Estoques Impostos a recuperar Outros Subtotal Não Circulante Realizável a longo prazo Fundo de investimento em direitos creditórios Contas a receber Imposto de renda diferido Depósitos para recursos judiciais Outros Subtotal Investimentos Imobilizado Intangível Subtotal TOTAL DO ATIVO IVO Circulante Fornecedores Empréstimos e financiamentos Debêntures Salários e encargos sociais Impostos e contribuições sociais a recolher Dividendos propostos Outros Subtotal Não Circulante Empréstimos e financiamentos Debêntures Impostos parcelados Provisão para contingências Outros Subtotal

Ano 2

Ano 1

144.380 837.533 603.986 943.634 399.132 291.467 3.220.1 32

141.463 993.695 1.087.89 1 980.794 347.891 181.288 3.733.0 22

104.501 279.689 298.875 150.924 3.669 837.658

0 285.735 257.753 119.209 4.913 667.610

241.068 3.986.04 4 655.002 4.882.1 14 8.939.9 04

271.088 3.741.50 4 774.466 4.787.0 58 9.187.6 90

1.190.21 7 1.326.73 3 61.024 112.196 53.574 54.792 55.421 2.853.9 57

1.409.61 6 1.486.12 0 79.991 98.030 35.534 59.441 60.676 3.229.4 08

639.659 441.413 94.357 1.134.25 1 7.845 2.317.5 25

873.416 476.258 0 1.001.33 5 15.233 2.366.2 42

3.157.17 8 172.122

2.749.77 4 344.242

Patrimônio Líquido Capital social Reservas de capital


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Reservas de lucros

439.122 3.768.4 22 8.939.9 04

Subtotal TOTAL DO IVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO

498.024 3.592.0 40 9.187.6 90

3.2 Ativo circulante O ativo circulante evidencia as contas que estão constantemente em giro – em movimento – e cuja realização, conversão em dinheiro, transformação – acontecerá, no máximo, durante os 12 meses subsequentes, o que o caracteriza como de realização em até 1 ano. O grupo do ativo circulante engloba, entre outros... Disponibilidades... Correspondem ao dinheiro em caixa, a depósitos à vista em bancos e aplicações financeiras de liquidez imediata. Créditos... Correspondem, em geral, aos valores decorrentes das vendas a prazo. Podem figurar com o nome de contas a receber, clientes ou duplicatas a receber. Dois ajustes poderão acompanhar essas contas – a provisão para créditos de liquidação duvidosa e as duplicatas descontadas. Estoques... Correspondem às mercadorias e aos produtos acabados, aos produtos em elaboração, às matérias-primas e embalagens, ao material de consumo e aos almoxarifados. São demonstrados pelo custo histórico de aquisição ou fabricação, normalmente, com a utilização do critério do preço médio ponderado. EXEMPLO O ativo circulante da Companhia Brasileira de Distribuição/Grupo Pão de Açúcar totalizou... Em 31 de dezembro do Valores em milhares de reais ATIVO Circulante Caixa e Bancos Aplicações financeiras Contas a receber Estoques Impostos a recuperar

Ano 2

Ano 1

144.380 837.533

141.463 993.695 1.087.89 1 980.794 347.891

603.986 943.634 399.132


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Outros

291.467 3.220.1 32

Total

 

181.288 3.733.0 22

R$ 3,2 bilhões no final do ano 2 R$ 3,7 bilhões no final do ano 1

A empresa possuía cerca de R$ 1 bilhão em disponibilidades, formada por caixa, bancos e aplicações financeiras, em cada um dos anos... Conforme se lê nas notas explicativas, as contas a receber decorrem, majoritariamente, das operações de cartão de crédito, crediário e cheques prédatados. Ademais, estão expostas pelo valor líquido, isto é, deduzidas da provisão para devedores duvidosos. Observa-se uma grande redução nessa rubrica – de R$ 1,1 bilhão para R$ 604 milhões. Por ser uma empresa de varejo, seus estoques compõem-se, basicamente, de mercadorias para revenda, disponíveis em suas lojas e em seus centros de distribuição. Esse item apresentou-se estável no biênio, situando-se um pouco abaixo de R$ 1 bilhão. Finalmente, há os impostos a recuperar e outros créditos de curto prazo, somando cerca de R$ 500 milhões no ano 1 e R$ 700 milhões no ano 2.

3.3 Realizável a longo prazo O realizável a longo prazo compreende, teoricamente, as mesmas contas do ativo circulante, cujo prazo de realização ultraa 12 meses, a contar do levantamento do balanço. EXEMPLO Como é comum em outras empresas, a Companhia Brasileira de Distribuição/Grupo Pão de Açúcar não apresentou valores significativos no realizável a longo prazo, embora tenha havido um certo crescimento do saldo de um ano para outro, de R$ 668 milhões no ano 1 para R$ 838 milhões no ano 2... Em 31 de dezembro do Valores em milhares de reais ATIVO Não Circulante Realizável a longo prazo Fundo de investimento em direitos creditórios Contas a receber Imposto de renda diferido Depósitos para recursos judiciais Outros Total

Ano 2

Ano 1

104.501 0 279.689 285.735 298.875 257.753 150.924 119.209 3.669 4.913 837.658 667.610


17

3.4 Investimentos, imobilizado e intangível Este grupo de contas compreende bens de longa vida útil e direitos que não se destinam à venda. Distribui-se em três categorias... Investimentos Correspondem a inversões financeiras de caráter permanente, as quais geram rendimentos e não são necessárias à manutenção da atividade principal da empresa. Na maioria das vezes, são decorrentes de participações societárias em coligadas e controladas, com o propósito de extensão ou de diversificação da atividade econômica. Os investimentos mais significativos são avaliados pelo método da equivalência patrimonial, enquanto os demais, pelo método do custo de aquisição. Imobilizado Correspondem, em geral, aos itens que serão utilizados para a manutenção da atividade básica da empresa – terrenos, edifícios, equipamentos, instalações, móveis e utensílios, e veículos. O imobilizado é avaliado pelo custo de aquisição, deduzido do saldo da depreciação – exceção feita aos terrenos, que não são depreciáveis. O método mais usual de depreciação é o método linear, isto é, por quotas anuais constantes. Intangível Corresponde aos gastos com serviços que beneficiarão resultados de exercícios futuros. São ativos intangíveis, sujeitos à amortização proporcional ao tempo de contribuição, de que são exemplos os gastos de implantação e préoperacionais, além de pesquisas e desenvolvimento de produtos. O ativo diferido foi extinto pela Lei 11.638/07. Em seu lugar entrou o ativo intangível, representando direitos que tenham por objeto bens incorpóreos destinados à manutenção da entidade, inclusive o fundo de comércio. EXEMPLO A julgar pelo total dos itens investimentos, imobilizado e intangível da Companhia Brasileira de Distribuição/Grupo Pão de Açúcar, vemos que...


18 Em 31 de dezembro do Valores em milhares de reais ATIVO Investimentos Imobilizado Intangível Total

Ano 2

Ano 1

241.068 3.986.04 4 655.002 4.882.1 14

271.088 3.741.50 4 774.466 4.787.0 58

... Não houve grande variação de um exercício para outro, situando-se na faixa de R$ R$ 4,9 no ano 2 e R$ 4,8 bilhões no ano1. Como era de se esperar, sobressai o saldo dos valores imobilizados – já deduzidos da depreciação acumulada –, com R$ 3,7 e R$ 4 bilhões, respectivamente. Conforme se lê nas notas explicativas da empresa, os itens mais representativos desse subgrupo são edifícios, terrenos, benfeitorias e melhoramentos, além de equipamentos e instalações. EXEMPLO COM SUBGRUPOS DO ATIVO A composição do balanço patrimonial da Companhia Brasileira de Distribuição/Grupo Pão de Açúcar, em termos apenas dos subgrupos do ativo, é... Em 31 de dezembro do

Ano 2

Ano 1

3.220.1 32

3.733.0 22

837.658 241.068 3.986.04 4 655.002 8.939.9 04

667.610 271.088 3.741.50 4 774.466 9.187.6 90

Valores em milhares de reais ATIVO Circulante Não Circulante Realizável a longo prazo Investimentos Imobilizado Intangível TOTAL DO ATIVO

3.5 ivo circulante O ivo total engloba o capital de terceiros de curto e longo prazo, representativo das obrigações da companhia. Divide-se em circulante e não circulante. O ivo circulante refere-se às obrigações vencíveis nos próximos 12 meses. Essas obrigações podem representar valores fixos ou variáveis, vencidos ou a vencer, em uma data ou em diversas datas futuras. O ivo circulante compreende...


19   

As obrigações conhecidas, como duplicatas a pagar, promissórias a pagar, salários a pagar; As obrigações calculáveis com precisão, como variações cambiais e juros; As obrigações calculáveis apenas aproximadamente, como provisões para férias e 13º salários dos empregados.

As principais contas do ivo circulante são... Empréstimos e financiamentos... Correspondem às obrigações da empresa junto a instituições financeiras do país e do exterior. Debêntures... Correspondem aos títulos, normalmente de longo prazo, emitidos pela companhia com garantia de certas propriedades, de determinados bens ou do aval do emitente. São negociáveis e, em geral, oferecem juros – fixos ou variáveis –, pagos periodicamente e acrescidos de atualização monetária. São títulos que deverão ser liquidados quando de seu vencimento, existindo, no entanto, a possibilidade de serem convertidos em ações, conforme as bases especificadas na escritura de emissão. Fornecedores ou duplicatas a pagar... Correspondem às operações de compra a prazo, no mercado nacional ou no exterior, de matérias-primas – no caso das indústrias –, de mercadorias para revenda – no caso do comércio –, de insumos e outros materiais. Obrigações fiscais... Correspondem aos impostos, às taxas e às contribuições. As contas mais comuns são ICMS a recolher, IPI a recolher, ISS a recolher, PIS a recolher, IR a pagar, CS a pagar, MF a pagar. Outras obrigações... Correspondem aos adiantamentos de clientes, aos ordenados e salários a pagar, aos encargos sociais a pagar, às contas a pagar, aos dividendos a pagar. Provisões diversas... Correspondem aos dividendos propostos, às gratificações e participações, a férias, ao 13º salário, aos ivos contingentes...


20

3.6 ivo não circulante O ivo não circulante (antes chamado de exigível a longo prazo) evidencia o capital de terceiros de longo prazo. O ivo não circulante refere-se às obrigações com vencimento em prazo superior a 12 meses. Essas obrigações podem representar valores fixos ou variáveis, vencidos ou a vencer, em uma data ou em diversas datas futuras. O ivo não circulante tipicamente compõem-se de empréstimos, financiamentos, debêntures de longo prazo, provisão para impostos e outras. EXEMPLO Por meio do extrato do balanço patrimonial da Companhia Brasileira de Distribuição/Grupo Pão de Açúcar, podemos avaliar o peso relativo do ivo circulante e do ivo não circulante, sua composição, a importância de cada item em relação ao total e sua variação no biênio considerado... Em 31 de dezembro do

Ano 2

Ano 1

1.190.21 7 1.326.73 3 61.024 112.196 53.574 54.792 55.421 2.853.9 57

1.409.61 6 1.486.12 0 79.991 98.030 35.534 59.441 60.676 3.229.4 08

639.659 441.413 94.357 1.134.25 1 7.845 2.317.5 25

873.416 476.258 0 1.001.33 5 15.233 2.366.2 42

Valores em milhares de reais IVO Circulante Fornecedores Empréstimos e financiamentos Debêntures Salários e encargos sociais Impostos e contribuições sociais a recolher Dividendos propostos Outros Total Não Circulante Empréstimos e financiamentos Debêntures Impostos parcelados Provisão para contingências Outros Total

O ivo circulante somou R$ 2,9 bilhões no ano 2 e R$ 3,2 bilhões no ano 1, sendo que as duas contas mais expressivas são os empréstimos e financiamentos, assim como os fornecedores. Juntas responderam por, praticamente, 90% do total, mesmo que ambas tenham apresentado uma redução de um período para outro. No ivo não circulante, com saldos de R$ 2,3 bilhões no ano 2 e R$ 2,4 bilhões no ano 1, ressaltam-se a provisão para contingências – na faixa de R$ 1 bilhão –, e


21 os empréstimos e financiamentos – de R$ 873 milhões e R$ 640 milhões, respectivamente. As notas explicativas esclarecem que a provisão para contingências refere-se a valores não recolhidos de COFINS, PIS, INSS e MF, que a empresa está contestando na justiça.

3.7 Patrimônio líquido No balanço patrimonial, a diferença entre o valor do ativo e o do ivo representa o patrimônio líquido, que é o valor contábil pertencente aos acionistas ou sócios. Grosso modo, o patrimônio líquido compreende o capital, acrescido de seu rendimento – reservas. De acordo com a legislação societária vigente, o patrimônio líquido é dividido em... Capital social Corresponde aos recursos iniciais e posteriores aportados pelos acionistas, bem como aos aumentos por transferências das contas de reservas e lucros acumulados. Reservas de capital Correspondem aos valores recebidos pela empresa que não se originaram do lucro – ágio na emissão de ações, prêmio na emissão de debêntures, doações e subvenções para investimento. Reservas de reavaliação Correspondem aos aumentos de valor atribuídos a bens do imobilizado que foram reavaliados pelo valor de mercado. Com a Lei nº 11.638/07 foi eliminada a possibilidade de reavaliação espontânea de bens. Reservas de lucros Correspondem aos lucros obtidos e retidos com finalidade específica – reserva legal, reserva estatutária, reserva para expansão. Lucros ou prejuízos acumulados Correspondem ao saldo de lucros após as destinações para reservas de lucros e dividendos distribuídos – portanto, sem finalidade específica – ou a prejuízos à espera de absorção.


22 Para uma melhor evidenciação da movimentação das contas que integram o patrimônio líquido, ocorrida durante o exercício, há a demonstração das mutações do patrimônio líquido, DMPL, além das notas explicativas referentes à composição acionária, base de cálculo de dividendos e outras.

EXEMPLO Ao examinarmos, rapidamente, o montante do patrimônio líquido da Companhia Brasileira de Distribuição/Grupo Pão de Açúcar, constatamos que...

Em 31 de dezembro do

Ano 2

Ano 1

3.157.17 8 172.122 439.122 3.768.4 22

2.749.77 4 344.242 498.024 3.592.0 40

Valores em milhares de reais Patrimônio Líquido Capital social Reservas de capital Reservas de lucros Total

...houve um aumento entre as duas datas, de R$ 3,6 bilhões para cerca de R$ 3,8 bilhões. O capital social representa mais de três quartos do total do PL e evoluiu de R$ 2,7 para R$ 3,2 bilhões no período, em decorrência da incorporação de reserva – conforme se pode ler verificar na Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido, DMPL. Em 31 de dezembro do

Ano 2

Ano 1

2.853.9 57 2.317.5 25 3.768.4 22 8.939.9 04

3.229.4 08 2.366.2 42 3.592.0 40 9.187.6 90

Valores em milhares de reais IVO Circulante Não Circulante Patrimônio Líquido TOTAL DO IVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO

3.8 Demonstração do resultado do exercício OBJETIVO A demonstração do resultado do exercício, DRE, é a apresentação, em forma resumida, das operações realizadas pela empresa durante o exercício social.


23 A demonstração do resultado do exercício engloba as receitas, as despesas, os ganhos e as perdas, apurados com base no regime de competência, ou seja, independentemente de pagamentos e recebimentos. O objetivo da demonstração do resultado do exercício é fornecer aos usuários das demonstrações financeiras da empresa os dados básicos e essenciais da formação do resultado do período, seja lucro ou prejuízo. A demonstração do resultado do exercício é o grande retrato global da eficiência do negócio do ponto de vista econômico, e não do ponto de vista financeiro (caixa). FORMATO A apresentação da demonstração do resultado do exercício, DRE, ocorre na forma vertical, dedutiva, iniciando com o valor total da receita apurada nas operações de vendas de produtos e serviços, seguindo-se diversas deduções e informando vários níveis de resultados...     

Receita líquida; Lucro bruto; Resultado antes das receitas e despesas financeiras; Resultado antes dos tributos sobre o lucro; Resultado líquido do período.

A estrutura legal típica da DRE é...

RECEITA BRUTA A receita bruta de vendas e serviços decorre das operações normais e habituais da empresa, como... 

Venda de produtos e subprodutos – na indústria;


24  

Venda de mercadorias – no comércio; Prestações de serviços – nos serviços.

Poderá discriminar, ainda, se as receitas foram originadas do mercado nacional ou de exportação. RECEITA LÍQUIDA As operações normais e habituais da empresa ocorrem antes de certos ajustes, tais como...   

Vendas canceladas e devoluções; Abatimentos; Impostos incidentes sobre vendas - IPI, ICMS, ISS, PIS, COFIN.

Feitas essas deduções, obtemos a receita líquida, que é a receita verdadeiramente pertencente à empresa. A partir dela, serão deduzidos custos e despesas para se chegar ao lucro final. CUSTO DAS MERCADORIAS VENDIDAS O custo das mercadorias vendidas, CMV, na empresa comercial, representa a baixa efetuada nas contas dos estoques. A fórmula simplificada de sua apuração é... CMV = Estoques no início do período + Compras líquidas do período Estoques no final do período

CUSTO DOS PRODUTOS VENDIDOS Nas empresas industriais, por se caracterizarem pela transformação de bens e sua comercialização, a apuração do custo dos produtos vendidos, V, é mais complexa. Em lugar de um único item de compras, por exemplo, há diversas entradas para formar os custos de produção do período, como mão-de-obra direta, materiais diretos consumidos e custos indiretos de fabricação. Há ainda três tipos de estoques a serem considerados...   

Matérias-primas; Produtos em fabricação; Produtos acabados.

CUSTO DOS SERVIÇOS PRESTADOS


25

No caso de empresas de prestação de serviços, o custo dos serviços prestados, CSP, compreende todos os gastos necessários à obtenção dos serviços. Tal custo varia de empresa para empresa em função de seu ramo de atividade. DESPESAS DA OPERAÇÃO As despesas da operação, segundo a legislação, compreendem as despesas necessárias para a empresa vender, istrar e financiar suas atividades... Despesas com vendas... Correspondem aos gastos de promoção, colocação e distribuição dos produtos. Despesas istrativas e gerais... Correspondem aos gastos para direção e execução das tarefas istrativas, bem como despesas gerais que beneficiam os negócios da empresa. Resultado financeiro líquido... Do lado das despesas financeiras, correspondem aos juros incorridos, às comissões e despesas bancárias, aos descontos concedidos a clientes, à variação cambial/monetária de obrigações. Do lado das receitas financeiras, correspondem aos juros auferidos em aplicações ou cobrados de clientes, aos descontos obtidos e à variação cambial/monetária de créditos. OUTRAS DESPESAS E RECEITAS As outras despesas e receitas são as que se ligam a atividades órias ao objeto principal da empresa...   

Participação nos resultados de coligadas e controladas pelo método de equivalência patrimonial; Dividendos e rendimentos de outros investimentos; Receitas provenientes de transações eventuais.

RESULTADO LÍQUIDO Após a apuração do resultado das operações, há ainda que deduzir as despesas com os tributos...  

Imposto de renda; e Contribuição social.

Por fim, na ausência de outras deduções, obtém-se o resultado líquido do período, que é a sobra líquida à disposição dos sócios ou acionistas.


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EXEMPLO DE DRE A demonstração do resultado do exercício, DRE, da Companhia Brasileira de Distribuição/ Grupo Pão de Açúcar, extraída do relatório anual que estamos analisando, e com pequenas adaptações, é...

EXEMPLO – BREVE ANÁLISE DA DRE Uma rápida leitura da DRE da Companhia Brasileira de Distribuição/Grupo Pão de Açúcar revela, durante o ano 2...       

Que a empresa obteve receita bruta de R$ 12,8 bilhões; Uma receita líquida de R$ 10,8 bilhões; Um lucro bruto de R$ 3 bilhões; Que esse resultado é 15% superior ao registrado no ano anterior; Que o resultado antes das receitas e despesas financeiras foi de R$ 400,6 milhões, contra R$ 290,2 milhões do ano anterior; Que o resultado antes dos tributos foi de R$ 215,8 milhões, contra R$ 127,3 milhões do ano anterior, ou seja, quase 70% a mais; Que, nos dois exercícios mostrados, houve imposto de renda positivo, isto é, crédito tributário decorrente de prejuízos de exercícios anteriores – conforme notas explicativas –, o que ajudou a elevar muito o lucro líquido do ano anterior.

A istração da empresa propôs, para deliberação da Assembleia Geral Ordinária – AGO –, que, dos R$ 225,5 milhões de lucro apurados no ano 2, cerca de R$ 55 milhões sejam destinados à distribuição como dividendo mínimo obrigatório.


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28

4. As novas demonstrações contábeis 4.1 Demonstrações do fluxo financeiro 4.1.1 – Econômico VERSUS financeiro Os termos econômico e financeiro – embora empregados de forma indistinta na maioria das vezes – não significam a mesma coisa no contexto da contabilidade e das finanças empresariais, podendo gerar mal-entendidos. Econômico refere-se à riqueza, em sentido estático, e à renda, em sentido dinâmico. Capital é um estoque de riqueza em algum ponto no tempo. Lucro é um fluxo de renda gerado pelo capital durante determinado período e que poderá ser desfrutado. Financeiro tem a ver com dinheiro, com disponibilidades, com capacidade de pagamento, com liquidez. Em sentido estático, refere-se ao saldo de caixa; em sentido dinâmico, representa a variação de caixa. De um ponto de vista amplo, o termo financeiro pode ser aplicado ainda para designar o saldo do capital circulante líquido, CCL, ou sua variação. Vejamos...

4.1.2 – O título demonstrações “financeiras” O título demonstrações financeiras, tal como adotado pela Lei das Sociedades por Ações, refere-se a demonstrações cujo conteúdo está traduzido em valores monetários.


29 Utiliza-se um denominador comum – reais, no caso brasileiro – para somar itens os mais diversos, tais como dinheiro, investimentos variados, mercadorias, instalações, valores a receber e a pagar... O balanço patrimonial, BP... ...retrata, em determinada data, a posição patrimonial, constituída de bens, direitos e obrigações da empresa. O ativo identifica o estoque de riqueza, enquanto o ivo representa os financiadores dessa riqueza. A demonstração do resultado do exercício, DRE... ...evidencia receitas, despesas, ganhos e perdas acumulados em um período, isto é, o fluxo de renda gerado pelo ativo e sua repartição com base no regime de competência. Logo, podemos afirmar que tanto o BP quanto a DRE são demonstrações de natureza econômica. O lucro aumenta o patrimônio líquido, mas não necessariamente as disponibilidades de caixa. Inversamente, uma empresa pode estar em excelente condição financeira, devido a um novo aporte de capital ou a um empréstimo contraído e, ainda assim, apresentar prejuízo.

4.1.3 – DFC e DOAR É importante que a empresa disponha de demonstrações que evidenciem os fluxos financeiros do período, tanto no sentido amplo, quanto no . As duas demonstrações, de natureza financeira, mais conhecidas são... Demonstração do fluxo de caixa, DFC... Tem o objetivo de prover informações sobre os pagamentos e recebimentos, em dinheiro, ocorridos durante um determinado período. Para isso, evidencia o movimento de caixa da empresa – dinheiro e equivalentes –, e permite mostrar a situação financeira de curtíssimo prazo. Demonstração das origens e aplicações de recursos, DOAR... Evidencia a variação do capital circulante líquido, CCL, e permite mostrar a situação financeira de curto e médio prazo. O significado de recursos não é o de dinheiro, mas CCL, que fica definido como a folga financeira da empresa. Como já foi mencionado antes, a partir de 2008 a DOAR deixou de ser obrigatória e foi substituída pela demonstração dos fluxos de caixa, DFC, por determinação da Lei nº 11.638/2007.

4.1.4 – DFC


30 Devemos distinguir dois modelos de demonstração do fluxo de caixa, DFC, conforme o método de elaboração adotado... Método direto... Explicita as entradas e saídas de caixa das atividades operacionais por seus volumes brutos. Método indireto... Faz a conciliação entre o lucro líquido constante na DRE e o caixa gerado pelas operações. O conceito de caixa empregado na DFC não ocorre no sentido de dinheiro apenas, mas de disponibilidades para contemplar o caixa puro, que é o dinheiro à mão ou em conta corrente em bancos, acrescido das aplicações em investimentos de liquidez imediata, chamadas de equivalentes de caixa. CATEGORIAS DE ATIVIDADES Outro aspecto a ressaltar na demonstração do fluxo de caixa, DFC, é a classificação das movimentações de caixa por categorias de atividades... Atividades operacionais... Entradas e saídas relacionadas à produção e entrega de bens e serviços. Normalmente, são transações que aparecem na DRE. Atividades de investimento... Entradas e saídas relacionadas ao aumento e à diminuição dos ativos de longo prazo, utilizados para produzir bens e serviços. Atividades de financiamento... Entradas e saídas relacionadas com os empréstimos de credores e investidores à empresa. EXEMPLO DE DFC A demonstração do fluxo de caixa, pelo método indireto, da Companhia Brasileira de Distribuição/Grupo Pão de Açúcar, extraída do Relatório Anual que estamos analisando, pode assim ser representada...


31

EXEMPLO – BREVE ANÁLISE DA DFC Focalizando o ano 2 na demonstração do fluxo de caixa da Companhia Brasileira de Distribuição/Grupo Pão de Açúcar, notamos...


32 Em primeiro lugar, o lucro líquido do exercício de R$ 226 milhões, ajustado pela depreciação de R$ 454 milhões, pelas variações monetárias de R$ 248 milhões, e por outros itens de R$ 63 milhões, alcançou a expressiva cifra de R$ 991,4 milhões. Para uma apreciação rápida dos demais itens da DFC, pode-se dirigir a atenção para os demais grandes grupos, como abaixo... Vê-se que as movimentações de ativos e ivos operacionais praticamente se compensaram, ainda que mereça destaque a grande redução ocorrida em contas a receber – R$ 483 milhões – e em fornecedores – R$ 219 milhões, como consta da DFC. Enfim, o caixa líquido de origem operacional foi de R$ 1 bilhão (veja linha A acima). Por fim, as atividades de investimento – leiam-se novas imobilizações, basicamente – absorveram R$ 546 milhões (linha B) e se somam ao déficit das atividades de financiamento no valor de R$ 629,3 milhões (linha C). Para fechar a conta, foi preciso reduzir o disponível da empresa em R$ 153,2 milhões. Durante o ano 1, a situação foi bastante distinta. A título de exercício, recomendamos que você faça a sua análise.

4.1.5 – DVA A demonstração do valor adicionado, DVA, apresenta o resultado do exercício do ponto de vista da geração e distribuição de riquezas, cujos principais beneficiários sãos os empregados, o governo e a comunidade, os financiadores e os acionistas. Dessa forma, a demonstração apresenta as receitas obtidas no período, deduzindo, em seguida, os insumos adquiridos de terceiros, para chegar ao valor adicionado bruto. Esta cifra é então ajustada por alguns elementos, tais como despesa de depreciação, equivalência patrimonial, receitas financeiras, para se chegar ao valor adicionado total a distribuir. A parte final da DVA evidencia os beneficiários receptores da distribuição...     

Pessoal e encargos; Impostos e taxas; Juros e aluguéis; Dividendos; Retenção de lucros.

EXEMPLO DE DVA A demonstração do valor adicionado, DVA, da Companhia Brasileira de Distribuição/Grupo Pão de Açúcar, extraída do Relatório Anual, com ligeiras aglutinações de contas, pode ser assim visualizada...


33

EXEMPLO – BREVE ANÁLISE DA DVA A DVA é de fácil leitura e interpretação. Por exemplo... Na parte superior da demonstração, após computada a receita e deduzido o insumo adquirido, constata-se que o valor adicionado bruto variou de R$ 2,52 a R$ 3,1 bilhões, ou seja, um crescimento de 23%. Na parte inferior da demonstração, vemos que o valor adicionado total a distribuir evoluiu de R$ 2,54 bilhões para R$ 3,21 bilhões, correspondente a uma expansão significativa de 26,4% de um exercício para outro. Podemos observar e refletir sobre como essa riqueza foi alocada entre os vários beneficiários. Para tanto, vamos construir uma tabela auxiliar, em termos porcentuais...


34 Do ponto de vista da distribuição do valor adicionado total, verifica-se que... 

...aos empregados coube uma participação média de cerca de 30% em ambos os anos.



...Já no caso do governo, registrou-se um aumento superior a 5 pontos percentuais, de 27,5% para 32,8%.



...Os juros e aluguéis absorveram praticamente a mesma parcela de 31%.



...Os valores cabíveis aos acionistas, tanto na forma de lucros distribuídos quanto em lucros retidos, sofreram uma redução de 9,6% para 7,0%.

Portanto, o governo foi o grande favorecido no ano 2, quando comparado com o ano 1, no caso dessa companhia, e perderam os acionistas.


35

5. Lei das Sociedades Anônimas (S/A) e demais sociedades (LTDA.) 5.1 Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976

Presidência da República Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos LEI No 6.404, DE 15 DE DEZEMBRO DE 1976.

(http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei %206.404-1976?OpenDocument) 5.2 Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007

Presidência da República Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos LEI Nº 11.638, DE 28 DE DEZEMBRO DE 2007.

(http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificaca o/lei%2011.638-2007?OpenDocument) 5.3 Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009

Presidência da República Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos LEI Nº 11.941, DE 27 DE MAIO DE 2009.

(http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificaca o/lei%2011.941-2009?OpenDocument)


36

6. Análise das demonstrações contábeis 6.1 Introdução O processo de análise é direcionado conforme o interesse do usuário da informação contábil e financeira. Poderíamos dividir os usuários em dois grandes grupos em relação à empresa: 1. Internos - são os elementos que compõe a istração da empresa, portanto os sócios, ou ainda a gerência e os funcionários encarregados de tomar as decisões no dia a dia da empresa; 2. Externos - este grupo de usuários é formado pelos: a. Credores, representados pelos: fornecedores de matéria-prima, mercadorias ou ainda de serviços; empregados, em função de seus salários e encargos; instituições financeiras, em decorrência de empréstimos e financiamentos; governo, para o qual a empresa deve arrecadar os tributos; b. Mercado em potencial, futuros prováveis acionistas; c. Acionistas preferenciais, que não tem poder de decisão na empresa; d. Concorrentes setoriais, a título de cotejar os valores; e. O consumidor e a sociedade como um todo, cada qual com seus interesses.

6.2 Qualidade da informação contábil Para que o processo de análise tenha o resultado almejado, é necessário que as informações obtidas tenham a qualidade adequada. Os atributos esperados da informação contábil são os seguintes: 1. 2. 3. 4.

Confiabilidade, relatórios precisos e auditados; Abrangência, com a informação de todo o movimento da empresa; Objetividade, simples com destaques nos pontos mais importantes; Oportuna, recente com dados atuais.

6.3 Objetivos gerais da análise Extrair informações das demonstrações contábeis que sejam úteis à tomada de decisão, concluir sobre a saúde econômico-financeira da entidade, sobre o desempenho de sua atividade operacional.


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6.4 Produto da análise O produto final da análise serão relatórios escritos em linguagem objetiva e ados por gráficos e quadros sumariados de forma gerencial.

6.5 Visão histórica Pode-se questionar quando se iniciou a utilização do processo de análise das demonstrações contábeis; seguramente ela aparece com o surgimento das próprias demonstrações, mas vejamos um quadro cronológico do processo. No final do século XIX banqueiros americanos aram a solicitar balanços das empresas tomadoras de empréstimos. Em 9 de fevereiro de 1895, o Conselho Executivo da Associação de Bancos de Nova York recomendou a seus membros que solicitassem balanços aos tomadores de empréstimos. Em 1900, a associação divulgou um formulário de proposta de crédito que inclua espaço para balanço. Em 1919, Alexander Wall (considerado o pai da análise de balanços) desenvolveu um modelo de análises de índices. Em 1925, Stephen Gilman propôs a análise horizontal. Em 1930, surgiu na Du Pont um modelo de análise de rentabilidade (Roi-Return on Investiment) que depunha o retorno em margem e giro. Em 193l, a Dun & Bradstreet ou a elaborar e divulgar índices padrões para os diversos ramos de atividades dos EUA. No Brasil, em 1968, foi criada a SERASA e surgiu a metodologia de análise e de construção de índices - padrão.

6.6 O processo de análise O processo de análise das demonstrações contábeis é composto dos seguintes procedimentos: 1. Extração dos índices das demonstrações contábeis; 2. Comparação dos índices calculados com o padrão; 3. Ponderação das informações;


38 4. Elaboração dos diagnósticos; 5. Tomada da decisão; 6. Estrutura das Demonstrações Financeiras.

Padronização das demonstrações contábeis As demonstrações contábeis costumam evidenciar detalhamentos que precisam sofrer condensação e crítica através de uma padronização. A padronização é feita pelos seguintes motivos: 1. Simplificação - Quanto maior o volume de contas mais difícil fica a visualização e a compreensão do todo; 2. Comparabilidade - Como cada empresa possui o seu próprio plano de contas e diferenciado de outras empresas, torna-se necessário agregar contas a fim de que os balanços se tornem comparáveis; 3. Adequação aos objetivos da análise - Conforme o objetivo a que se propõe a análise deve-se montar um modelo padrão que permita identificar os fatores importantes; 4. Precisão na classificação das contas - O analista pode modificar as classificações que se forem falhas, como, por exemplo, certos investimentos de caráter permanente que aparecem no ativo circulante, despesas do próprio exercício que figuram como despesas do exercício seguinte, gastos, indevidamente lançados, como ativo diferido quando deveriam fazer parte das despesas ou perdas do exercício. Essas falhas, muitas vezes são "maquiagens" com objetivos estrategicamente traçados pela istração da empresa ("window dressing"); 5. Descoberta de erros - A padronização possibilita melhor análise e a descoberta de erros, tais como: estoques finais ou iniciais que não coincidem; provisão para devedores duvidosos do balanço que não coincide com a que foi constituída na demonstração de resultado do exercício; e, não conciliação do patrimônio líquido final com os resultados do exercício mais o patrimônio líquido inicial.

Intimidade do analista com as demonstrações contábeis A padronização obriga o analista a pensar em cada conta e a decidir sobre sua consistência com as demais contas, enquanto faz a transcrição para o modelo predefinido de demonstração.

6.7 Demonstrações contábeis publicadas Encontram-se a seguir a título de revisão as principais demonstrações publicadas pelas sociedades anônimas sendo que no caso das limitadas normalmente estarão


39 disponíveis o Balanço Patrimonial; a Demonstração dos Resultados do Exercício e a Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados.

Relatório da diretoria Com esse relatório, a Diretoria presta informações aos acionistas sobre os diversos aspectos do desempenho e das perspectivas da sociedade, relativa a estratégias de vendas, compras, produtos, expansão, efeitos conjunturais, legislação, política financeira, de recursos humanos, resultados alcançados, planos, previsões etc. É uma forma de manter os acionistas e terceiros a par do que se realiza na empresa. O relatório da diretoria é uma peça em que se relata livremente aquilo que julga importante.

Demonstrações contábeis ou financeiras São compostas de quatro peças:    

Balanço patrimonial. Demonstração do resultado do exercício. Demonstração das mutações do patrimônio líquido. Demonstração das origens e aplicações de recursos.

Notas explicativas São dados e informações que ora complementam as demonstrações contábeis, como, por exemplo, taxas de juros, vencimentos e garantias de obrigações de longo prazo, ora fornecem critérios contábeis, como os de avaliação de estoques, depreciação e demais provisões, ou ainda acrescentam informações, como garantias prestadas a terceiros, espécies de ações do capital social, eventos subsequentes à data do balanço que tenham efeitos relevantes sobre a situação da companhia.

Parecer dos auditores É obrigatório apenas para as companhias abertas. Os auditores independentes são contadores que, sem qualquer vínculo empregatício, são contratados para emitir opinião sobre a veracidade das demonstrações financeiras. Verificam os controles internos da empresa, conferem lançamentos e conciliações contábeis e checam saldos com os bancos, clientes e fornecedores, tudo por amostragem. Portanto, o parecer dos auditores é um bom referencial sobre a qualidade da informação produzida. Para a detalhada compreensão do conteúdo, significado, funcionamento e objetivo das contas, o analista deve sempre estar consultando a Lei das


40 Sociedades por Ações (Lei no. 6.404/76), Manual das Sociedades por Ações do FIPECAFI e Princípios e Convenções Contábeis editado pelo IBRACON.

6.8. Objetivos da análise econômico-financeira

O objetivo básico é a elaboração de informações úteis a diversos interessados que estarão preocupados em: 1. 2. 3. 4.

Ler e interpretar a situação dos negócios; Avaliar o desempenho da empresa e de seus gestores; Diagnosticar problemas; e, Vislumbrar perspectivas e tendências futuras.

Para atender a esses objetivos se faz necessário à preparação dos dados para a análise eliminando-se as distorções inflacionárias e fazendo a reclassificação das demonstrações contábeis quando necessária.


41

6.9. Metodologia de análise

A metodologia tradicional adotada para análise poderia ser assim dividida: 1. 2. 3. 4.

Análise Análise Análise Análise

vertical e horizontal; através de índices econômico-financeiros; das necessidades de capital de giro; de rentabilidade - ROI

6.9.1. Análise Vertical e Horizontal 6.9.1.1. Análise Vertical A análise vertical das contas das demonstrações contábeis mostra a sua composição percentual e a participação de cada conta em relação a um valor adotado como base (100%). A análise vertical é importante para avaliar a estrutura de composição de itens e sua evolução no tempo. Essa análise em períodos sucessivos pode fornecer uma base para a projeção de uma demonstração de resultados. Porém, essa projeção apresenta algumas limitações, principalmente porque não leva em conta as mudanças no processo tecnológico e / ou nos custos dos insumos e / ou nos preços de venda. Qualquer projeção baseada em dados históricos requer muito cuidado.

6.9.1.2. Análise Horizontal A análise horizontal das contas das demonstrações financeiras mostra as variações que ocorreram nos valores monetários ou em valores relativos (% ou índices) num determinado período de tempo. A análise horizontal enfatiza a modificações ou evoluções em cada conta das demonstrações financeiras em relação a uma demonstração básica, geralmente a mais antiga da série, a fim de caracterizar tendências. A avaliação das modificações das contas poderá ser realizada através da comparação com: 1. 2. 3. 4. 5.

Variações históricas da própria empresa; Taxas de crescimento da economia; Taxas de crescimento do setor ao qual pertence à empresa; Taxa de variação da UFIR ou da inflação oficial; e Variações nas contas idênticas das demonstrações contábeis de concorrentes próximos.


42

6.9.1.3. Exemplo de Análise Vertical e Horizontal BALANÇOS 31/12/X1 AH Ativo Circulante

100.000

100

AV

31/12/X2

AH

AV

31/12/X3

AH

AV

17,86

110.000

10,00

16,08

95.000

(5,00)

12,98

20,00 Realizável a Longo Prazo

160.000

100

28,57

184.000

15,00

26,90

192.000

Ativo Permanente

300.000

100

53,57

390.000

30,00

57,02

445.000

48,33

60,79

TOTAL

560.000

100 100,00

684.000

22,14 100,00

732.000

30,71

100,00

ivo Circulante

26,23

70.000

100

12,50

90.300

29,00

13,20

106.400

52,00

14,54

Exigível a Longo Prazo

150.000

100

26,79

200.000

33,33

29,24

235.000

56,67

32,10

Patrimônio Líquido

340.000

100

60,71

393.700

15,79

57,56

390.600

14,88

53,36

TOTAL

560.000

684.000

22,14 100,00

732.000

30,71

100,00

100 100,00

DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADO 31/12/X1 AH Receitas de Vendas CMV

830.000

AV

100 100,00

31/12/X2

AH

AV

1.260.000 51,81 100,00

31/12/X3

AH

AV

2.050.000

146,99

100,00

204,22

(77,79)

455.400

48,90

22,21

(277.500)

98,92

(13,54)

(186.000)

111,36

(9,07)

(524.167) 100 (63,15) (840.500) 60,35 (66,71) (1.594.600)

Lucro Bruto

305.833

Despesas s. e Coms.

100

36,85

419.500

37,17

33,29

(139.500) 100 (16,81) (190.000) 36,20 (15,08)

Despesas Financeiras

(88.000)

Resultado Operacional

78.333

Imposto de Renda

(31.333)

Resultado Líquido

47.000

100 (10,60) (140.000) 59,09 (11,11) 100

9,44

100 (3,78) 100

5,66

89.500 (35.800) 53.700

14,26

7,10

14,26 (2,84) 14,26

4,26

(8.100) 0 (8.100,0)

(110,34) (0,40) 0,00

0,00

(117,23) (0,40)

Análise Horizontal: Deterioração na capacidade de pagamento a curto prazo da empresa como consequência da evolução mais que proporcional de suas obrigações - ivo circulante - em relação às suas disponibilidades e valores realizáveis - ativo circulante. Note-se que, de ano para ano, está decaindo a diferença entre ativo e ivo circulante tanto em valores relativos como em valores absolutos, proporcionando uma redução na liquidez. Nos dois últimos exercícios considerados, os custos de venda da empresa apresentaram um crescimento maior que suas receitas, proporcionando uma redução na evolução do lucro bruto. Em outras palavras, em X2 para auferir um crescimento de 37,17% no lucro bruto, a empresa elevou suas vendas em 51,81%. Em X3 para uma elevação de apenas 22,21% no lucro bruto, as receitas precisaram crescer 146,99%.

Análise Vertical:


43 Os investimentos de sofreram pequenas reduções no período, ando de 17,9% do total do ativo em X1, para 13% em X3. Em contrapartida de forma desequilibrara, as dívidas de apresentaram uma participação maior ao longo dos períodos. Em X1, 12,5% do total do financiamento era representado por PC, subindo p/ 14,5% em X3. O único grupo patrimonial que proporcionalmente cresceu ao longo dos anos foi o AP. A maior preocupação por invests. produtivos pode ser derivada do crescimento dos níveis de vendas da empresa atingindo 51,8% e 62,7% em X2 e X3, respectivamente. Nos anos X1 e X2, apesar de ter apresentado um LL crescente em valores absolutos, houve uma redução proporcional às Vs. Pelas demonstrações de resultados, confirma-se a necessidade de um volume maior de receitas de vendas p/ cobrir os custos. Em X1 63,2% das vendas eram destinados a reporem os custos incorridos, e elevando-se para 77,8% em X3.

6.9.2. Análise Através de Índices Econômico-Financeiros Para que o financeiro possa planejar suas atividades, precisa conhecer o ambiente econômico, político e social que pode afetar as operações da empresa, os seus "pontos fortes" e os "pontos fracos". Os pontos fortes são identificados para que se possa tirar certas vantagens para a empresa, no meio onde atua. Por outro lado, as fraquezas devem ser analisadas para que ações corretivas sejam tomadas, em tempo hábil, objetivando melhora da performance da empresa. Um dos principais instrumentos para se avaliar certos aspectos do desempenho ado, presente e futuro da empresa é a análise de índices econômico-financeiros, calculados basicamente a partir das contas das demonstrações financeiras.

6.9.2.1. Definição Índice é a relação entre contas ou grupos de contas das demonstrações financeiras, que visa a evidenciar determinado aspecto da situação econômica ou financeira de uma empresa. Os índices constituem a técnica de análise mais empregada e, muitas vezes, o leigo ao extraí-los acredita ter feito análise das demonstrações financeiras. Alguns dos índices que surgiram inicialmente permanecem em uso até hoje, apesar de que, com o ar do tempo, a técnica de análise foi sofrendo aprimoramentos e refinamentos pelos profissionais e pesquisadores das universidades.


44

6.9.2.2. Utilização A análise das demonstrações financeiras de uma empresa pressupõe, de início, definir o "ponto de vista sob o qual está se examinando a empresa". Cada tipo de análise tem um propósito ou utilidade que irá determinar as diferentes relações a serem enfatizadas na análise. O analista pode, por exemplo, ser o gerente de um banco comercial que deve decidir sobre a concessão de um empréstimo de curto prazo para uma firma. Nestas condições ele está principalmente interessado na liquidez da firma e, portanto, deve enfatizar os índices que medem a liquidez e a atividade (prazos médios). A istração da empresa está interessada, naturalmente, em todos os aspectos da análise financeira. Para obtenção de recursos, tanto de curto como de longo prazo, a apresentação de índices favoráveis representa segurança para os credores (bancos, fornecedores, acionistas e outros) e para a empresa. Ademais, trata-se de um instrumento de grande utilidade para avaliação periódica do desempenho da empresa.

6.9.2.3. Quantidade de índices Importante não é o cálculo de grande quantidade de índices, mas de um conjunto de índices que permita atingir o fim a que se propõe a análise. Rogério Pfaltzgraf elaborou um livro de análise de balanços onde descreve cerca de 100 índices de balanço. No entanto, a experiência tem mostrado que chega um ponto que o aumento no número de índices não traz benefícios na mesma proporção.

6.9.2.4. Cálculo A determinação dos índices financeiros é realizada através do quociente entre contas (parciais ou totais) do balanço patrimonial entre si e entre contas do balanço patrimonial e contas da demonstração de resultados. Para que o cálculo dos índices financeiros seja possível e os seus resultados tenham significado, é necessário que tanto as contas do balanço como da demonstração de resultados sejam "enquadradas" numa forma padronizada que permita comparações. Além disso, deve-se, comparar demonstrações contábeis correspondentes às mesmas datas, evitando-se possíveis efeitos distorcidos devido à sazonalidade das operações da empresa.


45

6.9.2.5. Aspectos revelados A análise das demonstrações financeiras pode ser desdobrada em dois aspectos:

Situação financeira  

Estrutura (Endividamento) Liquidez

Situação econômica 

Rentabilidade

Pode-se classificar os índices econômico-financeiros em quatro grupos, que medem:    

Estrutura financeira; Liquidez; Lucratividade; e, Atividade (prazos médios).

6.9.2.6. Avaliação Calculados os índices, é necessário avaliá-los. Há três formas básicas de avaliação de um índice:   

Pelo significado intrínseco; Pela comparação ao longo de vários exercícios; e, Pela comparação com índices de outras empresas (índices padrões).

É possível, de maneira grosseira, avaliar índices pelo seu significado intrínseco. Por exemplo, pode-se tentar qualificar a situação financeira de uma empresa com base no índice de liquidez corrente: se apresentar 1,80, sabe-se que para cada unidade monetária de dívida de curto prazo há 1,80 de investimento a curto prazo, portanto, com uma margem de segurança de 80%. O analista poderá também usar seu conhecimento das empresas que tem analisado e concluir através de seu "feeling" que o índice oferece segurança. A comparação dos índices da empresa ao longo do tempo pode dar uma ideia das tendências seguidas pela empresa. No entanto, é necessário analisar esses índices de forma conjunta. A avaliação de um índice e sua conceituação como ótimo, bom, satisfatório, razoável ou deficiente só pode ser feita através da comparação com padrões. Alguns dos índices do setor são fornecidos por publicações especializadas anuais tais como: Visão (quem é quem na economia brasileira), Conjuntura Econômica (as 500 maiores empresas) e Exame (Maiores e Melhores). Índices padrões podem ser conseguidos na SERASA, empresa que elabora estatística de índices de empresas por setor / ramo.


46

6.10. Tipos de Índices

6.10.1. Estrutura Financeira ou Endividamento É o nível de participação do capital de terceiros na atividade da empresa , pode-se dizer que quanto maior a participação de capital de terceiros maior o grau de endividamento. Os índices desse grupo mostram as grandes linhas de decisões financeiras, em termos de obtenção e aplicação de recursos. As medidas básicas de estrutura de capital ou endividamento são: 1. Participação do capital de terceiros: Capital de terceiros / Patrimônio Líquido, ou seja, contabilmente ivo Circulante + Exigível a Longo Prazo / Patrimônio Líquido, estabelece a relação entre capital de terceiros e capital próprio. PCT = IVO CIRCULANTE + EXIG.LONGO PRAZO (CT) PATRIMÔNIO LÍQUIDO ()

2. Composição do Endividamento: ivo Circulante / Capital de Terceiros, ou seja, contabilmente ivo Circulante / ivo Circulante + Exigível a Longo Prazo, demonstrando a concentração do endividamento a curto prazo CE =

IVO CIRCULANTE________________ CAPITAIS DE TERCEIROS

3. Imobilização do Patrimônio Líquido: Ativo Permanente / Patrimônio Líquido, estabelece quanto foi aplicado no Ativo Permanente para cada $ 1 de Patrimônio Líquido. IMPL = ATIVO PERMANENTE PATRIMÔNIO LÍQUIDO 4. Imobilização dos recursos não permanentes: Ativo Permanente/ Patrimônio Líquido + Exigível a Longo Prazo, estabelece o nível de imobilização dos recursos de longo prazo. IMRÑP = ___________ATIVO PERMANENTE____________________ PATRIMÔNIO LÍQUIDO + EXIGÍVEL A LONGO PRAZO

6.10.2. Liquidez


47 O objetivo deste grupo de índices é demonstrar a situação financeira da empresa e sua capacidade de saldar suas obrigações. As medidas básicas de liquidez são: 1. Liquidez Corrente: Ativo Circulante / ivo Circulante, estabelece quanto à empresa realizará em um ano, para pagar suas obrigações de um ano, portanto é medida de capacidade preditiva. LC = ATIVO CIRCULANTE IVO CIRCULANTE 2. Liquidez Geral: Ativo Circulante + Realizável a Longo Prazo / ivo Circulante + Exigível a Longo Prazo, estabelece a capacidade de liquidez levando em conta o longo prazo. Como inclui um longo prazo ativo que pode ter prazo diferente do longo prazo ivo, também perde capacidade preditiva. LG = ATIVO CIRCULANTE + REALIZÁVEL A LONGO PRAZO IVO CIRCULANTE + EXIGÍVEL A LONGO PRAZO 3. Liquidez Seca: Ativo Circulante - (Estoques) / ivo Circulante, é semelhante à Liquidez Corrente, porém exclui o risco de não realização dos estoques, portanto é uma medida mais conservadora. LS = ATIVO CIRCULANTE - ( ESTOQUES) IVO CIRCULANTE 4. Liquidez Imediata: Disponível (Caixa, Bancos e Aplicações Financeiras de Liquidez Imediata) / ivo Circulante, estabelece a capacidade de liquidez das obrigações de curto prazo, utilizando-se os recursos do Ativo Disponível. LI = DISPONÍVEL IVO CIRCULANTE

6.10.3. Rentabilidade Os índices deste grupo têm o objetivo de demonstrar o retorno ou rentabilidade do capital investido e a eficiência de sua istração. Medidas: margens e retorno.

1. Margem Bruta (MB) Aplicada na diferenciação de produto, estabelecimento, departamento ou na política de formação de preços. MB = LUCRO BRUTO

= LB %


48 VENDAS LÍQUIDAS

VL

2. Margem Operacional (MOP) Utiliza-se para análise de desempenho, pois a medida leva em conta as despesas operacionais. OBS: no caso de aplicação prática, adicionar ao lucro operacional as despesas financeiras, pois estas conceitualmente são não - operacionais. MOP = LUCRO OPERACIONAL = LOP % VENDAS LÍQUIDAS VL

3. Margem Líquida (ML) Esta medida leva em conta inclusive o resultado não operacional e representa o que “sobra” da atividade da empresa no final do período. Tradicionalmente é a mais usada e é do interesse do sócio da empresa. ML= LUCRO LÍQUIDO VENDAS LÍQUIDAS

= LL % VL

4. Rentabilidade do Ativo É o retorno sobre os investimentos totais (Ativo Total) efetuados na empresa, independente de sua procedência seja dos proprietários (Capital Próprio), das operações da empresa ou de terceiros (Capital de Terceiros). TRI (ROI) = LUCRO LÍQUIDO DO PERÍODO = LL % ATIVO TOTAL AT

5. PAY BACK da TRI Indica quanto tempo (em anos) a empresa levará para recuperar o valor total investido no Ativo. PAY BACK = 100% TRI

6. Rentabilidade do Patrimônio Líquido Representa o nível de remuneração do capital investido pelos sócios acionistas, quotistas, proprietários. TRPL (ROE) = LUCRO LÍQUIDO FINAL = LL % PL

PL

7. PAY BACK da TRPL Análise Econômico Financeira

49

Indica quantos anos os sócios levarão para recuperar o que foi investido na empresa. PAY BACK = 100% TRPL

6.10.4. Atividade (prazos médios) Os índices desse grupo mostram a eficiência com que a empresa utiliza os recursos disponíveis, tais como estoques, duplicatas a receber e outros. Através deste índice é possível avaliar certas políticas adotadas pela empresa.

1. Prazo médio de recebimento de vendas (PMRV) Esse índice indica quantos dias, semanas ou meses a empresa deverá esperar, em média, para receber suas vendas a prazo. O prazo médio de contas a receber deveria ser obtido a partir do maior número possível de saldos. Deveria representar a média do maior número possível de saldos da conta "Contas a Receber" durante o período observado

PMRV (em dias) = 360 X DUPLICATAS A RECEBER VENDAS REALIZADAS

2. Prazo médio de renovação de estoques - (PMRE) Esse índice fornece o número de dias, semanas ou meses que existe de cobertura de estoques e mede a eficiência com que a empresa istra os seus investimentos em estoques. Esse índice deve ser o menor possível e com o risco mínimo de falta de estoque.

PMRE (em dias) = 360 X ESTOQUES V

Prazo médio de pagamento de fornecedores - (PMPF) Esse índice mede o número de dias, semanas ou meses que a empresa leva para pagar seus fornecedores. As empresas têm procurado expandir esses prazos para que esse valor financie os seus investimentos em ativo circulante. Geralmente, quando o PMPF é superior àquele concedido pelo fornecedor significa que a empresa está com problemas de liquidez. PMPC (em dias) = 360 X FORNECEDORES COMPRAS A PRAZO


50

4. Inter-relação entre os índices de atividade A análise dos prazos médios só é útil quando os três prazos são analisados conjuntamente. Prazo médio de renovação de estoques - PMRE : representa na empresa comercial o tempo médio de estocagem de mercadorias; na empresa industrial, o tempo de produção e estocagem. Prazo médio de recebimento de vendas - PMRV : expressa o tempo decorrido entre venda e recebimento. A soma dos prazos, PMRE + PMRV, representa o que se chama de CICLO OPERACIONAL, ou seja, o tempo decorrido entre a compra e o recebimento da venda de mercadorias.

5. Ciclo operacional Mostra o prazo de investimento, que se for confrontado com o prazo médio de pagamento de compras, decorrido entre o momento em que a empresa coloca o dinheiro (pagamento de fornecedor) e o momento em que recebe as vendas (recebimento de cliente). É o período em que a empresa precisa arrumar dinheiro para financiar suas operações.

6.11. Análise das necessidades de capital de giro

Os índices de prazos médios, analisados conjuntamente, permitem identificar o ciclo financeiro da empresa. A análise dos prazos médios pode avançar na medida em que podemos quantificar o impacto econômico-financeiro das políticas adotadas pela gestão da empresa. A necessidade de capital de giro é o montante que a empresa precisa bancar em função do ciclo financeiro (dados pelos prazos médios). Essa necessidade de capital de giro - NCG é o montante de financiamentos que a empresa precisa obter para manter suas atividades. Podemos construir a seguinte fórmula: NCG = CF x Vd. +A . sendo:


51 NCG - Necessidade de Capital de Giro: reflete o montante de reais que a empresa necessita tomar para financiar o seu ativo circulante em decorrência das atividades de comprar, produzir e vender. CF - Ciclo Financeiro (PMRE + PMRV - PMPC) onde: PMRE = Prazo Médio de Renovação de Estoques PMRV = Prazo Médio de Recebimento de Vendas PMPC = Prazo Médio de Pagamento de Compras Vd - Vendas diárias (Vendas/360) A - Ajuste: é o resultado de outros ativos circulantes como caixa, títulos a receber e despesas antecipadas menos outros ivos circulantes como salários, encargos e tributos em geral, ou seja, valores de ativo e ivo circulante que surgem das operações e cujo saldo em geral, de pequeno montante, será um ajuste (acréscimo ou decréscimo) da NCG. Esse acerto é necessário porque enquanto o PMRE e o PMPC se baseiam nos preços de custos de produtos e materiais, o PMRV baseia-se no preço de venda. Um método detalhado para análise das necessidades de capital de giro é do fluxo de caixa operacional.

6.11.1. Análise Dinâmica do Capital de Giro A análise do capital de giro é fundamento básico para avaliação do equilíbrio financeiro da empresa. O comportamento do capital de giro é dinâmico e exige modelos eficientes a rápidos de avaliação.

6.11.1.1. Contas Cíclicas de Giro Algumas contas do Ativo Circulante são de natureza cíclica, ou seja, são contas que têm características de permanente, ligadas diretamente ao Ciclo Operacional e que necessitam de um investimento mínimo, sendo que seus valores são alterados somente quando ocorrem modificações no volume de atividade e nos prazos operacionais. São exemplos de Ativos Cíclicos: Duplicatas a Receber, Estoques, Despesas Operacionais Antecipadas, etc. Sendo, portanto, contas cíclicas, essas contas do Ativo devem ser financiadas por ivos Cíclicos, como Fornecedores, Salários e Encargos Sociais, Tributos a Recolher como Pis, COFINS, ICMS e IPI. Todo e qualquer valor do Ativo Circulante que não seja cíclico é definido como Financeiro. Logo, Disponibilidades, Aplicações Financeiras e Fundos Fixos de Caixa são classificados como Ativos Financeiros. No lado do ivo o quadro é idêntico,


52 qualquer conta que não esteja diretamente ligada ao Ciclo Operacional, ou seja, que não seja de natureza cíclica é ivo Financeiro. Como exemplo, podemos citar os Empréstimos e Financiamentos bancários de Curto Prazo, os Dividendos a Pagar, as Dívidas com Coligadas e Controladas, entre outras. Completando a estrutura, o Ativo Permanente compõe-se pelos valores do Realizável a Longo Prazo e dos grupos Imobilizado, Investimentos e Diferido. Por outro lado, são ivos Permanentes as contas do Exigível a Longo Prazo e do Patrimônio Líquido.

6.11.1.2. Indicadores de Avaliação da Estrutura Financeira Primeiramente, partiremos do Capital Circulante Líquido, o qual indica o volume de recursos de longo prazo alocados para financiar o giro. Em palavras simples, as fontes de recursos de longo prazo (Exigível a Longo Prazo + Patrimônio Líquido) financiam os investimentos de Longo Prazo (Realizável a Longo Prazo + Ativo Permanente), e o excedente deste investimento é destinado ao Ativo Circulante, ou seja, financia o giro da empresa. O Capital Circulante Líquido é obtido pela fórmula: CCL = (Exigível a L P + Patrim Líquido) – (Realizável a L P + Ativo Permanente). Agora, com base na subdivisão do Ativo Circulante e do ivo Circulante em Cíclicos e Financeiros, podemos mensurar a Necessidade de Capital de Giro - NCG (ou Necessidade de Investimento em Giro - NIG), confrontando Ativo Cíclico e ivo Cíclico. Da diferença obtemos a necessidade operacional de investimento de longo prazo em giro (Necessidade de Capital de Giro): NCG = Ativo Cíclico – ivo Cíclico. Com base nestes dois indicadores podemos avaliar o equilíbrio financeiro da empresa, onde a mesma só apresentará segurança financeira quando: CCL > NCG. Esta situação demonstra a existência de recursos em excesso diante das necessidades permanentes de giro. O contrário (NCG > CCL) sinaliza para a ocorrência de dificuldades financeiras. Depois de identificada a Necessidade de Capital de Giro (NCG), podemos apurar a Necessidade Total de Financiamento Permanente (NTFP), ou seja, o montante de recursos de longo prazo que a empresa necessita para financiar sua atividade. A NTFP representa o montante mínimo que a empresa deve manter para financiar seu giro e seu ativo fixo (Ativo Permanente), buscando assim o equilíbrio financeiro. Este índice é obtido pela fórmula: NTFP = NCG + Ativo Permanente. O Saldo Disponível (SD) simboliza a margem de segurança financeira de uma empresa, sua capacidade interna de financiar o giro. Um Saldo Disponível negativo


53 representa a existência de ivos Financeiros (Empréstimos de Curto Prazo, por exemplo) financiando o Ativo Cíclico (como os Estoques) da empresa. O Saldo Disponível (SD) é obtido através de: SD = ivo Permanente – NTFP.

6.11.1.3. Diferentes Estruturas Financeiras e Riscos Apresentaremos a seguir alguns modelos de Estruturas Financeiras, as quais sinalizarão para o Baixo, Médio ou Alto Risco Financeiro de uma empresa. De início temos duas estruturas classificadas como de Baixo Risco, onde se nota a existência de folga financeira. Nelas ocorre o equilíbrio financeiro.

ivo Financeiro

Ativo Financeiro Ativo Cíclico $ 40

ivo Cíclico $ 50

Ativo Permanente $ 70

ivo Permanente $ 80

ivo Financeiro


ivo Cíclico $ 40


ivo Permanente $ 80

CCL = 80 – 70 = 10 NCG = 40 – 50 = (10) NTFP = (10) + 70 = 60 SD = 80 – 60 = 20

CCL = 80 – 50 = 30 NCG = 60 – 40 = 20 NTFP = 20 + 50 = 70 SD = 80 – 70 = 10

Temos, portanto: CCL > 0 NCG < 0 CCL > NCG SD > 0

Temos, portanto: CCL > 0 NCG > 0 CCL > NCG SD > 0


54 A próxima estrutura é classificada como de Risco Médio, nesta o Capital Circulante Líquido (CCL) não consegue financiar toda a Necessidade de Capital de Giro (NCG). Empresas com este tipo de estrutura recorrem ao mercado financeiro mais habitualmente, para financiamento de seu giro, tomando empréstimos de curto prazo. Se a NCG continuar crescendo, e em proporções maiores que o CCL, a situação financeira tende a piorar.



ivo Financeiro $ 20 ivo Cíclico $ 40 ivo Permanente $ 80

CCL = 80 – 70 = 10 NCG = 60 – 40 = 20 NTFP = 20 + 70 = 80 SD = 80 – 80 = 0 Temos, portanto: CCL > 0 NCG > 0 CCL < NCG SD = 0


55 Os três quadros seguintes demonstram estruturas financeiras de Alto Risco de insolvência. As três apresentam Capital Circulante Líquido (CCL) Negativo, e, consequentemente, desequilíbrio financeiro. Não há recursos suficientes para financiamento das aplicações de longo prazo. Ativo Financeir o

ivo Financeir o $ 50

Ativo Cíclico $ 35

ivo Cíclico $ 30

Ativo Permane nte $ 75

ivo Permane nte $ 60

Ativo Financeiro $ 10

Ativo Cíclico $ 20


ivo Financeir o

Ativo Financeir o

ivo Cíclico $ 30

Ativo Cíclico $ 30



ivo Financeiro $ 10

ivo Cíclico $ 50


CCL = 65 – 80 = (15)

CCL = 30 – 50 = (20)

NCG = 35 – 30 = 5

NCG = 20 – 30 = (10)

NTFP = 5 + 75 = 80 SD = 60 – 80 = (20)

NTFP = (10) + 110 = 100 SD = 90 – 100 = (10)

CCL = 50 – 60 = (10) NCG = 30 – 50 = (20) NTFP = (20) + 90 = 70 SD = 80 – 70 = 10

Temos, portanto: CCL < 0 NCG > 0 CCL < NCG SD < 0

Temos, portanto: CCL < 0 NCG < 0 CCL < NCG SD < 0

Temos, portanto: CCL < 0 NCG < 0 CCL > NCG SD > 0


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6.11.1.4. Efeito Tesoura O crescimento da atividade empresarial deveria ser algo positivo, no entanto, muitas vezes este crescimento ocorre desordenadamente, acima da capacidade de financiamento das empresas. É o mesmo que dizer que a Necessidade de Capital de Giro (NCG) se eleva em proporções maiores que o Capital Circulante Líquido (CCL), ocasionando o desequilíbrio financeiro. O crescimento da NCG superior ao do CCL, por vários anos seguidos, é conhecido como Efeito Tesoura. Para entendermos melhor este fenômeno observe os seguintes dados, os quais serão analisados em um gráfico: X1 3.000 2.000

CCL NCG

X2 3.500 3.000

X3 4.100 4.500

X4 4.800 6.800

X5 5.600 10.200

O EFEITO TESOURA: 12.000 10.000 8.000 CCL 6.000

NCG

4.000 2.000 0 X1

X2

X3

X4

X5

Note que o crescimento do CCL é modesto se comparado ao da NCG, ou seja, o Capital Circulante Líquido não consegue financiar as necessidades de giro (em constante e rápido crescimento) da empresa. A tendência é que as “pontas da tesoura” se distanciem ainda mais neste nosso exemplo, e a empresa caminhe a os largos em direção ao desequilíbrio econômico-financeiro - Over trade.


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6.11.1.5. Over trade As empresas, assim como as pessoas, nascem e morrem. A morte de uma empresa ocorre pelo desequilíbrio econômico-financeiro. Este desequilíbrio ocorre quando a empresa não tem recursos suficientes para financiar seu giro. O Over trade é o estágio anterior à Concordata ou Falência, e pode ser diagnosticado pela análise das demonstrações financeiras, quando houver indícios de desequilíbrio econômico-financeiro. Tanto fatores internos como externos podem levar a empresa ao Over trade. Dentre os internos podemos citar:              

Queda nos índices de liquidez; Escassez de disponibilidades; Efeito Tesoura; Excesso não justificado de Ativo Fixo; Lucro Líquido baixo em relação ao movimento (TRI – Taxa de Retorno sobre o Investimento); Queda nas vendas; Excesso de produção ou estocagem não absorvidos pelo mercado; Produtos ou máquinas e equipamentos obsoletos; Ciclo financeiro crescente; Crescimento das despesas financeiras; Distribuição excessiva de lucros; Ambição desenfreada dos gestores, aliada ao crescimento desordenado da empresa; Greve de funcionários; Localização inadequada (por decisão empresarial)

E dentre os fatores externos, temos:        

Aquisição de insumos por preços abusivos; Clientes com alto poder de barganha; Carga tributária excessiva; Escassez de mão-de-obra; Moda; Intervenção governamental; Recessão e Inflação; Gastos forçados para atender às exigências das entidades de controle do meio ambiente.

O Over trade não simboliza a morte certa da empresa, mas é um sério alerta para isto. Os gestores de uma entidade nestas condições sentenciarão a morte do empreendimento se continuarem recorrendo a ivos Onerosos (Bancos, por exemplo) para tentar salvar a situação. Será necessária, neste momento, a injeção de capitais próprios, se isto for possível, para que a empresa volte a respirar.


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6.12. Previsão de Insolvência

Após o cálculo de um conjunto de índices e a avaliação de cada um deles comparativamente a um padrão, faz-se necessário à avaliação global da empresa. Para a avaliação conjunta dos índices é necessário atribuir pesos a cada um dos índices e isso, efetivamente, vai depender do fim a que se propõe a análise. É utilizado com frequência por muitas empresas o termômetro de insolvência de Kanitz, porém existem muitas restrições quanto a este instrumental porque não se conhece a estatística que fez chegar àqueles números "mágicos" e válidos eternamente. Alguns autores desenvolveram estudos sobre a fixação de pesos para os índices. Alexander Wall, considerado o pai da análise de balanços, fez, em 1914, a primeira tentativa de atribuir pesos e chegou a uma fórmula que reúne alguns parâmetros e índices, porém alguns autores colocam dúvidas sobre sua validade. Os processos de atribuir pesos podem ser empíricos ou científicos. Os empíricos surgem através do "feeling" dos analistas, enquanto que o científico pode ser feito através da análise estatística das empresas de sucesso e das empresas de insucesso, ou seja, aquelas empresas que faliram, aquelas que estão altamente endividadas ou aquelas as quais notarmos que apresentam riscos de continuidade de sua atividade. A título de exemplo, demonstramos duas fórmulas que são as utilizadas com maior frequência pelos analistas financeiros. Lembramos que esses fatores foram obtidos por experimentação própria de seus autores o que não significa ser aplicável a qualquer empresa, pois a metodologia empregada na determinação do mesmo não foi divulgada. Porém, quem desejar coletar dados de empresas que faliram e através de métodos estatísticos aplicados sobre alguns quocientes poderá obter alguma fórmula mais realista do que até agora foi desenvolvido.

6.12.1. Fatores de insolvência - Kanitz FI - 0,05A + 1,65B + 3,55C - 1,06D - 0,33E Onde:


59 A = Lucro líquido / patrimônio líquido B = Ativo circulante (+) realizável a longo prazo / exigível total C = Ativo circulante (-) estoques / ivo circulante D = Ativo circulante / ivo circulante E = Exigível total / patrimônio líquido Nesse fator a região de insolvência da empresa é apresentada quando o fator de insolvência - FI apresentar resultado inferior a - 3.

- Elizabetsky Z = 1,93F - 0,20G + 1,02H + 1,33I - 1,12J Z = Número de pontos F = Lucro líquido / receita líquida de vendas G = Disponível / ativo permanente H = Contas receber / ativo total I = Estoques / ativo total J = ivo circulante / ativo total Nesse cálculo o ponto crítico é 0,5. Quando calculado e a aplicação da fórmula resultar em índice acima do ponto crítico a empresa é considerada solvente. Todavia se o fato apresentado corresponder a número inferior a 0,5 a empresa estará em situação de insolvência.


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